Igreja Católica na Romênia
Romênia | |
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Catedral Basílica de Santa Maria, em Oradea | |
Santo padroeiro | Santo André[1][2][3] |
Ano | 2008 |
População total | 20.000.000 |
Católicos | 2.000.000 |
Presidente da Conferência Episcopal | Ioan Robu |
Núncio apostólico | Giampiero Gloder |
Códice | RO |
A Igreja Católica na Romênia (em português brasileiro) ou Roménia (português europeu) (em romeno: Biserica Catolică din România, em húngaro: Romániai Római Katolikus Egyház, em alemão: Katholische Kirche in Rumänien) é parte da Igreja Católica universal, sob a liderança espiritual do Papa e da Santa Sé. Sua administração é centralizada em Bucareste e compreende duas arquidiocesea e outras quatro dioceses. É a segunda maior denominação do país depois da Igreja Ortodoxa Romena e uma das 16 religiões reconhecidas pelo Estado. Dados de 2011 indicaram que havia 870.774 cidadãos romenos aderindo à Igreja Católica Romana (4,3% da população). Destes, os maiores grupos eram húngaros (aprox. 500.000, incluindo Székely e Csángó), romenos (aprox. 300.000), alemães (aprox. 20.000) e eslovacos (aprox. 9.000).[4][5]
A maioria dos católicos romenos habita a região da Transilvânia e do Distrito de Bacău, na Moldávia.[6] As comunidades católicas romenas menores incluem búlgaros de Banato, italianos, poloneses, croatas, tchecos e romanis.[7]
A Igreja Greco-Católica Romena unida com Roma é uma Igreja Católica que usa o rito bizantino. Tem jurisdição separada, cinco eparquias e uma arquieparquia liderada por um arcebispo maior (assim a igreja tem seu próprio sínodo). A maioria dos seus membros são romenos, com grupos de ucranianos do norte da Romênia.[7]
História
[editar | editar código-fonte]Período medieval
[editar | editar código-fonte]Embora a presença do catolicismo romano existisse durante o reinado do Império Romano na Península Balcânica, os traços mais antigos de atividades católicas romanas no atual território romeno foram mais registrados na Transilvânia, em conexão com a extensão dos húngaros, e pela integração da região ao Reino da Hungria. Inaugurada pela presença precoce dos beneditinos, houve reforços pela colonização de saxões da Transilvânia,[5] bem como por atividades missionárias entre a população local de origem romena[5] e conversões forçadas.[8] A Diocese de Alba Iulia (Gyulafehérvár) foi provavelmente criada no século XI.[9][10][11] A tradição afirma que isso foi feito sob a supervisão do Rei Estêvão I — de acordo com a Enciclopédia Católica de 1913, um patrono mais provável é Ladislau I, que governou quase um século depois (o primeiro bispo listado é Simão, que liderou a sé diocesana entre 1103 e 1113).[10]
Outras dioceses foram criadas em Cenad (Csanád) e Oradea (Nagyvárad).[5][11] Eles eram subordinados ao arcebispo de Kalocsa, parte da Igreja Católica da Hungria.[11] A área do norte, compreendida no comitato de Máramaros, fazia originalmente parte da diocese de Alba Iulia, enquanto a do sul, Szeben, era um provo não incluído em nenhum bispado.[10]
Durante o reinado de Bela IV, a hierarquia católica foi dissolvida pelas invasões dos mongóis (ver Batalha de Mohi), e só se recuperou depois de 1300.[10] Em 1304, o Papa Bonifácio VIII enviou os primeiros missionários católicos da Transilvânia para as terras dos Cárpatos, uma área conhecida como "Cumânia", onde a Igreja Ortodoxa Oriental já estava presente.[12] A Diocese de Cumânia foi criada em Milcov, em áreas mais tarde governadas pela Moldávia e Valáquia. Seus bens foram concedidos pelos governantes húngaros, que reivindicaram suserania sobre a região,[13] e expandiu regiões do País Székely.[10]
A Diocese da Cumânia desapareceu durante algum tempo, quando os habitantes locais assumiram sua propriedade, mas foi restabelecida entre 1332-1334, quando o Papa João XXII nomeou o franciscano Vitus de Monteferro, capelão do Rei Carlos I, como o novo bispo.[13] O controle direto sobre a congregação foi dificultado pela intrusão do Canato da Horda Dourada, que estabelecera sua base na região mais tarde conhecida como Budjak (atual região sul da Ucrânia).[13] Por volta de 1318, a cidade de Vicina fazia parte do Vicariato da Tartária Setentrional.[12]
Durante o século XIV, nos anos seguintes ao estabelecimento da Moldávia e da Valáquia como estados separados (os Principados do Danúbio), os clérigos católicos chegaram principalmente da Polônia e a Transilvânia montou as primeiras congregações católicas sobre os Cárpatos.[5]
Em ambos os países, como resultado da emancipação imponente e conflitos persistentes com o Reino húngaro, a presença católica relativamente forte recuou com o estabelecimento de instituições ortodoxas mais poderosas (a Metrópole da Hungria-Valáquia e Diocese da Moldávia).[5][14] Entretanto ainda persistiu importante presença católica nas duas áreas[5] Como resultado da luta entre ao Príncipe da Valáquia, Vladislau I e o rei húngaro Luís I, concessões foram feitas por ambos lados, e a Valáquia concordou em tolerar um bispado católico (1368).[15] No ano seguinte a região recomeçou um movimento anticristão[16] Na Moldávia, o Príncipe Laţcu iniciou negociações com o Papa Urbano V e concordou em converter-se ao catolicismo (1369); Depois de um período de problemas, essa escolha política seria derrubada por Petru I durante a década de 1380.[16] Novas sés foram criadas naquele país: em 1371 Siret, e, sob o governo de Alexandru cel Bun.[5][17][18]
Nos séculos seguintes, a cidadela de Cotnari foi o lar de uma notável comunidade católica, inicialmente formada por húngaros e alemães locais. Na Valáquia, uma diocese católica de curta duração foi criada durante o reinado de Radu I, em torno da cidade principal de Curtea de Argeş (1381).[19] A diocese de Siret, na Moldávia, sobreviveu durante a fase inicial da guerra com o Império Otomano, mas acabou por ser suprimida durante o início do século XV, quando se mudou para Bacău.[17] Em 1497, esse local foi abandonado pela hierarquia e não estava mais ativo durante o século seguinte.[17] Até meados do século XIX, como todas as outras minorias religiosas, os católicos não gozavam de plenos direitos políticos e civis.[20]
Impacto da Reforma
[editar | editar código-fonte]Após a Batalha de Mohács, durante a qual os otomanos conquistaram grande parte da Hungria, deixando a Transilvânia sob o domínio dos príncipes locais, o catolicismo entrou em regressão, e mais tarde foi confrontado com o sucesso da Reforma Protestante.[5] A primeira comunidade a abraçar um credo protestante foi a dos Saxões da Transilvânia, a maioria dos quais aderiu à Confissão de Augsburgo (luterana), em 1547,[6][10] seguidos logo após por grandes porções da população húngara, que se converteram ao calvinismo.[6] A provostagem de Szeben deixou de existir inteiramente.[10] O catolicismo tentou se restabelecer quando George Martinuzzi, um clérigo católico, assumiu o governo da transilvano, mas voltou a declinar o assassinato do mesmo em 1551.[10]
As disputas e batalhas religiosas prolongaram-se ao longo dos séculos seguintes, quando um grande número de comunidades católicas fundou especificamente igrejas protestantes — a Igreja Reformada na Romênia, a Igreja Reformada, a Igreja Evangélica Luterana na Romênia, a Igreja Evangélica Luterana, Igreja Evangélica da Confissão de Augsburgo, e a Igreja Unitária da Transilvânia.[5][6][21] A Diocese de Alba Iulia foi suprimida em 1556.[10]
Um impasse sem precedentes foi alcançado em 1568, sob o reinado de João Sigismundo Zápolya, quando o Édito de Torda sancionou a liberdade religiosa e concedeu status legal à Igreja Católica, e às igrejas reformadas, como as luteranas e unitaristas (ao ver a maioria ortodoxa como "tolerada").[6] A Diocese de Alba Iulia foi restabelecida assim que o católico Estêvão Batory assumiu o trono transilvano, sucedendo Zápolya, que havia se tornado Rei da Hungria.[10]
Durante essa período, os católicos foram reconhecidos como uma estrutura autônoma, o que permitiu que clérigos e leigos organizassem o ensino e administrassem as escolas comunitárias.[10] Um episódio particular foi a tomada da igreja fortificada de Biertan pela comunidade luterana, e o culto católico só era permitido na chamada "Torre Católica", localizada ao sul do edifício.[22]
A Contrarreforma gerou mudanças, com a chegada de jesuítas para a região em 1579 (sob o governo de Estêvão Batory).[23] Em 1581, eles fudaram uma universidade em Cluj (Kolozsvár), existente até os dias atuais, a Universidade Babeş-Bolyai.[23] Originalmente protegidos pelos poderosos Báthory, eles continuaram a ter um status precário na Transilvânia.[10] Expulsos entre 1595 e 1599 (quando o calvinismo se tornou oficial), e novamente entre 1610 e 1615 (seguindo as pressões de Gabriel Báthori), eles continuaram suas atividades na região da Moldávia em torno de Cotnari.[23]
Retrocessos e recuperação do século XVII
[editar | editar código-fonte]Coincidindo com as ofensivas dos Habsburgo, os conflitos religiosos foram retomados e, em 1601, o bispo Demeter Napragy foi expulso de Alba Iulia, sendo sua sé confiscada pelos protestantes (embora os bispos continuassem a ser nomeados, eles residiam no exterior).[10] Em 1690, os católicos em minoria na Transilvânia.[21]
Paralelamente, a própria Hungria foi integrada aos domínios dos Habsburgo (1622), que criaram uma nova base para a Contrarreforma, bem como uma sede local para a Congregação para a Evangelização dos Povos.[21] Na Moldávia, o catolicismo foi reafirmado entre os Csángós antes de 1590, quando os monges franciscanos se encarregaram da diocese restabelecida em Bacău (1611).[17] e liderada inicialmente por Bernardino Quirini.[24] Depois de 1644, mais jesuítas da comunidade polonesa-lituana se estabeleceram naquele país, fundando uma faculdade em Cotnari e estabelecendo uma filial em Iaşi.[23]
Naquela época, o intelectual étnico romeno da Transilvânia Gheorghe Buitul se juntou à ordem jesuíta, o primeiro membro de sua comunidade a estudar no Colégio Romano de Roma, enquanto o nascido na Transilvânia István Pongrácz foi um dos jesuítas executados pelos calvinistas na Hungria (1619).[23] A ordem foi expulsa pela terceira vez da Transilvânia (1652), por ordens de Jorge II Rákóczi, e foi duas vezes expulsa da Moldávia pela Grande Guerra Turca (1672, 1683).[23]
Durante o final do século XVII e início do século XVIII, a Igreja Católica procurou obter a adesão de cristãos não católicos às Igrejas Católicas Orientais. Esse esforço foi ajudado pela ofensiva dos Habsburgo na Europa Oriental, quando o Imperador Leopoldo I trouxe a conquista da Transilvânia em 1699.[5][21] Um fator adicional para os novos sucessos católicos foi, sem dúvida, a luta contínua entre as várias denominações protestantes da Transilvânia.[6]
Em 1657, os armênios residentes na Transilvânia que pertenciam à Igreja Armênia Apostólica e eram liderados pelo bispo Oxendius Vărzărescu, colocaram-se sob jurisdição católica indireta, como parte da Igreja Católica Armênia.[25] Muitos deles se estabeleceram em torno de Gherla (Armenopolis ou Szamosújvár).[25]
Século XVIII
[editar | editar código-fonte]Sob o governo do Imperador Carlos VI, os bispos de Alba Iulia puderam retornar aos seus domínios restaurados, pois a sé foi removida do governo protestante (1713).[10] A diocese foi completamente restaurada em 1771, sob a Imperatriz Maria Teresa.[10] Foi também sob Maria Teresa que o ensino católico e a administração da escola ficaram sob a supervisão da Commissio catholica (esta manteve a regra sob o Império Austríaco e os primeiros anos da Áustria-Hungria).[10]
Em 1700, com a ajuda dos jesuítas, foi organizada a Igreja Greco-Católica Romena, agrupando antigos romenos ortodoxos. Sua liderança era supervisionada por teólogos jesuítas, cujo escritório assegurava a conformidade doutrinal.[23] Os jesuítas também foram autorizados a voltar à Moldávia em 1699, sob o domínio do Príncipe Antíoco Cantemir.[23] Em 1773, a ordem foi suprimida em toda a Europa, antes de ser novamente criada pelo Papa Pio VII em 1814.[23] O Papa Pio IX reorganizou a igreja greco-católica local em 1853, e colocou-a sob a jurisdição da Congregação para a Evangelização dos Povos.[26] (entre 1912 e 1919, as paróquias greco-católicas eram administradas de Hajdúdorog).[27]
No fim do século XVIII e início do século XIX, a Moldávia e a Valáquia receberam seus primeiros vicariatos apostólicos, sediados respectivamente em Iaşi e Bucareste.[5][17][26] A antiga sé moldávia de Bacău foi abolida.[17] A sé valaca era subordinada à Diocese de Nicópolis (no século seguinte chamada de Ruse)[28] Em 1792–1793, o bispo Paulus Davanlia deixou Ruse para viver com os franciscanos em Bucareste (que montou uma importante igreja em Bărăţia).[29]
Além da presença local, os Principados do Danúbio tornaram-se o lar de comunidades de diásporas católicas: em Bucareste, comerciantes ragusinas foram mencionados pela primeira vez em Bucareste durante o século XVI, seguido, por volta de 1630, pelos pedreiros italianos;[30] mais tarde, a capital valaca foi colonizada por grupos de húngaros, poloneses (com presença notável após a Revolta de Janeiro de 1863 forçou muitos a se refugiarem na Romênia), e franceses.[31]
Século XIX e início do século XX
[editar | editar código-fonte]Em 1812, o bispo franciscano católico búlgaro de Čiprovci decidiu, como resultado de uma epidemia na cidade, mudar a diocese de lugar para a aldeia de Cioplea (atualmente parte de Bucareste).[28] O local foi o novo centro da comunidade búlgara da Valáquia,[28] mas a oposição da hierarquia ortodoxa local só permitiu que a mudança se completasse após 1847.[29] Após o fim da Guerra da Crimeia, os Principados do Danúbio ficaram sob a supervisão de várias potências europeias, terminando a tutela russa e a administração do Regulamento Orgânico . Os dois países foram, em vez disso, premiados com Divã ad hoc. Em 11 de novembro de 1857, sobre a proposta de Costache Negri, o divã da Moldávia regulamentou o fim da discriminação religiosa contra os cristãos não-ortodoxos, uma medida que beneficiou principalmente os católicos residentes e os membros da Igreja Apostólica Armênia.[20]
Após a união Moldavo-valaca de 1859 e a criação em 1881 do Reino da Romênia, a sede em Bucareste tornou-se uma arquidiocese (7 de abril de 1883) e a Iaşi em uma diocese, substituindo a diocese de Bacău, liderada pelos franciscanos (27 de junho de 1884).[5][24][26] Isto veio como uma consequência de repetidos protestos dos habitantes locais, que pediam clérigos romenos para não estar sob o controle estrito de bispos estrangeiros.[29] Atualizando a hierarquia eclesiástica local, o movimento também levou à desestabilização de o bispado Cioplea.[28] O primeiro arcebispo de Bucareste foi Ignazio Paoli.[29]
A Catedral de São José, em estilo neogótico, localizada em Bucareste, também foi concluída em 1884.[29] e dois seminários foram abertos (o principal deles em Bucareste,[29] e o de Iaşi era de cunho jesuíta e criado em 1886, notavelmente liderado pelo padre polonês Feliks Wierciński).[23] A missão jesuíta na Romênia foi criada em 1918, subordinada à Província da Bélgica e depois à Província do Sul da Polônia; tornou-se uma vice-província em 1927.[23] A Romênia acomodou várias organizações católicas, incluindo o Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs (que operou três escolas de Bucareste em 1913), as Irmãs da Misericórdia, os Passionistas e as Religiosas de Nossa Senhora de Sion.[29] Apesar desse aumento na importância, a Romêniia e a Santa Sé não formalizaram o estabelecimento de relações diplomáticas por várias décadas.[26] As autoridades também se recusaram a permitir a a Igreja de criar um colégio próprio.[29]
Paralelamente, a autonomia para a administração da escola católica na Transilvânia austro-húngara foi recuperada em 1873, através da criação de um "status católico".[10]
Primeira Guerra Mundial e a Grande Romênia
[editar | editar código-fonte]Durante os anos finais da Primeira Guerra Mundial e as etapas que levaram à União da Transilvânia com a Romênia, o catolicismo na Romênia se deparou com vários problemas diplomáticos. A Romênia foi derrotada pelos Impérios Centrais e assinou o Tratado de Bucareste, mas seus diplomatas continuaram ativos nos países Aliados da Primeira Guerra Mundial, estabelecendo o Conselho Nacional Romeno em Paris. Este último, que também representou grupos romenos na Transilvânia e Bucovina, governados pelo Império Austro-Húngaro, nomeou o Monsenhor Vladimir Ghika como seu representante na Cidade do Vaticano.[32]
Quando a Conferência de Paz de Paris confirmou a criação da Grande Romênia, os católicos de ambas as igrejas representaram 13 a 14% de sua população.[26] Durante a Conferência, o gabinete de Ion I. C. Brătianu e representantes do Papa Bento XV estabeleceram contatos preliminares, um gesto coincidente com a encíclica Pacem, Dei Munus Pulcherrimum (que, por sua vez, redefiniu as relações entre a Santa Sé e estados individuais).[27] As negociações foram continuadas pelo gabinete de Alexandru Vaida-Voevod, que nomeou o sacerdote greco-católico Vasile Lucaciu como seu representante, e pelo de Alexandru Averescu.[27] Através de uma decisão tomada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Duiliu Zamfirescu, Dimitrie Pennescu foi nomeado o primeiro embaixador da Romênia junto à Santa Sé (ver as relações entre Romênia e Santa Sé).[27] Após isso foi estabalecido o cargo de núncio da Romênia.[5][27] A primeira pessoa a ocupar este cargo foi o arcebispo Francesco Marmaggi, que assumiu o cargo em outubro de 1920.[27]
Posteriormente, a presença católica registrou sucessos significativos: novos institutos religiosos, como os Assuncionistas e as Irmãs Franciscanas de Maria, iniciaram suas atividades em solo romeno, e a Acţiunea Catolică (uma versão romena da Ação Católica) foi criada em 1927.[5] No final da Segunda Guerra Mundial, havia 25 institutos religiosos presentes no país por meio de 203 mosteiros, mantendo 421 escolas religiosas e coordenando várias ações caritativas.[5] No início da década de 1920, a Santa Sé e a Romênia se envolveram em várias disputas diplomáticas: em um caso, a Igreja Católica declarou-se insatisfeita com os efeitos de uma reforma agrária realizada em 1920-1921 (como resultado de conversas, ocasionalmente era permitido manter propriedades maiores do que a lei permitia);[33] em paralelo, as autoridades romenas estavam insatisfeitas com as atividades de certos prelados católicos na Transilvânia e na Hungria, que suspeitavam apoiar ativamente o irredentismo húngaro (em uma de suas anotações ao Vaticano, Pennescu condenou cartas de cunho político dirigidas por Gyula Glattfelder, bispo de Timişoara, para a sua congregação de maioria húngara).[34]
Uma concordata foi negociada em 1927, sendo ratificado pelo governo romeno em 1929[5][35][36] e por meio da bula papal Solemni conventione em 5 de junho de 1930.[37] Com base nisso, um acordo de 1932 atribuiu à Igreja Católica todos os bens da Transilvânia anteriormente administrados pelo "Status Católico Romano".[5] Em 15 de agosto de 1930, a Diocese de Bucareste foi elevada à arquidiocese metropolitana, sendo que as outras se tornando sufragâneas).[38]
Uma redefinição da administração eclesiástica foi realizada nas antigas províncias austro-húngaras, correspondendo às novas fronteiras da Grande Romênia: os católicos em Bucovina tornaram-se parte da Diocese de Iaşi, e os de Oradea juntaram-se à Diocese de Satu Mare.[38] Os católicos armênios manteve sua estrutura autônoma, com a Igreja Católica apontando seu líder espiritual.[38]
Período comunista
[editar | editar código-fonte]Tanto o catolicismo romano quanto a igreja greco-católica romena entraram em um período de perseguição e regressão depois de 1948, quando o regime comunista da Romênia, que subscreveu a doutrina do ateísmo marxista-leninista foi estabelecido. Os primeiros sinais disso estavam presentes após as autoridades da União Soviética, quando a Concordata passou a ser regularmente desconsiderada pelo governo de Petru Groza, parcialmente baseada em suspeitas de que a Santa Sé estava tentando converter a população ortodoxa. (veja ocupação soviética da Romênia).[39] Em paralelo, depois de 1945, Vladimir Ghika e outros lideraram um movimento clamando por uma união entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Romena, o que causou mais suspeitas das novas autoridades.[39] A Igreja Católica da Romênia também se recusou explicitamente a permitir que o clero se unisse ao Partido Comunista Romeno, que se destacou entre as organizações religiosas no país.[39]
Em 1946, o gabinete de Groza declarou o núncio apostólico Andrea Cassulo como persona non grata, alegando que ele havia colaborado com o ditador da época da guerra na Romênia, Ion Antonescu; ele foi substituído por Gerald Patrick O'Hara, que continuou a ser acusado de estar espionando a favor do bloco ocidental.[39] Em segredo, O'Hara continuou a ordenar bispos e administradores.[40]
A Concordata de foi denunciada unilateralmente em 17 de julho de 1948[35][39] (em dezembro do mesmo ano, a Igreja greco-católica foi desestabelecida e seu patrimônio passado para a Igreja Ortodoxa).[6][35][41] Novas regulamentações estatais foram elaboradas para abolir a autoridade papal sobre os católicos na Romênia, e a Igreja Católica Romana, embora fosse uma das dezesseis religiões reconhecidas, não possuía legitimidade, já que sua carta organizacional nunca foi aprovada pelo Departamento de Cultos.[5][35][39] Até 1978, a celebração da missa católica em romeno fora de Bucareste e da Moldávia era proibida pelo governo.[42]
Muitos clérigos estrangeiros, incluindo superiores jesuítas,[23] eram intimidados e ultimamente expulsos.[39][40] A nunciatura apostólica também foi fechada por ordens do governo em 1950, depois que O'Hara deixou o país.[40] No mesmo ano, a Romênia, assim como todo o bloco oriental, cortou relações diplomáticas com a Santa Sé.[43] Somente duas dioceses eram permitidas: Bucareste e Alba Iulia,[5][40] enquanto as dioceses proibidas continuaram a operar semiclandestinamente (seus novos bispos, nomeados pela Santa Sé, não eram formalmente reconhecidos).[5] Os comunistas tentaram sem sucesso convencer os católicos a organizar uma igreja nacional, e a cessar o contato com a Santa Sé.[39]
Muitos clérigos católicos romanos, ao lado de seus aprox. 600 greco-católicos correligionários,[35] foram enviados a prisões comunistas em 1947[39] e ao longo dos anos 50. Cinco dos seis bispos, incluindo bispos das dioceses reconhecidas, Anton Durcovici e Áron Márton, foram colocados sob custódia.[40][44] Entre os clérigos católicos romanos que morreram em confinamento estavam os bispos Szilárd Bogdánffy e Durcovici, o monsenhor Ghika, e o padre jesuíta Cornel Chira.[23] Em 1949, 15 institutos religiosos foram fechados na Romênia, e o restante, incluindo os franciscanos, reduziram suas atividades significativamente.[5] Parte dos jesuítas locais foram presos ou viviam em prisão domiciliar no mosteiro franciscano de Gherla (situação esta que durou sete anos).[23]
Durante a relativa flexibilização dos anos 1960, diálogos esporádicos entre a Santa Sé e o Estado Romeno ocorreram acerca do status das posses da Igreja Greco-Católica, porém sem resultados significativos.[6] A Romênia se tornou uma província jesuíta em 1974. À época, havia oito padres e 5 irmãos.[23]
Pós-comunismo
[editar | editar código-fonte]A situação se normalizou logo após a Revolução Romena de 1989. As relações com a Santa Sé foram retomadas em maio de 1990 (a Romênia foi o quarto país do bloco oriental e o primeiro país com uma minoria católica a permitir isso, depois dos majoritariamente católicos Polônia, Hungria e Tchecoslováquia).[43] Todas as seis dioceses foram reconhecidas pelo Estado durante 1990,[5][41] e a sé de Alba Iulia foi se tornou arquidiocese em 1991.[9] Os institutos religiosos tiveram novamente seu funcionamento permitidos,[5] e as atividades dos jesuítas foram novamente reiniciadas seguidas da visita do superior provincial em 1990, Peter Hans Kolvenbach.[23]
A partir da década de 1980, a Igreja Católica Romana da Romênia participou de várias reuniões internacionais para promover o ecumenismo. Estas incluem as reuniões em Patmos (1980), Munique (1982), Creta e Bari (1984), Viena e Frisinga 1990), e no Mosteiro de Balamand (1993).[5] Em maio de 1999, a Romênia foi o primeiro país de maioria ortodoxa a ser visitado pelo Papa João Paulo II, que foi pessoalmente recebido por Teoctist Arăpaşu, o Patriarca de toda a Romênia.[41] Problemas continuaram a ser enfrentados na relação com a Igreja Ortodoxa, em relação ao status de status e propriedades greco-católicas.[5][41]
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Igreja católica em Aiud
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Igreja católica em Ardud
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Igreja católica franciscana em Braşov
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Igreja católica em Cioplea, Bucareste
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Igreja católica em Bobda, Cenei
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Basílica em Constanţa
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Igreja católica em Craiova
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Igreja católica em Jimbolia
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Igreja católica em Lugoj
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Basílica de Oradea
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Igreja católica em Sânzieni
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Igreja católica em Şandra
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Catedral de São Jorge, Timişoara
Organização territorial
[editar | editar código-fonte]A arquidiocese principal é a Arquidiocese de Bucareste, uma sé metropolitana para todo o país, supervisionando diretamente as regiões de Muntênia, Dobruja do Norte e Oltênia; tem cerca de 52.000 paroquianos, a maioria deles romenos.[45] A outra diocese de sua categoria, a Arquidiocese de Alba Iulia, agrupa a região da Transilvânia propriamente dita (sem Maramureș e Crişana), e tem cerca de 480.000 paroquianos, na sua maioria húngaros.[9] Quatro outras dioceses operam na Romênia e estão baseadas, respectivamente, em Timişoara (a Diocese de Timişoara, representando o Banato), Oradea (Diocese de Oradea, para Crişana), Satu Mare (Diocese de Satu Mare, para Maramureş) e Iaşi (Diocese de Iaşi, para a Moldávia).[5]
Atualmente, a Igreja administra uma faculdade de teologia (como parte da Universidade Babeş-Bolyai em Cluj-Napoca], quatro institutos teológicos, seis escolas de medicina e dezesseis seminários.[5] Entre os periódicos publicados por instituições católicas estão o Actualitatea Creştină (Bucareste) e Lumina Creştinului (Iaşi) (ambos em romeno); Keresztény Szó e Vasárnap (ambos em Cluj-Napoca, publicados em húngaro).[5] Lidera uma rede de organizações caritativas e outros empreendimentos sociais, administrados pela fundação Caritas ou institutos religiosos, incluindo jardins de infância, orfanatos, cantinas sociais, instalações médicas.[5]
Ano | Católicos | Porcentagem |
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1948 | 1.175.000[46] | 7,4% |
1992 | 1.161.942[46] | 5,1% |
2002 | 1.028.401 | 4,7% |
2011 | 870.774 | 4,3% |
Conferência Episcopal
[editar | editar código-fonte]A Conferência Episcopal Romena foi criada em 1970, tendo suas operações sido eliminadas pelos comunistas em 1980. Em 1991 foi recriada, com a redemocratização do país.
Nunciatura Apostólica
[editar | editar código-fonte]A Santa Sé e a Romênia estabeleceram relações diplomáticas em 15 de junho de 1920, interrompidas pela tomada do poder pelo governo comunista, ao fim da Segunda Guerra Mundial. Com o fim do governo comunista, as relações foram retomadas em 15 de maio de 1990.
Referências
- ↑ Alina Grigoras Butu (29 de novembro de 2015). «Romanians celebrate their patron saint. Read about the garlic custom in Romanian traditional households on Saint Andrew». Romania Journal. Consultado em 6 de setembro de 2018
- ↑ «Romania's patron Saint Andrei celebrated on November 30». Romania Insider. 29 de novembro de 2010. Consultado em 6 de setembro de 2018
- ↑ «Who are the patron saints of Scotland, Wales, England and Ireland?». BBC. 28 de fevereiro de 2017. Consultado em 6 de setembro de 2018
- ↑ (em romeno) "Populaţia stabilă după etnie şi religie – categorii de localităţi"; retrieved February 21, 2015
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad (em romeno) "Biserica Romano-Catolică", at the Ministry of Culture and Religious Affairs, Under-Secretariat for Culture and Religious Affairs; retrieved February 21, 2015
- ↑ a b c d e f g h Earl A. Pope, "Protestantism in Romania", in Sabrina Petra Ramet (ed.), Protestantism and Politics in Eastern Europe and Russia: The Communist and Postcommunist Eras, Duke University Press, Durham, 1992, p.158-160. ISBN 0-8223-1241-7
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