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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Colecionadores da vida












Acredito que, o que realmente importa e fica, é o que mais deixamos passar desapercebido. A gente complica a simplicidade e vai sentir o perfume do momento depois que passou.

Sou colecionadora de miniaturas, elas se aconchegam melhor em minhas memórias. Falo de miniaturas de nós, do outro, do inesperado. Coisinhas pequenas que penduramos na parede do tempo e corremos pra elas quando "desaprendemos" de sorrir. Pequenos milagres que nos acontecem em um dia de grandes desafios. Abraço amigo, presente de tio, coleção de vinil bem guardada, colo de mãe, anjo com cara lambuzada de bala, lembranças fotografadas, bagunça de casa, coisinhas pequenas, de todos os dias, mas que fazem uma falta danada. Essas coisas são a cola que nos consertam quando estamos quebrados.

Em um mundo onde ser maior que o outro é a grande conquista, eu me alinhavo em pequenos gestos, nas miudezas que desenham meu sorriso. Quando começamos a guardar essas raridades pequeninas, redescobrimos a leveza perdida.






Renata Fagundes






quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Constante inconstância








"...ele sempre dizia - meu maior medo é perder a lucidez. Ela, que nada tinha de lúcida ouvia sua teoria de folhetim, palavras requentadas, experiencias que outros viveram para que ele se poupasse do trabalho. 

Descalça, entrou no sótão da alma com cuidado para não acordar lembranças adormecidas. Era incrível como a tal lucidez nunca a havia visitado. Apesar do pó do tempo, era possível sentir a intensidade dos momentos, ainda se identificava a vivacidade das cores, o som dos sorrisos em fotos amareladas, o perfume de lugares e pessoas. Se viu ali, em pedaços, papel repicado colorindo o chão da memória, cantiga de roda, vinil colorido, histórias inacabadas. Não era exemplo a ser seguido. Era caminho, estrada, poeira de chão que o vento leva pra dançar em territórios distantes, era sorriso de gente estranha, lágrima quente que faz morada na boca, braços dançarinos e abraço de pernas. Concluiu que, mais que palavras bem colocadas, era feita de pedaços de loucura que ainda eram degustados..."




"A alegria é um vento que nos levanta do piso e nos deixa em outra parte,  em um lugar em desaviso."
(Emile Dickson)



Renata Fagundes

Trecho do texto: Desatino







segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Saudade do amor que tenho









A chuva batia na janela do ônibus, parecendo pedir licença para entrar. Até que não seria má ideia se deixar lavar por fora, afinal, a chuva havia começado de dentro. Se descobriu feita de chegadas e partidas e nesse espaço de tempo entre uma e outra, morria e ressuscitava em sorrisos e lágrimas. Alegria e saudade morando na mesma casa. Era fácil ser feliz ali. A chuva tentava chamar sua atenção. Se concentrou na música que vinha do fone de ouvido " She will be loved" sabia que era amada, sorriu e cantarolou "My heart is full and my door's always open". Se a porta estava sempre aberta, por que era tão difícil deixar as pessoas irem? Por que era tão difícil sair simplesmente? Não sabia deixar um beijo de até breve e virar as costas. Até breve não existe. "Look for the girl with the broken smile...Ask her if she wants to stay a while". Seu sorriso não havia se quebrado, apenas se perdeu no caminho de volta, talvez esteja no meio da bagagem.


Renata Fagundes.



Trechos da música: She Will Be Loved - Maroon 5 








terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cedo demais








Eu queria ter o poder de segurar o tempo naquele momento único em que seu olhar encontrou o meu, dividindo uma travessura que só a gente entendia. Repeti em minha playlist mental a música da sua gargalhada que iluminava a casa e fazia até o vento dançar. Mas o vento se encantou com você, te convidou a fazer passos no ar. Fez de você papel colorido enfeitando o céu, bola de sabão, aí você resolveu criar asas, se desgrudar do chão.

Nas noites em que me sinto sozinha, ouço seus passos, sinto sua mão, cheirinho de abraço apertado que vem acompanhando minha oração. Sei que você sabia o quanto te amava (te amo), principalmente nas muitas vezes em que eu não dizia, aliás, era o que eu não dizia que você mais entendia. E quando a saudade, essa malvada vem em minha porta fazer canturia, abafo seu som fechando os olhos, abrindo os braços e cantando nossa música favorita. 

Hoje não estou sabendo falar de dor, porque eu sei que tristeza endurece a gente e esfarela o amor e onde você estiver estará fazendo caretas para o meu mau humor. Por isso vou tentando seguir os dias vestida com sua alegria. Me empresta seus pés de anjo pra eu caminhar em paz? Prometo que devolvo qualquer dia.



Renata Fagundes



"...Vai com os anjos
Vai em paz
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez..."

Os bons morrem jovens
Legião Urbana





Para minha amiga Van Oliveira: Eu queria estar aí pra te abraçar bem demorado, fazer uma panela de brigadeiro pra gente comer com o dedo e falar da vida...da vida amiga...da vida.












terça-feira, 18 de outubro de 2011

(In)conclusões?








Ela sentia tanta culpa por não se sentir culpada de pensar daquela forma. Logo ela, tão ética, sensata, racional. Estava cansada de ponderação, de se enganar falando em proteger as pessoas quando na verdade estava se auto protegendo de discussões desnecessárias e que obviamente não levariam a lugar algum. Queria largar o emprego, mudar para o Alasca, ficar amiga dos pinguins. Será que exista pinguins no Alasca? Queria comprar aquele perfume carérrimo, estudar alemão, ficar uma semana dentro de um quarto com o homem da sua vida, invadir a festa alheia, invadir a privacidade alheia, invadir a mente alheia.

Precisava sair dos seus limites, dos seus muros. Queria se tornar uma sem teto, sem tantos escrúpulos, sem noção. O mundo era tão grande e seu quintal tão pequeno, era um parque de diversões perto de um jogo de dominó - detestava dominó. Era preciso expandir, alargar, ventilar, desbravar, desconsertar, despentear. Quanto tempo tudo certo, quanto tempo sem deslizes descobertos, quanto tempo se contendo, se escondendo, se medindo, avaliando, minimizando. A vida era curta demais para arrependimentos tardios. Precisava recuperar o brilho. Descobrir o segredo do sorriso de Monalisa. A arte de dizer coisas sem revelar o essencial. Precisava ser salva.



Parte do texto: Revelações Incompletas

De: Renata Fagundes







terça-feira, 11 de outubro de 2011

E por falar em saudade...








Saudade é companhia mesmo quando queremos andar sozinhos. É teimosia. Sarna brava incomodando a alma. Chega com passos de algodão, mas tem força pra derrubar gente grande. Pode vir disfarçada de lágrima ou vestida de um sorriso bobo fora de hora. É história contada, lembrada pelos cinco sentidos, é sentir sem querer, é tentar reviver sem sofrer.




Renata Fagundes










segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pedaços nossos






...eu te quero tanto bem, e é um bem de fazer cafuné no seu cabelo e de te deixar cruzar o oceano em busca dos seus sonhos. Um bem quentinho quando te vejo dormir e certeza de que a felicidade é a colcha da nossa cama.

Nosso mundo se mistura porque somos inteiros entrelaçados, feito trança de cabelo, nada de metades que se completam, somos inteiros que escolheram viver de mãos dadas, dividindo idéias, discordando de atitudes, desamarrando nossos burros juntos. Se tudo fosse muito certo, alguma coisa estaria seriamente errada.

A gente se contradiz, a gente é aprendiz, palhaço, bailarina, poeta, flor, mas somos de verdade, não viramos personagem. Somos mistura de realidade e lirismo, de lágrimas e sorrisos, de abraços e despedidas, de gaiolas abertas, escolha certa, coração nos olhos, somos a semente do impossível plantada no solo da eternidade...


Trecho do texto: Nossos retalhos

Renata Fagundes










quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mudança







Mandei uma carta de despejo para todos os sentimentos pequenos e desnecessários. Não, eu não sou boazinha, nem mereço uma medalha.
É que quando o amor ocupa nossa casa, não sobra espaço pra mais nada.



Renata Fagundes









quinta-feira, 21 de julho de 2011

Preciosidades







Aprendi que a humildade mora em corações alados 
que não carregam o peso do orgulho. 
Que respeito é par constante da admiração. 
E que só a generosidade é capaz de descongelar sentimentos frios.


Renata Fagundes.









terça-feira, 19 de julho de 2011

Calmaria








Serenidade não é encontrar tudo perfeito do lado de fora, é quando olhamos pra dentro sem nos assustar.


          Renata Fagundes










terça-feira, 5 de julho de 2011

Sorria




Quero fotografar seu melhor sorriso para enfeitar a moldura da minha memória.



          Renata Fagundes









quinta-feira, 2 de junho de 2011

Motorista dos sonhos






A gente perde tempo respeitando as placas de sinalização da vida - pense, pare, reavalie, pondere, siga. Meu coração não tirou carta de motorista. Não entende de freios, pisa leve na terra. Segue cantarolando pelo caminho, pega atalho, planta flores, corre de medo, fala sozinho, chora, descobre paisagens surpreendentes, aprende com pessoas simples, inventa receita de bolo com cobertura de sorrisos. Deixou de se desesperar por pequenas batidas, poucas avarias. Sabe onde fica a estrada dos sonhos e quando se perde, se encontra, porque o caminho é físico, mas a direção é coisa divina.


Renata Fagundes







sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nossa letra








Minha pele papel..
                 seus dedos caneta
                              deixa a vida escrever poesia na gente...




Renata Fagundes







sexta-feira, 20 de maio de 2011

Declarações de gaveta

Foto montagem: Renata Fagundes



 Ando meio nostálgica, Alice perdida em seu mundo de antigas maravilhas. Sinto falta de receber cartas. Notícias viajantes. Abraços de papel. Sentimentos, lágrimas e digitais tudo no mesmo embrulho, que você relembra, relê, revive. Carrega na bolsa, no colo, nas linhas que contam a mesma história. Saudade, lugares, notícias de gente querida. Confissões de amores guardados, declarados. Fotografias perdidas e compartilhadas. Hoje especialmente me apoderei das cartas de Caio F. Abreu. Me fiz de pauta no papel do passado.





Renata Fagundes




"Por carta, criavam-se grandes amizades, confidências eram feitas, havia outra literatura brasileira pulsando através das cartas. Iradas, pungentes, subversivas, solidárias, fatigadas: belamente humanas, enfim. Mais vivas.
Todos os escritores naquele período escreveram muitas cartas. Não sei quem mais, além de mim, as terá guardado. As minhas, estou doando para que os fragmentos daquele tempo não se percam. Claro, em tempos de internet, talvez toda essa papelada não passe de peça de museu. Mas como escritor, é assim mesmo que frequentemente me sinto hoje em dia: Peça de museu. Melancolia? Nada disso. Foi chiquérrimo ter vivido a pré-barbárie dos anos 70. Quem desfrutou desse luxo, sabe do que estou falando."   (Caio F. Abreu)










quinta-feira, 19 de maio de 2011

Adoçando nossos dias









Se o amor fosse uma sobremesa, sonharíamos com creme brulee, não com uma paçoquinha. Teria que ser delicado, leve e muito doce. Mas, convenhamos, a realidade não é servida antes do cafezinho. 

Idealizamos contos de fadas modernos e não percebemos que o amor é construído na simplicidade dos dias.
No diálogo franco, nas manias que nos fazem rir, na saudade do cheiro, na delicadeza de um elogio, na mão que apóia, no respeito, no sorriso besta ao lembrar de um gesto, um fato. Amor verdadeiro é muito mais que fotos sorridentes em viagens programadas. Não é cobrado ou possuído é fabricado. Com a paciência diária, com a vontade de caminhar juntos, de construir dias nossos, é cumplicidade, lealdade. Não é um doce lindo e bem montado é confeitado com pequenos torrões de açúcar diários.


Renata Fagundes






quarta-feira, 11 de maio de 2011

Samba no coração






Acredito que o que realmente importa e fica, é o que mais deixamos passar desapercebido. A gente complica a simplicidade e vai sentir o perfume do momento depois que passou. Abraço amigo, presente de tio, coleção de vinil bem guardada, colo de mãe, anjo de cara lambuzada, lembranças fotografadas, bagunça de casa, coisinhas pequenas, de todos os dias, mas que fazem uma falta danada.


Chico disse: " malandro quando morre vira samba." Quero seguir nessa vida malandra, sorrindo no sapatinho, antes que silencie o som do cavaquinho.





Renata Fagundes






terça-feira, 10 de maio de 2011

Bem querencia






Meu bem querer impede que eu sufoque seus dias com perguntas. Prefere deixar você escolher me contar suas histórias enquanto meus dedos sentem o cheirinho do seu cabelo. Esses momentos de calmaria, de sossego na alma são cobertos por uma paz quentinha e beijos sorridentes. São esses presentes diários que têm valor pra mim, não os comprados nas lojas onde jogamos fora a etiqueta. Nossos presentes de cuidado vêm embalados de cumplicidade, aconchego nas palavras, afeto. Vem com a marca da bem querencia.


Renata Fagundes






terça-feira, 19 de abril de 2011

Achados e Perdidos





"...Percorri calmamente as estações do trem da vida. Antigas paradas, ausências, chegadas, despedidas. Nas prateleiras do tempo descobri mais achados que perdidos..."



Trecho do texto: Construindo trilhos

De: Renata Fagundes








segunda-feira, 18 de abril de 2011

Desapego involuntário







Não sou boa guardadora das coisas da vida.
O que sinto e penso criam asas.  Ainda não descobri gaiolas que possam aprisionar minhas palavras.Também não guardo mágoas e ressentimentos, é como roupa encardida, puída, que a gente cansa de usar. Me serviram durante um tempo, mas, muito tempo é tempo demais.

E a gente joga a preguiça fora, arruma a casa para receber a visita da serenidade, dá uma faxina na alma.Não porque somos bonzinhos e evoluidos, mas porque somos persistentes, sobreviventes, desapegados de tranqueira que ocupam espaço inutilmente.

Renata Fagundes






terça-feira, 12 de abril de 2011

O som do meu sentimento





Quero que saiba que minhas palavras não alcançam meus sentimentos, são insuficientes, pobres coitadas querendo decifrar, descrever o que é infinito. Por isso meus olhos falam em sua presença e minha respiração te sente em sua ausência. Meu amor pode não ser perfeito, mas é inteiro e todo seu.

Quero que saiba que decifro bem seu silêncio, aquele que cala para não se derramar em lágrimas que vão se acumulando no pote da saudade e a gente finge que elas não estão ali. Entendo o que você não diz, simplesmente por você ser parte minha, mistura de alma, de coisa sonhada. Eu sei que passo longe de ser quem você gostaria que eu fosse e te amo por não tentar me consertar, por me aceitar imperfeita.

"De tudo ao meu amor serei atento" - lembra?

Quero que saiba que estou apurando minhas lentes, cada dia mais, e se os dias me engolirem a lembrança do seu sorriso vai me abraçar e esse amor imenso e único vai me salvar.


Renata Fagundes


....Eu bem sei que minha voz não alcança
Os seus ouvidos no exato momento
Em que quero cantar que te amo
Que a saudade é cruzada de alento
E de bom tempo...

Música: Silêncio de Estrela 
Flávio Venturini