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terça-feira, março 22, 2011

Social 29



Esta foto representa uma tradição, no meu ponto de vista absurda, denominada por mim tratamento de choque. Explico:
A cena passa-se numa pequena localidade no litoral norte de Portugal, chamada S. Bartolomeu do Mar. Esta cena faz parte de uma tradição anual chamada o "banho santo". Sintetitcamente pretende ser uma terapia de choque e que visa tirar os "demónios" das pessoas, em particular das crianças. Vi esta cena repetidamente com crianças. Confesso a minha admiração com gente que parece ser adulta. Basicamente, a tradição consiste em exorcizar os demónios das crianças mergulhando-as violentamente nas águas frias e revoltosas da região de forma a prepará-las para o futuro. A terapia é particularmente aconselhada para casos de gaguez, timidez ou outras "ezes" consideradas fraquezas da personalidade. O efeito, na minha opinião, é que se os "tais demónios" foram eventualmente exorcizados, outros se instalarão permanentemente e serão factores desestruturantes dos individuos sujeitos a tais tratamentos.
Esta terapia, noutro plano, lembra-me a terapia que a classe política ocidental, sublinho ocidental, está a impor aos seus povos para exorcizarem os deficites criados por um capitalismo desenfreado que está a conduzir todo o tecido social ocidental à beira da ruptura.
Pergunto-me, com a preocupação de quem tem descendentes, quais serão as consequências sociais futuras destas terapias.


domingo, fevereiro 20, 2011

Social 27

Foto de Alberto Monteiro



Dia 12 de Março há uma manifestação dos “precários” em algumas das principais cidades portuguesas. Esta manifestação, concentração, encontro, seja lá o que for, foi iniciada no facebook. Este tema levanta-me dois comentários: O primeiro sobre o impacto do facebook na vida quotidiana das pessoas (com o exemplo do Egipto), o segundo, mais importante, sobre a capacidade de mobilização das pessoas para reivindicarem direitos legítimos e consagrados na carta dos direitos universais, como o direito ao trabalho e o direito à família.

Comecemos pelo primeiro, o impacto do facebook na vida quotidiana das pessoas:
À primeira análise, o facebook seria mais uma rede social, aparentemente inócua onde cada um vai dizendo e partilhando com mais ou menos seriedade o que vai acontecendo na sua vida: os seus gostos musicais, noticiosos, fotografias de ocasião, enfim, uma panóplia de ferramentas onde se permite partilhar o que se quiser, desde o mais fútil e banal, ao mais sério e fundamental. Neste momento não tenho dúvidas que o facebook é uma ferramenta extremamente poderosa e cheia de potencialidades. Mas, o facto de admitir que esta rede social tem enormes potencialidades não significa que ela seja efectivamente poderosa, sobretudo num país como Portugal.
Esta afirmação provocatória remete-me para a segunda questão enunciada acima, sobre a capacidade de mobilização das pessoas, via facebook, ou outra via qualquer. Não considero o povo português um povo verdadeiramente reivindicativo. Mais, considero o povo português um povo passivo, que acha que o futuro está condenado ao que for sem que para isso mexa uma palha que não seja a língua para dizer mal. É um povo que provavelmente tem razões históricas para ser assim, passivo, porque sempre delegou aos outros a decisão do seu futuro e cedo percebeu que as organizações adulteram o seu pensamento genuinamente libertador. Vejam-se os resultados das últimas eleições presidenciais, a crescente desmotivação pelos movimentos políticos organizados, que, aos seus olhos se organizam em seu próprio benefício. Vejam-se as grandes convulsões sociais que existiram e que foram sempre “a posteriori” ratificadas pelo povo mas que nunca foi o povo que as verdadeiramente despoletou.
Porque vivo agora num país onde os direitos humanos são uma miragem, porque sou cada vez mais sensível ao drama da precariedade e do mundo que a humanidade está a construir nesta premissa, vejamos o que irá acontecer no dia 12 de Março, se uma manifestação de intenções imberbe ou uma tomada de posição mais séria e um aviso à navegação. Os mais esclarecidos poderão pensar que não há nada a fazer, Berlusconi mantém-se legitimamente no poder há anos. Um símbolo da decadência e liberalização selvática de todos os valores da sociedade ocidental.
Neste momento não tenho dúvidas, o poder que cada um de nós tem, por mais ínfimo que pensemos que seja, é infinitamente maior do que possamos imaginar, se aplicado em larga escala. Só temos que o aplicar mesmo em larga escala e não ficarmos confinados à nossa pequena realidade individual. Os problemas são comuns, transnacionais. Mobilizemo-nos e façamos como alguém há muito tempo declarou: “Ajo como se o meu acto fizesse a diferença”.
Será concerteza um parto com dor, mas não tenhamos medo da dor! Como biologicamente se diz e é consensual, a dor é a defesa do nosso corpo a fenómenos estranhos. Façamos da dor o caminho para uma sociedade menos egoísta e mais solidária, via facebook ou por outra via qualquer. O que é inconsequente é o silêncio e frustração armazenados em cada um de nós.
Caminhemos pedra sobre pedra, passo a passo, rumo à mudança.

terça-feira, junho 16, 2009

Séries 34

Foto de Alberto Monteiro


Nos últimos tempos fui a dois casamentos. Dizia alguém que não recordo já quem seria, que no casamento é cada vez mais necessário o sexto sentido. Sobretudo depois do quinto divórcio.

Nunca chegarei a essa fase fatigante. Como também alguém já dizia, errar é humano, perseverar no erro é diabolico.
Paz!

quarta-feira, maio 13, 2009

Pele 29

Foto de Alberto Monteiro




And you may find yourself living in a shotgun shack
And you may find yourself in another part of the world
And you may find yourself behind the wheel of a large automobile
And you may find yourself in a beautiful house,
with a beautiful Wife
And you may ask yourself

-well...how did I get here?

Letting the days go by
let the water hold me down
Letting the days go by
water flowing underground
Into the blue again
after the moneys gone
Once in a lifetime/water flowing underground.

And you may ask yourself
How do I work this?
And you may ask yourself
Where is that large automobile?
And you may tell yourself
This is not my beautiful house!
And you may tell yourself
This is not my beautiful wife!
Same as it ever was...
Same as it ever was...
Same as it ever was...
Same as it ever was...
Water dissolving...and water removing
There is water at the bottom of the ocean
Carry the water at the bottom of the ocean
Remove the water at the bottom of the ocean!

Same as it ever was...
Same as it ever was...
Same as it ever was...
Same as it ever was...


quarta-feira, dezembro 10, 2008

Ambiências 46

Foto de Alberto Monteiro, Bairro Alto, Lisboa, Portugal


Lisboa.

Um porto de partida para o mundo, para o desconhecido, um ponto de encontro de culturas, de raças e de amigos. Este fim-de-semana será novamente um local onde se celebrará a chegada de uns e a partida de outros.

Que melhor local para celebrar estes encontros? O Bairro Alto, e mais precisamente a zona do Adamastor. Porque simbolicamente o Adamastor é sinónimo de reflexão, de perguntas incómodas, de distanciamento da cultura mainstream, de coragem e ousadia. E também porque é um lugar alto, onde se vê o presente e se perspectiva o futuro.

Sempre ouvi dizer que Paris é a cidade das luzes, mas para mim, das artificiais, porque a verdadeira cidade da luz natural é Lisboa com toda a luminosidade que vem do Sol e depois do rio e do mar, uma luz quente e suave que envolve todos os que têm tempo para a ver e sentir.

E vai ser aqui, neste lugar, que se celebrará a amizade e, espero, se faça luz que ilumine os caminhos a seguir nos próximos tempos.

Svegliarci insieme e goderci Lisbona. Salute!

Ah, que saudades de Lisboa!

quarta-feira, julho 16, 2008

Séries 27




Regressei durante um mês e meio à terra natal, o cantinho da Europa. Acho que não exagero se disser que a minha percepção é que algo mudou neste ano que passou e mudou infelizmente para pior. A depressão colectiva que já dava sinais no ano passado instalou-se e, segundo parece, para ficar por muitos e penosos anos.

Crise é a palavra mais ouvida e escrita neste país: crise energética, crise imobiliária, crise alimentar, crise social, crise bolsista, crise financeira. Desemprego, pobreza, nova pobreza, falências, sobre-endividamento, insegurança, violência urbana, fraudes, são os chavões que fazem manchetes na comunicação social. Não há opinador, comentador e político que não falem e não vaticinem que a crise está e para durar.

O curioso é que nesta crise, aqueles que a anunciam que a originaram e que a gerem, não parecem nada afectados por ela. Na verdade a crise é para os outros e não para eles. Lucros indecorosos das grandes empresas que nunca ganharam tanto, ordenados e autodistribuição de prémios verdadeiramente escandalosos e indecorosos que contrastam com a miséria crescente à sua volta. Uma verdadeira lógica de terra queimada que será impossível de sustentar. O exemplo paradigmático é o da cimeira dos G-8 no Japão onde o tema em cima da mesa era a fome, a crise alimentar e ambiental. Ora os 8 e mais uns amigos refastelaram-se com um jantar que nos dias que correm seria facilmente catalogado de pornográfico!

No meio disto encontro uma franja social portuguesa frequentadora da noite que vive a vida como se ela fosse acabar amanhã porque o futuro anda demasiado incerto: Imediatismo nas relações como se fossem um sorvete, imediatismo na atitude como se o álcool e as drogas deixassem abrir as portas que sobriamente estariam fechadas. Porque em alturas de depressão nada como uns aditivos para colorir o cinzentismo paira no ar, que pintam o mundo de amor fácil e que mostram as "realidades" que se querem mirar.

No final, tendo a achar que África, com todos os desequilíbrios, toda a humidade e calor, é um local de descanso e de repouso.

sexta-feira, março 28, 2008

Séries 21



"apetece-me estar sozinha de mim" dizia ela num tom, que imagino, de profunda canseira e descrença na espécie humana.


"Eu sou o resultado de meus próprios actos, herdeiro de meus próprios actos, qualquer acto que eu realize, bom ou mal, eu dele herdarei." dizia o Buda.
E a casa de chá no Tibete? e o Canadá?

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Modos de vida 17

Juro que me fartei de escrever para este post... mas sempre que olhava para esta foto achava que qualquer palavra, qualquer letra, era um acessório dispensável.
ah.. reparei agora que faz hoje exactamente dois anos que o blografias com luz viu o éter :).

quinta-feira, março 17, 2005

Relax 03

Em cada ruga descubro um pouco do teu passado que não foi meu. Aproximo-me. Se procurar bem no fundo de cada sulco rasgado na tua pele encontro as histórias que já pensavas perdidas. Em cada pedaço de pele ainda restam os aromas de todas as terras por onde passaste. Os trejeitos teimosos dos teus cabelos contam as aragens que já respiraste e têm as marcas do vento e da chuva. Os trapos que carregas apenas tapam alguma intimidade que pensavas já irremediavelmente abandonada.
O teu passado tão marcadamente visivel no teu tempo presente atrai-me. Atrai-me pelo que és e pelo que foste, mas o que mais me encanta é o que serás comigo ao teu lado. É, ainda sonho. O futuro passa ainda por nós nem que seja no segundo imediatamente a seguir, nem que seja apenas um infinitésimo. A velhice não é uma inevitabilidade ordenada pelo tempo, a velhice é quando perdemos a capacidade de sonhar e de amar.
Não te enganes, esta bengala que carrego serve para equilibrar este esqueleto cobarde que se curva perante o tempo, mas a sua função principal é criar lastro a esta mente que teima em voar.
A aurora da Primavera é para ser vivida como se fosse a última. Aproveitemos todas as energias que brotam da Terra, até nela repousarmos.

quarta-feira, março 09, 2005

Social 06

A crise social e económica que se vive em Portugal é dos factores mais determinantes para o aumento da pobreza, da exclusão social e da criminalidade crescente nos bairros periféricos das grandes cidades. A Cova da Moura e os acontecimentos recentes são, infelizmente, um bom exemplo.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Social 02


Toda a sua vida tinha sido passada no recato da sua humilde casa, situada numa bela aldeia serrana, verdejante e arejada diariamente pela suave e perfumada brisa da montanha. Estava perfeitamente habituada ao rigor da meteorologia. A frequente geada matinal não a impedia de tratar religiosamente a sua horta. Pelo contrário, nessas manhãs redobrava esforços e desdobrava-se em carinhos no cuidado das suas plantas. Sentia a morte de uma planta como uma perda intíma de tal forma que no ano em que uma laranjeira secou, adoeceu a ponto de precisar de cuidados médicos.

Os sinais de modernidade que mensalmente chegavam a sua casa por via da visita dos seus filhos e netos, apavoravam-na. A importância que electrodomésticos comuns assumiam no quotidiano da maioria das pessoas era para ela uma ameaça, sentia-se dispensável e pior, sentia que tudo o que tinha aprendido à custa de trabalho e dedicação, de repente, à distância de um botão, deixara de fazer sentido, como um prenúncio de morte. Rendeu-se à máquina de lavar roupa após uma autêntica batalha com os filhos e netos, e apenas quando as artroses a venceram. A centrifugação era um autêntico tormento, as suas roupas concerteza que estranhavam aquele tratamento de choque e prefeririam o toque suave mas firme das suas mãos. E as sabonárias, que saudades tinha ela de preparar meticulosamente aquela calda perfumada.

Aquele dia, da aceitação de uma máquina na sua casa, foi o início do fim. Ela sabia-o. Daí até ter que partir para a grande cidade para casa de um dos seus filhos foi um passo, um passo que a atormentou, porque sabia ser o último.

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