"...Nós, humanos, somos o único animal que sabe que vai morrer. E a nossa vida é atraveassada pela morte - física ou espiritual. Morrem-nos pessoas queridas, relações afetivas, e em cada uma dessas mortes morremos um pouco e transformamo-nos. Quanto mais conseguimos prolongar a vida, mais mortes experimentamos. Somos todos tocados por um sentido de orfandade cada vez mais presente. Por outro lado, procuramos desesperadamente esquecer a morte, que se tornou também uma banalidade - todos os dias recebemos notícias de milhares de mortos desconhecidos pelo mundo...
"...Penso que se um escritor não conseguir encarnar cada uma das diferentes verdade de suas personagens não é um escritor. Mas tenho um carinho especial pela Jenny de (Nas tudas mãos) escrevi esse livro porque Jenny começou a asombrar-me os sonhos e a sussurrar-me sua história..."
"...Não; um escritor é, por definição, um ser hemafrodita...Virginia Woolf escreve que a mudança de sexo alterava-lhe o futuro mas não a identidade. Espero ainda haver o dia em que o sexo não determine o futuro..."
"...Desequilíbrio, ainda. O discurso vai muito à frente da prática. Por isso é que existir dentro das palavras é habitar um futuro radioso..."
"...Talvez o lirismo, a poesia - há muito mais poetas homens do que mulheres, talvez porque o sentimento é muito mais censurado nos homens do que nas mulheres. as mulhres são educadas para o concreto, a atenção aos outros, o detalhe existencial. Claro que tudo isso é cultural e, espero, passageiro..."
"...Apesar de tudo - as loucuras anoréxicas da moda, a obsessão com a cirurgião plástica e a juventude eterna, a pressão publicitária -, o corpo da mulher nunca foi tão livre quanto hoje. Já não há espartilhos obrigatórios, nem destinos biológicos inescapáveis...."
"Se eu soubesse, deixava de escrever. Talvez "quero-te". Sem desejo, não há nada"
Texto: Fragmentos de uma entrevista de Inês Pedrosa para revista Entre Livros, Ed. Duetto. Por Luciana Araujo (Todos direitos reservados a mesma).
Imagens: Tela de toulouse-lautrec e Foto de Inês Pedrosa.
Obs: Confesso que não conheço toda obra de Inês Pedrosa, para falar a verdade meu primeiro contato com o trabalho da mesma foi através de Vanessa e por citações em outros espaços como...reino das palavras..., sendo assim o presente post basicamente é mais para os leitores que necessariamente para mim.