Monday, March 24, 2025

Concerto "O Povo e uma Guitarra" - Centenário de Carlos Paredes


Fórum Lisboa cheio para homenagear Carlos Paredes no ano em que se comemora o seu centenário. 🎵🎶Honrar a memória de Carlos Paredes é promover a sua genial e extraordinária obra, a sua vida de homem, de músico, de militante comunista, um símbolo ímpar da Cultura e da música portuguesa. O ponto alto das comemorações do PCP, o Concerto "O Povo e uma Guitarra" contou com a participação de vários artistas e músicos de renome que trouxeram ao Fórum Lisboa a sua criatividade, o seu trabalho e a sua arte.

Monday, March 17, 2025

Tomada de posse do Conselho da Revolução

 
Há 50 anos, a 17 de março de 1975, tomava posse o Conselho da Revolução, um órgão que centralizava competências políticas e militares e respondia à questão da institucionalização do Movimento das Forças Armadas (MFA).

A partir desta data, o Conselho da Revolução passa a reunir competências que anteriormente pertenciam à Junta de Salvação Nacional, ao Conselho de Estado e ao Conselho dos Chefes dos Estados-Maiores (governo das Forças Armadas). Tornava-se assim um órgão de topo da estrutura político-militar que reunia funções tão diversas como o governo das Forças Armadas, a fiscalização da atividade do governo e o acompanhamento da conformidade da atividade governativa com o Programa do MFA.

Para além do Conselho da Revolução, a institucionalização do MFA compreende também a formalização da Assembleia do MFA, um órgão colegial de representação do Movimento, tendo em vista o acompanhamento da situação político-militar do país.

#25deAbril #50anos25abril #50x2 #FitaDoTempo

daqui: https://www.instagram.com/p/DHSpQ8FiBa8/

Sunday, March 16, 2025

O Grande Irmão já está aqui, da polícia alemã aos EUA. A usar os judeus como arma

 (Este texto é perturbador. A causa de Israel e a suposta luta contra o antissemitismo estão a ser usadas nas “democracias” ocidentais para cercear os direitos civis, mormente a liberdade de expressão e manifestação. É esta a denúncia da autora que, ao que parece, acaba também de ser silenciada pois diz que a sua coluna no Público termina por ora. Junta-se, assim, ao Viriato Soromenho Marques, já silenciado no Diário de Notícias. E viva a democracia…

Estátua de Sal, 16/01/2025)


Daniel Day no topo do Big Ben com a bandeira da Palestina

1. O dia 8 de Março de 2025 — sábado passado — dava um livro. Pouco antes das 7h30, hora de Londres, a polícia de Sua Majestade foi chamada porque um homem escalava o Big Ben descalço com uma bandeira da Palestina. E por mais de 16 horas manteve-se lá, a 25 metros, agarrado à torre, fazendo flutuar a bandeira, pés em chaga como um Cristo. De nome judeu, aliás, porque o Cosmos tem sempre os melhores argumentistas: Daniel Day. Valeu, Daniel.

Este 8 de Março já era dele. Mas durante o tempo em que ficou lá em cima, o céu sobre Berlim e sobre a Casa Branca deu ainda mais sentido àquela escalada, aquele alegre sacrifício. Porque pelas 17h30, hora alemã, a polícia com a palavra POLIZEI incandescente no blusão dava murros na cara dxs manifestantes do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Não de todas, claro, só dxs que tinham keffiyehs e bandeiras palestinianas, por não separarem a luta pela sua liberdade da liberdade da Palestina. Vi muitas imagens no Instagram, falei com pessoas que lá estavam. Uma delas, portuguesa, foi-me apresentada por um palestiniano. Eles conheceram-se na Europa como aprendizes de luthiers: fazem violas, violinos, violoncelos. Eu conhecera-o em Ramallah. Quando voltei lá depois do 7 de Outubro, passei o Ano Novo com a família dele, então antes da meia-noite ele fez uma chamada-vídeo para apresentar aquelas duas pessoas portuguesas, uma moradora em Berlim, a outra ali ao lado. Foi assim que vi Consti a primeira vez. E neste 8 de Março ali estava a mesma cara nos vídeos com a POLIZEI. Consti levou murros, pontapés, pisadelas da polícia, ficou a sangrar, nariz e boca, a companheira foi brutalmente algemada, revistada e detida, ficou a precisar de tratamento médico.

A violência estatal alemã anti-Palestina tem crescido desde o 7 de Outubro, já carregara sobre os manifestantes na Universidade de Humboldt, e tantos outros. Mas eu nunca tinha visto a POLIZEI da maior potência da UE como agora. Pessoas indefesas e já imobilizadas, algumas a sufocar, a tentarem proteger-se com as mãos, esmurradas como um saco de boxe, arrastadas pelo chão. Bom dia, boa noite, António Costa, um comentário? Nossos governantes parceiros dos alemães, nada?

2. Mas este 8 de Março ainda estava longe de acabar. Porque enquanto Daniel continuava empoleirado e descalço na madrugada gélida de Londres, e as feministas dormiam feridas em Berlim, na Costa Leste dos EUA já era noite mas ainda hora para a polícia de imigração, a ICE, ir prender Mahmoud Khalil à sua residência da Universidade de Columbia, NYC, diante da mulher grávida de oito meses. Sem mandado de captura, e levando-o de imediato para um estado a milhares de quilómetros, o Luisiana. Um rapto oficial.

Trump celebrou com post. Atribuiu a Khalil actividades “pró-terroristas, anti-semitas, anti-americanas” e fez saber que aquela prisão, antecedendo deportação, seria “a primeira de muitas”. A ordem fora dada pelo Secretário de Estado Marco Rubio, invocando uma cláusula remota, raramente usada, para ameaças à segurança dos EUA. Acusam Mahmoud de ser pró-Hamas sem provas. Ele acaba de completar o mestrado, é residente permanente com Greencard, já passou pelo escrutínio de uma organização inglesa com quem trabalhou. É preso agora apenas por ter sido um dos líderes dos protestos de Columbia contra a guerra em Gaza, pelos direitos palestinianos. Porque para o Grande Irmão de 2025 os direitos palestinianos são terrorismo.

3. Mahmoud Khalil é fruto da limpeza étnica de 1948, quando Israel foi fundado e centenas de milhares de palestinianos foram forçados a fugir. Os avós de Khalil eram da Galileia, de uma aldeia perto de Tibérias, então fugiram para a Síria. Duas gerações depois Mahmoud nasceu num campo de refugiados do sul de Damasco. Portanto, um daqueles milhões de humanos que Israel continua a transformar em refugiados mal nascem. Alguns conseguem ir para fora, depois ficar residentes, como Mahmoud, agora casado, prestes a ser pai. Já enfrentara a repressão dos protestos em Columbia e com Trump tudo piorou (no terreno fértil para isso deixado por Biden e pela maioria dos Democratas). Trump cortou 400 milhões de dólares de apoio a Columbia. Dias antes de ser preso, Mahmoud avisou Columbia que corria riscos. Em vão. A polícia pôde ir lá raptá-lo. E Columbia anunciou entretanto expulsões de outros estudantes pró-Palestina, em vez de os proteger. É o futuro da universidade que está em jogo. A liberdade de expressão da Primeira Emenda. A democracia, em alerta vermelho. Mahmoud Khalil é já o primeiro prisioneiro político da era Trump/Musk. Em nome de uma suposta protecção aos judeus.

Milhares de judeus lutam contra isso, e depois da prisão de Mahmoud tomaram o átrio da Trump Tower, quase 100 foram presos. Camisas ou cartazes diziam: “Não Em Nosso Nome”, “Nunca Mais É Para Toda a Gente”, “Parem de Armar Israel”, “A Oposição ao Fascismo É Uma Tradição Judaica”, “Liberdade para Mahmoud, Liberdade Para a Palestina”. Recusam, assim, serem os judeus úteis de Trump, as vassouras da dissidência. Porque a Trump — avisam biógrafos — não interessam os judeus. A Trump, narciso colossal, interessa Trump, a sua glória, a sua estátua de ouro no mundo. Os reféns interessam-lhe (felizmente para vários libertados) como o anti-semitismo lhe interessa: enquanto for útil.

E nada alimenta tanto o anti-semitismo como o Estado de Israel, hoje a maior ameaça para os judeus do mundo. Quase como se um anti-semita estivesse a puxar os cordéis por trás de Israel. Se alguém montasse uma conspiração não faria melhor. Israel é detestado nas ruas do mundo: eis o desfecho do sionismo. Os judeus dos nazis e de há séculos — os perseguidos, os exterminados — são hoje os palestinianos. E toda a gente que esteja com eles, de Berlim aos EUA, está sob mira, ou já atacado. Porque judeus, palestinianos e quem quer que os defenda são ratos de laboratório para o Grande Irmão.

4. Entrámos na segunda semana de Março com dezenas de milhares na Cisjordânia a deambularem por montanhas de lama e entulho, sem terem para onde ir em pleno Inverno, porque Israel acaba de lhes destruir as casas. Enquanto em Gaza continua a impedir toda a entrada de comida e ajuda. “Isto não é um cessar-fogo. É um abrandar da violência militar mas a morte pela fome”, disse Michael Fakhri, relator da ONU para o Direito à Alimentação. Ao mesmo tempo que o Conselho de Direitos Humanos da ONU apresentava uma investigação: Israel cometeu “actos genocidas” em Gaza, atacando a saúde materna, neo-natal, reprodutiva; e pratica violência sexual e de género, incluindo violação. Ontem vi o testemunho de um palestiniano a quem os soldados urinaram em cima e violaram com um pau. Mais um.

Antes, tinha visto o directo que o “Democracy Now” (um tesouro do jornalismo audiovisual) conseguiu fazer com dois médicos voluntários no Nasser Hospital de Khan Yunis, Gaza. Um deles, Mark Perlmutter, é judeu americano. Já o tinha ouvido dizer que a sua experiência de 40 missões em 30 anos, toda somada, “não se compara com a carnificina” que viu na primeira semana em Gaza, as crianças desfeitas, ou atingidas com precisão no peito pelos “melhores snipers do mundo”. E agora contou o que aconteceu com um seu colega palestiniano cirurgião ortopédico de crianças, levado pelas tropas de Israel em Fevereiro de 2024, libertado há pouco. Partiram-lhe os dedos, danificaram os nervos das mãos com que opera, mostraram-lhe fotos da esposa dizendo como a iam violar em grupo se ele não admitisse ser do Hamas. Onde estão os médicos de Israel? Que juramento fizeram?

Entretanto, a palestiniana Educational Bookshop, em Jerusalém Oriental, foi de novo invadida pela polícia, que desta vez deteve Imad Muna, 61 anos, a quem comecei por comprar cadernos e jornais há mais de uma geração. Na pilha dos livros confiscados estavam Joe Sacco, Rashid Khalidi, Noam Chomsky, Ilan Pappé.

Lembro-me da indignação de tantos liberais por se mexer em livros em nome do politicamente correcto: subscrevo, sempre estarei contra. E agora, que não é um parágrafo, é mesmo a caça às bruxas, é mesmo o Grande Irmão: vão defender a liberdade?

A propósito de Daniel Day, com os pés em chaga no Big Ben, também pensei nos vendilhões do Templo. E hoje mesmo li que Israel e os EUA tentaram vender os palestinianos de Gaza ao Sudão e à Somália.

Gaza é o marco do nosso tempo. Nunca mais desde o rio até ao mar.

*Esta coluna para aqui por tempo indeterminado.

(Por Alexandra Lucas Coelho, in Público, 15/03/2025)

O "golpe das Caldas"


Há 50 anos, tinha lugar o levantamento militar do Regimento de Infantaria n.º 5, das Caldas da Rainha. Este haveria de revelar-se uma saída em falso, mas de grande utilidade para o sucesso do Golpe militar de 25 de Abril: permitiu aos Capitães identificarem e corrigirem falhas.​
A 16 de março de 1974, forças fiéis ao Governo neutralizaram rapidamente estes homens, devido ao seu isolamento e falta de coordenação com os outros setores do Movimento das Forças Armadas. Cerca de 200 militares acabariam presos. No entanto, o Movimento não desarmaria.​
Do Golpe das Caldas resultará uma intensificação da ação conspirativa, agora com redobrada vigilância, do ponto de vista militar e do ponto de vista político. E com sucesso: dali por 40 dias, seria impossível ao regime manter-se de pé.
 
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Thursday, March 13, 2025

Eduardo Diniz de Almeida



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Eduardo Diniz de Almeida (1944-2021), oficial de Artilharia, membro do Movimento das Forças Armadas (MFA), político e ativista social.

Natural de Lisboa, foi um dos fundadores do Movimento dos Capitães, tendo sido eleito para a sua comissão provisória na Reunião de Alcáçovas de 5 de setembro de 1973. Por este motivo, foi compulsivamente transferido para Penafiel e, posteriormente, para a Figueira da Foz.

Na madrugada do dia 24 para o dia 25 de Abril de 1974, comandou uma bateria de obuses do Regimento de Artilharia Pesada n.º 3, da Figueira da Foz, integrada no Agrupamento Militar Norte que marchou para a conquista do Forte de Peniche.

Após o 25 de Abril, é destacado para o Regimento de Artilharia n.º 1, em Lisboa, (RAL1 ou RALIS), unidade onde se mantém durante o processo revolucionário e que ficou conhecida pela sua permeabilidade à extrema-esquerda revolucionária.

Na manhã de 11 de Março de 1975, o RAL 1 é alvo de um ataque de forças para-quedistas da Base Aérea de Tancos. Diniz de Almeida comanda a defesa da unidade e protagoniza uma das cenas icónicas desse dia ao estabelecer um diálogo com um oficial das forças para-quedistas sitiantes, captado pelas câmaras da RTP.
Mais tarde, no contexto dos acontecimentos do 25 de Novembro, procurou mobilizar forças militares em torno do RALIS, para se oporem às forças comandadas desde o Palácio de Belém pelo Presidente da República. A 26 de novembro apresenta-se na Presidência da República, onde recebe ordem de prisão. Após vários meses preso, foi libertado e ilibado dos processos nos quais tinha sido indiciado.

Após o período revolucionário, continuou a sua atividade política e social, formou-se em Psicologia Clínica e Medicina Dentária, áreas em que fez assentar o seu trabalho voluntário. Foi ainda vereador pela Coligação Democrática Unitária em Cascais (2001-2005).

O jornalista Artur Portela Filho chamou-lhe «Fittipaldi dos Chaimites», devido às movimentações de blindados que dirigiu durante a Revolução.

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Wednesday, March 12, 2025

Assembleia do MFA


Há 50 anos, na manhã de 12 de março de 1975, terminava a reunião da Assembleia do Movimento das Forças Armadas (MFA) convocada de emergência para discutir as implicações da tentativa de golpe do 11 de Março.

Receberia posteriormente o epíteto de «Assembleia Selvagem». As decisões que dela saem marcam os capítulos seguintes da experiência revolucionária portuguesa. Assim, a Assembleia do MFA decide a favor da instituição de uma comissão de inquérito aos acontecimentos do dia 11 de março; delibera a manutenção de eleições no prazo previsto pelo Programa do MFA; a remodelação do governo, tendente à persecução de uma política económica de pendor revolucionário; e a institucionalização do MFA, através da constituição do Conselho da Revolução.

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Tuesday, March 11, 2025

11 de Março de 1975


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Há 50 anos, a 11 de março de 1975, o Regimento de Artilharia Ligeira n.º 1 (RAL1) era atacado e cercado por forças militares originárias da Base Aérea de Tancos. Sob a liderança do general António de Spínola, os sublevados pretendiam levar a cabo um golpe de Estado e travar a orientação política que estava a ser seguida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA).

A intentona rapidamente saiu frustrada, quer pela pronta resposta dos militares da unidade atacada (o RAL1), quer pela fragilidade do plano e falta de apoios dos sublevados. Após curtas negociações entre os comandantes das forças sitiantes e sitiadas, o cerco ao RAL1 terminou com saudações ao MFA e abraços entre militares de ambos os lados. Perante o falhanço da tentativa de golpe, o general António de Spínola retirara-se de helicóptero da base de Tancos para Espanha e, de lá, para o Brasil.

O dia termina com comunicações ao país do comandante do Comando Operacional do Continente, Otelo Saraiva de Carvalho, do primeiro-ministro, Vasco Gonçalves, e do Presidente da República, Francisco da Costa Gomes, enquanto os principais partidos convocam manifestações em defesa do MFA.

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HISTÓRIA

Quando a União Soviética foi dissolvida em 1991, foi assinado um acordo entre Mikhail Gorbachev e George Bush que estabelecia a obrigação de a NATO não se expandir mais para leste.
Em 1994, Clinton decidiu unilateralmente anular o acordo de não expansão da NATO e, em 1999, a NATO expandiu-se para a Hungria, a Polónia e a República Checa.
A Rússia de Boris Yeltsin protestou formalmente, mas ninguém no Ocidente notou a violação do acordo, e a Rússia não queria escalar a guerra porque esses países estão longe da fronteira russa.
Depois, em 2004, a NATO continuou a expandir-se, violando o acordo de 1994, incorporando a Estónia, a Letónia, a Lituânia, a Bulgária, a Roménia, a Eslovénia e a Eslováquia.
Aqui a Rússia ficou com raiva. Em 2007, Putin disse “basta, pare, basta”, mas a diplomacia ocidental decidiu ignorá-lo.
Depois, em 2008, a NATO decidiu iniciar negociações para a incorporação da Ucrânia e da Geórgia, países que fazem fronteira com a Rússia.
A Rússia protestou formalmente novamente, salientando que se decidissem ter bases no Canadá ou no México, os EUA iniciariam uma guerra imediatamente. O Ocidente continuou a ignorar.
A Rússia decidiu então declarar guerra à Geórgia por esta razão (casus belli), como todos sabemos, e a Geórgia foi pulverizada.
Vamos continuar. Em 2010, os EUA instalaram mísseis na Polónia e na Roménia, violando novamente o acordo de 1994.
Nesse mesmo ano, o povo ucraniano elegeu Viktor Yanukovic como presidente, no âmbito de um programa governamental que prometia neutralidade entre a Rússia e a NATO.
Em 2014, a Rússia e a Ucrânia assinaram um acordo no qual a Rússia pretendia arrendar Sebastopol por 25 anos. Não houve intenção de anexar a Crimeia ou o Donbass.
Mas em 2014 os EUA operaram para derrubar Yanukovic, um acontecimento comprovado com a famosa e escandalosa ligação que vazou entre Victoria Nuland e o embaixador americano na Ucrânia, Geoffrey Pyatt.
Depois veio o Tratado de Minsk II, que estabeleceu autonomia para as regiões de língua russa do leste da Ucrânia. Este acordo foi apoiado por unanimidade pelo Conselho de Segurança da ONU.
Mas os EUA e a nova Ucrânia intervencionada decidiram que não seria obrigatório. A Ucrânia massacrou vários milhares de cidadãos de língua russa no Donbass, tendo Zelensky responsabilidades nas campanhas genocidas.
Depois, em 2022, os EUA reivindicaram o direito de colocar mísseis "em qualquer lugar" na Ucrânia, e Blinken disse a Lavrov que os EUA colocariam sistemas de mísseis em qualquer lugar da Europa e não apenas na Ucrânia.
E foi esse o casus belli pelo qual a Rússia decidiu declarar guerra à Ucrânia: para fazer cumprir a obrigação da NATO de não se expandir para leste. Nem mais nem menos.
A intenção de Putin com a guerra foi travar o avanço da NATO (obrigada desde 1994 a não se expandir) e forçar Zelensky a assinar a neutralidade.
Zelensky estava pronto no sétimo dia de guerra para assinar a neutralidade com Putin. Mas no último minuto Zelensky decidiu recusar a sua assinatura a pedido direto de Joe Biden.
A ideia era incorporar a Ucrânia, a Roménia, a Bulgária, a Turquia e a Geórgia num anel que bloqueava a entrada da Rússia no Mar Negro.
A guerra continua até hoje. E por causa da decisão de Biden e Zelensky, mais de 1 milhão de ucranianos morreram numa guerra sem sentido.
Esta é toda a verdade histórica, nem mais nem menos, dos acontecimentos entre a Rússia, a Ucrânia e a NATO.
Todo o resto é lamentação de gente ignorante que não entende um pouco de tudo o que acontece naquela região do mundo e de gente que engole a propaganda dos dois lados sem muito pensamento crítico.
AF

Saturday, March 08, 2025

No Dia Internacional da Mulher

 

Elas são as mães:
rompem do inferno, furam a treva,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.
Animais sonâmbulos,
dormem nos rios, na raiz do pão.
Na vulva sombria
é onde fazem o lume:
ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.
Nos olhos, o relâmpago
negro do frio.
Longamente bebem
o silêncio
nas próprias mãos.
O olhar
desafia as aves:
o seu voo é mais fundo.
Sobre si se debruçam
a escutar
os passos do crepúsculo.
Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra.
É quando dançam que todos os caminhos
levam ao mar.
São elas que fabricam o mel,
o aroma do luar,
o branco da rosa.
Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho.
Eugénio de Andrade

Thursday, March 06, 2025

104º aniversário do PCP

TOMAR PARTIDO

Tomar partido é irmos à raiz
do campo aceso da fraternidade
pois a razão dos pobres não se diz
mas conquista-se a golpes de vontade.

Cantaremos a força de um país
que pode ser a pátria da verdade
e a palavra mais alta que se diz
é a linda palavra liberdade.

Tomar partido é sermos como somos
é tirarmos de tudo quanto fomos
um exemplo um pássaro uma flor.

Tomar partido é ter inteligência
é sabermos em alma e consciência
que o Partido que temos é melhor.

 

E CADA VEZ SOMOS MAIS

Pela espora da opressão
pela carne maltratada
mantendo no coração
a esperança conquistada.

Por tanta sede de pão
que a água ficou vidrada
nos nossos olhos que estão
virados à madrugada.

Por sermos nós o Partido
Comunista e Português
por isso é que faz sentido
sermos mais de cada vez.

Por estarmos sempre onde está
o povo trabalhador
pela diferença que há
entre o ódio e o amor.

Pela certeza que dá
o ferro que malha a dor
pelo aço da palavra
fúria fogo força flor
por este arado que lavra
um campo muito maior.

Por sermos nós a cantar
e a lutar em português
é que podemos gritar:
Somos mais de cada vez.

Por nós trazermos a boca
colada aos lábios do trigo
e por nunca acharmos pouca
a grande palavra amigo
é que a coragem nos toca
mesmo no auge do perigo
até que a voz fique rouca
e destrua o inimigo.

Por sermos nós a diferença
que torna os homens iguais
é que não há quem nos vença
cada vez seremos mais.

Por sermos nós a entrega
a mão que aperta outra mão
a ternura que nos chega
para parir um irmão.

Por sermos nós quem renega
o horror da solidão
por sermos nós quem se apega
ao suor do nosso chão
por sermos nós quem não cega
e vê mais clara a razão
é que somos o Partido
Comunista e Português
aonde só faz sentido
sermos mais de cada vez.

Quantos somos? Como somos?
novos e velhos: iguais.

Sendo o que nós sempre fomos
cada vez 
seremos mais!

José  Carlos Ary dos Santos

Tuesday, March 04, 2025

Verdade

 
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade

Friday, February 21, 2025

Amor Amigo

Quero ser o teu amor amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amor amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias ...
Fernando Pessoa