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sábado, 28 de dezembro de 2019

Isto dá que pensar

Em baixo, um excelente post, já antigo, na página do Facebook de um adepto de futebol que merece ser lido com toda a atenção por todos nós. Continua actualizado. 

 

O FUTEBOL ERA UM DESPORTO DE «GENTLEMEN»

Quando era adolescente, cheguei a ir a alguns jogos integrado numa claque. Chamava-se "Torcida Verde". Era composta de rapazes bem comportados, incapazes de fazer mal a uma mosca, mas mesmo assim a minha ligação manteve-se algo distanciada. 

Era, reconheço, uma ligação egoísta da minha parte. Se ia com o grupo, era porque me dava acesso a bilhetes difíceis de obter de outra forma. 
Numa das deslocações, ao estádio do Rio Ave, assisti ao impensável: elementos de outra claque do meu clube, na ausência de uma claque adversária, resolveram meter-se com a Torcida Verde, essa claque que não fazia mal a uma mosca e, por isso mesmo, praticamente não contava para nada ou não merecia apoio. 

Alguns elementos da Juve Leo colocaram-se à frente do nosso grupo e começaram a fazer a saudação nazi. Quando o líder da Torcida os questionou sobre a atitude (que conotaria a Torcida com movimentos de extrema-direita), os outros jovens agigantaram-se para ele. Ficou claro que eles estavam à procura de violência. Fosse com quem fosse. 

Durante a minha infância e adolescência fui doido por futebol. Ser do Sporting era ser do clube em que o meu avô paterno tinha sido médico. Era ser do clube da faixa da taça das taças que o meu avô recebera e depois me passara, para eu emoldurar e pendurar na parede do meu quarto. Ser de um determinado clube era um orgulho ligado, em muito, a uma tradição familiar. 

Mas também foi nesse período que comecei a ver a outra face do futebol. Assisti ao início e ao agravamento da guerra Norte-Sul e em muitos Sporting-Porto tive de fugir, numa correria pelas arcadas do antigo estádio José Alvalade e pelas ruas adjacentes, às pedradas ou às cargas policiais ou aos grupos de claques que se queriam confrontar. 

Assisti também, ao vivo, à final da taça Benfica-Sporting em que um verylight matou uma pessoa e onde se encarniçou ainda mais uma rivalidade entre os dois clubes lisboetas que já deixara de ser desportiva. Assisti, sem ter consciência disso, à ascensão da doença da clubite e à politização do futebol. Assisti, dando mais conta disso, à transformação de um gosto pelo desporto, numa enxurrada de discursos separatistas e extremados, capazes de despertar raivas, acicatar ódios, gerar brutalidades. Aos poucos, percebi que o legado do meu avô não era aquele. 

Deixei de ir aos estádios, deixei de participar em conversas inflamadas sobre penaltis mal assinalados e golos anulados, praticamente deixei de ver jogos do campeonato nacional na televisão, e até acabei por ceder a faixa de campeão da taça das taças a um dos meus primos. 

Continuei a gostar de ver futebol, mas dediquei-me ao meu clube de bairro, aos jogos da seleção portuguesa, aos campeonatos do mundo e da europa. Os acontecimentos na Academia de Alcochete não surgiram do nada nem têm apenas um só culpado. 

Todas as pessoas que um dia gostaram de futebol e que, no meio da paixão cega pelo seu clube, contribuíram para à febre da clubite, também deviam fazer um exame de consciência. Enquanto outros países resolviam exemplarmente os seus problemas associados ao futebol (veja-se o hooliganismo da Liga Inglesa nos anos 80), em Portugal continuámos a promover divisões e ódios, num assobio para o ar que permitiu a proliferação de episódios violentos, de cânticos aberrantes, de discussões furibundas, de casos de corrupção, ao ponto de as televisões, a esfregarem as mãos de contentes, aumentarem o tempo de antena dos "debates" sobre futebol, de preferência com comentadores cada vez mais ferrenhos e desbocados. 

Eu tive a minha dose de culpa. Tentei expiá-la, afastando-me do mundo corruptor do futebol, capaz de incendiar até os espíritos mais esclarecidos, e procurando não dar mais nenhum contributo para os desvarios incontidos sempre que vinham à baila as rivalidades entre clubes. 

Agora tenho de voltar a esse mundo pantanoso para dizer que me sinto envergonhado e triste, mas também que me sinto revoltado por tudo o que o Estado não fez, por tudo o que os dirigentes continuaram a fazer, por todos os adeptos que pactuaram com comentários e discussões e cânticos que apenas serviram para aprofundar as guerras clubísticas que, neste país dito de brandos costumes, transformaram um jogo bonito e digno numa monstruosidade diária, seja nos canais "informativos", seja nos cafés, seja nos estádios e pavilhões. 

Desengane-se quem pense que isto nasceu agora. Desengane-se quem acha que isto é culpa do futebol e não da forma como as pessoas o vivem. Mas ainda bem que o meu avô, um gentleman que amava o seu Sporting, mas amava sobretudo o desporto, qualquer desporto, tal como amava as artes, qualquer arte, já não tem de assistir a certas barbaridades que conspurcam o que deveria ser uma festa, um convívio, uma diversão. Ambos virámos as costas a esta face negra do futebol português.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Eu não chamo bêbado a Miguel Sousa Tavares...



Ao contrário do Rui Santos (ver post aqui), não lhe chamaria de bêbado, mas, algo se passa com este conhecido adepto portista. 
Provavelmente, não me deveria admirar, pois o homem arranja sempre ódios de estimação, em especial, dentro da 'própria casa'. Assim de repente, lembro-me da 'fobia' a Silvestre Varela e, mais recentemente, a Hector Herrera. 

Agora, a 'criatura' viu João Félix atingir por trás, de sola na canela Ricardo Esgaio no jogo de Braga do passado fim de semana. 

Miguel Sousa Tavares, hoje em «A Bola» 
- depois de Esgaio jogar a bola, é João Félix quem o atinge por trás, de sola na canela. 
Era, sim, falta contra o Benfica e cartão amarelo a João Félix: seria o segundo, aos 57 minutos.

Bardamerda para a maioria dos analistas

  Ansioso para ler e ver o que tem a dizer os 'cientistas da bola', depois de anteontem o Barcelona ter 'empacotado' 8 batat...