sexta-feira, maio 19, 2017

Um amável convite do "Delito de Opinião"

[5516]

O meu blogue anda meio chato. Ou chato inteiro, mais propriamente. São quase 13 anos (em Julho e quase, quase 6.000 posts, desde Julho de 2004). E sozinho. Tem sido uma companhia admirável e uma via para conhecer gente e criar amizades com gente boa e bonita. Mas confesso estar a atravessar uma irritante abulia e quase não escrevo. António Costa tem culpa, também, até de escrever pouco, de cada vez que abro o laptop vem-me a criatura à cabeça. Sebosa, rindo e irritante. Acabo a escrever sobre ele, de tal maneira que amigos já me têm dito que estou até a tornar-me chato.

Este preâmbulo para dizer que fui honrado (uma vez mais) pelo convite do Pedro Correia para escrever um post para ser publicado no Delito de Opinião. Prometi a mim mesmo que não falava no Costa. E não falei. Tentei fazer uma coisa ligeira e pedi desculpa ao Pedro por ser, talvez, demasiado ligeiro. Mas foi o que se pôde arranjar. Mesmo que o post não esteja com assinalável qualidade, vale pelo prazer de aceder ao pedido do Pedro e desejar a todos boas leituras no Delito. E que eu, mesmo modestamente, tenha desta forma contribuído para tal.

E o post é este:




Bruscamente, debaixo do chuveiro

Tenho andado entra e sai, em casa, por motivos vários. Ao mesmo tempo, a minha filha pediu-me para lhe ficar com as duas gatinhas enquanto ela se ausentou por um par de dias.

Anteontem entro em casa, ligo mecanicamente o televisor para quebrar a paz e o silêncio, as gatas ronronavam num maple e fui para o duche. Eis senão quando, oiço miadelas estridentes, correrias, barulho de um par de coisas a cair e a estilhaçarem-se…mais correrias, choques com portas e é aí que, debaixo do chuveiro, me pergunto se estarei a ser assaltado. Molhado e nu não é propriamente a melhor maneira de resistir a assaltantes, salvo especialíssimas circunstâncias… mas enchi-me de coragem, enrolei-me na toalha e segui para o hall. Olhei para a sala, não vi nada, vou à cozinha e vejo as gatinhas assustadas, muito encolhidas e enroscadas, junto ao fogão. Que coisa, pensei eu… serão mesmo assaltantes?

E é neste ponto que oiço uma gritaria que, por motivos claros, não provinha das gatas, Vou à sala, procuro identificar o ruído, mais ou menos semelhante a um grupo de carpideiras bem pagas, talvez, ainda, uma vaca que um dia vi o meu irmão veterinário ajudar a parir e deparo com a imagem do Manuel Serrão, na TV, no “Prolongamento”, a imitar (!!!!????!!!!) o Salvador. Pensei sobre que diabo se estaria a passar. Curioso, aproximei-me e na ininteligibilidade dos lances canoros da criatura percebo que havia uma tentativa de uma letra. É isso. O homem imitava o Salvador, o que percebi pelos gestos, naturalmente não pela música. Mas a letra, meu Deus… só percebi Poooooorto… peeeeeenta e qualquer coisa que rimava com penta. Não era pimenta, mas algo por lá perto e que não consegui definir. Insisti E quando julgava que a letra continuava, o homem insistia… peeeeeenta….. pimeeeeeeeeeeeeenta…. (acho) e fiquei-me por aqui. 

Volto à cozinha e olhei, enternecido e solidário com as gatinhas. Pequei no “remote” e calei o Serrão. As gatas olharam para mim, embevecidas e agradecidas. Peguei nelas fiz-lhe um mimo e elas deitaram-se de novo no maple. Eu voltei ao chuveiro e  prolonguei aquele jacto quente e gostoso até me desaparecer aquela rima estranha de …peeeeeenta…..pimenta…

Mesmo assim, quando me deitei, e cada vez que fechava os olhos… é… aquela sensação que todos nós certamente temos e que faz com que não consigamos deixar de trautear mentalmente uma canção… lá estava ela. Só que desta vez era mais grave. Além do peeeeenta, pimeeeeeenta mesmo de olhos fechados eu tinha a visão festivaleira do Manuel Serrão e de gatas assustadas, tal como se nota na foto. Tomei um Dormonoct. 




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segunda-feira, fevereiro 15, 2016

A mesmice



[5373]


Vale a pena ler tudo, como é habitual, por via da sageza, inteligência e poder de síntese da Helena Matos. Sempre ajuda a sublimar a ideia de que a maioria dos portugueses (a maioria, sim, por mais quer tentem convencer-nos do contrário) está nas mãos de um dos mais acabados exemplos de uma criatura inescrupulosa, arrogante, ignorante, inexperiente e com um complexo emaranhado de ideias e idiossincrasias que nos conduzem decididamente para a desgraça, na via da «mesmice» que a Helena refere.

É difícil de entender o que se está a passar. Mas deve ser mau demais porque a própria comunicação social, tão lesta em incensar A. Costa, parece dividida e hesitante. Um mau sinal. Sobretudo para aqueles que apanharam o estertor do Estado Novo, a descolonização exemplar, o estigma dos retornados, a emigração forçada, um PREC louco e executado por loucos e criminosos de delito comum, socialismos encartados que nos elevaram a sucessivas falências, elites de pseudo-intelectuais que não viram o Good Bye Lenine e tresleram todas as matérias que abordam com seriedade o fenómeno do socialismo e, ainda, o fulgurante aparecimento de figurões tiranetes, ainda que parolóides, como Sócrates e semelhantes, que não só nos defraudaram gravemente, com contribuíram para uma continuada e firme degradação da nossa imagem no exterior. E quando aparece um grupo de gente realmente apostada em reverter estas tendências e iniciar uma via honesta e eficaz de reabilitação, é certo e sabido que há sempre um Costa que sai de trás de um penedo (do jeito daquela jornalista que saiu de trás de um carro e tanto irritou o nosso primeiro-to-be) e que rebenta com isto tudo outra vez. 


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terça-feira, outubro 22, 2013

A ler


[5002]

 O refinado humor (e a argúcia) da Helena Matos.

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sábado, agosto 18, 2012

Papagaios

[4740]

Eu não sei bem (nem bem nem mal) quem é este Sérgio Lavos. Mas sei que quem titula um post sobre a matança de uns mineiros na África do Sul como «A barbárie capitalista» é porque não tem a mínima ideia do que está a dizer. Diria ainda que não tem a mínima ideia do que é África e a África do Sul. Sérgio fala por clichês e vai folheando a cartilha à medida que os acontecimentos se mostram de feição. Ou então… conhece e sabe e, nessa altura, o post dele é um exemplo pestilento de desonestidade.

Alguém que lhe explique, se for o primeiro caso.

Nota: Também tropecei, numa notícia do CM, segundo a qual teria havido um recontro entre a polícia e mineiros, a relembrar o massacre do Soweto, nos tempos do apartheid. Por acaso eu estava lá, foi em 1976. Nisto de massacres, é trágico andar a ver quem ganha a quem, mas convinha recordar ao jornalista do CM que o massacre do Soweto resultou na morte de quatro jovens atropelados por uma multidão de cerca de dez mil pessoas fugindo dos tiros da polícia. No caso dos mineiros, eram cerca de cem e mataram trinta e quatro. A tiro.
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Os actos políticos

[4739]

Valha-nos a Helena Matos com a sua habitual minúcia e presteza em desengavetar tralhas antigas e pôr a ridículo as tralhas modernas. Ou de como há galinheiros maus e colmeias boas.

Houve uma altura em que joguei râguebi na Académica. Ao tempo do professor Bruno como treinador. Lembro-me que no fim dos treinos (no estádio universitário, o do Calhabé era para o futebol) havia sempre um ou dois líderes estudantis que nos substituíam de imediato as estratégias de jogo do professor Bruno por uma autêntica barrela ao cérebro através da retórica inflamada anti-salazarista habitual. Eu não sabia bem porquê, era um jovem inexperiente, mas sabia que Salazar, entre outras malfeitorias, era um ditador, um provinciano, um fascista e um asceta deplorável que nos queria a todos pobrezinhos e que para nos dar o exemplo criava galinhas em casa. Tudo isto se me chocalhava na cabeça, como, de resto, à maioria dos meus colegas, mas se aqueles líderes o diziam, mais velhos, mais adiantados e com muito mais experiência que nós é porque devia estar certo. Também devíamos partir montras e bater em polícias. Frequentemente me perguntavam se eu alguma vez tinha batido num polícia e quando eu dizia que não, de imediato se instalava em mim um sentimento de culpa muito grande. Também me questionavam se alguma vez algum polícia me batera. Era urgente a absolutamente necessário que um polícia me batesse, ou que eu batesse num polícia, sob pena de eu não ser um entre iguais. Apesar de muitos como eu nunca terem sido brutalizados pela polícia. Lembro-me de um dia um de nós dizer que o facto de Salazar criar galinhas em casa era um acto político. O líder retrucou que o «cagar é um acto político». Lembro-me como se fosse hoje. Fiquei pensando na relação política entre o cagar e criar galinhas e não consegui chegar a nenhuma conclusão. Mas devia haver alguma porque o tal líder falava e falava e falava e embora não falasse em galinhas nem em merda, parecia haver ali um fio condutor qualquer.

Porque é que isto me veio à ideia? Nem sei bem. Talvez porque ser do reviralho era um estado de alma e hoje quando oiço muitos políticos no activo apresentarem como currículo o facto de terem sido anti-salazaristas na Academia, eu lembro-me bem das minhas angústias por nunca ter sido sovado por um polícia, ou da filosófica interpretação de alguns líderes estudantis sobre o cagar, como acto político. E percebo hoje como muito do que parecia ser ridículo e condenável, como um primeiro-ministro a criar galinhas, acaba por se tornar num exemplo feliz de boas práticas, quando se trata de personagens politicamente correctas. E de como os idiotas úteis não estão realmente em perigo de extinção.
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quinta-feira, junho 14, 2012

Só falta a harpa...

[4661]


«... TEMPO DE GUERRA
Madrid está ao rubro. A fogueira de Atenas reacende-se no próximo Domingo. Roma está a atingir temperaturas elevadas. A Europa é um vulcão em erupção com uma economia de guerra em tempo de paz. Toda a Europa arde com o fogo posto pela Direita ultra-liberal de Berlim, que governa a Alemanha e afunda a União Europeia no interesse nacionalista e expansionista da Alemanha. Merkel ficará na história da Europa – na galeria dos horrores...»


O texto acima é de um conceituado jurista, blogger e jornalista. Não consigo imaginar que por detrás deste fraseado esteja um desejo oculto de que tudo se passe exactamente assim, quanto mais não seja para se provar que se está do lado da razão. Tanto quanto, ao mesmo tempo, me custa entender ser possível passar ao lado de realidades factuais, quais sejam a incúria, falta de rigor e políticas catastróficas dos socialistas (um bom exemplo, ainda que pequenino, muito pequenino, aqui…) e pura aldrabice na apresentação de contas, no areópago a que tanto nós como gregos, espanhóis, italianos e irlandeses fizemos questão de pertencer, para depois termos o topete (para usar uma expressão corrente) de achar que a culpa da desgraça é da direita liberal e da senhora Merkel. Entidades que tanto quanto julgo perceber foram, sempre foram, o sustentáculo do verdadeiro Estado Social desejado e sonhado pelos socialistas, mesmo que estes continuem apostados em tudo fazer para que ele não passe de uma utopia. Mas o socialismo, é mesmo uma utopia, nunca gerou qualquer forma de desenvolvimento que não fosse a crítica cerrada à direita liberal !!! (que faz com que vá havendo um caldo verde fresquinho a fumegar na tigela e pão e vinho sobre a mesa) e à senhora Merkel, cujo pecado que me ocorre é pagar as contas e viver sem esperar que alguém pague as contas por ela.
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domingo, fevereiro 12, 2012

Uma bola de Berlim com creme, da Ana

[4554]

«Se um país pode ser catalogado como “lixo” pelas mais insignes organizações internacionais, porque não decretar a língua uma oportunidade de negócio?

Que os velhos do Restelo pensem nisto: as toneladas de linguiças (sem trema) que passaremos a exportar para o Brasil valem com certeza a queda de um punhado de consoantes mudas.

Claro que o famigerado Acordo não impedirá que num ônibus (do latim, omnibus; variantes por “uniformizar”: autocarro, machimbombo, toca-toca, otocarro…) a passageira do lado me responda em inglês quando lhe pergunto se estamos muito longe do Centro, seguindo-se três oi! da parte dela para finalmente eu sair já íamos no Botafogo. (Abençoada fonética que me proporcionou tão bom passeio!)

Embora entenda o pendor mercantilista do Acordo, a que acresce uma salutar preocupação progressista que faria as delícias de Bouvard e Pécuchet (Que se lixe o latim que só serve para confundir o povo!), não pude, porém, deixar de elencar (v. tr.: “fazer uma elencagem”, seja isso o que for) algumas dúvidas recolhidas por aí.

O que faz um professor durante um ano letivo? Letiva? O que faz um espetador em frente da televisão? Espeta-la? E o que faz alguém ante um para sem acento? Continua a andar e pergunta “para… onde”? Num hotel, dirigimo-nos à recepção ou lembramo-nos da receção e regressamos a casa? E um medicamento ótico aplica-se nos olhos ou serve para tratar otites? O mês de Janeiro é maior que janeiro? A metafísica de Aristóteles é em ato ou não ata nem desata? Quem requer adoção é adoçante? E os habitantes do Egito são egícios? Uma presidente incontinente é igual a uma presidenta incontinenta? E fim de semana sem hífen tem quantos dias?
Esta última questão é particularmente pertinente derivado à crise
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Da Ana Cristina Leonardo no seu Meditação na Pastelaria. Gostei particularmente da crise a derivar, a derivar, a derivar…
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sexta-feira, dezembro 02, 2011

9 anos de Rititi




[4478]

Há aquelas pessoas que escrevem bem e mil pessoas que escrevem como ela. Depois, há aquelas pessoas que escrevem mal e mil pessoas que escrevem como ela. E há a Rititi. Escreve como só ela. Com a turbulência de um rio, rápidos abaixo com tudo à frente, a calmaria de uma bebida de fim de tarde numa esplanada junto ao mar, mas sempre com aquele incomparável humor onde a verrina se esbate num apurado sentido crítico e aquela capacidade muito dela de transmitir um notável sentido de amizade e solidariedade. Sem rodriguinhos, muito genuína.

O rosa-cueca faz nove anos. Parabéns a um dos meus blogues eleitos desde sempre e

Tchin Tchin
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quinta-feira, setembro 22, 2011

Nem precisa de entrelinhas



[4420]

- Alberto João Jardim defendeu o Estado Social Madeirense.
- Alberto João Jardim apostou no investimento público para sair da crise.
- A Madeira teve que enfrentar a crise internacional.
- A Madeira teve que enfrentar a crise internacional e a destruição do temporal.
- O temporal de 2010 não foi suficiente para estimular a economia.
- Alberto João Jardim defendeu a Madeira.
- Alberto João Jardim não estava mesmo disponível para governar com o FMI.
- Foi uma mudança de regras contabilísticas …
- A Madeira não precisa de ajuda.
- O governo da república está a pôr em causa a unidade europeia.
- Alberto João Jardim já desceu o défice antes e sabe como fazê-lo.
- Há vida depois do défice.
- Na Madeira não há obsessão pelo défice.
- A obsessão pela dívida gera efeitos recessivos, como o mostram as medidas da troika no continente.
- A Madeira é vítima da falta de líderes políticos no Estado Central e na Europa.
- As contas da Madeira derraparam por causa de um desvio colossal no Porto Santo.
- A Madeira é vítima das agências de estatística do Continente.
- Ao contrário do Continente, a Madeira aposta no emprego público bem remunerado.
- A Madeira aumentou o défice porque quis.
- A atitude economicista do governo central em relação à Madeira é tão odiosa como o comportamento de Merkel em relação aos PIGS
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Este naco do João Miranda é uma preciosidade. Para além de consubstanciar a enfatuada arte do ridículo, deveria ser de leitura obrigatória para os socialistas em geral e para alguns socialistas, que eu cá sei, em particular.
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sexta-feira, agosto 26, 2011

Natural born free (No mundo «desrotinado» a que, por ventura, pertenço)



[4395]

Tive tudo e não tive nada
fui rico e pobre de pedir
e para o resto da jornada
dava-me jeito descobrir
se o que me espera além da estrada
é uma nova madrugada
ou uma noite de fugir.

E desta dúvida cativo
sinto-me livre e sobrevivo.

O título do post é meu mas o poema é do Torquato da Luz. Sensível, certeiro e prenhe de gosto pela liberdade em vida, apesar da evidente angústia pelo desconhecido. Como é que o Torquato em tão poucas linhas diz tanto? E tão bem?
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quarta-feira, julho 13, 2011

O João faz falta





[4351]

Não é gralha. É João, mesmo. Não é o Zé, aquele do milho, cevada, centeio e fava em Sete Rios, da estandardização dos atoalhados dos restaurantes da baixa, o exterminador dos restaurantes do Campo Pequeno ou o «empata-fórmulas» do túnel do Marquês (que nos custou, de resto, uns trocos que ele deveria ser obrigado a pagar…). Esse Zé faz-nos falta, tanta como uma criação de pulgas no Rossio cheio de «indignados», mas lá vamos vivendo com a falta que ele nos faz. De quem falo é do João. Este, um dos mais acutilantes e argutos bloggers do nosso acervo blogosférico, que resolveu ser convidado para adjunto de ministro dos assuntos parlamentares.

O Portugal dos Pequeninos passou a dar-nos ópera, livros, ópera, poesia, ópera e ópera. Deu-nos até um post sobre a indesmentível excelência de um moscatel de Setúbal. Não queria desmerecer dos posts do João, porque a qualidade do que ele continua a oferecer-nos permanece intacta. Mas não é bem aquilo a que estamos habituados. Queremos sangue. Peixeirada, pedrada no charco. Com o brilho, o português irrepreensível e o toque certeiro do João. Assim como as coisas estão, creio que o governo poderá até ter ganho um bom adjunto. Mas nós é que nos arriscamos a perder um bom blogue. É isso. O João faz falta.
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segunda-feira, julho 04, 2011

Sermão da Montanha


[4339]

Aturar esta rapaziada no poder já exigia contornos de resistência muito acima do que permite a força humana. Aturá-los na oposição começa a ser uma das nove bem-aventuranças do Novo Testamento. Resta-nos assim esperar a vinda do Reino de Deus através da palavra e acção de Jesus que tornem a justiça divina presente no mundo. E, assim sendo, que a leitura da sua produção diária nos seja leve como a terra que a todos nos há-de comer. Ámen.

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sexta-feira, julho 01, 2011

A ler



[4335]

Mas a história dessa gente nascida nos anos 30 e 40 do século passado e que não se conformou com o destino não só merecia muito mais respeito e estudo como, neste momento particular, é uma espécie de bofetada na cara de todos nós e muito em particular daqueles ditos jovens que atochadinhos de canudos ficam muito indignados porque a senhora Merkel não lhes garante a casa e o emprego para toda a vida.

Ler o artigo todo, da Helena Matos, no Público, aqui.

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domingo, junho 26, 2011

Com a devida vénia (ainda as presidentAs)




[4331]

Se Assunção Esteves não foi estudanta da Faculdade de Direito, custa-me aceitar que possa ter sido concorrenta ao cargo de Presidenta da Assembleia da República. Todavia, nada tenho a opor ao facto de ser ex-juíza do Tribunal Constitucional. Em todo o caso, depois do discurso que fez, por mim Assunção pode ser o que ela quiser. E se fizer questão disso, até direi que é uma excelente (ou deverei dizer excelenta, Excelência?) Presidenta. Agora, estou certo de que, sendo Assunção jurista, não me obrigará a reconhecer que eu próprio sou um juristo. Da mesma forma que nunca me ouvirão tratar Cavaco Silva por Seu Excelêncio.

No Delito de Opinião, pelo Rui Rocha


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quarta-feira, junho 15, 2011

Portugal dos Pequeninos




[4315]

O Portugal dos Pequeninos completou 8 anos. Mesmo um pouco atrasado, um grande abraço ao João de um leitor indefectível e um brinde com espumante, por causa da crise.

Tchin Tchin
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terça-feira, junho 07, 2011

A última mentira (2)




[4304]

Não resisto a respigar o ponto 11 deste post-delícia da Ana (muito medita esta mulher na pastelaria, depois sai-lhe disto…) e a propósito do meu post abaixo A última mentira:

«…Sócrates faz um discurso interminável. Deu o seu melhor. Ama Portugal e os portugueses. Ele ama-me, porra! Sinto um arrepio. E acaba a dizer que vai para casa tomar conta dos filhos. Julgo ver os olhos marejados de lágrimas de Silva Pereira mas não consigo comover-me (e eu fico sempre triste pelos que perdem – mesmo quando não os gramo: mariquices)…»
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segunda-feira, maio 30, 2011

Tiros no pé? Mas isso não era só com PPC?

[4286]

Em matéria de tiros no pé, um excelente post do Henrique Raposo. Para que se não diga que os pés de Passos Coelho estão cheios de buracos e que os pés dos outros passam incólumes o tiroteio da campanha. Ou de como os nossos políticos não são, de uma vez por todas, capazes de assumir uma liderança eficaz contra a fraude, formatada em regimes sociais desenhados para agradar ao rebanho, sem quaisquer escrúpulos e que dão pelo nome romântico de «esquerda»

«Dr. Paulo Portas, eu pensava que usar a coisa do "eu sou mais de esquerda do que x"...

... não era para o CDS-PP. Eu pensava que o CDS-PP era um voto de direita sem complexos. Eu pensava que ter preocupações sociais não é o mesmo que estar à esquerda de y. Ver a direita - que se diz de direita - a usar a falácia do "estou à esquerda de" é triste. Roubar votos ao PS não se faz por aqui. Roubar votos ao PS faz-se mostrando que há outros caminhos para sair da pobreza, que há modelos sociais bem mais eficazes do que aqueles que dizem "ai, eu estou mais à esquerda do que y". Dr. Portas, não fique com os vícios dos partidos grandes catch-all antes de o ser. O caminho do CDS é ser um catch-all ou um partido de direita sem complexos? Querem crescer porque sim, ou querem crescer porque representam alguma coisa? O CDS-PP novo e tal só faz sentido se representar uma mudança cultural, uma direita sem complexos, se apanhar gente nova que não tem problemas em dizer "sim, sou de direita e não digo 'estou à esquerda de y' para me sentir superior". Aliás, V. Exa. tinha este discurso há uns meses.

Ouvir, nesta hora h, o líder do partido que se senta à direita dizer "ai, eu sou mais de esquerda do que y" é uma desilusão. Porque transmite, mais uma vez, que preocupação social é sinónimo de esquerda. Não esperava que este cliché aparecesse, nesta hora, na boca do partido que supostamente representa um voto numa direita sem complexos e que devia saber que as direitas têm tanta preocupação social como a esquerda. Dr. Portas, mantenha o caminho ("sim, sou de direita, so what?"), e não se ponha com malabarismos esquerdistas.

V. Exa. podia dizer que há um modelo social cristão ou católico, podia falar da doutrina social da Igreja, podia falar da importância social dos corpos intermédios (os centros paroquiais, as misericórdias, as escolas religiosas, etc., etc.) e da necessidade de aumentarmos os apoios a esses corpos intermédios, que são um verdadeiro Estado Social orgânico e mais eficaz do que o Estado Social oficial. Mas, em vez dessa mensagem, V. Exa. aparece a fazer contrabando esquerdista?! Não havia necessidade, dr. Portas.

O que se vê nos jovens do CDS, nesta nova vaga - fortíssima, diga-se - é o orgulho em estar à direita. Têm orgulho em dizer que são democratas-cristãos, ou conservadores, ou liberais, ou liberais-conservadores (à Cameron). É esse o valor do CDS. É uma marca cultural de fundo, representa uma mudança geracional. Ora, tiradas como esta, dr. Portas, traem esta viragem cultural, este orgulho de estar à direita, essa coragem para estar à direita.»

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sábado, maio 28, 2011

Obrigado, Joana

[4283]

Andava há uns bons dois dias a mastigar como é que eu havia de dizer isto, exactamente isto, sem tirar nem pôr, até que a Joana se encarregou de o fazer por mim. Como ela o fez com o brilho habitual e aquela clareza e qualidade invejáveis que a caracterizam, limito-me, comodamente e com a devida vénia, a copiar.

«José Sócrates habituou-nos ao longo de seis anos ao pior, e os anos que o antecederam não foram propriamente bons. Foi um péssimo primeiro-ministro que levou o país à bancarrota, negando as evidências, ocultando factos, mentindo. Viu-se, ele e a sua família, envolvidos em casos da justiça, esbanjou milhões em projectos sem nexo nem futuro, foi autoritário, autocrático, puniu a critica à sua pessoa. Agora, em fim de ciclo JS – e o seu governo – são o peso e a medida, são a referencia. Para nosso mal, e perante tal peso e tal medida não é difícil encontrar melhor. Perante o mau, o medíocre até brilha e parece bom, ou dizendo de outra maneira: em terra de cego, quem tem um olho é rei. É neste contexto que se enquadra Pedro Passos Coelho: ele tem o dito olho na terra de cegos. É muito melhor do que José Sócrates, mas é fraco, é um mau líder, é uma pessoa sem o peso que se acredita que homens(mulheres) de estado devem ter.

O facto de eu votar nele não diz bem dele, diz mal das alternativas. E diz também que eu acredito que só um resultado bastante favorável ao PSD (e não ao CDS) dá a mínima esperança de um governo credível e estável, e que gostava de acreditar que PPC será melhor primeiro-ministro do que é líder do partido. Somos muitos a pensar assim. Não pertencemos às estruturas de nenhum partido, não somos filiados, mas votamos de acordo com o que, no momento, acreditamos ser o melhor para o país. Se PPC não percebe, não vê, não sente este fenómeno então anda mais alheado da realidade do que seria desejável, e esse alheamento não é bom. Muitos votantes do PSD preferiam claramente outro líder: Paulo Rangel, Rui Rio, mas terão que votar neste. E votam, mas o voto não é certificado de cegueira, surdez, placidez acrítica ou estupidez.

Exultaram quando PPC, com mérito, fez um bom debate com José Sócrates, rejubilaram com o primeiro vislumbre de derrota no semblante, gestos, e argumentos do actual primeiro-ministro, mas todos os dias se sentem frustrados com os sucessivos tiros no pé da liderança do PSD, dos quais destaco o caso Fernando Nobre que custará alguns votos que se desviam para o CDS. Ontem, PPC armado em virgem ofendida, como se nós tivéssemos esquecido a contra-campanha orquestrada por ele (seus conselheiros, sua máquina comunicacional, com o apoio de tantos meios de comunicação) contra Manuela Ferreira Leite na anterior campanha eleitoral, queixa-se de José Pacheco Pereira que, segundo Maria João Marques que escreve este post a merecer leitura na íntegra, tem mais neurónios que os conselheiros de PPC todos juntos, como de resto se vê pelos resultados das sondagens depois de seis anos de Sócrates e da sua tão pessoalíssima bancarrota.

É sintomático este desconforto perante a crítica, José Sócrates sempre o teve (caso Manuela Moura Guedes) e Pedro Santana Lopes também (caso Marcelo Rebelo de Sousa). Ambos (MMG e MRS) tinham um espaço de grande audiência e de qualidade (outro valor normalmente desprezado). Também sintomático é o pouco apreço que os portugueses, através da vozes dos seus líderes políticos, dão à liberdade. Liberdade de pensar, de opinar, de escrever com qualidade, liberdade de querer ou não ser deputado. Liberdade de ‘ser’ fora do controle do aparelho partidário. Preferiam pensadores e opinadores formatados pelo partido (pelo menos para efeitos de intervenção pública), que – à maneira de António Costa, por exemplo, se contorcem tantas vezes para defender o indefensável. Disso já gostam. Disso não se queixam. Outro tiro no pé. Resta saber quantos pés sobram até ao dia 5.»
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segunda-feira, maio 09, 2011

Coisas boas



Clicar para ler melhor



[4154]

Talvez poucos augurassem tão retumbante sucesso ao Sabor de Maboque, da Dulce. Mas ele aí está, na sua 3ª edição e preparando-se para uma edição portuguesa muito em breve.

A Dulce, com o seu livro, prestou um bom serviço à família, aos amigos e conterrâneos, a Angola, Portugal e o Brasil e até a ela própria. Talvez não lhe ocorresse que estava igualmente a prestar um bom serviço à cidade onde reside, Campinas, BR. Mas o presidente de Câmara, prefeito como lá se diz, não estava distraído. Por isso mesmo, no grupo de personalidades que decidiu distinguir por bons serviços prestados à cidade ele não se esqueceu da Dulce e nomeou-a no capítulo da literatura. Um simples acto de justiça, afinal e é já amanhã à meia noite, hora portuguesa.

Sei que a Dulce estará bastante orgulhosa pelo evento e daqui modestamente me associo à sua alegria. Por isso mesmo lhe presto também esta pequenina homenagem dirigida sobretudo àqueles que ainda não leram o livro. Ao mesmo tempo que lhe deixo aqui o registo sincero da minha alegria pelo seu sucesso e me atrevo a dizer-lhe que está na altura de puxar pela caneta outra vez.

Parabéns, Dulce
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quarta-feira, abril 27, 2011

Macacos me mordam se amanhã não lhe conto os caracteres



[4141]


Amanhã vou estar. Levo um ábaco para ver se a Ana Leonardo sempre tem 500 caracteres e uma caixinha de kompensan para o João Gonçalves. Mas tenho a certeza que gente interessada e interessante proporciona sempre boas conversas.




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