Gedeone Malagola
Gedeone Malagola | |
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Nascimento | 7 de julho de 1924 São Paulo |
Morte | 15 de setembro de 2008 (84 anos) Jundiaí |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | desenhista de banda desenhada, argumentista de banda desenhada, ilustrador, editor |
Distinções |
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Gedeone Malagola (São Paulo, 7 de julho de 1924 — Jundiaí, 15 de setembro de 2008) foi um roteirista, desenhista, argumentista e editor de histórias em quadrinhos brasileiro. Célebre pela criação do super-herói Raio Negro e pelas séries de terror O Lobisomem e A Múmia.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]O início
[editar | editar código-fonte]Nascido na cidade de São Paulo, em 7 de julho de 1924, filho de imigrantes italianos, formou-se em direito, apesar de ter chegado a cursar a faculdade de arquitetura. Ainda na infância, Gedeone começou a aprender a arte do desenho com o pai, Calixto Malagola que era pintor.[1][2]
Seria, no entanto, como roteirista que conseguiria maior destaque em sua carreia iniciada na década de 1940. Ávido leitor, Gedeone Malagola tinha o hábito de pesquisar sobre os temas que escrevia a fim de se familiarizar com os assuntos e seus roteiros costumavam ser bastante detalhados. Suas primeiras colaborações foram para o jornal A Marmita, onde escrevia e desenhava. Depois trabalhou para O Governador. Se tornou investigador da Polícia Civil de São Paulo.[1]
Teve passagens pela Editora La Selva, indo posteriormente para a revista Vida Juvenil da editora Vida Doméstica, onde, sob a direção de Mário Hora Jr., produziu uma série sobre cangaceiros: inspirada no ator Milton Ribeiro[3] e adaptações dos romances indianistas O Guarani, Iracema e Ubirajara de José de Alencar.[4][5][6][7]
Fundou a Editora Júpiter que contou com o trabalho de diversos desenhistas brasileiros.[8]
Pela Júpiter criou vários heróis espaciais, dentre eles, o Capitão Astral, inspirado em Star Pirate, personagem da revista Planet Comics da editora Fiction House[9] Capitão Astral também publicado no jornal A Folha do Povo.[10]
Na Editora Outubro, com Miguel Penteado, produziu histórias de terror. Mas também escreveu e desenhou histórias infantis.
Gedeone trabalhou ainda com super-heróis na GEP (Gráfica Editora Penteado), criando dentro do gênero as personagens Raio Negro, Hydroman e Homem Lua. Raio Negro, surgido nos anos de 1960, certamente é seu personagem mais conhecido: tinha seus poderes e origem inspirados no personagem americano Lanterna Verde da DC.[11] Nesses trabalhos, sua arte era apreciada pelas influências da Op Art.[3]
O Homem-Lua foi criado a partir de uma história produzida por Gedeone protagonizada pelo Fantasma de Lee Falk, apresentado a Rio Gráfica Editora (editora que publicava a personagem e que durante muitos anos publicou histórias produzidas por quadrinistas fantasmas),[12][13] para aproveitar a histórias, o autor alterou o visual do herói e adicionou um circulo no lugar da cabeça.
Gedeone apresentou o Homem-Lua a Miguel Penteado, proprietário da GEP (Gráfica Editora Penteado), Penteado recusou o Homem-Lua e pediu que o quadrinista criasse um herói com superpoderes, surgiu então o Raio Negro, entretanto o Homem-Lua não foi esquecido e teve histórias publicadas na revista do Raio Negro, chegando até a protagonizar um crossover com o herói.
Gedeone foi também um dos roteiristas do Capitão 7 da Editora Outubro e, no final da década de 1960, escreveu histórias dos X-Men na revista Edições GEP, onde foi editor da revista, onde também publicou histórias do Raio Negro e No Mundo dos Gigantes, ilustrada por Paulo Hamasaki e Moacir Rodrigues Soares.[14][15]
Ao lado de Mauricio de Sousa, Júlio Shimamoto, Ely Barbosa entre outros, integrou a Associação dos Desenhistas de São Paulo (ADESP). A associação visava cotas para quadrinhos brasileiros.[16]
Alguns trabalhos de Gedeone Malagola
[editar | editar código-fonte]Gedeola trabalhou em Milton Ribeiro, Santos Dumont, Castro Alves, Rui Barbosa, Uk E Uka, Drácula, Targo (um herói tipo Tarzan),[17] Historias Negras, Esquife, Combate, Tambu (outra cópia do Tarzan), Clássicos do Terror, Homem-Mosca, (The Fly no original, criação de Jack Kirby para a Archie Comics), ilustrado por Luiz Rodrigues, Tor (criação de Joe Kubert),[18] Vigilante Rodoviário,[19] Lili, a garota modelo (Millie the model no original), Juju Faísca (Cutie Pie, no original, criação de Gene Fawcett)[20] e Juvêncio, o justiceiro do sertão, He-Man.[1] Produziu mais de 1 500 roteiros para vários desenhistas,[3] entretanto a maioria dos roteiros jamais foram creditados.[21]
Seus últimos trabalhos a alcançaram certo apelo popular foram O Lobisomem (um misto de lobisomem e vampiro)[1] e A Múmia, que na década de 60 foram publicadas pela GEP e ilustradas por Sérgio Lima, Rodolfo Zalla e o próprio Malagola[22] e na década seguinte, para a Minami-Cunha de Minami Keizi e Carlos da Cunha.[1] A Múmia foi inspirado na série de filmes de mesmo nome da Universal Pictures, protagonizado pela múmia Kharis.[23]
A segunda versão de O Lobisomem foi ilustrada pelo desenhista Nico Rosso com arte final de Kazuhiko Yoshikawa e teria ao longo dos anos duas republicações,[24][25] sendo a última uma edição especial na Coleção Opera Brasil da editora Opera Graphica em 2002.[26] A nova versão de A Múmia foi ilustrada por Ignácio Justo.[27][23] Uma terceira versão de O Lobisomem foi ilustrada por Rodval Matias e publicada na década de 1980 na revista Mestres do Terror da Editora D-Arte.[28]
Gedeone colaborou ainda com os jornais A Nação, O Esporte e Diário Popular, publicando suas tiras.[3] Publicou um fanzine dedicado ao Mandrake de Lee Falk.[29]
Foi colaborador de algumas edições da Revista Mundo dos Super-Heróis da Editora Europa onde escrevia sobre personagens da Era de Ouro dos Quadrinhos e das tiras de jornal[30] e estava escrevendo livros sobre quadrinhos intitulado Jornada nos Quadrinhos e outros dois sobre os personagens Buck Rogers e Flash Gordon.[2]
Falecimento
[editar | editar código-fonte]Após enfrentar problemas de saúde durante vários anos, Gedeone Malagola veio a falecer às 14h do dia 15 de setembro de 2008, aos 84 anos após três paradas cardíacas causadas por uma grave infecção, que o manteve internado por mais de um mês no Hospital São Vicente, em Jundiaí, no interior de São Paulo.[2]
Referências
[editar | editar código-fonte]- Notas
- ↑ a b c d e f Gonçalo Júnior (2002). «Gedeone, o mestre do terror». Lobisomem. Col: Opera Brasil. 4. [S.l.]: Opera Graphica
- ↑ a b c Marcus Ramone (16 de setembro de 2008). «Faleceu Gedeone Malagola, veterano dos quadrinhos nacionais». Universo HQ. Consultado em 5 de maio de 2010
- ↑ a b c d Marcio Baraldi (21 de junho de 2010). «Gedeone Malagola: o Capitão Op-Art dos Quadrinhos». Bigorna.net
- ↑ «Vida Juvenil nº 151». Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de dezembro de 2022
- ↑ «Vida Juvenil nº 170». Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de dezembro de 2022
- ↑ «Vida Juvenil nº 181». Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 26 de dezembro de 2022
- ↑ Oscar C. Kern. (1981). Entrevista Gedeone Malagola". Historieta (5) (em português).
- ↑ Andréa Pereira (16 de setembro de 2008). «Falece Gedeone Malagola». HQ Maniacs
- ↑ José Salles (14 de abril de 2008). «Capitão Astral, de Gedeone Malagola». Bigorna.net
- ↑ E assim nasceram os quadrinhos entre nós
- ↑ Roberto Guedes (30 de junho de 2005). «Os 40 anos de Raio Negro». site Bigorna.net. Consultado em 5 de maio de 2010
- ↑ «Fantasma bem brasileiro». Consultado em 12 de julho de 2011. Arquivado do original em 30 de março de 2010
- ↑ Gérson Fasano (17/02/2006)O Fantasma comemora 70 anos, HQManiacs
- ↑ José Salles (Abril de 2007). «Os X-Men Realmente Clássicos». Revista Mundo dos Super-Heróis. Editora Europa. 82 páginas
- ↑ Almeida de Souza, Worney (2014). «Os X-Men de Gedeone Malagola». QI (129). 13 páginas
- ↑ Gonçalo Júnior. A Guerra dos Gibis - a formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-1964. 2004. Editora Companhia das Letras: [s.n.] ISBN 9788535905823
- ↑ Roberto Guedes (2003). «Os Vários sósias de Tarzan». Opera Graphica. Stripmania. 2
- ↑ Toni Rodrigues. «Resenha - O Homem Mosca # 1 (LaSelva) - Revista mensal». Universo HQ. Consultado em 5 de maio de 2010
- ↑ Roberto Guedes (30 de junho de 2005). «Os 40 anos de Raio Negro». Bigorna.net
- ↑ Vergueiro, Waldomiro (2017). Panorama das histórias em quadrinhos no Brasil. [S.l.]: Editora Peirópolis. ISBN 9788575965306
- ↑ Waldomiro Vergueiro (28 de Maio de 2003). «Autorias e responsabilidades nos quadrinhos: uma discussão provocativa». Omelete. Consultado em 21 de maio de 2010
- ↑ «Álbum resgata HQs da Múmia com arte de Ignácio Justo». UNIVERSO HQ. 19 de janeiro de 2022. Consultado em 20 de janeiro de 2022
- ↑ a b Baraldi, Marcio (2021). «A Múmia moderna de Ignácio Justo». Graphic Book: Múmia. [S.l.]: Criativo Editora
- ↑ Da Transilvânia para os trópicos: Drácula nos quadrinhos brasileiros
- ↑ Roberto Elísio dos Santos (2014). «La historieta de terror brasileña». Cuba: Editorial Pablo de la Torriente. Revista Latinoamericana de Estudios sobre la Historieta. 4 (16): 215-224
- ↑ Jotapê Martins (23 de Julho de 2002). «Lobisomem de Gedeone Malagola». Omelete
- ↑ A trajetória das HQs de terror no Brasil
- ↑ «LOBISOMEM INTEGRAL - RODVAL MATIAS». Catarse. Consultado em 2 de março de 2024
- ↑ Guimarães, Edgard (2020). Fanzine (PDF) 4ª ed. [S.l.]: Marca de Fantasia. 69 páginas. ISBN 978-65-86031-02-7
- ↑ Marcelo Naranjo, sobre o press release (22 de janeiro de 2009). «Nova edição da revista Mundo dos Super-Heróis». Universo HQ
- Bibliografia
- «Revista Mundo dos Super-Heróis». 5. São Paulo: Editora Europa. 2007
- «Revista Mundo dos Super-Heróis». 13. São Paulo: Editora Europa. 2008
- Franco de Rosa (2008). «Homenagem a Gedeone Malagola, uma lenda dos gibis brasileiros». "Wizmania. 2 (6). São Paulo: Panini Comics. pp. 56 a 59. ISSN 1679-5598
- Goida (1990). Enciclopédia dos Quadrinhos. [S.l.]: L&PM
- Oscar C. Kern (1981). «Entrevista Gedeone Malagola». Historieta (5). Independente (fanzine)
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Gedeone Malagola no Lambiek» (em inglês)