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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Guardados meus








A gente cuida do cabelo, da pele, das unhas, do corpo, da casa, do carro, dos filhos. Arruma, ajeita, organiza, guarda. 
E o que tem acontecido com nossos guardados da alma? O que estamos reciclando, desperdiçando, acumulando, estragando? 

Somos caixa de guardados, amontoado de coisas, escolhas, sentimentos, lembranças. Pedaços de nós virando caminho, misturando pés e estrada. Quebra cabeças, colcha de retalhos.

Alguns guardados têm cheiro de cuidado e encontram fácil nosso sorriso. Outros, apertam nosso peito e aborrecem nossos olhos.
E quando aprendemos a identificar o que se guarda e o que se joga fora? Quando não doer mais, quando o mau cheiro incomodar, quando precisamos de espaço. 
E esse dia sempre chega. Embora vez ou outra adiemos a faxina, chega o tempo em que sentimos necessidade do cheiro de casa limpa, de espaço nas gavetas, de novas cores nas prateleiras. O importante é analisar cada peça, reler cada pedacinho de papel, tocar cada sentimento e separar o que soma, o que alegra, o que ensina, o que nos torna melhores, mais amplos, mais fortes, mais leves. O resto? O resto a gente joga na lixeira do esquecimento.

É preciso enxergar além do que se vê para saber identificar o que se descarta e o que vira relíquia. 





Renata Fagundes.







sábado, 6 de agosto de 2011

Nova eu







Ainda não encontrei palavras para descrever o que sinto. Não tem a ver com amor, realização profissional e essas coisas que a gente busca e sonha. Talvez seja maturidade. Loucura escancarada? Talvez eu tenha aprendido a me perdoar. Talvez eu queira provocar sorrisos adormecidos. Destravei minha mente emburrada.

Me descobri uma nova casa, limpa, ventilada, que não encosta no canto sentimentos e palavras, eles tomam forma, criam asas. As contas atrasam, o chefe cobra, a filha desobedece, o amor estremece. Aprendi a não esperar demais, a cobrar de menos. 

O coração até se agita, mas a alma continua serena como se eu estivesse vestida de suavidade, certeza cintilante de que o sol continua na minha janela, independente da frieza da madrugada.


Renata Fagundes













quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mudança







Mandei uma carta de despejo para todos os sentimentos pequenos e desnecessários. Não, eu não sou boazinha, nem mereço uma medalha.
É que quando o amor ocupa nossa casa, não sobra espaço pra mais nada.



Renata Fagundes









quinta-feira, 28 de julho de 2011

Da janela dela






Ela olhava o mundo da sua janela. Grandes muros protegendo pessoas, guardando coisas, emoldurando títulos. Gente importante com medo de tudo. Doenças da alma e do corpo bagunçando aquele mundo de ouro.

Sorriu diante da própria insanidade. Colecionadora de miniaturas sem armários, sem trancas,  sem cercas. Era tudo espalhado pela casa, pelo gramado. Emoções penduradas em cortinas, flores, sorrisos, abraços, decoravam a casa. Tudo tão simplório e ao mesmo tempo tão sólido, tão livre e tão seu. A terra, as flores, o cheiro de café, tudo parte dela, pedaço do que era. Plena, repleta. 



Renata Fagundes




* Inspirada pela simplicidade sincera da amiga Ariane Blog Biscoito Struts *