Metereologia 24 h

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Sabonete? Comece a usar já!


Estava cansada de usar gel duche. Na realidade, nunca os achei muito eficientes, mas eram práticos para uma pessoa preguiçosa como eu, que não queria perder muito tempo no duche a esfregar a pele. Por isso os usei durante anos e anos. Deixando de lado, praticamente desde a minha infância, o então popular sabonete. 

Mas já estou cansada do gel. Só os estava a usar pela praticabilidade - que afinal descobri ser uma ilusão - e por esperar que deixassem a pele perfumada. Desagradava-me constatar que tal não era verdade. Ao cheirar a embalagem, o perfume era inebriante mas, depois de usar, não se sentia. (É o que acontece com pessoas que têm a sua própria essência, eheheh, as artificiais não funcionam). 

Além disso a sensação na pele não recordava a sensação deixada pelo sabonete, que passei a sentir falta. O gel duche deixa a pele com uma "película" que a faz parecer mais suave, mas na realidade não a está a limpar. Isso foi mais perceptível no meu caso, ao usar o sabonete líquido para lavar as mãos. Por mais que passasse por água, continuava a sentir falta de "tirar" aquela sensação quase viscosa, macia, do produto. Até que um dia, usei um sabonete. Não só as minhas mãos ficaram totalmente sem gordura, como o tacto tornou-se mais apurado. Sabem quando tentam abrir uma tampa de um frasco e ela não cede? Pois depois de usar o sabonete, fiquei impressionada. Segurar e fazer força para rodar uma tampa pareceu até uma tarefa mais facilitada.



Dito isto, recordei-me do pequeno e gasto sabonete deixado no canto do lavatório da casa de banho da casa dos meus avós. Quando lá ia lavar as mãos, estranhava o sabonete. Na minha casa o suporte para ele tinha sido algo avant-garde. Ali era simplesmente colocado na porcelana. Por vezes rachado, outras já tão reduzido em tamanho que até duvidava que não se partisse. A aparência daquela barra era bem menos atractiva que uma embalagem onde só é preciso carregar para ter o produto já na forma líquida nas tuas mãos. E de seguida lembrei-me da sensação agradável e do perfume delicado que me ficava depois de terminar de as lavar com a barra de sabonete. Até se costumava estender as mãos até outras pessoas e dizer: "Olha como as minhas mãos cheiram bem!" e snifava-se o aroma. Alguém se lembra de fazer isto?

E foi aí que soube: adeus, gel duche! Adeus chatas embalagens em plástico, que nem tenho mais onde as colocar. Somos cinco nesta casa, cada qual tem entre dois a cinco produtos de duche, são tantas embalagens em plástico, de todas as formas, feitios e cores ali deixadas no chão do chuveiro. Gosto é de ver flores, coisas bonitas. O plástico e o seu uso abusivo e desnecessário já me vem a aborrecer há muito. Há muito que não me identifico com isso. Queria mudar. 

Agora uso sabonete! E estou a adorar! 
Vocês também usam sabonete? Não é maravilhoso?

O perfume ligeiro, a sensação deliciosa da barra a passar na pele, a espuma natural, verdadeira, eficiente. O material que fica na pele e solta-se com facilidade, deixando a pele com sensação de pele, não de algo escorregadio... 

Agora tenho um NOVO MUNDO em sabonete para explorar. São tantos os aromas. todos tão inebriantes. Comecei por leite de cabra. Agradável. E também por alfazema. DELICIOSO. Os aromas são tantos, as embalagens são mimosas, delicadas, bonitas peças de arte. Óptimas para oferecer de presente, sem serem muito dispendiosas. Há no mercado colecções com gravuras tão bonitas. Na prateleira ficou uma barra a dizer "Fado". Cheirosa, tão alusivamente portuguesa, óptima para experimentar e dar de presente. 


O sabonete ocupa menos espaço. Dura bastante mais que o chato do gel duche, não vem embalado em plástico e, ao contrário do que os filmes popularizaram, este não está sempre a cair no duche e ninguém escorrega, ahaha.

Glicerina, maça, jasmim, alcatrão... tantos que me aguardam!

Gel duche e suas embalagens plásticas... não me parece.
E tem outra vantagem, uma que também vinha a querer optar: não se está a dar dinheiro a marcas como "nívea", "palmolive" e outras estrangeiras. Portugal tem excelentes sabonetes, reconhecidos internacionalmente e de qualidade. Quero ajudar o comércio local, e cansei de ir aos supermercados e ver marca branca ou apenas as mais famosas. Quero variedade, quero escolha. Vamos regressar às origens?

Agora quero que todos optem por esta maravilha. 

E vocês? Se não usam sabonete, estão a pensar tentar?
Quem de vocês ainda usa sabonete?


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Fui a Londres - parte 1



Talvez por já não suportar tanta falta de educação aqui na terrinha onde vim parar, tive uma súbita vontade de mudar de ares. E decidi ir passear para o centro de Londres. 

Não me apercebi do motivo até me ver na Oxford Street, entre a multidão de pessoas, caminhando entre passeios largos ao invés de estreitos e desnivelados, desviando-me e vendo outros a desviarem-se ao invés de ter de parar subitamente a marcha para ceder passagem a uma "parede" no sentido oposto. Cada vez que alguém me dava um encontrão (foram muito poucos) ou eu dava algum, sempre se trocava um "desculpe". 

Ninguém me olhou de lado, ninguém murmurou "algumas pessoas são rudes" à minha passagem, ninguém mandou bocas foleiras. Ah, foi como uma bolha de oxigénio! O mito que em cidades grandes as pessoas são mal educadas, indiferentes, frias e não querem saber dos outros é isso mesmo: mito. Sem perceber, estava cansada dos olhares tortos que te lançam cada vez que acham que te atravessaste na frente porque andas rápido e não no passo-lesma com que uns impedem outros de circular.





Comecei a apreciar Londres e, pela primeira vez, regressar a esta terrinha foi uma ideia que não me agradou muito. Ainda por cima, tal como estava a precisar, fui encontrar lá um tempo maravilhoso. Um sol fantástico, aquela claridade que quase faz lembrar Lisboa, não estava frio, nem vento. Há tarde - e porque escurece cedo, o céu ficava encoberto mas nunca perdeu a luz. Já quando regressei para a cidade pequena... encontrei inverno rigoroso e uma escuridão que nunca chegou a ser dia. Que tristeza!

Londres ensinou-me outra lição: também existe um mito sobre a cidade. A ideia de que está sempre envolta em nevoeiro, poluição e sempre a chuviscar. Não desta vez. Não podia ter pedido melhores dias para o mês de Dezembro. Foi sol, sol, sol e um clima maravilhoso. Não quis ir embora. Mas tinha de ir.

Londres é cara. E esse é o problema. Na realidade, é tudo "barato" mas, quando somado esse "tudo", 100 libras por 48h vão num instante. E isto só contando uma estada num hostel (recomendo) e o preço dos bilhetes de viagem.

Mas vou contando mais e dando-vos dicas nos posts seguintes.
Fiquem atentos.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Despedida da praia.. com limpeza de areal


Deus sabe que não morro de amores por pombos. Mas não foi por isso que deixei de sentir alguma apreensão. 

Estava a passear na margem da praia, impressionada pela quantidade de gaivotas paradas no areal. Pareciam hipnotizadas a olhar no horizonte o lençol de água. O que aguardavam? Porquê se punham em tão grande número deitadas no areal, o olhar o mar, sem se mexerem? Por instantes uma sensação de temor veio ao de cima e percebi qual a inspiração de Alfred Hitchcock para o seu filme "Os pássaros". Aquelas aves pareciam ameaçadoras, misteriosas. 


Enquanto me perdia nestes pensamentos artísticos e despedia-me do verão (ainda que já no outono), dizendo "adeus, até para o ano" ao mar português, observei entre as marcas deixadas pela orla das ondas uns detritos brancos, em grande quantidade. Pequenos, mas numerosos. O que seriam? Aproximei-me para observar.

Sim, era lixo. Mas que lixo?
ESFEROVITE.

Centenas, milhares de pedaços de diferentes dimensões, depositados no areal, enquanto mesmo ao lado aves bicavam detritos, ingerindo-os. A mais próxima era um pombo. Pus-me a imaginar os efeitos que o esferovite ia ter no estômago do pombo. Provavelmente inchava até entupir-lhe as tripas. 


Não muito longe do pombo, um largo bloco em esferovite apresentava uns tantos danos. Furos tinham sido feitos, como se produzidos pelo bico de aves. Centenas de bicadas no mesmo local até o esferovite perfurar.

As consequências de lixo nos oceanos é esta: 




Mas também é esta:



Quando era criança - altura em que ia para a praia no verão, costumava encontrar na areia pequenas pellets redondas e translúcidas. Não eram duras como os grãos de areia, nem tinham peso como os fragmentos de conchas. Eram leves como penas, pequeníssimas mas maiores que um grão de areia e translúcidas e redondas como pérolas. Aquilo instigou a minha curiosidade e quando dei por mim, gostava de as levar à boca e mordê-las entre os dentes, até as achatar. Ficavam uma espécie de plástico achatado. Acho que eram isso mesmo: plástico!

Eram exatamente assim as pellets plásticas que encontrava
na areia da praia em criança: esbranquiçadas e translúcidas,
pequenas como pérolas.
Em criança levava-as à boca e mastigava-as até as achatar.
Não recordo se as cuspia ou engolia pequenos pedaços.

Na altura em que era criança e ia à praia, ainda não se falava em poluição plástica. Mas por algum motivo ela já andava pelas dunas brancas, na sua forma mais perniciosa para o ser humano: a ingestível.  No início da década de 90, em Portugal, ainda podia ser que estivesemos no princípio do que viria a ser um consumo excessivo de produtos em plástico, mas o oceano já era poluído com os mesmos há muitos anos. Vindos de outros países, trazidos por outras correntes, presentes nas águas e ficando nos areais por décadas. Estava a envenenar-me sem saber.



Quando saí da praia, trouxe o bloco de esferovite comigo. E o coloquei no contentor de lixo. Assim como outros plásticos que fui encontrando pela margem: uma tampa de um frasco, outra de um tubo de super-cola, uma vara plástica partida daquelas que se usam para atarraxar o chapéu de sol na areia e impedi-lo de voar com a força do vento. Mas o que mais me repeliu ver na areia seca ou molhada foram as beatas! Muitas "frescas", ali acabadas de ser depositadas. Tantas e tantas... existirá poluição mais difícil de eliminar do que aquelas fibras de filtro de cigarro?? 

Bastou o sol desaparecer e dar lugar a nuvens, para a praia começar a esvaziar de humanos e a ser invadida pelas gaivotas e pombos. Algumas pessoas mais aventureiras gostam de caminhar pela areia ou praticar desportos radicais que beneficiam do "mau" tempo e de praias vazias de banhistas: skimming e parapente. Mas a presença de nuvens e o sol escondido atrás delas - por apenas umas horas pela manhã, foi o suficiente para revelar outras realidades: A «pressa» das autoridades locais em começar a dar a praia como fechada para as pessoas. 

Um estudo efectuado este ano pelas Nações Unidas revelou que 90% das águas engarrafadas tiradas para análise (num total de 259, 11 marcas de noves países onde não se incluí Portugal) continham micro-plásticos. Uma quantidade superior aos 83% anteriormente encontrados na água canalizada mundial.

O mundo como os nossos antepassados o conheceram, não existe mais. Nós o transformámos para sempre. Não há mais fontes de água pura. Comida sem ter químicos, oceanos somente com peixes. Bebés são alimentados nos primeiros dias de vida, já com contaminantes. E, segundo uma notícia que saiu hoje, 9 tipos de microplásticos estao presentes nas feses humanas. Queriam vitaminas, queriam? Ahahah. A pegada humana é demasiado perniciosa para ser eliminada. 


O Fim do Mundo não vai ser nenhum asteróide a embater na Terra, nem nenhum maremoto. É o veneno constante e silencioso da acção humana em todos os elementos essênciais para a sua saudável sobrevivência. 




sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O venenoso odor da madrugada


Seis da manhã...
E a janela aberta trouxe o cheiro a queimado que infesta a rua.

O que é que arde de madrugada??
É tão desagradável que fico de mau humor. Não gosto do cheiro que refiro como «queimado». Imagino sempre que é uma fábrica qualquer a soltar poluição para a atmosfera, forçando-me a engolir a cada inspiração o veneno tóxico. Estar a dormir e acordar com esse incómodo a arder nas narinas não é agradável. Uma pessoa tem de estar dentro de uma casa que fica quente até de noite. Anseio pela frescura revigorante da madrugada, que é para mim como um bálsamo de oxigénio. Privarem-me disso sempre me deixa mal humorada. O dia começa pessimamente quando não dá para respirar ar puro.

Isto tem vindo a acontecer regularmente ao longo dos anos. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A Aldeia de Lisboa

Sou da opinião que Lisboa é uma cidade maravilhosa porque tem as suas raízes nas tradições aldeãs e não as perdeu totalmente para o progresso. Não perdeu o cheiro, a brisa, a luz, o verde, as flores e nem os seus recantos de encantos.


E é com esta intro que vou falar da notícia que acabei de ver na TV, sobre o novo Código da Estrada e a circulação em bicicletas. Existe, em Lisboa, muita boa gente que adoptou a bicicleta como o seu meio de transporte. Acho isto extraordinário. Não por andarem de bicicleta, que também adoro e entendo perfeitamente, mas por o fazerem entre tantos veículos cuspidores de poluição. Por o fazerem em estradas grandes e movimentadas. Acho que é a prova de que por mais que o progresso chegue a Lisboa, esta terá sempre as raízes em hábitos ancestrais, sobreviverá sempre este lado mais "aldeia" e natura que muitos carregamos no ADN.


Meu avô costumava ir e vir de e para o trabalho de bicicleta. Não sei quantos quilómetros fazia mas como vivia em Lisboa e trabalhava fora da cidade levando cerca de duas horas de deslocação em cada sentido, vou imaginar que seria uma valente distância. Mas na altura, década de 50 ou mesmo 60, a estrada era de terra. Chegava coberto de pó, voltava cheio de pó. Se a estrada principal não era alcatroada, também não tinha automóveis :) Pelo que só posso imaginar o quão agradável conseguia ser o percurso. Mesmo com as dificuldades óbvias - principalmente no inverno e com chuva e frio, com a estrada de pó a virar lama - uma maratona numa já maratona - imagino. Mas o aspecto da poluição não se colocava. 

Hoje coloca-se. 

Também eu, nos longíquos anos 2000/2001 utilizei a bicicleta muitas vezes em Lisboa para me deslocar para o trabalho. Lembro perfeitamente que adorava. Na altura ainda não existiam vias para bicicleta, pelo que ia pelas estradas. Tinha cuidado redobrados por partilhar a mesma via que os automobilistas mas achava totalmente natural e viável. Contudo, de lá para cá continuo a gostar de andar de bicicleta mas já não me imagino a fazê-lo para este tipo de deslocações. E não sei bem explicar porquê. Talvez porque fiquei sem bicicleta e nos entretantos em termos de saúde e energia algo mudou, ou talvez porque a consciência ou o receio tornou-se mais forte ou a capacidade para manter o sentido de alerta apurado esteja preguiçoso. Não sei. 

Gosto destas bicicletas em que o tronco
viaja direito mas por cá não me parece
que se possa usufruir desta forma da bicicleta.
Ainda mais usando um vestido curto e
umas sandálias fashion. Porém pode ser a solução
para se ver automobilistas a ser simpáticos.
Todos os dias vejo ciclistas a passar, a subir a íngreme rua como se não custasse - e sei que custa, a descer agradavelmente rápido, enfim, muitos ciclistas - alguns em passeios de família com os filhos, passam nesta zona. Nesta e noutras, porque os há por todos os lados, faça chuva ou faça sol. O parque que tenho aqui ao lado também está sempre com pessoas de todas as idades. Desde crianças a idosos. Uns a jogar futebol, outros a passear os cães, outros a correr, a andar de bicicleta, de patins, de skate... Acho esta faceta de Lisboa muito agradável. 

Talvez passe despercebida a muitos, na azáfama do dia-a-dia, mas Lisboa mantém os seus laços com a natureza e uma vida mais simples. E talvez nunca os perca. E é por isso que é uma cidade tão encantadora. Recentemente decidi ir a pé até um centro comercial, num percurso paralelo a uma estrada principal movimentada. Enquanto pude, fi-lo por entre as habitações mas um pouco afastada do passeio. Depois a partir de um certo ponto é mesmo preciso continuar pelo passeio. E esse ponto de mudança é um Pinhal. Sempre me surpreende que, no centro de uma cidade como esta e ao lado de uma movimentada estrada, se possa encontrar um pequeno Pinhal. Ali uma pessoa pode despender uns segundos e fazer um "reset". É a ironia de contrastes. É agradável respirar fundo o ar de Lisboa naquele lugar, ao mesmo tempo que vejo e escuto o barulho dos automóveis a passar ao lado. Depois continuei o percurso pelo passeio, que está repleto de árvores e arvoredos. Muitos em plena flor, trazem aromas agradáveis. Muito diferente do lado oposto, quase sem uma árvore ou uma sombra. 

Tomara que nunca desapareçam estes elementos vitais para a qualidade de vida da cidade e da população. O progresso não justifica a morte. 

terça-feira, 11 de maio de 2010

Carta de índio a Homem Branco actualmente


Até ler a “Carta do índio Seattle ao Homem Branco” (http://www.culturabrasil.org/seattle1.htm) datada de 1855, sentia-me uma incompreendida entre iguais. Isto porque me incomoda viver na cidade e respirar ar saturado, por exemplo. Entre outras coisas que sinto que me tiram a saúde e incomodam-me, está o facto do dia começar com agressões aos pulmões e, sempre que procuro “refúgio” na brisa que traz um leve aroma a flores, a poluição sobrepõe-se e domina. Rouba-me o prazer que ia começar a sentir. Posso usar o dia de hoje como exemplo. Todos os dias de trabalho começam da mesma forma: com uma subida até a paragem do autocarro. Sim, porque com toda a tecnologia e progresso da sociedade, ao invés de ter o transporte na paragem perto de casa, tenho-o noutra paragem mais distante, a uns três ou quatro minutos de subida. Consigo avistar a chegada do autocarro ao longe pelo que, tantas e tantas vezes, é preciso correr muito para o conseguir alcançar. Neste breve mas esforçado percurso, raramente o consigo fazer sem sentir os pulmões a ser inundados de fumos indesejáveis. A começar pela poluição automóvel, que até nem é a maior agressora, para quem já se “acostumou” um pouco e não caminha rente à estrada. Esta está sempre presente e é o ar que respiramos, não temos como contorná-la. Mas incomoda-me muito, por exemplo, que tenha todos os dias de passar por um grupo de homens que, parados na rua, têm a carrinha a funcionar durante largos minutos e ficam de fora a fumar cigarros. Por mais afastada que tente passar e por mais que evite até respirar aquando passo, o vento sempre conduz o fumo dos cigarros aos meus pulmões e a primeira sensação desagradável do dia começa de imediato. A agressão persiste com o ruidoso motor da carrinha, sempre a roncar. Não entendo porque as pessoas só não ligam os veículos quando realmente vão arrancar neles. Escutar um camião, uma carrinha, seja o que for, com o motor a “roncar” por mais de meia-hora (como era frequente na zona habitacional) é terrível. Mesmo fechada em casa, o ruído tem o poder de ser... ruídoso, logo, incomodativo, até para os que pensam não se incomodar, resguardados que estão pelas paredes de betão.

Hoje corri para apanhar o autocarro, ao avistá-lo ainda longe. O que me leva um minuto e meio a caminhar, demora 5 segundos para a viatura percorrer, pelo que correr muito e a subir, é cansantivo. Quase fiquei sem ar mas consegui ser a última a entrar no autocarro. Porém, a satisfação foi sol de pouca dura porque fui logo novamente agredida pelo distinto odor de vómito mal limpo. E eu a ofegar por ar, a ter de respirar aquele! Uma tortura e ainda não tinha saído de casa fazia 5 minutos...


Ao ler a carta do índio ao homem branco percebi que é natural ter estas sensações. É sinal que sou uma pessoa sã, que gosta da natureza, de escutar o canto dos pássaros, de cheirar as flores e despreza um tanto a poluição e as suas consequências. Não sou eu que estou errada. São os outros :-). Porque eu, como selvagem, não passo de uma “pele vermelha” que gosta de respeitar a natureza e preservá-la. Com toda a razão que o índio tem, falhou apenas numa coisa: nem todos os brancos são iguais... aos brancos. Há brancos, pálidos como eu, que são mais “vermelhos”... ou verdes, já que esta é a cor da ecologia. Como em tudo, existem homens bons e homens maus. Mas, como sempre, quem fica em vias de extinção são as “peles vermelhas”...