Durante a minha ( longa) vida, já ouvi música das mais diversas maneiras. Já tenho muitos anos de existência e as invenções não param, nem pararão. O que mais virá a acontecer?
Hoje resolvi ir buscar o meu leitor de DVDs Sony e ligá-lo de novo ao plasma, já que o tinha considerado obsoleto há uns dois anos e o guardara num gavetão da estante. Em geral, os canais de TV são tão ricos em filmes que, considerava eu, não valia a pena ver outros da colecção da minha filha. Ela tem mais de uma centena de filmes excelentes, estrangeiros com e sem legendas, desde Fassbinder até Ingmar Bergmans, Kiewslowsky, Renoirs, Hitchcocks, etc.etc. Há filmes que nunca passam na TV ou não damos por ela. Verdadeiras obras primas.
Mas vamos ao baú das recordações musicais:
Quando era criança, ouvíamos uma grafonola velha no nosso quarto de brincadeiras.

Os discos partiam-se e riscavam-se. A agulha era grossa e nós queríamos ouvir só algumas músicas do disco, de modo que forçávamos a máquina a obedecer. Morreu de velha, ficou para lá esquecida quando o meu Pai comprou um aparelho com gira-discos e rádio e o pôs na sala grande. O meu Avô adorava sentar-se lá depois de almoço e ouvir deliciado árias de ópera, canções italianas e música clássica. Nós é que púnhamos e tirávamos os discos, ele nem tocava no aparelho.
Mais tarde, em 1964, apareceu um gravador de fitas Grundig, que foi encomendado em Munique e veio pelo correio com a indicação Lisboa - Espanha. Ficámos indignados com a ignorância dos alemães! Com esse aparelho milagroso, gravávamos música inglesa e americana directamente da rádio, que era transmitida pelos programas 23ª Hora e outros. O meu Pai usava-o para gravar conferências e mesas-redondas na universidade. Servia para tudo e ele confiava em nós.
Em meados dos anos 70 apareceram os leitores de cassetes, primeiro só com um deck depois com dois, que possibilitavam a gravação de cassetes entre si. Uma maravilha tecnológica, que me possibilitou usar toda a espécie de textos audio nas minhas aulas.

Nos anos 80s foi a vez dos CDs. Não comprei logo o leitor pois cada CD custava uns 3000 escudos e eu achava uma exorbitância, embora adorasse ouvir música clássica com aquela excelência. Até ao dia em que recebendo direitos de autores, me pude dar ao luxo de comprar uma aparelhagem Sony, que ainda está em casa do meu ex-marido. O som era excepcional e os CDs não se riscavam ( pensava eu). A minha colecção aumentou, os discos vinil ficaram na estante ( ainda lá estão). Foi então que apareceram os walkmans e discmans, que nos possibilitavam ouvir cassetes ou CDs fora de casa, junto ao mar ou no parque. Tive mais dum, não passava sem eles. Ainda me lembro de estar deitada na relva do Englischer Garten em Munique a ouvir os Dead Can Dance. Há quase 20 anos.
Há uns anos a Apple revolucionou tudo. Mas já todos conhecemos essa história... vieram os iPods, os iPads, os Macs, que nos trazem música através dos iTunes, do Spotify...ou pirateados. Só o Youtube tem tudo ao vivo e a cores.
Mas não há nada como estar aqui à lareira a ouvir um velho CD do concerto de Saint-Saens, tão belo quanto nostálgico, usando o velho leitor, que eu julgava já morto e enterrado.
Aqui fica o mesmo concerto tocado pelo grande Sokolov, uma obra prima ....enjoy!