"Somos anjos duma asa só e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros."

Pensamento de Fernando Pessoa deixado para todos os que estão na lista abaixo e àqueles que passam sem deixar rasto. Seguimos juntos!

OS AMIGOS

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

MEU NORTE



Meu norte aqui estou
Sei que sabes quem sou
Procuro-me na tua maresia
Imponente o que vejo
Neste meu Alentejo
Nesta tarde de invernia.

Minha praia de mar de leva
Onde o meu olhar sossega
Nas ondas cadenciadas
Ao longe uma gaivota
Sobrevoa na sua rota
As suas dunas douradas.

Oh meu mar revolto
Onde o que acorrento solto
Tantas vezes sem fim
Abro os braços ao vento
Misturo-me no seu lamento
Queria ficar sempre assim.

Semicerro os meus olhos
Nos meus pés os teus escolhos
De espuma branca prateada
Troco a tristeza que trago
Por um pouco do teu afago
Na tua água gelada.

Empatia tão sublime
Revejo como um filme
Como atravessas a minha vida
Acalmas o meu sentir
Fazes-me de novo sorrir
Devolves a criança em mim esquecida.

Espero o entardecer
Para ver o sol se perder
No horizonte do meu mar
Então na tua plenitude
Acalmo a minha inquietude
Sinto-me de novo serenar.

Dulce Gomes
 
(Este é um poema dedicado à praia do norte, a minha preferida e donde guardo boas recordações. Fui rebuscá-lo aos meus escritos quando vi esta foto tirada pela amiga Lena num destes dias de invernia.)
 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

NOSTÁLGIA


Há em mim algo de estranho
quando os meus olhos fitam o mar.
Paz, descanso, amor tamanho
faz minh`alma divagar.

Majestosa, altiva presença
que me intimida e fascina.
Arrepiada, escutei lendas e crenças
narradas p`los velhos em surdina.

Recuo à infância...eu, meninice
presa a meu pai pela mão.
À adolecência...descoberta, tolice
ao primeiro amor... única paixão.

Cresci olhando o horizonte
dum mar que fala a duas vozes
a sul, dócil, sussura sereno
a norte, rugem as ondas ferozes.

Nele mergulhei os meus medos
angústias, lágrimas, agonias
decepções, raivas, segredos
ou simplesmente, as alegrias.

Mar, gaivota, macio/veludo
mar indomável, invernia/revolto.
Eu, sorriso/lágrima...e contudo
ao mesmo mar, eu sempre volto!

Dulce Gomes

(efeitos destes tempos de maresia:)

domingo, 5 de julho de 2009

NATUREZA AGRESTE


No meio do nada agreste e ventoso,
sopra uma brisa salgada
vinda dum mar alteroso.
Em silêncio,
não vá uma palavra
privar-nos o momento,
rompemos,
sacudidos pela grossa areia,
que regista nossas pegadas
deixando nela marcada nossos passos,
ao qual é alheia...
Fustigados pelo vento
tudo nos sabe a sal,
mas que importa? Não faz mal!
É a natureza que nos desperta.
O balançar das ondas, um cântico,
um bater de asas...
Um ser vivo que se esconde
temendo nossas passadas...
Nesta paisagem deserta
há uma flor que desponta
parecendo deslocada.
Mas intrusos, só mesmo nós,
no meio deste tudo, que quase parece nada...

Dulce Gomes

(Foto do Mundinho)
(Tirada na praia do norte em Sines)


domingo, 21 de junho de 2009

CREPÚSCULO


Quantas serão as formas
que o nosso coração tem de amar?
São incontáveis!
Como insondáveis são
os desígnios que o fazem bater...
Hoje bateu mais forte
ao olhar o norte.
Espreguiçando no horizonte
de mão dada com o mar
o sol vermelho fogo
despedia-se vagaroso
num lento acenar.
Crepúsculo reluzente
que aos poucos se esvaía
pontinho minúsculo
incandescente
que por fim ficou ausente...
Era a noite, a sobrepor-se ao dia.
Maiúsculo...
Só este apego imenso
à terra onde pertenço
de desmedido apreço para mim.
Sinto-me filha deste mar
o resto não saberei explicar.
Entenderá
quem a ama como eu
tanto assim...
Dulce Gomes
(Dedico este "CREPÚSCULO" a todos os que amam Sines.
Mas de maneira especial ao meu primo, António Correia).
(A foto do blogue é de sua autoria)( A foto da postagem" Pôr-do-sol a norte de Sines" é do Mundinho)

domingo, 7 de junho de 2009

DIA DE INVERNO


Abri a janela e espreitei o novo dia, ensonada
mas a chuva que me molhou junto à brisa fria
deixou-me irritada.
Fechei-a
mas fiquei de olhos no céu tão escuro e pardacento
as nuvens impelidas pelo vento
pintavam no céu um abstracto momento...
aos poucos o mau humor desapareceu
corajosa, abria-a de novo
mas desta vez absorvo cada gota na cara
sinto que o frio me trespassa mas louvo esta graça
como uma coisa rara.
Ouvindo o rugido do mar, senti o cheiro a maresia
espraiei o meu olhar para ver se o via...
Lá estava ele imponente, maravilhoso
justificando porque se sente assim tão majestoso.
Eu, ali continuava...o céu, o mar
olhando mais perto vi o baloiçar das árvores
num discreto murmurar, enquanto uma ave passou a cantar.
Senti-me egoísta na minha pequenez
por não saber apreciar aquilo que Deus fez.
Como ser ingrato pedi perdão
dando graças, ali fiquei em plena exaltação...
O céu manifesta a glória de Deus
e o firmamento proclama a obra das suas mãos.
Salmo 19.2
Dulce Gomes
(foto minha)