A crise política. embora esteja ainda à espera de remodelação do Governo, parece que já pode considerar-se terminada, depois de três semanas de «paragem» da actividade governativa.
O que se esperava e o que esteve na causa do falhanço do Compromisso de Salvação Nacional?
A conclusão do processo mostrou que o objectivo esperado não era realista. O interesse de Portugal é coisa que parece estar muito distante dos ideais dos partidos políticos que estão habituados a colocar os seus próprios interesses à frente de tudo, com o olho nas próximas eleições. E se, em conversa, podem referir os interesses nacionais, eles são sempre vistos como eventual resultado da aplicação das suas normas ideológicas e não estão dispostos a contrariar estas, declaradamente. Basta serem esquecidas quando os interesses particulares de políticos, ou interesses de oportunidade do próprio partido os levem a manobras heterodoxas.
E, apesar do muito que se tem ouvido, pois ser político tem muito de papagaio, difícil de fazer calar, não têm faltado afirmações que virão a ser relembradas em momentos futuros adequados mas que, se bem interpretadas, pouco ou nada esclarece.
Mas peneirando toda essa poeira ou fumaça, poderá concluir-se que, por um lado, o Governo não podia aderir com sinceridade ao diálogo proposto pelo PR. Não podemos esquecer que, repetidamente, dizia que as suas soluções dos problemas estavam correctas e iriam para a frente «custe o que custar, não aceitando propostas e sugestões da oposição, nem a indignação de manifestantes ou de grevistas nem reclamações e sugestões de parceiros sociais, etc. Estas atitudes de arrogância e de «quero, posso e mando» não podiam augurar bons resultados de qualquer simulação de diálogo.
Pelo outro lado, o partido da oposição, depois de tantas sugestões e propostas apresentadas na AR terem sido recusadas, deverá ter alimentado a vã esperança de ver agora o Governo fazer um ajustamento do rumo por forma a se aproximar da redução da austeridade e do alívio dos sacrifícios dos portugueses mais indefesos e, por isso, depois do desprezo de dois anos, persistiu nas suas normas ideológicas e nos seus ideias de democracia. Assim se deu um duelo entre guerreiros demasiado couraçados contra as armas do adversário e nenhum se sentiu forçado a fazer cedências, como seria lógico em qualquer negociação normal e interessada em atingir um objectivo comum: o de unir esforços para a Salvação Nacional, coisa que parece desconhecerem totalmente.
Esta simples tentativa de destrinçar a meada não responde a grande parte das dúvidas, principalmente as de mais pormenor. Deixo aos intelectuais meticulosos que completem a análise mas sem aumentar a complexidade dos nós e contra-nós do emaranhado que confunde as pessoas de boa-fé.
E façamos uma prece para que os portugueses com responsabilidades na governação aprendam a lição da crise e esta sirva de vacina, para melhores decisões no futuro.
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segunda-feira, 22 de julho de 2013
AS CRISES DEVEM SERVIR DE LIÇÃO E DE VACINA
É PRECISO APRENDER COM OS ERROS
As catástrofes dão lições que devem ser aprendidas a fim de serem evitadas. É bom aprender com os erros, principalmente com os dos outros, e quanto aos nossos devemos fazer um esforço para evitar a crise final, extrema e radical. Transcreve-se um artigo que reforça este conceito, aplicando-o à história dos últimos sete anos portugueses:
Sete anos
Diário de Notícias. 22-07-2013. por JOÃO CÉSAR DAS NEVES
Quem se lembra do Verão de 2006? Portugal foi quarto no campeonato do mundo de futebol; a economia crescia 1,4%, o desemprego era 7,4%. Nasciam mais pessoas do que morriam e os casamentos eram o dobro dos divórcios. Só há sete anos. Como tudo mudou tanto!
Dois factos dominaram este período. O mais visível é económico-financeiro: o país, então já atascado em dívida, caiu de bêbado em 2011 e debate-se na terrível ressaca. A coberto desta veio a segunda evolução, mais decisiva: um devastador assalto à cultura e sociedade portuguesas em nome da liberdade sexual, com extremistas capturando e distorcendo elementos centrais da alma lusitana. A bebedeira financeira cura-se em menos de sete anos, mas a investida lasciva será pavorosa por décadas.
Foi no Verão de 2006 que começou a demolição das leis básicas da identidade nacional que trouxeram Portugal de uma posição mundial equilibrada ao extremo desmiolado na regulamentação familiar. A primeira foi a Lei 32/2006 de 26 de Julho da reprodução artificial. Seguiu-se a liberalização e subsidiação do aborto (Lei 16/2007 de 17/4 e Portaria 741-A/2007 de 21/6), banalização do divórcio (Lei 61/2008 de 31/10), educação sexual laxista (Lei 60/2009 de 6/8), casamento entre pessoas do mesmo sexo (Lei 9/2010 de 31/5), mudança do sexo (Lei n.º 7/2011 de 15/3), entre outras.
Enquanto noutros países estes assuntos criavam profundos e longos debates, por cá deu-se o triunfo súbito do fundamentalismo extremista. Embrulhados em manigâncias capitalistas, os Governos precisavam de fingir progressismo na ideologia familiar. A sociedade assustada adoptou a posição cómoda e irresponsável de tolerar a libertinagem. As forças de defesa da família, em particular a Igreja Católica, suportaram derrota atrás de derrota fragorosa.
Deste modo irresponsável, o país alinhou em poucos anos as suas leis básicas por caprichos de fanáticos, ultrapassando a toda a velocidade os países civilizados, alguns dos quais já em sentido inverso. Portugal tornou-se um paraíso mundial de comportamentos desviantes e perversos. Não admira o colapso do casamento, ausência de fertilidade, envelhecimento galopante, multiplicação de patologias sociais. Em 2011 os casamentos foram só mais 34% que os divórcios e houve menos 6000 nascimentos que óbitos. A geração anterior desequilibrou as finanças em quinze anos; esta desequilibrou-se a si mesma em sete.
A História mostra duas coisas. A primeira é que movimentos súbitos, com tal rapidez e profundidade, nunca param antes do abismo. Com extremistas no controlo da dinâmica, a coisa irá até ao absurdo. Sorveremos a infâmia até à última gota. Todos os dias aumentam aqueles que, tendo começado por defender as novidades, agora se arrependem vendo os resultados. Mas a escalada não abranda, atingindo já os temas de requinte, como a co-adopção por casais do mesmo sexo, que em fases anteriores muitos dos próprios activistas prometiam nunca acontecer. A espiral devoradora exige-o, como exigirá as vergonhas seguintes.
Provando que uma loucura nunca fica a meio, a História ensina ainda que casos destes servem de vacina para a humanidade. Quando a Rússia em 1917 aceitou que extremistas dominassem a sua economia, destruiu para sempre o atractivo intelectual do marxismo. Sem essa experiência, hoje o sistema comunista ainda seria perigoso, o PCP não estaria residual nem esconderia a ditadura do proletariado. O desprestígio das ideologias racistas deve-se também ao facto de a Alemanha ter dado em 1933 o poder a esses radicais, revelando ao mundo o seu horror. As sociedades que se deixam controlar por teses aberrantes destroem-se a si mesmas por várias gerações, mas prestam um serviço à humanidade.
Nos sete anos desde o Verão de 2006 Portugal enveredou por caminhos anarquistas nos campos financeiro e familiar. São já bem claros os efeitos dessas opções, mas ainda não se vê o fim do caminho que, pelo menos no segundo, deve demorar mais de sete anos. Resta-nos o consolo de o futuro vir a aprender com os nossos horrores.
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sábado, 1 de janeiro de 2011
Aprender com a crise
Transcrição de artigo didáctico, que reitera um conselho seguido pelos desportistas. É preciso suar para fazer músculo, é preciso fazer sacrifício para aprender, as dificuldades dão ensinamentos, experiência.
Aproveitar a crise
RR.pt. 31-12-2010 08:30. Por Aura Miguel
Sabem qual é o nosso problema? É que não gostamos de sacrifícios. Achamos que a vida só é boa quando não há contrariedades, quando nos distraímos, quando rimos com os amigos ou fazemos aquilo que nos apetece. Mas que grande ilusão!...
Bem sabemos que não é assim, que não existe esperança, nem beleza, nem bondade, nem justiça, nem amor, nem relações verdadeiras sem sacrifício.
Assim, a terminar este ano, desejo, a todos, um óptimo 2011 sem ilusões. Um ano cheio de vida verdadeira, leal, fecunda, sincera. E, portanto, com sacrifícios. Por isso, provavelmente, a crise vai fazer-nos bem, porque terá o mérito de nos reconduzir às coisas verdadeiramente importantes da vida.
Se assim for, podemos vir a ser melhores pessoas e, até mesmo, finalmente, vir a mudar Portugal.
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A. João Soares
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