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terça-feira, setembro 23, 2025

A feiticeira de Florença - Salman Rushdie

Nunca tinha lido nada do Salman Rushdie e o título do livro atraiu-me. Tem de facto algo de mágico, misturando habilmente realidade histórica e ficção. Este livro casa a cidade de Florença e o império mógol de Akbar I, que atingiu, na mesma época, um apogeu comparável nas artes e no pensamento filosófico. O confronto entre as filosofias europeia e as do hindustão. O livro é tanto divertido, como didático, apresentando realismo e fantasia em doses bem temperadas.  

Enredo: o amigo de infância do célebre Niccolò Machiavelli, Antonino Argalia viveu na Florença renascentista até perder os pais para a peste. Sozinho, decide tentar a sorte em terras distantes, oferecendo seus serviços como mercenário. Peripécias diversas acabam por alçá-lo à frente das forças otomanas em luta contra o xá da Pérsia, em 1514. Uma vez derrotado o xá, Argalia conhece Qara Köz, ex-amante do soberano e mulher de beleza e poderes mágicos, por quem se apaixona de imediato.A história de Qara Köz, a feiticeira de Florença, é contada ao imperador Akbar, o Grande, por um atrevido forasteiro que atravessa o mundo para comunicar ao soberano mongol que é seu parente direto. Numa intrigante sucessão de aventuras, o misterioso contador de histórias vai revelando os caminhos que conduzem Argalia e sua bela mulher desde Istambul até a Florença dos Medici.

16/20

Quem tem medo dos santos da casa - Sara Duarte Brandão

Esta nova autora escreve de uma maneira muito terna. Há trechos do livro que são absolutamente maravilhosos e poéticos, enquanto formas de entender a vida ou expressão de sabedoria popular ou "sabedoria do corpo", porque o corpo sabe sempre tudo.

O livro narra a história de Maria Teresa, uma mulher de classe alta a crescer numa vila piscatória entre as obrigações familiares da época e a liberdade que encontrava nos livros apresentados pelo seu avô e que nunca mais deixou de ler. Condenada a viver oprimida pela sua condição de mulher, resolve reclamar o seu destino, encontrando a solidão e - muitos anos mais tarde - a redenção na amizade que constitui com uma criança. É uma leitura fluida que se faz  com gosto.

15/20

Deixa-te de Mentiras - Philippe Besson


Li este livro pela razão superficial de não ser longo. E que bem que assim foi. Há bastantes anos atrás escreveram um conto de 10 páginas chamado Brokeback Mountain e foi excelente.  Este livro curiosamente lembra imenso essa história, mas num lugar diferente, num contexto diferente.  No fundo, o livro trata das consequências de se fugir à verdade intrínseca de cada um. Mas o relato é nostálgico e é delicado.

Enredo: Um escritor começa a pensar no seu primeiro amor (quando adolescente) e no que foi o tempo que viveram juntos. A história encontra um fim ao conhecer, 23 anos mais tarde, o filho desse amor.

17/20

segunda-feira, setembro 22, 2025

Os abismos - Pilar Quintana


Este segundo romance de Pilar Quintana fala sobre os abismos que vivem na obscuridade do mundo dos adultos relatados através do ponto de vista de uma menina - Cláudia como a sua mãe - que, desde a memória de sua vida familiar, tenta compreender a estranha relação entre seus pais. Das suas observações revela-se a matriz de um mundo feminino preso a um ciclo vicioso de que não pode ou não sabe escapar. Acaba por ser um livro sobre a queda eminente de cada um desde os degraus da sua infelicidade.  Achei interessante, mas não me senti cativado por nenhum personagem. 

14/20

A cabeça do Santo - Socorro Acioli


Tive muito prazer a ler este livro. No início não  sabia bem qual o rumo que ia tomar, mas no final a sensação é muito boa. É cómico, espiritual, dramático, paranormal, brutal, terno.

O enredo: A Cabeça do Santo conta a história de Samuel que viaja até a cidade de Candeias pedido de sua mãe no leito de morte, para que o jovem encontre sua avó. Ao chegar na cidade, um temporal atinge o local e o único lugar em que o jovem encontra para se abrigar é em uma enorme cabeça abandonada em um canto isolado, que seria uma estátua de Santo António.

A partir deste enredo as personagens apresentadas são muito bem urdidas para construir uma história densa e bem estruturada, apesar de surreal, mas que passará a ser credível se assim quisermos.

17/20

Nada cresce ao Luar - Torborg Nedreaas

Fui ler este livro motivado pela curiosidade de o Pedro Almodovar (realizador) ter gostado bastante do mesmo. A história começa com um homem anónimo que se sente atraído por uma bela e solitária desconhecida que vê no átrio de uma estação ferroviária, e a quem oferece ajuda. Ela acompanha-o até casa e, durante uma noite inebriante de vinho e cigarros, conta-lhe a história devastadora da sua vida. 

Esta mulher é uma alma despedaçada cujo destino comeca quando aos 17 anos se torna do professor de liceu. O desgoverno começa com um amor não correspondido e com uma obsessão descontrolada. É suposto durante a sua narrativa sermos tomados pelo significado de uma mulher navegar numa sociedade opressiva feita para homens, num sistema capitalista e patriarcal que obriga as mulheres a desempenhar papéis que as tornam emocional e economicamente dependentes.

Eu basicamente vi uma mulher com um comportamento autodestrutivo que, em virtude do seu amor alienado, se coloca em posição de abuso constante. Não consegui ter simpatia prlo personagem e o livro acabou por me deixar até irritado. Não obstante, a autora sendo nórdica e escrevendo sobre o início do século, refere-se certamente a uma realidade que não  ressoou comigo.

12/20

O escritório - Frida McFadden


Depois de ler A Criada - que é verdadeiramente fascinante - nem sei bem o que dizer sobre este livro. Não posso dizer que como thriller a ideia seja má. Mas o livro é um aborrecimento desde o início ao fim. As personagens são chatas, escrita é chata, para no final tudo se desenrolar de repente, muito gira a volta e tarde  de mais porque já não se aguenta tanta chatice.

11/20

A cadela - Pilar Quintana

Enredo: Na costa da Colômbia virada ao Pacífico – num lugar onde a paisagem luxuriante contrasta com uma pobreza extrema e o homem é uma migalha diante da força dos elementos – vive Damaris, uma negra com cerca de 40 anos que toda a vida quis ser mãe. A sua relação com o marido tornou-se, aliás, fria e turbulenta à medida que o casal foi sacrificando tudo o que tinha à obsessão de Damaris e, apesar disso, ela nunca conseguiu engravidar. Mas a vida desta mulher frustrada parece encontrar uma réstia de esperança no dia em que adota uma cadela a quem dá todo o seu amor.

A verdade é que, a história simples mas laborada fenomenalmente, cria neste livro uma atmosfera opressiva e o que é dito e tudo o que se sente como sub-reptício, vai crescendo como uma bolha interna de de angústia que impede o luminoso, crescendo, apertando, ocupando espaço interno até ao  desespero. É triste.

16/20


Lar em chamas - Kamila Shamsie

Não foi fácil entrar neste livro, talvez porque a sua realidade é bem diferente da minha enquanto homem branco e a história é narrada do ponto de vista feminino de uma família islâmica. O livro fala de luta de classes, género, islamofobia, identidade e terrorismo. Só posso dizer que acaba de modo chocante, apesar de brilhante e que a autora se inspirou na peça Antígona de Sófocles para a trama.

O livro trata de duas famílias britânico-paquistanesas que habitam mundos distintos na Londres rica e na Londres pobre. Uma família foi "europeizada" e outra vive na sombra de um pai que optou pelo terrorismos. As suas histórias vão ligar-se de forma dramática. Primeiro estranha-se e depois entranha-se. 

17/20

terça-feira, setembro 02, 2025

Livros

Com as férias à porta decidi rentabilizar a subscrição Kobo Plus carregando o eReader com 30 livros em português. Não obstante, ainda não deixei de investigar os vencedores e os finalistas dos principais prémios internacionais a ver se algum deles consta no acervo. Ler é bom e voltou-me a vontade de escrever pelo que ler, além do prazer, é também uma necessidade.

terça-feira, agosto 26, 2025

A criada - Freida McFadden

Comecei a ler este livro às 10h e pouco da manhã e terminei às 17h com pausa para o almoço. A linguagem é muito acessível e lê-se como quem bebe água. É sem sombra de dúvida um thriller muito bom, que tem vários plot twists. A autora Freida McFadden consegue manipular a nossa mente e fazer-nos acreditar que estamos a ver o que não estamos, até que ela revela a verdade.    

Uma ex-presidiária consegue o emprego com que sonha na casa de um casal muito rico.  A história acaba (ou começa) com um cadáver. 

18/20

quarta-feira, agosto 20, 2025

Tudo sobre o amor: Novas Perspetivas - Bell Hooks

Gostei muito de ler este livro que discute o amor e o ato de amor de forma científica pela perspetiva das ciências sociais. É muito interessante e levanta questões muito importantes na sociedade moderna (apesar de ter já 25 anos). Apesar de ser um livro de pensamento crítico, o fato de a experiência da própria como base para questionamento, acaba por lhe dar um cunho de guia de autoajuda para compreender o que é o amor, o que precisamos e o que podemos dar. 

A ideia base a toda a argumentação é a de que o amor não é um sentimento, mas sum uma ação. Ela define o amor como "a vontade de se expandir com o objetivo de nutrir o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa... O amor é um ato de vontade, ou seja, tanto uma intenção como uma ação. A vontade também implica escolha. Não temos de amar. Escolhemos amar". 

16/20

terça-feira, agosto 19, 2025

Atos Humanos - Han Kang

Este livro da mesma autora de "A vegetariana" é muito cru e muito duro, mas muito bem escrito. A ação passa-se em 1980 durante as manifestações contra o ditador Chun Doo-hwan na cidade de Gwangju, que deu origem a um dos maiores massacres levados a cabo na Coreia do Sul. A história parte de um rapaz Dong-Ho que procura um amigo no meio dos mortos e segue com todos os que se cruzaram com ele naquela fatídica noite. 

A brutalidade humana, a tortura, o stress pós-traumático, a justiça, a luta pelo direito a existir dignamente, o amor, são aqui abordados de forma muito inteligente pela autora que usa uma escrita muito crua e pragmática, mas sem deixar de conferir uma enorme humanidade a todos os personagens, dignificando a memória de quem caiu por terra em todas as ditaduras. 

17/20 

sexta-feira, julho 18, 2025

A vegetariana

Não tinha lido ainda nenhum livro da vencedora do Prémio Nobel da Literatura de 2024 - Han Kang. 

A vegetariana é sobre uma mulher assustadoramente normal e mediana que decide, um dia, deixar de comer, cozinhar, servir ou ver carne. Isso terá um impacto diabólico na estrutura das relações que mantém com os diferentes membros da sua família e nos próprios membros da família e inclusive sobre o seu projeto de vida. 

Nem sei bem como descrever este livro, é sobre sexo e erotismo, é sobre violência física e simbólica, é sobre loucura, é sobre metamorfose espiritual e sentimental. É um livro perturbador que nos desafia o pensamento, mas muito bem escrito e muito gráfico. Estou pronto para ler mais dois livros da autora.

17/20

terça-feira, julho 15, 2025

Não fossem as sílabas do sábado

Estava muito ansioso por ler este livro de Mariana Salomão Carrara. O B disse-me que tinha ouvido falar coisas excelentes dele. É um ensaio sobre o luto, sobre a solidão e sobre o desespero intimo. Talvez seja este tom intimo da narrativa, a cabeça de Ana (a personagem principal), que fez com que eu achasse a prosa muito bonita, mas o livro chato. e a culpa não é do livro. É a culpa do luto. Aquele luto é um luto negativo, que não deixa partir, que não deixa avançar sem dores, que repisa. Que não deixa ninguém ser verdadeiramente feliz ao redor do sofredor. Como se todos tivessem de sofrer o sofrimento do sofredor. O B diz que o livro é sensível e intimista e muito bonito. E eu não discordo. Apenas não consegui acompanhar o luto de uma pessoa que demora quase 13 anos para deixar-se viver e deixar viver os que estão colados a si. 

14/20

domingo, junho 29, 2025

Os Esquecidos de Domingo - Valérie Perrin


O terceiro livro que li da autora foi o menos interessante, o mais morno. Talvez isto se deva a que ela insiste sempre no mesmo esquema de histórias paralelas, no presente e passado, e claro, deixou de ser uma novidade. Mesmo assim esta história, que tem as residências para idosos como pano de fundo, surpreende no final. O fim é muito intenso, pena que seja apenas 1/5 do livro. Mas para quem gosta de ver um mistério resolvido - aconselho.

14/20


terça-feira, junho 17, 2025

Não há pássaros aqui - Victor Vidal

Diz a Leya sobre o livro "Com personagens inesquecíveis e desconcertantes, Não Há Pássaros Aqui é uma reflexão madura sobre o modo como aquilo que vivemos na infância determina a nossa vida adulta e como tendemos a reproduzir comportamentos a que assistimos, mesmo quando friamente os condenamos".

Não podia concordar mais com o que foi descrito, o livro é bom, mas foi um dos que mais me custou ler porque ali não há nada de bonito. As personagens são invariavelmente pessoas quebradas. É uma história que começa com um mistério, uma interrogação e que volta ao passado para fazer sentido do presente. Ocorre que o passado é feio, vil, doente e pouco a pouco vamos percebendo como os personagens ficaram irremediavelmente contaminados pelas suas histórias. Podia ser uma história de redenção, mas não. Há doenças das quais pode não se querer a cura, mas será que é pela força da doença em si ou porque a pessoa prefere a doença que conhece?

Este livro está muito bem escrito, mas perturbou-me. Cheguei ao final com um gosto amargo na boca. Senti-me apenas mal ao terminar. 

15/20

Pessoas Normais - Sally Rooney

Ora bem. Falaram-me bem da série e eu achei que valia a pena ler o livro da Sally Rooney. A sinopse é a que segue:

Connell e Marianne cresceram na mesma pequena cidade da Irlanda, mas as semelhanças acabam aqui. Na escola, Connell é popular e bem-visto por todos, enquanto Marianne é uma solitária que aprendeu com dolorosas experiências a manter-se à margem dos colegas. Quando têm uma animada conversa na cozinha de Marianne — difícil, mas eletrizante —, as suas vidas começam a mudar. Pessoas Normais é uma história de fascínio, amizade e amor mútuos, que acompanha a vida de um casal que tenta separar-se mas que acaba por entender que não o consegue fazer. Mostra-nos como é complicado mudar o que somos. E, com uma sensibilidade espantosa, revela-nos o modo como aprendemos sobre sexo e poder, desejo de magoar e ser magoado, de amar e ser amado.

O que eu achei do livro... chato, chato, chato, chato, chato. Blhac!

9/20

A Natureza da Mordida - Carla Madeira

Li mais um livro da Carla Madeira 'A Natureza da Mordida', é bem diferente do 'Tudo é rio'. O livro trata do encontro entre duas pessoas: uma professora/psicanalista reformada e apaixonada por livros (Biá), e uma jovem jornalista (Olívia). O carinho e o interesse que desponta entre as duas mulheres, desencadeia uma sucessão de encontros marcados por uma crescente intimidade entre as duas mulheres, que aos poucos vão revelando as suas histórias, uma amizade que começa enquanto as duas se "afogavam na realidade". Este livro é sobretudo sobre sentimentos, perceções e significados. Sobre como a nossa identidade reage ao confronto com o outros e às perdas geradas no confronto com os outros. 

Uma coisa que achei brilhante é que a escritora consegue fazer uma homenagem à literatura e a muitos outros autores incorporando pequenas frases suas para construir a narrativa das personagens, em particular Biá (viciada em livros). O livro joga com a psicanálise, conseguindo ser muito terno e profundo.

16/20

quarta-feira, maio 28, 2025

Irmãs Blue - Coco Mellors

Nunca tinha lido Coco Mellors e confesso que queria ter gostado muito deste livro, porque li muito boas críticas a respeito do mesmo, mas tal não aconteceu. A ponto de partida era bom. Três irmãs muito diferente vivem vidas complexas a lidar com luto da quarta irmã que - aparentemente - era quem mantinha todas as irmãs unidas. Ter de vender a casa onde essa irmã vivia e rever os seus pertences gera uma revolução interna que expõe os segredos de cada uma às restantes e a si próprias. Um banho de reflexão e de realidade toma conta de todas no encerrar deste luto e na descoberta da paixão pela vida sem o que - aparentemente - lhe dava sentido.

Pensei "uau que profundo, que existencial". Mas no final achei que a escrita da autora era um bocado "escrita de gaja". Deixem-me acrescentar que eu distingo gajas de mulheres. Adoro mulheres em geral, mas a "gaja" é assim um subtipo de mulher que me deixa cansado e nada em êxtase. Este livro poderia ser um dramalhão familiar pungente se tivesse sido escrito, sei lá, pela Isabel Allende. Assim, é apenas um livro sobre "gajas com problemas". Lê-se e não ficará na memória. 

13/20