Aline Mendonça Luz
Aline Mendonça Luz | |
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Informação geral | |
Nascimento | 25 de dezembro de 1946 |
Local de nascimento | Montes Claros, Minas Gerais |
Morte | 21 de outubro de 2003 (56 anos) |
Local de morte | Montes Claros, Minas Gerais |
Aline Mendonça Luz (Montes Claros, 25 de dezembro de 1946 — Montes Claros, 21 de outubro de 2003) foi uma cantora e ativista brasileira.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Aline Mendonça Luz nasceu no dia 25 de dezembro de 1946, em Montes Claros, norte de Minas Gerais.[1]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Começou a cantar nas serestas da família e aos 12 anos entrou para o conservatório Lorenzo Fernandez para estudar canto.[1]
Aos 17 anos foi morar em Belo Horizonte, e no ano seguinte fez suas primeiras apresentações profissionais.[1]
Em 1966 participou dos espetáculos “Taí Nosso Canto” e “Collage 66”, que revelaram o que de novo estava acontecendo nas artes mineiras. Era também a época da febre dos festivais. Aline participou de vários, não raro recebendo o primeiro prêmio e o de melhor intérprete. Também nesse período apresentou o show “O Velho e o Novo”, cantando com Clementina de Jesus. [1]
Em 1972, inscreve-se no programa de calouros do Silvio Santos, em São Paulo, e ganha cantando músicas como "Atrás da Porta" e "Expresso 2222". Suas interpretações lhe valem a antológica nota máxima do crítico José Fernandes e uma crônica, no Jornal O Dia, na qual ele chama Aline de "a Sarah Bernhardt da canção". [1]
Em 1973 muda-se para o Rio de Janeiro, contratada pela RCA. Grava várias versões de "Amo-te (mesmo?) Muito" (canção escrita por Caetano Veloso especialmente para Aline), rejeitadas pela gravadora com a justificativa de serem pouco comerciais. Grava então um compacto simples, com canções de Piry Reis e Geraldo Carneiro, que a gravadora não lança. Aline pede rescisão e sai da RCA. Nesse período, Aline sobrevive cantando nos cabarés da Lapa, mas sempre fiel à boa música brasileira. Um de seus fãs mais ardorosos deste período foi João Francisco dos Santos, o Madame Satã, para quem Aline sempre cantava Nervos de Aço. Participa de várias iniciativas coletivas, como o Circuito Aberto de Música Brasileira, que buscavam espaço para os novos músicos. Também apresentou shows bastante elogiados, como Canto Mulato, O Riso e a Faca, Cante a Palo Seco e Batalhão das Sombras.[1]
Em 1976 começa a estudar canto com o professor Eládio Pérez-González. Aline participa intensamente do Comitê Brasileiro pela Anistia e dos movimentos de resistência ao regime militar.[1]
Em 1978 participa do Projeto Pixinguinha.[1]
Em 1979 funda a Companhia Vento de Raio, sua própria gravadora, e lança o primeiro disco independente de uma cantora no Brasil. O disco é muito bem recebido pela crítica e entra na relação dos melhores do ano.[1]
Em 1982, lançou outro disco, "Uma Face, Outra Face". Mais elogios da crítica. Esse segundo disco mereceu uma crítica de Sílvio Lancellotti, na Folha de S.Paulo, na qual Aline é chamada de a melhor cantora do Brasil, depois de Elis Regina, a santa baixinha. Junto com seu segundo disco, Aline produz e lança o disco do pianista e arranjador Helvius Vilela, Planalto dos Cristais.[1]
Em 1983, conheceu a dificuldade para lançar um disco independente, abre as portas de sua gravadora, emprestando o selo, sem qualquer tipo de exigência, a músicos do quilate de Pascoal Meirelles, Alaíde Costa, Nivaldo Ornelas, Guilherme Rodrigues, Ricardo Vilas e outros, para que possam lançar seus discos.[1]
Em 1986, já em São Paulo, no Centro de Pesquisas Teatrais, dirigido por Antunes Filho, Aline aprofunda seu trabalha com a obra de João Guimarães Rosa.[1]
Em 1987, se apresenta em vários espaços um ousado espetáculo solo de voz, "Amo-te Muito", com canções entremeadas por textos de Guimarães Rosa.[1]
Em 1988, lança o disco "Mares de Minas", acompanhada em quase todas as faixas por Toninho Horta e Beto Lopes.[1]
Em 1987, Aline volta a morar em sua cidade natal, Montes Claros. Nessa retomada da cultura mineira e sertaneja, a cantora Aline cede espaço cada vez maior para a ativista Aline, que chegou a presidir o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente local. Nesse período Aline dedica-se a uma vasta pesquisa da música popular brasileira, que resultou numa série de recitais temáticos, seguidos de debates. O chamado Projeto Raízes e Antenas foi articulado com sindicatos, ongs ambientalistas, movimentos sociais, universidades e escolas, e debateu temas como a ecologia dos cerrados, a desagregação da cultura sertaneja, a condição da mulher e os direitos humanos. Também o trabalho com a obra de João Guimarães Rosa se intensifica, produzindo trabalhos coletivos de grande envergadura, como a pesquisa “Grande Sertão Veredas e seus Ecossistemas”, o manifesto “O Melhor de Tudo é a Água”, a pesquisa “Cavernas do Grande Sertão”, a pesquisa “Ecossistemas Grande Sertão: Veredas – As Transformações Culturais e a Destruição Ambiental no Norte de Minas”, o projeto “Veredas do Peruaçu”, a pesquisa “O Ciúme em Grande Sertão Veredas” e o show “Alegria é o Justo”.[1]
Morte
[editar | editar código-fonte]Em 21 de outubro de 2003, aos 56 anos, Aline faleceu.[1]
Legado
[editar | editar código-fonte]Aline construiu uma trajetória artística e humana das mais densas da música popular brasileira. Sua pequena discografia, mesmo tendo recebido entusiasmado reconhecimento da crítica especializada, continua inédita em CD. Deixou dois trabalhos ainda inéditos: uma gravação de várias canções de amor (dentre elas "Beatriz", "Paula e Bebeto", "Ne me quittes pas", "Vem morena', 'Volver a los dicesiet"e) com o músico francês Bernard Aygadoux e uma gravação da obra da artista plástica e compositora mineira Lisabeth Emmermacher.[1]