quarta-feira, 19 de março de 2025

Ludwig van Beethoven (1770-1827) - Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55 "Eroica" e Etienne-Nicolas Méhul (1763-1817) - Les Amazones ou La Fondation de Thèbes: Overture


A Sinfonia No. 3, de Beethoven, talvez seja uma das obras mais carregadas de intenções revolucionárias da história da música ocidental. Composta entre os anos de 1803 e 1804, evidencia o perfil romântico e idealista de Beethoven. Ela por assim dizer inicia aquilo que se convenciona como fase romântica na música. 

O compositor, ao escrever a música, passava por uma fase de grandes transformações políticas e pessoais. Beethoven via na figura de Napoleão um libertador. Era um nome que encarnava os ideias de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa. E, dessa forma, dedicou a obra a Bonaparte. Todavia, ao saber que Napoleão havia se autoproclamado imperador, Beethoven rasgou a dedicatória e escreveu a famosa frase: "Sinfonia Heroica, escrita para celebrar a memória de um grande homem". A obra estreou em 1805. 

A Eroica é um grande documento musical. Ela não representa apenas uma obra com estrutura previsível como era feito no classicismo. A obra transcende a mera forma musical e se transforma numa espécie de metáfora da contestação, da luta, do não conformismo político. Ao apontar para Napoleão, ela fala mais de quem a criou do que de quem ela diz homenagear. É uma verdadeira obra-prima do gênio de Beethoven. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Ludwig van Beethoven (1770-1827) -  

01. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55 "Eroica": I. Allegro con brio (15:58)
02. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55 "Eroica": II. Marcia funebre. Adagio assai (14:28)
03. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55 "Eroica": III. Scherzo. Allegro vivace - Alla breve - Tempo primo (5:29)
04. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55 "Eroica": IV. Finale. Allegro molto - Poco andante - Presto (10:59)
05. Les Amazones ou La Fondation de Thèbes: Overture. Adagio - Allegro agitato (7:19)

Les Siècles
François-Xavier Roth, regente

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terça-feira, 18 de março de 2025

Krzysztof Penderecki (1933-2020) - Te Deum, Hymne an den heiligen Daniel, Polymorphia e Polskie Requiem Chaconne

 

Um disco de linguagem poderosa e simbolicamente efetiva. A primeira obra do disco é o famoso "Te Deum", composta em 1980. O "Te Deum" é uma composição que evoca a transcendência e exaltação espiritual, e procura equilibrar lirismo e um caráter austero. No caso em questão, Penderecki escreveu essa obra para comemorar a eleição de João Paulo II para o papado. Vale mencionar que os dois eram poloneses. A escrita da obra ressalta o lado religioso do compositor. Penderecki possui um número expressivo de obras religiosas.

"Hymne an den heiligen Daniel" foi composta em 1974, em um período em que o compositor passava por um processo de transição sonora. A obra procura refletir um misticismo sonoro ao experimentar uma série de texturas e elementos modais. A obra procura criar uma atmosfera de contemplação e espiritualidade. 

A "Polymorphia", composta em 1961, é a obra mais etérea e abstrata do disco. A música nos posiciona diante do caos inaugural, diante da imprevisibilidade da própria realidade. Embora não tenha caráter religioso, a obra é uma reflexão filosófica sobre a complexidade da existência humana e as possibilidades aleatórias das formas que compõem a própria vida. Não deixe de ouvir esse desafiante disco do compositor polonês. Uma boa apreciação!

Krzysztof Penderecki (1933-2020) -

01 - Te Deum - I
02 - Te Deum - II
03 - Te Deum - III
04 - Hymne an den heiligen Daniel
05 - Polymorphia
06 - Polskie Requiem Chaconne

Warsaw National Philharmonic Orchestra
Warsaw National Philharmonic Choir

Antoni Wit, regente

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segunda-feira, 17 de março de 2025

Sofia Gubaidulina (1931 - 2025 ) -Seven Words (For Classical Accordion, Violoncello And Strings), In Croce, Kadenza e Et Exspecto


Na última quinta-feira, faleceu a compositora russa Sofia Gubaidulina, uma das últimas artistas que foram testemunhas do regime soviético. A compositora faleceu aos 93 anos, na Alemanha, local onde escolheu morar desde 1991. Eu, particularmente, tenho uma profunda admiração pela música de Gubaidulina. Gosto das texturas complexas e ásperas de sua música. É sempre um desafio estético escutá-la, apreciá-la. 

Abaixo, segue um trecho do ótimo texto escrito por Irineu Franco Pérpetuo para a Revista Concerto por ocasião da morte da compositora:

"Gubaidúlina nasceu em Tchístopol, na atual República do Tataristão, em família mista: tártara (seu avô era um imame, sacerdote muçulmano) por parte de pai, russa (ortodoxa) do lado materno. A URSS era oficialmente um país ateu, e sua família, laica. Contudo, influenciada sobretudo pelo exemplo da pianista Maria Iúdina (que jamais fez concessões em sua religiosidade, mesmo no auge do stalinismo), Gubaidúlina acabou abraçando o cristianismo ortodoxo, que constituiria sua base existencial, filosófica e estética.

Ela estudou no conservatório da capital tártara, Kazan (que, em 2011, por ocasião de seu 80º aniversário, concedeu-lhe o título de cidadã honorária) e, posteriormente, em Moscou, onde foi aluna de piano do grande Iákov Zak, e trabalhou em composição com Iúri Chapórin, Nikolai Peikó e Vissarion Chebalin. Ficaram célebres as palavras de incentivo que Chostakóvitch lhe disse quando ela concluiu o doutorado, em 1963: “Desejo que a senhora percorra seu caminho ‘incorreto’.”

Texto completo aqui 

Seven Words (For Classical Accordion, Violoncello And Strings)
01. I. Father, Forgive Them; For They Know Not What They Do (4:07)
02. II. Woman, Behold Thy Son! - Behold, Thy Mother! (4:02)
03. III. Verily I Say Unto Thee, Today Shalt Thou Be With Me In Paradise (4:05)
04. IV. My Good, My Good, Why Hast Thou Forsaken Me? (8:39)
05. V. I thirst (5:02)
06. VI. It is finished (2:37)
07. VII. Father, Into Thy Hands I Commend My Spirit (3:40)

08. In Croce (For Classical Accordion And Violoncello) (14:37)

09. Kadenza (For Classical Accordion) (7:49)

10. Et Exspecto (Sonata For Classical Accordion In Five Movements) (18:26)

Basque National Orchestra
José Ramón Encinar, regente
Iñaki Alberdi, classical accordion
Asier Polo, violoncelo

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domingo, 16 de março de 2025

Anton Bruckner (1824-1896) - 10 Symphonies


Ao longo da semana, eu escutei este material. Uma verdadeira "tour de force" em meio às responsabilidades - trabalho, obrigações inadiáveis, família e tudo mais. Todavia, como sempre, é imensamente gratificante ouvir a música de Bruckner. Perceber as grossas camadas de suas reflexões. A repetição em forma de espiral que leva até o infinito. As referências constantes à sua fé. Este material era para ter sido postado em 2024, quando houve a comemoração dos duzentos anos do compositor. Não consegui. Outras postagens foram colocadas à frente.

Pode-se dizer que esta gravação das sinfonias de Bruckner não é das melhores. Há gravações bem melhores - mais densas, mais solenes, ou seja, à altura das sinfonias do compositor austríaco por quem eu tenho uma profunda admiração, mas é importante ouvir para amadurecer certas perspectivas. Tudo o que eu encontro dele, imediatamente, eu me vejo obrigado a escutar. O que me chamou a atenção nesse material foi a gravação realizada na Basílica de São Floriano, local onde Bruckner tocou órgão e passou boa parte de sua vida. 

São Floriano é um evento importante na vida do compositor. Não há como separar essa página de sua história. Inclusive, os restos mortais do compositor encontram-se em São Floriano. Vale a pena a audição das 10 sinfonias do compositor como elas aparecem nesta postagem. Permite a percepção de como se deu seu amadurecimento. Dos primeiros trabalhos, até as monumentais sinfonias que chegam a ser grandiosas e imponentes como verdadeiras galáxias sonoras, é possível notar um esforço, um trabalho exagerado e meticuloso. 

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!
 

Anton Bruckner (1824-1896) -

01. Symphony in D Minor, WAB 100 "Nullified": I. Allegro [Live]
02. Symphony in D Minor, WAB 100 "Nullified": II. Andante [Live]
03. Symphony in D Minor, WAB 100 "Nullified": III. Scherzo. Presto – Trio. Langsamer und ruhiger [Live]
04. Symphony in D Minor, WAB 100 "Nullified": IV. Finale. Moderato – Allegro vivace [Live]
05. Symphony No. 1 in C Minor, WAB 101 (1891 Vienna Version) [Ed. G. Brosche]: I. Allegro
06. Symphony No. 1 in C Minor, WAB 101 (1891 Vienna Version) [Ed. G. Brosche]: II. Adagio
07. Symphony No. 1 in C Minor, WAB 101 (1891 Vienna Version) [Ed. G. Brosche]: III. Scherzo. Schnell - Trio. Langsamer
08. Symphony No. 1 in C Minor, WAB 101 (1891 Vienna Version) [Ed. G. Brosche]: IV. Finale. Bewegt, feurig
09. Symphony No. 2 in C Minor, WAB 102 (1872 Version): I. Moderato [Live]
10. Symphony No. 2 in C Minor, WAB 102 (1872 Version): II. Scherzo - Trio [Live]
11. Symphony No. 2 in C Minor, WAB 102 (1872 Version): III. Adagio. Feierlich, etwas bewegt [Live]
12. Symphony No. 2 in C Minor, WAB 102 (1872 Version): IV. Finale. Ziemlich schnell [Live]
13. Symphony No. 3 in D Minor, WAB 103: I. Gemäßigt, misterioso (Original 1873 Version)
14. Symphony No. 3 in D Minor, WAB 103: II. Adagio. Feierlich (Original 1873 Version)
15. Symphony No. 3 in D Minor, WAB 103: III. Scherzo. Ziemlich schnell (Original 1873 Version)
16. Symphony No. 3 in D Minor, WAB 103: IV. Finale. Allegro (Original 1873 Version)
17. Symphony No. 4 in E-Flat Major, WAB 104 "Romantic" (1888 Version, Korstvedt Edition): I. Ruhig bewegt [Live]
18. Symphony No. 4 in E-Flat Major, WAB 104 "Romantic" (1888 Version, Korstvedt Edition): II. Andante [Live]
19. Symphony No. 4 in E-Flat Major, WAB 104 "Romantic" (1888 Version, Korstvedt Edition): III. Bewegt [Live]
20. Symphony No. 4 in E-Flat Major, WAB 104 "Romantic" (1888 Version, Korstvedt Edition): IV. Mäßig bewegt [Live]
21. Symphony No. 5 in B-Flat Major, WAB 105 (1878 Version, Ed. L. Nowak): I. Adagio - Allegro
22. Symphony No. 5 in B-Flat Major, WAB 105 (1878 Version, Ed. L. Nowak): II. Adagio
23. Symphony No. 5 in B-Flat Major, WAB 105 (1878 Version, Ed. L. Nowak): III. Scherzo. Molto vivace
24. Symphony No. 5 in B-Flat Major, WAB 105 (1878 Version, Ed. L. Nowak): IV. Finale. Adagio - Allegro moderato
25. Symphony No. 6 in A Major, WAB 106: I. Majestoso (Live)
26. Symphony No. 6 in A Major, WAB 106: II. Adagio. Sehr feierlich (Live)
27. Symphony No. 6 in A Major, WAB 106: III. Scherzo. Nicht schnell - Trio. Langsam (Live)
28. Symphony No. 6 in A Major, WAB 106: V. Finale. Bewegt, doch nicht zu schnell (Live)
29. Symphony No. 7 in E Major, WAB 107: I. Allegro moderato
30. Symphony No. 7 in E Major, WAB 107: II. Adagio. Sehr feierlich und sehr langsam
31. Symphony No. 7 in E Major, WAB 107: III. Scherzo. Sehr schnell
32. Symphony No. 7 in E Major, WAB 107: IV. Finale. Bewegt, doch nicht schnell
33. Symphony No. 8 in C Minor, WAB 108: I. Allegro moderato (1890 Version) [Live]
34. Symphony No. 8 in C Minor, WAB 108: II. Scherzo. Allegro moderato (1890 Version) [Live]
35. Symphony No. 8 in C Minor, WAB 108: III. Adagio. Feierlich langsam (1890 Version) [Live]
36. Symphony No. 8 in C Minor, WAB 108: IV. Finale. Feierlich, nicht schnell (1890 Version) [Live]
37. Symphony No. 9 in D Minor, WAB 109: I. Feierlich, misterioso
38. Symphony No. 9 in D Minor, WAB 109: II. Scherzo. Bewegt, lebhaft - Trio. Schnell
39. Symphony No. 9 in D Minor, WAB 109: III. Adagio. Langsam feierlich

Altomonte Orchester St. Floriano
Oö.Jugendsinfonieorchester

Remy Ballot, regente

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sábado, 15 de março de 2025

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) - Concerto for Clarinet and Orchestra in A major, KV 622 e Quintet for Clarinet, two Violins, Viola and Violoncello in A major, KV 581 "Stadler Quintett"


O KV 622 e o KV 581 são duas das obras mais bonitas do repertório de Mozart. As duas obras foram escritas para o clarinetista virtuoso Anton Stadler, amigo próximo do compositor. O KV 622 foi escrito em 1791, poucos meses antes da morte de Mozart; é, portanto, uma das últimas obras completas do compositor. A obra é marcada pela leveza e pela clareza da escrita mozartiana. 

Já o KV 581 foi escrito em 1789; é uma obra-prima da música camerística. Escrita para clarinete e para um quarteto de cordas, a música se destaca pela visão equilibrada entre os instrumentos. A camadas musicais são refinadas; as melodias são ricas e acabam por criar uma atmosfera envolvente e equilibrada. Ou seja, é Mozart de verdade. Tudo belo, simples, luzidio, expressivo; a despertar aquela sensação indizível que somente o compositor é capaz de definir.

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) -

Concerto for Clarinet and Orchestra in A major, KV 622
01. 1. Allegro
02. 2. Adagio
03. 3. Rondo. Allegro

Sharon Kam (Basset Clarinet)
Haydn Philharmonie
Conductor: Sharon Kam

Quintet for Clarinet, two Violins, Viola and Violoncello in A major, KV 581 "Stadler Quintett"
04. 1. Allegro
05. 2. Larghetto
06. 3. Menuetto
07. 4. Allegretto con variazioni

Sharon Kam (Basset Clarinet)
Ulrike-Anima Mathe (Violin)
Isabelle van Keulen (Violin)
Gustav Rivinius (Cello)
Volker Jacobsen (Viola)

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sexta-feira, 14 de março de 2025

Jazz - The Tony Williams Lifetime - Turn It Over (1970)

 

Escutei este disco, hoje, à noite. Fazia tempo que não escutava algo tão visceral. É bom voltar ao fusion. "Turn It Over" é o segundo disco do grupo de jazz fusion The Tony Williams Lifetime. O disco foi lançado em 1970, pelo famoso baterista Tony Williams. Era sua intenção buscar influências do jazz moderno e do rock. A experiência sensória é, no mínimo, interessante. 

Neste disco, a formação original, composta por Tony Williams na bateria e no vocal, contou ainda com John McLaughlin na guitarra e Larry Young no órgão. Surge ainda, no baixo, Jack Bruce, o ex-integrante do Cream. A presente de Bruce deu um som mais encorpado e grupo, além da clara incorporação de elementos psicodélicos às músicas. 

O disco é uma referência ao jazz fusion. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

01 - To Whom It May Concern–Them
02 - To Whom It May Concern–Us
03 - This Song This Night
04 - Big Nick
05 - Right On
06 - Once I Loved
07 - Vuelta Abajo
08 - A Famous Blues
09 - Allah Be Praised
10 - One Word (bonus track)

Tony Williams - drums & vocals
John McLaughlin - guitars & vocals
Jack Bruce - bass & lead vocals (#10)
Khalid Yasin ( Larry Young) - organ

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César Franck (1822-1890) - Psyché, Variations symphoniques, FWV 46 e Maurice Ravael (1875-1937) - Rapsodie espagnole, M.54, Boléro, M.81 e La Valse, M.72

Este disco é espetacularmente belo. Música francesa de primeira qualidade. Há cinco curtas obras no disco. A primeira delas é o poema sinfônico "Psyché", de César Franck. O compositor utiliza texturas ricas e envolventes na obra, o que acaba por criar uma atmosfera etérea e contemplativa. A história gira em torno da história mítica de Psiquê e Eros. A segunda obra do disco é "Variações Sinfônicas", também de Franck. É um das suas obras mais conhecidas. Ela combina os elementos de um concerto para piano e de um poema sinfônico.

Logo em seguida, surgem três obras de Ravel. A primeira delas é a "Rapsodie espagnole", escrita entre 1907 e 1908. É uma suíte orquestral. Trata-se de uma das primeiras obras escritas pelo compositor francês. Inspirada na música espanhola, a obra é dividida em quatro partes. Em seguida, aparece o famoso "Bolero", escrito em 1928. É uma das mais populares do século XX. A música é aparentemente simples. Consiste em uma melodia repetitiva e obsessiva, que gradualmente vai crescendo em intensidade e complexidade orquestral. A última obra da peça "La valse". Ela uma obra caótica e "desconjuntada". Uso essa última palavra, pois a obra quebra a lógica melodiosa e elegante das valsas vienenses; adensa-se em um turbilhão de emoções. O final é incandescente. Ravel escreveu a obra entre os anos de 1919 e 1920. Coincide com o final da 1ª Guerra. Essa abordagem aterradora e destrutiva, do ponto de vista metafórico, faz com "La valse" seja interpretada como representação estética da decadência da Europa pós-guerra.

Não deixe de ouvir. A gravação é antiga, mas a qualidade é excelente. Uma boa apreciação!

01 - Franck_ Psyché - 1. Le sommeil de Psyché, FWV 47
02 - Franck_ Psyché - 2. Psyché enlevée par les zéphyrs, FWV 47
03 - Franck_ Psyché - 3. Les jardins d'Eros, FWV 47
04 - Franck_ Psyché - 5. Psyché et Eros, FWV 47
05 - Franck_ Variations symphoniques, FWV 46
06 - Ravel_ Rapsodie espagnole, M.54 - 1. Prélude à la nuit
07 - Ravel_ Rapsodie espagnole, M.54 - 2. Malagueña
08 - Ravel_ Rapsodie espagnole, M.54 - 3. Habanera
09 - Ravel_ Rapsodie espagnole, M.54 - 4. Feria
10 - Ravel_ Boléro, M.81
11 - Ravel_ La Valse, M.72

Concertgebouworkest

Eduard van Beinum, regente

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quinta-feira, 13 de março de 2025

Johannes Brahms (1833-1897) - The piano concertos, 6 Klavierstücke, Op. 118: No. 2 in A Major, Intermezzo, 5 Lieder, Op. 49: No. 4, Wiegenlied etc


Brahms escreveu somente dois concertos para piano. Seria bom, como Mozart, que tivesse escrito mais de vinte. Mas, claro, que isso não ocorreria. Brahms era um compositor meticuloso, disciplinado, exigente. Não que Mozart não fosse. Mas, eram personalidades completamente diversas. Mozart era caudaloso; Brahms, produzia em doses suaves, quase como se destilasse gotas.

Por exemplo, o Concerto No. 1 foi iniciado em 1854 e somente foi terminado em 1858. Brahms pensou em uma sonata para dois pianos, depois migrou para a ideia de concerto para piano. O fato é que o Concerto possui uma orquestração densa, quase sinfônica. Ao fazê-lo, talvez, quisesse se desligar do virtuosismo - exibicionista - de Liszt. Era o que estava na moda. Não era sua característica. Brahms estava à procura da música absoluta; de uma música arrancada dela mesma; sem contaminações; uma música não representativa. Um exemplo é o magmático e eruptivo primeiro movimento do Concerto No. 1, que surge, cresce, ameaça apagar o horizonte e colocar-nos em um mundo sem perspectivas. Trata-se de uma música absurdamente trágica; que não permite pensar no azul do céu. Nuvens maciças, cinzentas, apagam a luminosidade e nos inserem numa atmosfera aflitiva. Isso seria a metáfora para o quê? Fico sempre com essa pergunta. 

Já o Concerto No. 2 possui uma atmosfera completamente diferente. O primeiro movimento começa com um idílio. O "Allegro non tropo" começa com o som diáfano de uma trompa, que desenha cores suaves, como se abríssemos uma janela numa manhã primaveril. Aos poucos, o piano se apresenta e a música surge com toda a sua beleza orquestral. Os contornos da vida são preenchidos de maneira tranquila e ordeira. Ou seja, a obra é mais luminosa, repleta de um lirismo afirmativo; de um humor leve e não abrasivo. 

O Segundo Concerto foi escrito entre os anos de 1878 e 1881. Estima-se que essa demora de um concerto para outro se dava pelo perfeccionismo do compositor; pela reverência que nutria pelos seus predecessores. Sua abordagem meticulosa obrigava-o a revisar incessantemente o que escrevia. Somente quando estava  - em sua percepção - em nível razoável, ele a legitimava. Não deixe de ouvir esse bonito disco. Uma boa apreciação! 

Johannes Brahms (1833-1897) -

DISCO 01

01. Piano Concerto No. 1 in D Minor, Op. 15: I. Maestoso (22:48)
02. Piano Concerto No. 1 in D Minor, Op. 15: II. Adagio (12:41)
03. Piano Concerto No. 1 in D Minor, Op. 15: III. Rondo (Allegro non troppo) (11:53)
04. 6 Klavierstücke, Op. 118: No. 2 in A Major, Intermezzo (6:10)
05. 5 Lieder, Op. 49: No. 4, Wiegenlied (2:28)

DISCO 02

01. Piano Concerto No. 2 in B-Flat Major, Op. 83: I. Allegro non troppo (18:26)
02. Piano Concerto No. 2 in B-Flat Major, Op. 83: II. Allegro appassionato (9:43)
03. Piano Concerto No. 2 in B-Flat Major, Op. 83: III. Andante (12:20)
04. Piano Concerto No. 2 in B-Flat Major, Op. 83: IV. Allegretto grazioso (9:24)
05. 21 Hungarian Dances, WoO 1: No. 5 in F-Sharp Minor, Allegro (2:20)
06. 16 Waltzes, Op. 39: No. 15 in A Major (1:30)
07. 3 Intermezzi, Op. 117: No. 1 in E-Flat Major, Andante moderato (5:13)

Bochumer Symphoniker

Herbert Schuch, piano
Tung-Chieh Chuang, regente

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quarta-feira, 12 de março de 2025

Olivier Messiaen (1908-1992) - La Nativité du Seigneur


Olivier Messiaen foi um dos mais importantes compositores do século XX. Notabilizou-se pela maneira bastante singular de como entendia harmonia, o ritmo e a relação profunda que a música possui com o senso de espiritualidade. Messiaen foi um espiritualista i. Profundamente comprometido com a fé católica, sua obra procura enfatizar um misticismo intenso, incorporado a partir das influências do canto gregoriano, da música oriental e de seu estudo sobre o canto dos pássaros.

La Nativité du Seigneur foi composta em 1935 e é uma das mais importantes obras para órgão solo de Messiaen. Ela exemplifica sua abordagem inovadora à música. A peça é um ciclo de nove meditações sobre o nascimento de Jesus, cada uma representando um aspecto teológico e filosófico do evento. A obra segue um encadeamento místico e procura revelar as implicações da encarnação de Cristo e as consequências espirituais dessa realidade. 

O objetivo de Messiaen é conduzir o ouvinte a uma experiência sensória que transcenda o tempo e o espaço, o que acaba por levar a uma rica contemplação religiosa. A música acaba por despertar impressões de mistério e êxtase. É uma música que nos desafia no primeiro momento. Os acordes acabam por gerar uma temporalidade que nos conduz ao sagrado. É belíssima em sua evocação. O compositor acreditava que a música poderia ser uma experiência que conduz ao divino. Trata-se de uma música de forte profundidade emocional e espiritual; que nos absorve por completo. 

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação! 

Olivier Messiaen (1908-1992) -

01 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ I. La vierge et l'enfant
02 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ II. Les bergers
03 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ III. Desseins éternels
04 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ IV. Le verbe
05 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ V. Les enfants de Dieu
06 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ VI. Les anges
07 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ VII. Jésus accepte la souffrance
08 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ VIII. Les mages
09 - Messiaen_ La Nativité du Seigneur_ IX. Dieu parmi nous

David Titterington, órgão

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Maurice Ravael (1875-1937) - Concerto in G major for Piano and Orchestra e Concerto for the Left Hand in D major

Maurice Ravel escreveu dois dos concertos para piano mais especiais da história da música. São obras verdadeiramente célebres do repertório pianístico. São complexas, misteriosas, líricas, expressivas; oferecem dificuldades impensáveis ao intérpretes. Ou seja, são verdadeiras e incontestes obras-primas. Estão entre as obras para piano de que mais gosto. Curiosamente, foram escritas em datas muito próximas.

O Concerto em Sol maior foi composto em 1929 e 1931. Sua estreia se deu no ano de 1932. A obra possui uma marcante influência do jazz como pode ser observado no primeiro e no terceiro movimentos. O Concerto foi escrito após uma viagem do compositor aos Estados Unidos em 1928. O primeiro movimento é elétrico, possui ritmos sincopados e uma energia efervescente. O segundo movimento, para mim, é uma das passagens mais bonitas e tristes da história da música; ou seja, que um ser humano foi capaz de escrever. O terceiro movimento é vivo, enérgico, virtuosístico.

O Concerto para mão esquerda é outra obra poderosa, pessimista, intensa, com melodias marcantes e passagens sombrias. Foi encomendada pelo pianista Paul Wittgenstein, irmão do filósofo Ludwig Wittgenstein, um dos nomes mais importantes do pensamento do século passado. Paul perdera o braço direito na Primeira Guerra Mundial. A obra foi escrita entre os anos de 1929 e 1930 e exige uma esforço hercúleo do intérprete, pois explora ao máximo as capacidades de um pianista utilizando apenas uma das mãos. Há na obra uma relação entre a escuridão e a luminosidade, entre o sofrimento e o entendimento resiliente sobre a existência. Posso escutá-lo por horas seguidas. 

Não deixe de ouvir a excelente performance do pianista Seong-Jin Cho. Uma boa apreciação!

Maurice Ravael (1875-1937) -

01. Seong-Jin Cho - I. Allegramente
02. Seong-Jin Cho - II. Adagio assai
03. Seong-Jin Cho - III. Presto
04. Seong-Jin Cho - I. Lento
05. Seong-Jin Cho - II. Allegro
06. Seong-Jin Cho - III. Tempo I

Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons, regente
Seong-Jin Cho, piano

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terça-feira, 11 de março de 2025

Carl Orff (1895 - 1982) - De Temporum fine Comoedia

Carl Orff foi um dos compositores mais famosos e populares do século XX, sobretudo por causa de sua obra Carmina Burana. Quem não conhece o seu primeiro movimento? O compositor escreveu outras obras importantes, nem tão conhecidas pelo público. Um exemplo é "De Temporum fine Comoedia" ("A comédia do fim dos tempos"). Esta é a sua última obra escrita e representa a culminação de sua visão artística e filosófica.

Nunca a havia escutado. Ontem, por exemplo, escutei-a duas vezes seguidas. E, agora, enquanto escrevo, estou fazendo uma terceira audição tão grande foi o impacto da obra sobre mim.  A composição é uma obra teatral e musical que se estrutura como oratório dramático. Ela é dividida em três partes e incorpora elementos do teatro grego e medieval. O libreto foi elaborado pelo próprio Orff; e utiliza textos apocalípticos e escritos dos Padres da Igreja, refletindo o fim dos tempos e o juízo final. Figuras mitológicas e alegóricas, como os eremitas e as "Sybilae", que anunciam o destino da humanidade, aparecem na obra. Os andamentos possuem uma instrumentação percussiva e um coral que cria um grande impacto. De acordo com a obra, no fim dos tempos, toda humanidade será salva e redimida pelo perdão divino.

A música transmite ao ouvinte uma experiência sensorial e espiritual incomuns. É dessa relação que surge o impacto. Em seus últimos anos, Orff se afastou do materialismo e se aproximou de temas mais metafísicos. Essa obra é um exemplo disso. O trabalho, desse modo, é uma espécie de testamento do compositor que se preocupa em tratar sobre o destino da humanidade. Nela, a própria existência é questionada. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Carl Orff (1895 - 1982) - De Temporum fine Comoedia

01. "Heis - Heis - theos estin" [7:09]
02. "Opse theu g'aleusi myloi" [3:18]
03. "Pasin, pasin homu" [8:49]
04. "Cho - neuso gar hapanta kai" [3:01]
05. "Vae, vae ibunt, ibunt" [0:53]
06. "Upote, maepote..." [3:25]
07. "Unus solus deus ab aeterno" [2:32]
08. "Nicht Satanas, der Widersacher" [1:00]
09. "Mundus, terrenus" [4:12]
10. "Wann endet die Zeit?" [1:15]
11. "Gott, schenk uns Wahrsagung" [3:55]
12. "Wi irren wir hin, verloren, verlassen" [6:39]
13. "Kyrie, Kyrie, Kyrie" [1:18]
14. "Angor, timor, horror, terror" [2:58]
15. "Omne genus daemoniorum" [1:35]
16. "Vae, vae, portae inferi" [0:53]
17. "Pater peccavi" [4:33]
18. "Con sublima spiritualità" [4:51]

Kölner Rundfunkchor
RIAS Kammerchor
Kölner Rundfunk Sinfonieorchester

Herbert von Karajan, regente

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segunda-feira, 10 de março de 2025

Ignacy Paderewski (1860-1941) - Piano Concerto in A minor, Op. 17, Fantaisie polonaise sur des themes originaux, Op. 19 e Overture

Eis um compositor que não aparece por aqui com tanta recorrência. Paderewski foi um dos compositores mais influentes de sua geração em seu país. Sua música procura conciliar os elementos do romantismo tardio e o nacionalismo polonês, o que reflete a sua identidade cultural. Neste disco encontramos três de suas obras.

A primeira delas é o bonito Concerto para piano em Lá menor, Op. 17, escrito em 1888. A obra segue a tradição dos concertos românticos para piano. Observa-se o tributo que o polonês presta a Liszt e a Chopin. Há belas passagens na obra. Em alguns momentos, lembrei os concertos de nº 1 dos dois compositores. O lirismo e o apelo dramático são marcas que se identifica de primeira.

Aparece ainda o opus 19 do compositor, composta em 1893. É uma peça para piano e orquestra que aponta para a influência da música folclórica polonesa. Possui uma grande força rapsódica por causa de sua estrutura livre. O caráter polonês se faz presente pelo uso de ritmos típicos de danças plonesas como a mazurca.  A última obra do disco é a Abertura, de caráter mais sinfônico, evidenciando as características da música orquestral do compositor. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Ignacy Paderewski (1860-1941) -

01 - I. Allegro
02 - II. Romanza. Andante
03 - III. Allegro molto vivace
04 - Fantaisie polonaise sur des themes originaux, Op. 19
05 - Overture

National Polish Radio Symphony Orchestra
Janina Fialkowska, piano
Antoni Wit, regente

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George Frideric Handel (1685-1759) - Fireworks Music & Water Music

"Fireworks Music" e "Water Music" são duas das obras mais famosas e bonitas do barroco. Escritas para ocasiões reais e de celebrações públicas, as duas peças revelam a genialidade e o brilhantismo de Handel em capturar a psicologia dos encontros, dos passeios; ou seja, as pompas circunstanciais. A "Water Music" foi escrita em 1717 a pedido de Jorge I, monarca inglês. A música era executada em celebrações no rio Tâmisa. Refletia a sofisticação da corte e a ideia de um elemento integrador entre a aristocracia e o povo. A música era excessivamente elegante e dava uma ideia de fluidez.

Já a "Music for the Royal Fireworks", composta em 1749, foi encomendada pelo rei Jorge II para celebrar o fim da Guerra da Sucessão Austríaca e a assinatura do Tratado de Aachen. Além da elegância, que é um traço característico inexpugnável, sobressai-se ainda o espírito triunfante, realçado pela presença dos instrumentos de sopro e percussão. 

As duas peças refletem o ideal barroco de espetáculo e grandeza. A música se mostra como uma forma de entretenimento, mas também um meio de demonstrar poder, ordem e harmonia. Handel foi imensamente feliz, pois conseguiu unir arte, política e espetáculo. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

George Frideric Handel (1685-1759) -

Music for the Royal Fireworks, HWV 351
01. I. Overture
02. II. Bourree
03. III. La paix
04. IV. La rejouissance
05. V. Menuet I
06. V. Menuet II

Water Music: Suite No. 1 in F Major, HWV 348

07. I. Overture: Largo - Allegro
08. II. Adagio e staccato
09. III. Allegro - IV. Andante - Allegro
10. V. Passepied
11. VI. Air
12. VII. Menuet
13. VIII. Bourree
14. IX. Hornpipe
15. X. Allegro

Water Music: Suite No. 2 in D Major, HWV 349

16. I. Allegro
17. II. Alla Hornpipe

Water Music: Suite No. 3 in G Major, HWV 350
18. I. Sarabande
19. II. Rigaudon I and II

Water Music: Suite No. 2 in D Major, HWV 349
20. IV. Lentement
21. V. Bourree

Water Music: Suite No. 3 in G Major, HWV 350

22. III. Menuet I
23. III. Menuet II
24. IV. Bourree I
25. IV. Bourree II

Water Music: Suite No. 2 in D Major, HWV 349
26. III. Menuet

Capella Istropolitana
Bohdan Warchal, regente

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domingo, 9 de março de 2025

Alexander Glazunov (1896-1936) - Symphonies

Glazunov é um daqueles compositores que, de tempos em tempos, eu visito. Tenho uma grande admiração pela sua Sinfonia No. 2. Encontra-se entre as minhas sinfonias favoritas. Olhando à distância, não se dimensiona a importância do compositor para a música russa do final do século XIX e início do século XX. Glazunov é um dos mestres do nacionalismo russo. Seus trabalhos conservam essa fórmula. Ele é uma espécie de continuador da tradição do Grupo do Cinco, que acabou determinando as características da música moderna da Rússia. Ao seu modo, Glazunov segue a tradição nacionalista russa, mas, ao meu mesmo tempo, harmoniza-se com a tradição acadêmica da música europeia. Suas composições oscilam entre a força da música de Tchaikovsky e a limpidez estrutural da música de Brahms. 

Neste disco, aparecem as suas oito sinfonias. Elas foram escritas entre 1881 e 1906, um período bastante prolífico para o compositor. Vale mencionar que ele enfrentou sérios problemas com a bebida. E foi um importante professor. A Primeira Sinfonia é do ano de 1881 e impressionou compositores como Balakirev e Korsakov, dois membros do Grupo dos Cinco. Nota-se o quanto ela é russa. Seus temas emanam do folclore do seu país. Seu nome também sugere isso - "Eslava". 

A Segunda é do ano de 1886. É a Sinfonia de que mais gosto. O primeiro movimento é belíssimo. É chamada de "Sinfonia Estelar". Sua força dramática remete à grandiosidade cósmica. Fico sempre com impressão, quando a escuto, que estou a caminhar por uma estepe numa noite escura, tendo como guia luminoso apenas a energia turva e tímida das estrelas. Tudo é grande e descomunal. Glazunov certamente apoiou-se em motivações românticas para escrever o trabalho. A Terceira é do ano de 1890. Neste trabalho, nota-se a evolução estilística e o domínio da forma sinfônica. A Quarta é do ano de 1893. Possui um tom otimista e luminoso, que faz lembrar a música de Mendelssohn. Glazunov sintetiza elementos da música russa e da tradição alemã. A Quinta é do ano de 1895 e demonstra um Glazunov maduro e pleno da arquitetura sinfônica. O final do último movimento é maravilhoso. A Sexta é do ano de 1896. É, certamente, seu trabalho sinfônico mais melancólico e sombrio. É mais lenta e pessimista. O segundo movimento é suave, quase elegíaco. 

A Sétima é do ano de 1902. Foi dedicada a Rinsky-Korsakov. Apresenta um tom mais solene e grandioso. A instrumentação é rica e possui uma intenção heroica. A oitava é do ano de 1906. É um trabalho, cuja magnitude reflete as experimentações do compositor, pois procura equilibrar lirismo, uma visão idealista a certo rigor acadêmico. 

Nota-se, assim, nos trabalhos sinfônicos do compositor, um senso de continuidade, de respeito às tradições do seu país, ligada ao romantismo, como também uma percepção apurada da modernidade que emergia. A regência fica a cargo Gennady Rozhdestvensky. Ninguém melhor do que ele. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Alexander Glazunov (1896-1936) -

DISCO 01

01 - Symphony No. 1, Op. 5 _Slavonic__ I. Allegro
02 - Symphony No. 1, Op. 5 _Slavonic__ II. Scherzo - Allegro
03 - Symphony No. 1, Op. 5 _Slavonic__ III. Adagio
04 - Symphony No. 1, Op. 5 _Slavonic__ IV. Finale - Allegro
05 - Symphony No. 2, Op. 16 _To the Memory of Liszt__ I. Andante maestoso
06 - Symphony No. 2, Op. 16 _To the Memory of Liszt__ II. Andante
07 - Symphony No. 2, Op. 16 _To the Memory of Liszt__ III. Scherzo - Allegro
08 - Symphony No. 2, Op. 16 _To the Memory of Liszt__ IV. Finale - Intrada - Andante sostenuto - All

DISCO 02

01 - Symphony No. 3, Op. 33_ I. Allegro
02 - Symphony No. 3, Op. 33_ II. Scherzo - Vivace
03 - Symphony No. 3, Op. 33_ III. Andante
04 - Symphony No. 3, Op. 33_ IV. Finale - Allegro moderato

DISCO 03

01 - Symphony No. 4, Op. 48_ I. Andante - Allegro moderato
02 - Symphony No. 4, Op. 48_ II. Scherzo
03 - Symphony No. 4, Op. 48_ III. Andante - Allegro
04 - Symphony No. 5, Op. 55 _Heroic__ I. Moderato maestoso
05 - Symphony No. 5, Op. 55 _Heroic__ II. Scherzo - Moderato
06 - Symphony No. 5, Op. 55 _Heroic__ III. Andante
07 - Symphony No. 5, Op. 55 _Heroic__ IV. Allegro maestoso

DISCO 04

01 - Symphony No. 6, Op. 58_ I. Adagio - Allegro passionato
02 - Symphony No. 6, Op. 58_ II. Tema con variazioni
03 - Symphony No. 6, Op. 58_ III. Intermezzo
04 - Symphony No. 6, Op. 58_ IV. Finale - Andante maestoso
05 - Symphony No. 7, Op. 77 _Pastoral__ I. Allegro moderato
06 - Symphony No. 7, Op. 77 _Pastoral__ II. Andante
07 - Symphony No. 7, Op. 77 _Pastoral__ III. Scherzo - Allegro giocoso
08 - Symphony No. 7, Op. 77 _Pastoral__ IV. Finale - Allegro maestoso

DISCO 05

01 - Symphony No. 8, Op. 83_ I. Allegro moderato
02 - Symphony No. 8, Op. 83_ II. Mesto
03 - Symphony No. 8, Op. 83_ III. Allegro
04 - Symphony No. 8, Op. 83_ IV. Finale - Moderato sostenuto

USSR Ministry of Culture Symphony Orchestra

Gennady Rozhdestvensky, regente

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sábado, 8 de março de 2025

Johann Sebastian Bach (1685-1750) - Violin Concertos

Existem centenas de gravações dos concertos para violino de Johann Seabastian Bach. Fica difícil escolher qual a melhor gravação. A cada ano sai uma nova. Essa gravação com John Eliot Gardiner à frente do English Baroque Soloists é mais uma que engrossa a lista. Gostei bastante de tê-la escutado. É límpida, repleta de lirismo e captura a essência dessas obras imortais. Além disso, a violinista Kati Debretzeni está ótima. 

Como afirmei outro diz, Bach escreveu esses concertos enquanto trabalhava como Kapellmeister em Köthen, entre os anos de 1717 e 1723. O fato é que esses concertos revelam a face genial de Bach, que mescla profundidade musical por meio de uma estrutura musical sólida e muito  lirismo. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Johann Sebastian Bach (1685-1750) -

Violin Concerto BWV 1041 in A minor

01. [Allegro]
02. Andante
03. Allegro assai

Violin Concerto after BWV 1053 in D major
04. [Allegro]
05. Siciliano
06. Allegro

Violin Concerto BWV 1042 in E major
07. Allegro
08. Adagio
09. Allegro assai

Violin Concerto, after BWV 1052 in D minor

10. Allegro
11. Adagio
12. Allegro

English Baroque Soloists
John Eliot Gardiner, regente
Kati Debretzeni, violino

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sexta-feira, 7 de março de 2025

Gustav Mahler (1860-1911) - Symphony No.6 in A minor 'Tragic'

Tenho uma grande admiração pela Sinfonia No. 6 de Mahler. Postei-a há alguns dias. O primeiro movimento é marcante; a marcha, a força avassaladora de sua anunciação, sugere eventos grandiosos, medonhos, que pressagiam os ventos do pessimismo. Conhecida como "Trágica", recebeu esse nome por causa da atmosfera angustiante e o desfecho devastador. A ideia de tragédia não diz respeito ao sentido comum a que estamos acostumados. O que está em jogo é o conceito filosófico de destino inescapável; de luta inexorável contra os reveses da existência, mas sem qualquer êxito.

Essa onda negativa permeia os quatro movimentos. O último movimento - de dimensões monumentais - encerra sem oferecer a ideia de redenção tão comum nos trabalhados do compositor. Pelo contrário, o que prevalece é a dissolução da ideia de esperança. Mahler, talvez, como sugerem alguns estudiosos, tenha feito um presságio dos fatos medonhos que se dariam com ele em pouco tempo - a morte da filha e diagnóstico de um problema cardíaco. Como era uma figura demasiado sensível, antecipou-se aos eventos. De qualquer forma, a Sinfonia é uma metáfora da própria impotência humana contra o destino e a inevitabilidade de alguns acontecimentos.

Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Gustav Mahler (1860-1911) - Symphony No.6 in A minor 'Tragic'

01. I. Allegro energico, ma non troppo. Heftig, aber markig
02. II. Scherzo. Wuchtig - [Trio.] Altväterisch. Grazioso
03. III. Andante moderato
04. IV. Finale. Sostenuto - Allegro moderato - Allegro energico

NHK Symphony Orchestra, Tokyo
Paavo Järvi, regente

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quinta-feira, 6 de março de 2025

Jazz - Wes Montgomery (1923-1968) - The Incredible Jazz Guitar Of Wes Montgomery

 
Lançado em 1960, "The Incredible Jazz Guitar Of Wes Montgomery" é um dos discos mais importantes da carreira de Wes Montgomery. Nascido em Indianápolis, o músico começou a tocar guitarra relativamente tarde, a saber, aos 19 anos de idade. Autodidata, desenvolveu uma técnica bem peculiar, que consistia em usar o polegar em vez de palhetas, o que permitia a produção de um som suave e aveludado. 

Acompanhado por Tonny Flanagan (piano), Percy Health (baixo) e Albert "Tootie" Health (bateria), Montgomery entrega performances repletas de elegância e lirismo. Em "The Incredible Jazz Guitar Of Wes Montgomery", o músico destila um verdadeiro espetáculo de técnica e musicalidade. O fraseado melódico, bem as interações fluidas com o restante da banda, conferem ao disco uma verdadeira aula de jazz. 
 
Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

01. Airegin
02. D-Natural Blues
03. Polka Dots And Moonbeams
04. Four On Six
05. West Coast Blues
06. In Your Own Sweet Way
07. Mister Walker
08. Gone With The Wind 

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Sergey I. Taneyev (1856-1915) - Symphonies Nos. 2 & 4

Apesar de ter vivido relativamente pouco, os feitos de Taneyev foram singulares. Além de compositor, foi pianista, teórico musical e professor. Vale ressaltar que ele foi um dos alunos de Tchaikovsky, a quem substituiu no Conservatório de Moscou. Entre os alunos mais famosos do compositor destacam-se Glière, Scriabin e Rachmaninov. O compositor escreveu quatro sinfonias. Duas delas aparecem por aqui. 

A Sinfonia No. 1 foi escrita entre os anos de 1875 e 1878. A obra reflete as habilidades do jovem compositor recém entrado na casa dos 20 anos. A Sinfonia se destaca pela estrutura sólida, rica em desenvolvimento melódico e harmônico. Nota-se aqui o quanto o jovem Taneyev era um indivíduo competente e aplicado. O compositor demonstra um eloquente domínio da linguagem sinfônica. A obra possui uma grande profundidade emocional que acaba por refletir as influências do seu mestre - Tchaikovsky. 

Taneyev era um acadêmico. Sua música é estruturalmente arrojada. Apesar de tributar uma dívida aos compositores clássicos, ele não esquece os temas russos e procura criar uma linguagem muito pessoal. Gostei muito dos dois trabalhos. Não me lembro de tê-las escutado. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Sergey I. Taneyev (1856-1915) -

01 - [Fedosseev] Symphony No. 2 Introduzione ed Allegro
02 - Andante
03 - Allegro
04 - [Rozhdestvensky] Symphony No. 4 Allegro molto
05 - Adagio
06 - Scherzo
07 - Finale. Allegro energico

Grand Orchestre Symphonique de la RTV d'URSS
Vladimir Fesosseev, regente
Guennadi Rojdestvesnki, regente

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quarta-feira, 5 de março de 2025

Dmitri Shostakovich (1906-1975) - Cello Sonata in D minor, Op.40, Moderato for cello and piano, Sergei Prokofiev (1891-1953) - Ballade in C major, Op.15, etc e Dmitri Kabalevsky (1904-1987) - Cello Sonata in B flat major, Op.71

 

Eis um disco de alma essencialmente russa. E isso me deixa imensamente feliz. São destaques aqui o Opus 40 de Shostakovich e o Opus 71 de Kabalevsky. Esta foi composta em 1962 e, aquela, em 1934. Ou seja, há 32 anos de distância de uma obra para outra. Além disso, Shostakovich e Kabalevsky eram personalidades bastante distintas.

A Sonata para violoncelo e piano de Shostakovich, quando foi escrita, seu autor tinha apenas 29 anos de idade. Ainda muito jovem, revela domínio e profundidade da forma. É um trabalho cujas insinuações líricas são mescladas por um fundo de grande dramaticidade. Além disso, são percebidas as ironias shostakovichianas tão características e a síntese de contrastes. Na década de 30, Shostakovich experimentaria a censura. Suas obras eram provocativas demais ao regime stalinista.

Já a Sonata de Kabalevsky apresenta uma estética melodiosa e acessível. O compositor conduz-se por uma caminho de clareza e expressão. Kabalevsky, ao escrever a obra, talvez tenha procurado seguir à risca os ditames pedagógicos da obra de arte dentro do regime soviético. Kabalevsky não provoca os ideias do regime. A estrutura tradicional de sua obra mais procura conformar do que destoar. Não há ironias, não há dramas, não há insinuações provocativas. Kabalevsky é linear, previsível em sua intenção. 

Há ainda, no disco, uma obra de Prokofiev. Não deixe de ouvir. Uma boa pareciação!

Dmitri Shostakovich (1906-1975) -

Cello Sonata in D minor, Op.40 (1934)
01. I. Allegro non troppo - Largo
02. II. Allegro
03. III. Largo
04. IV. Allegro

Sergei Prokofiev (1891-1953) -
05. Ballade in C major, Op.15 (1912)

Dmitri Kabalevsky (1904-1987) -

Cello Sonata in B flat major, Op.71 (1962)

06. I. Andante molto sostenuto
07. II. Allegretto con moto
08. III. Allegro molto

Dmitri Shostakovich
09. Moderato for cello and piano (?1930s, discovered 1986)

Sergei Prokofiev
10. Adagio 'Cinderella & the Prince', Op. 97bis (1944)

Dmitri Kabalevsky
11. Rondo in Memory of Prokofiev, Op.79 (1965)

Steven Isserlis, violoncelo
Olli Mustonen, piano

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