José Roberto Arruda
José Roberto Arruda | |
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José Roberto Arruda em 2006. | |
13.º Governador do Distrito Federal | |
Período | 1º de janeiro de 2007 a 16 de março de 2010[a] |
Antecessor(a) | Maria de Lourdes Abadia |
Sucessor(a) | Paulo Octávio |
Senador pelo Distrito Federal | |
Período | 1º de fevereiro de 1995 a 24 de maio de 2001 |
Deputado federal pelo Distrito Federal | |
Período | 1º de fevereiro de 2003 a 1º de janeiro de 2007 |
Dados pessoais | |
Nascimento | 5 de janeiro de 1954 (70 anos) Itajubá, MG |
Prêmio(s) | |
Partido | PSDB (1988-1989) PRN (1989-1993) PP (1993-1995) PSDB (1995-2001) PFL (2001-2007) DEM (2007-2010) PL (2013-presente) |
Profissão | engenheiro elétrico, político |
José Roberto Arruda GOMD • ComMM (Itajubá, 5 de janeiro de 1954) é um engenheiro eletricista e político brasileiro, filiado ao Partido Liberal (PL).
Servidor de carreira, Arruda ascendeu a postos de chefia na administração antes de ingressar na política do Distrito Federal. Foi eleito senador, deputado federal e governador do Distrito Federal. A vida política de Arruda foi tumultuada pela renúncia, em 2001, após escândalo de adulteração do painel de votação do Senado, quando atuou ao lado de Antônio Carlos Magalhães[3] e, em 2010, pela descoberta de um grande esquema de corrupção no governo do Distrito Federal, conhecido como mensalão do DEM.
No decurso das investigações, Arruda foi preso preventivamente, tornando-se o primeiro governador do Brasil a ser encarcerado durante o mandato. Ele foi afastado do governo por ordem do Poder Judiciário, e ficou preso de 11 de fevereiro a 12 de abril de 2010[4] na carceragem da Polícia Federal em Brasília. Em 16 de março teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) por infidelidade partidária.[5]
Foi preso acusado de participar de um esquema de propina de 900 milhões de reais na obra do Estádio Mané Garrincha para a Copa do Mundo FIFA de 2014.[6] É casado com Flávia Arruda, que em 2021 assumiu o cargo de ministra-chefe da Secretaria de Governo do Brasil. [7]
Biografia
[editar | editar código-fonte]José Roberto Arruda é casado pela terceira vez. A primeira foi Angela, com quem teve três filhos. A segunda foi a atriz Mariane Vicentini e a terceira e atual é Flávia Peres. Ainda adotou mais quatro filhos.[8][9]
Servidor público
[editar | editar código-fonte]Iniciou sua carreira de servidor público como diretor da Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), ainda no fim dos anos setenta. Em meados dos anos 80 tornou-se diretor da Companhia Energética de Brasília (CEB), período em que estreitou seus laços com políticos tradicionais, como José Aparecido de Oliveira e Joaquim Roriz. Com a eleição e a consequente posse de Joaquim Roriz no cargo de governador do Distrito Federal, Arruda, como é conhecido, assumiu a chefia de gabinete do governador e ainda no primeiro ano de governo deixou este posto para assumir o cargo de secretário de obras do Distrito Federal tendo sido um dos responsáveis pela execução de uma das obras mais polêmicas do primeiro governo Roriz, o Metrô do Distrito Federal que tempos depois teria sua obra embargada por suspeitas de irregularidades.
Senador da República
[editar | editar código-fonte]Em 1994, com o apoio de Roriz, foi candidato a senador pelo antigo Partido Progressista (PP; fusão do PTR e do PST que em 1995 fundiu com o PPR, formando o PPB), tendo logrado êxito na disputa.[carece de fontes]
Em 1995 rompeu com Roriz e ingressou no PSDB. Nas eleições de 1998 foi candidato ao governo do Distrito Federal pela primeira vez, tendo sido derrotado por Joaquim Roriz e Cristovam Buarque ainda em primeiro turno e ficado em terceiro lugar.[carece de fontes] Em 2001, Arruda foi admitido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso à Ordem do Mérito Militar no grau de Comendador especial.[1]
Escândalo do painel eletrônico
[editar | editar código-fonte]Iniciado após reportagem da revista ISTOÉ em fevereiro de 2001, que relata um encontro de Antônio Carlos Magalhães e procuradores da república, em que este relata que sabia como votou cada senador no escrutínio secreto da perda do mandato do senador Luís Estêvão em 2000.[3] No início, Arruda negou com incisivo discurso na tribuna no Senado a acusação de que teria solicitado a então diretora do Prodasen - órgão de tecnologia da informação do Senado, Regina Célia Peres Borges, a lista de como votaram os senadores, e repassa-la a Antonio Carlos.[10] Entretanto, dias depois voltou à mesma tribuna, para admitir o contrário. Deixa a liderança do governo e em 24 de abril desligou-se do PSDB.[11] Renunciou ao cargo em 24 de maio de 2001, evitando assim o processo de cassação do seu mandato, já em curso. Em seu lugar assumiu o suplente, o empresário Lindberg Aziz Cury.
Deputado federal
[editar | editar código-fonte]Pouco mais de um ano e meio após os escândalos, nas eleições de 2002, foi candidato a deputado federal, já filiado ao Partido da Frente Liberal (PFL). Elegeu-se como o deputado federal mais votado do Distrito Federal e o mais votado do país em termos proporcionais.[12] Aliado do governo Lula, em 2005 recebeu do presidente a condecoração da Ordem do Mérito da Defesa no grau de Grande-Oficial.[2]
Candidato ao governo do Distrito Federal
[editar | editar código-fonte]Em 2006 lança-se pré-candidato ao governo do Distrito Federal pelo PFL. Neste período trava duas duras batalhas: uma com a base política do ex-governador Joaquim Roriz, que pretendia lançar como candidata ao cargo a então governadora Maria de Lourdes Abadia, que havia assumido após a renuncia de Roriz para se candidatar ao Senado; e outra com o então senador Paulo Octávio, para decidir qual nome seria indicado pelo PFL em uma eventual disputa. Através de uma manobra política articulada pelo então presidente do PFL, Jorge Bornhausen, o partido decide romper com a base do ex-governador Joaquim Roriz e lançar uma chapa independente, em que Arruda foi o candidato ao governo e Paulo Octávio a vice.[carece de fontes]
Na eleição distrital no Distrito Federal em 2006 a chapa foi eleita em primeiro turno, com pouco mais de 50% dos votos válidos, derrotando em primeiro turno as candidatas Maria de Lourdes Abadia, do PSDB, Arlete Sampaio, do PT, e outros candidatos.[carece de fontes]
Governador do Distrito Federal
[editar | editar código-fonte]No Governo do Distrito Federal, divulgou medidas para diminuir o gasto público e para restabelecer a legalidade. Nos primeiros dias de governo reduziu as secretarias de 38 para 16; mudou a sede administrativa do governo para Taguatinga; implantou o gabinete de gestão integrada do governo, onde os funcionários do primeiro escalão trabalhavam na mesma sala, visando a transparência e a comunicação; e exonerou cerca de 16.000 funcionários comissionados do governo, com a perspectiva de contratar a metade no futuro. No primeiro ano de governo, proibiu a circulação do transporte coletivo de vans, retirou placas de propaganda não permitidas, e demoliu edifícios em situação irregular e deu início ao processo de legalização de diversos condomínios.[carece de fontes]
Saída do DEM
[editar | editar código-fonte]No dia 10 de dezembro de 2009, Arruda anuncia sua desfiliação do DEM, e também que não será mais candidato a reeleição e nem disputará mais nenhuma eleição.[13] Tecnicamente, não haveria tempo hábil de disputar cargo algum em 2010, já que os prazos para filiação a outro partido haviam se esgotado.
Ainda em 7 de janeiro de 2010, o governador Arruda, em uma cerimônia, diz "perdoar os que o insultam", que entende as indignações pela força das imagens, e que sabe que "já perdoou porque só assim pode também pedir perdão pelos seus pecados".[14]
Partido da República
[editar | editar código-fonte]Em 5 de outubro de 2013, Arruda filiou-se ao Partido da República (PR).[15]
Condenação pelo crime de falsidade ideológica
[editar | editar código-fonte]O então ex-governador do Distrito Federal foi condenando pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em 5 de maio de 2017, pelo crime de falsidade ideológica. Segundo a sentença, o político forjou quatro recibos em 2009, com valor total em R$ 90 mil, para justificar doações ilegais recebidas de Durval Barbosa. Arruda foi condenado a 3 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, além do pagamento de multa pelo dano aos cofres públicos.[16]
O escândalo envolvendo os recibos ficou conhecido como "farra dos panetones" porque, à época, Arruda disse que as doações de Durval serviriam para comprar os pães natalinos para famílias carentes do DF.[16]
Investigações e suspeitas de corrupção
[editar | editar código-fonte]No dia 27 de novembro de 2009, a Polícia Federal deu início à Operação Caixa de Pandora, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na residência oficial do governador José Roberto Arruda, em secretarias do governo e em gabinetes de deputados na Câmara Legislativa. Foram apreendidos computadores, arquivos de mídia e documentos, além de 30 mil dólares, cinco mil euros e 700 mil reais.[17][18] No mesmo dia, o governador exonerou os envolvidos nas investigações,[19] além de ter especulado que o desvio de recursos e a corrupção possam ter existido desde o governo anterior, de Joaquim Roriz. Dez pedidos de impeachment foram protocolados por deputados na Câmara Legislativa do Distrito Federal.[20]
Segundo matérias jornalística, Arruda comandava uma rede de pagamentos a parlamentares do Distrito Federal, com dinheiro oriundo de empresas que faziam negócios com o governo. Quatro empresas são suspeitas de efetuar repasses: Info Educacional, Vertax, Adler e Linknet. Além disso, ele teria conhecimento de pagamentos a colaboradores próximos, como os secretários de Relações Institucionais Durval Barbosa, de Educação José Luís Valente, o chefe de gabinete Fábio Simão, o assessor de imprensa, Omézio Pontes, e o chefe da Casa Civil do governo, José Geraldo Maciel; outro participante do esquema teria sido o secretário Domingos Lamoglia. Lamoglia saiu do governo, indicado para o Tribunal de Contas do Distrito Federal. Durval Barbosa, que foi secretário de Roriz e confirmou que a rede de corrupção foi montada no governo anterior, colaborou com as investigações policiais.[21][22]
Os deputados suspeitos de serem beneficiários do esquema são Leonardo Prudente, Rogério Ulysses, Eurides Brito, Pedro do Ovo, Rôney Nemer, e o presidente do Partido da República no DF, Benedito Domingos.[23] Arruda teria também se beneficiado pessoalmente, com pagamentos quinzenais de 50 mil reais, além de conseguir empregos para parentes e amigos, como seu filho, nas empresas do esquema, e de ter o apoio da empresa pública Codeplan com contribuições eleitorais e na construção de uma casa luxuosa em Brasília para si e políticos aliados, entre os quais o vice-governador, Paulo Octávio.[22][24] Um vídeo foi divulgado no qual Arruda aparece recebendo maços de dinheiro quando ainda era candidato, em 2006.[25] Arruda defendeu-se, asseverando que os 50 mil reais em espécie que embolsa no referido vídeo tiveram como destino a compra de panetones para os pobres.[26] Em entrevista a vários jornais, ele atribui as denúncias a maquinações de políticos rivais, como Joaquim Roriz.[27]
Nas investigações da Operação Castelo de Areia, apurou-se também que Arruda teria recebido 637,6 mil dólares ilegalmente para sua campanha em 1998.[28] Ele, contudo, informou que não se lembra de doações da empreiteira Camargo Corrêa para sua campanha em 1998.[29] Nas eleições de 2002, teria sido novamente beneficiado, desta vez por uma empresa coligada à Camargo Correa.[28]
Prisão preventiva e afastamento do cargo
[editar | editar código-fonte]No dia 11 de fevereiro de 2010, numa decisão do Superior Tribunal de Justiça, o governador José Roberto Arruda teve decretada sua prisão preventiva, junto a mais cinco pessoas, com o objetivo da preservação da ordem pública e da instrução criminal.[30] Ficou alojado em uma sala da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. O motivo da prisão preventiva foi a suposta participação na tentativa de suborno do jornalista Edson Sombra, testemunha do caso.[31] Foi o primeiro caso na história do Brasil que um governador teve sua prisão decretada, ainda que preventiva.[carece de fontes]
No dia 23 de fevereiro, o interino, Paulo Octávio, renunciou ao cargo por falta de apoio político. Dois dias depois, o advogado de Arruda, Nélio Machado, anunciou que seu cliente não voltaria mais ao governo do Distrito Federal, se libertado. Contudo, ele não cogitava uma renúncia, e sim o afastamento do cargo até o final das investigações, uma estratégia da defesa para conseguir um habeas corpus.[32]
O plenário do Supremo Tribunal Federal em 3 de março negou seu pedido de habeas-corpus. O ministro Carlos Ayres Britto declarou:"Dói em cada um de nós, na alma e no coração, ver um governador sair do palácio para a cadeia. Acabrunha o País como um todo e constrange cada um de nós como seres humanos. Há quem chegue às mais altas alturas para cometer as maiores baixezas".[33]
Abertura de processo de impeachment
[editar | editar código-fonte]No dia 4 de março de 2010 a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou o parecer da Comissão Especial que pede a abertura do processo de impeachment do governador afastado José Roberto Arruda.[34]
Cassação do mandato
[editar | editar código-fonte]Em 16 de março de 2010, José Roberto Arruda teve o seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal[35] por desfiliação partidária.[4] O resultado foi de 4 votos contra 3, tendo votado a favor da cassação Mário Machado Vieira Netto (relator), Raul Saboia, Egmont Lopes e o Presidente Lecir da Luz, enquanto que votaram contra Evandro Pertence, Cândido Ribeiro e Antoninho Lopes.[36] Arruda desistiu de recorrer desta decisão.[37]
Saída da prisão
[editar | editar código-fonte]Somente em 12 de abril de 2010, o STJ revogou a prisão preventiva de Arruda, que por não ser mais governador, não poderia mais influenciar as investigações.[38]
Em agosto de 2010 a Polícia Federal concluiu o relatório final da Operação Caixa de Pandora, que aponta o ex-governador José Roberto Arruda como chefe de uma organização criminosa para desviar recursos públicos por meio de empresas contratadas por seu governo.[39]
Operação Panatenaico - Prisão preventiva e bloqueio de bens
[editar | editar código-fonte]Em 23 de maio de 2017, José Roberto Arruda foi preso na Operação Panatenaico, que investiga organização criminosa que fraudou e desviou recursos das obras de reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para Copa do Mundo de Futebol de 2014. Os agentes públicos e privados investigados na operação são suspeitos de fraudes de quase R$ 1 bilhão na reforma do Mané Garrincha – inicialmente orçada em cerca de R$ 600 milhões e que, ao final, custou R$ 1,575 bilhão.[40]
Na mesma operação, a Justiça do Distrito Federal determinou o bloqueio de até R$ 26 milhões dos ex-governadores José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz e do ex-vice-governador Tadeu Filippelli, que há época da determinação exercia a função de assessor do presidente Michel Temer.[41]
A polícia federal suspeita que a reforma do Mané Garrincha foi superfaturada em R$ 900 milhões, e o ex-governador José Roberto Arruda é apontado como quem bolou a fraude à licitação beneficiando as empresas Andrade Gutierres e Via Engenharia.[42]
Notas
- ↑ Mandato cassado em 16 de março de 2010 pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Referências
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- ↑ a b BRASIL, Decreto de 28 de novembro de 2005.
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- ↑ https://www.metropoles.com/colunas/janela-indiscreta/flavia-arruda-e-confirmada-como-secretaria-de-governo-de-bolsonaro
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- ↑ «Ex-governador do DF José Roberto Arruda é preso pela PF». ISTOÉ Independente. 23 de maio de 2017
- ↑ «Justiça determina bloqueio de até R$ 26 milhões de ex-governadores e ex-vice do DF». G1. 23 de maio de 2017
- ↑ Andreolla, Ana Paula; Frederico, Graziele; Garonce, Luiza (23 de maio de 2017). «PF prende Agnelo e Arruda por fraudes nas obras do Mané Garrincha». G1
Ligações externas
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- Comendadores da Ordem do Mérito Militar
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- Pessoas relacionadas ao Escândalo do Mensalão
- Membros do Partido Progressista (1993)