Já envergonha
Faz-me muita confusão (mas não devia…) perceber que o meu
país está gradualmente a ficar refém de um limitado número de desordeiros que
se entretêm a ocupar ministérios, Assembleia da República, interromper actos
públicos e insultando governantes em linguagem de carroceiros (de carroceiros
malcriados, porque os há decentes).
A comunicação social resfolega com isso e vai transmitindo
estes espectáculos com uma linguagem adequada, qual seja aquela língua de trapos que
aprenderam na faculdade ou, de outro ângulo de análise, transmitindo um sentido
aos acontecimentos que está longe de ser correcto e verdadeiro. Isto não está
bem. O país não é isto e eu diria mais. Os tremendos sacrifícios a que a população
em geral tem vindo a ser submetida mereciam deste grupelho de gente comandada
pelo PC, por via da CGTP e da anódina e irrelevante UGT, mais respeito. Porque são
gente que sofre na pele os efeitos de uma crise para a qual não contribuíram,
salvo, quiçá, o voto que depuseram num partido irresponsável como o Partido
Socialista e que, em muitos casos, não têm sequer a garantia de um posto de
trabalho, como tem a maioria destes ditos sindicalistas e demais figurantes.
Há ainda as elites. As aulas magnas, os novos partidos, as
esquerdas renovadas (muito se renovam as esquerdas para dizerem sempre a mesma
coisa…) e os intelectuais que nos enchem a cabeça com esta conversa redonda do
dia-a-dia e que nos enche as televisões e que, tal como os sindicalistas e
outros figurantes, estão bem empregados, ou «pensionados», mas acham imensa
graça pairarem na ribalta dos noticiários com ideias mais ou menos arrevesadas
sobre a putativa felicidade do povo português.
Já cansa. Os portugueses não merecem esta gente. Merecem que
a crise passe depressa, para o que têm já demonstrado uma notável acção participativa
e continuam impermeáveis até aos apelos à violência das elites que querem correr
o governo à paulada ou dar tiros parecidos com o que matou o rei D. Carlos. E a
pergunta, final, é. Na verdade, acções como ocupar ministérios ou fazer greves
já nem se sabe porquê, são acções legais? Parece que agora querem pôr mais
vinte polícias em cada ministério. E isso significa o quê? Que a ocupação era
ilegal e havia polícia a menos? Mas se era ilegal, estão á espera de quê para
deter os Arménios que aparecem de dez em dez minutos nas TV’s, os Lourenços
pauliteiros ou mesmo as Rosetas ressabiadas?
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Etiquetas: chantagem política, cretinismo militante, momento político