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Karl Salomo Zachariae von Lingenthal

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Karl Salomo Zachariae von Lingenthal
Karl Salomo Zachariae von Lingenthal
Nascimento 14 de setembro de 1769
Meissen
Morte 27 de março de 1843 (73 anos)
Heidelberg
Cidadania Reino da Saxônia, Grão-ducado de Baden
Filho(a)(s) Karl Eduard Zachariae von Lingenthal
Irmão(ã)(s) Theodor Maximilian Zachariae
Alma mater
Ocupação jurista, professor universitário, escritor
Empregador(a) Universidade de Heidelberg, Universidade de Wittenberg

Karl Salomo Zachariae von Lingenthal (14 de setembro de 1769 - 27 de março de 1843) foi um jurista alemão, nascido em Meissen, na Saxônia. Foi filho de um advogado e pai de Karl Eduard Zachariae.[1]

Von Lingenthal recebeu sua educação inicial na célebre escola pública de St. Afra em Meissen e depois estudou filosofia, história, matemática e jurisprudência na Universidade de Leipzig. Em 1792 ele foi para a Universidade de Wittenberg como tutor de um dos condes de Lippe, e continuou seus estudos jurídicos.

Em 1794 tornou-se Privatdozent, lecionando sobre o direito canônico. Em 1798, foi nomeado professor extraordinário, e em 1802 professor ordinário de direito feudal.

Desse tempo até sua morte, em 1843, com a exceção de um curto período em que ocupou-se com assuntos públicos, publicou uma sucessão de obras cobrindo todo o campo da jurisprudência, e foi um colaborador copioso de periódicos. Em 1807, recebeu um chamado para Heidelberg, que começava seu período de esplendor como faculdade de direito. Lá, resistindo a muitas outras convocações para Göttingen, Berlim e outras universidades, ele permaneceu até sua morte. Em 1820, assumiu um assento como representante de sua universidade, na alta-câmara do recém-constituído parlamento de Baden.

Embora ele próprio tenha preparado muitas reformas - destaque para o rigoroso código penal - foi, por instinto e convicção, conservador e totalmente contrário ao violento espírito democrático que dominou a segunda câmara, e colocou-a em conflito com o grão-duque e com o governo federal Alemão.

Após a remodelação da Constituição em um sentido "reacionário", von Lingenthal foi 'devolvido', em 1825 pelo distrito de Heidelberg à segunda câmara, da qual ele se tornou o primeiro vice-presidente, e na qual mostrou-se mais "leal" do que o próprio governo. Com o crescimento do liberalismo parlamentar, no entanto, von Lingenthal desenvolveu um ressentimento pela política, da qual aposentou-se completamente em 1829. Posteriormente, dedicou-se inteiramente ao seu trabalho jurídico e durante os últimos dias de sua vida, trabalhou com o ardor de um jovem estudante.

Obras e Pesquisas

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As universidades Alemãs desfrutavam, em relação a questões jurídicas de importância internacional, uma jurisdição moral datada da Idade Média, e von Lingenthal era frequentemente consultado sobre questões que surgiam na Alemanha, na França e na Inglaterra.

Elaborar "opiniões"- algumas delas formando verdadeiros tratados - por exemplo, sobre a reivindicação de Sir Augustus d'Este ao ducado de Sussex, o pedido do Barão de Bode como sujeito inglês a uma parte da indenização francesa, a disputa sobre as dívidas devidas ao eleitor de Hesse-Kassel (ou Hesse-Cassel), confiscadas por Napoleão, e a posição constitucional dos proprietários de terras de Mecklenburg - eram comuns por von Lingenthal.

Grandes honorários que ele recebia por essas opiniões e a grande popularidade de suas palestras o enriqueceram, e ele conseguiu comprar várias propriedades; de um dos quais, Lingenthal, ele levou seu título quando, em 1842, ele foi enobrecido pelo grão-duque. Faleceu no dia 27 de março de 1843. Ele havia se casado em 1811, mas sua esposa morreu quatro anos depois, deixando-o um filho, Karl Eduard.

As obras de Zachariae são muitas e variadas. Elas lidam com quase todos os ramos da jurisprudência; são filosóficas, históricas, e práticas, e versam sobre o direito Romano, canônico, Alemão, Francesa e Inglesa. O primeiro livro de grande importância que publicou foi Die Einheit des Staats und der Kirche mit Rücksicht auf die Deutsche Reichsverfassung (1797), um trabalho sobre as relações entre igreja e Estado, com especial referência à constituição do império, que demonstrava o poder de análise do escritor e sua habilidade em fazer um complexo conjunto de fatos parecerem ser meras deduções de alguns princípios.

Em 1805 publicou Versuch einer allgemeinen Hermeneutik des Rechts; e em 1806 Die Wissenschaft der Gesetzgebung; uma tentativa de achar uma nova base teórica para a sociedade, no lugar das políticas oportunistas que levaram ao estopim da Revolução Francesa. Seu raciocínio tinha semelhanças com outilitarismo de Jeremy Bentham.

A última obra importante de von Lingenthal foi Vierzig Bücher vom Staate (1839–1842); seus admiradores apontam-na como sua obra mais marcante. Foi comparada com o L’Espirit des lois, de Montesquieu, e cobre uma grande porção do primeiro volume da História da Civilização, de Buckle. Mas apesar de seu conteúdo altamente didático e suas ideias originais em relação ao futuro do direito, foi criticado por faltar sequências lógicas, e consequentemente, é cheio de contradições.

Sua teoria fundamental é que o estado tem sua origem, não em um contrato social com os de Rousseau e Kant, mas em uma consciência de dever jurídico. Von Lingenthal quis ser para os Alemães, o que Maquiavel foi para os Italianos e o que Montesquieu foi para os Franceses, mas lhe faltavam inspirações nacionalistas, e consequentemente não conseguiu influenciar o direito constitucional em seu país.

Entre outras obras importantes de von Lingethal são: Staatsrecht, e seu tratado sobre o Código Napoleônico, Handbuch des Französischen Civilrechts, do qual diversas edições impressas foram publicadas, e várias foram traduzidas para o Italiano. Fez referência, em seu trabalho, à grande importância da codificação do direito Romano.

Von Lingenthal editou, com Karl Joseph Mittermaier, the Kritische Zeitschrift für Rechtswissenschaft und Gesetzgebung des Auslandes, e sua introdução ilustra sua ampla pesquisa e seu desejo constante por novas soluções para problemas antigos. Apesar de os trabalhos de Von Lingenthal terem sido substuídos por obras mais atualizadas, foram marcantes para sua época, e os livros que o substituíram não poderiam ter sido escritos sem a obra de von Lingenthal.

Para ter mais informações sobre von Lingenthal e suas obras, veja: Robert von Mohl, Geschichte u. Literatur der Staatswissenschaften (1855–58), e Charles Brocher, K. S. Zachariae, sa vie et ses oeuvres (1870); e sua biografia em Allgem. Deutsche Biographie (vol. 44) by Wilhelm Fischer, e "Zachariae von Lingenthal” - Rechts-Lexicon, de Franz von Holtzendorff.

Referências

  1. «Karl Salomo Zachariae von Lingenthal». BNF (em inglês). Consultado em 24 de janeiro de 2021