Metereologia 24 h

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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Duas idiotas não fazem uma inteligente

"Espero que esteja tudo bem consigo" - pergunta Elvira, num dos comentários que simpaticamente aqui deixou, após regressar das férias.

Acho que a Elvira deve ter um dedo de adivinha. Porque de facto vêm aí mudanças para a minha vida. Mas, não faço ideia do que aí vem.

Pela primeira vez em toda a minha vida, pedi dispensa definitiva do trabalho. 

Acontece que recebi o ordenado hoje... e até se abriu a boca.
Nunca antes ganhei tanto com tão pouco esforço.

Se calhar fui uma IDIOTA por dispensar este emprego. 
Uma idiota por não querer ser comandada por outra IDIOTA. 
Só que esta, de uma idiotice de outro nível.


---

Não é novidade que existiu uma contenta entre mim e a chefe - por uma coisa muito idiota. Por causa dela, a mulher deixou de me falar adequadamente nos dias seguintes e exibiu alguns comportamentos infantis. Um deles foi dar-me o pior horário de trabalho no mês seguinte. Uma pequena "vingançazinha" de pessoa mesquinha que, tendo oportunidade de prejudicar outra, abraça-a infantilmente, ao invés de a rejeitar. 

A situação voltou a repetir-se. Ou melhor, a chefe voltou a fazer uma grande tempestade num copo de água. Nem percebi porquê lhe deu tanta vontade de barafustar. Não existiu qualquer motivo para tal. Não cometi nenhum erro, não prejudiquei ninguém... o trabalho estava a correr bem, mas um pouco parado. E por isso propus no grupo de trabalho que se alguém tivesse interessado numa folga, eu estava interessada em trabalhar. 

É natural... as pessoas trocam turnos, fazem propostas...
Eu não sou muito disso mas, há sempre uma primeira vez. Então deixei a proposta no ar. Não foi como se estivesse a forçar alguém! Nem exigi nada. Porque só isso justificaria a reação dela. Depois de ler esta minha sugestão, ela escreveu o seguinte: "Fulana, quando perguntei quem queria fazer horas extra não disseste nada. Agora esperas que os teus colegas dispensem dos seus dias de trabalho para ti??? Não gosto nada disso!"

Eu li a mensagem e fiquei pasma. Mas... porquê aquela agressividade? E de onde veio aquela interpretação?? Quando é que ela perguntou quem pretendia fazer horas extra? E porquê estava a usar isso contra mim? Estava a castigar-me, ficava implícito. Por não me ter oferecido para fazer horas extra há quatro semanas atrás, estava agora condenada a não ter direitos? Nunca mais poderia propor nada? Mas isso é ser chefe? Mas afinal o que fiz eu de errado ao escrever aquela simples e inofensiva mensagem sugerindo uma troca de folga por um dia de trabalho? Nunca pensei, nunca me ocorreu, que ia ter uma resposta como aquela.

E não ficou por aí. Porque ao lê-la, caí no erro de responder. Não gostei da implicação que ela fez: de que estava a prejudicar os meus colegas e que não me oferecia para fazer horas extra. Porque não era verdade! Ela havia pedido para fazer horas fazia 5 dias. E assim o fiz. Trabalhei até há uma da manha.

Agora estava a acusar-me de não me oferecer?

O que mais me custou da outra vez foi ouvi-la retratar-me de forma oposta ao que sentia estar a demonstrar. Estava a acontecer novamente. E assim não podia ser. Como posso trabalhar para uma pessoa que diz que ando pela esquerda, quando ando pela direita? Que me acusa de pegar no telemóvel quando não gosto de telemóveis?

Portanto existiu na sua resposta uma quantidade muito equivocada de afirmações, todas entregues com agressividade. Disse-lhe para deixar estar... Da maneira como ela deixou claro estar descontente estava obvio que NINGUÉM IA OUSAR, mesmo que quisesse, trocar um dia comigo.

Mas ela continuou. Ainda respondeu que não se falava mais do assunto, não queria ouvir mais uma palavra a respeito!

Ora...
Ela cria toda uma discussão e depois até sente-se no direito de silenciar qualquer possível intervenção. Isso é um atentado à liberdade de expressão. Foi aí que percebi: "mas ela é uma IDIOTA!".

E foi aí que decidi que não ia ficar a trabalhar para ela.
Ainda assim, nada disse nesse dia. Não queria agir a quente.

Quando entrei no escritório, disse bom dia a todos e, quando me virei para sair, ela, que nada me disse, ruminou um "Hei?", ao que lhe respondi um simpático adeus e continuei o meu rumo. Afinal, tinha terminado o trabalho, já nada me prendia ali. E se ela escreveu que não queria ouvir mais uma palavra a respeito.... pensava o quê? Que ia ter com ela discutir o assunto??

Não quer diálogo não tem diálogo...
É olá e adeus e pronto.

Minutos depois recebi uma mensagem no telemóvel, dela. Escreveu assim: "Fulana, querida, é para te lembrar que ainda estás à experiência. Tem um bom dia!".

Interpretei aquilo como uma ameaça. "Ou fazes o que quero, ou te curvas e obedeces, ou serás castigada. Eu tenho poder sobre ti".

Quase que respondi: "Muito obrigada por me lembrar. Era o que precisava saber. Neste caso aviso-a que o meu trabalho acaba aqui".

Mas fui mais madura. A decisão estava tomada. Mas ia comunicá-la presencialmente.

No dia seguinte ela liga-me para perguntar algo e no final diz que temos de falar. Muito bem, quando? - pergunto. Ela não sabe dizer... Proponho ir ter com ela no final do meu turno para esse fim, mas ela rejeita a proposta, dizendo-se muito aterefada. Talvez na "segunda-feira"... responde ela. Ou seja: uma semana! Não estava para esperar uma semana até «sua magestade» decidir que tem tempo para falar. Se mencionou que temos de falar, que não usasse isso como arma de intimidação. Que fica a pairar no ar por sete dias... Perguntei-lhe então sobre o quê desejava falar. Mais um suspiro e ela diz:
-"Tu não percebes que atrapalhas os turnos dos outros? E depois ages como uma crianças de cinco anos!".

Ao que lhe respondi: "Fulana, eu quero terminar a minha colaboração aqui na empresa."
-"Está bem" - responde ela, num misto de surpresa e alívio.

(estava cansada de a ver usar essa possibilidade como ameaça)

-"De quanto tempo precisas?"
-"O tempo para sair são duas semanas".
-"Duas semanas (eu tinha lido uma apenas por lei). Que mais é preciso fazer?"
-"Deixa uma carta na minha secretária".
-"Está bem. Adeus."


Instantaneamente senti-me leve.
Gosto do trabalho - nunca tive um que surpreendesse tanto pela positiva no salário. E não é nada exigente. Mas pode ser aborrecido e monótono e chato (se as pessoas forem chatas e parvas). E nesses momentos não o suporto. Mas nunca irei encontrar outro como este, isso é certo. Ainda demais, é uma companhia privada. Não corria o risco de ser demitida como nas outras que a rodeiam...  Era mais "sólida". Só que, nas condições em que a encontrei... não quis arriscar cair nos erros do passado. Erros que me fizeram aguentar todo o tipo de abuso. Até o abuso se tornar pior, pior e eu acabar gravemente prejudicada. "Se ao menos tivesse terminado tudo como pensei tantas vezes..." - não queria passar por isso novamente. Então, na hora em que tudo ficou claro, segui essa visão.

Foi a primeira vez que agi assim.

Mas ficam dúvidas. E incertezas. Terei de aprender a viver com elas.
Receio de ter sido precipitada, receio de ter agido mal ao sair de um local sem ter outro para ir. Isso é que me assusta: não encontrar outro. E agora já não é qualquer um que me serve. Quero algo específico e sei o que não quero fazer.

E estou mais velha. Cada dia que passa... mais velha.
E o verão já acabou. Vão-se os empregos...

Nada está a meu favor...
Será que fiz bem?

Sei que há duas espécies de bem. E fiz bem, para o lado que negligênciei toda a minha vida. Mas preciso de viver, de dinheiro, de trabalhar que é o que me faz feliz...

Agora o tempo dirá o que sairá daqui. Para já, tive dois dias de ansiedade...
Não é muito bom. Mas também tenho de aprender a lidar com ela.

Entretanto, mais para se precaver, ela ligou-me no final do turno a perguntar se queria ir ter com ela para conversar. Então fazia três horas não tinha tempo, só dali a uma semana... agora arranjava tempo? Perguntou se mudava de opinião. Respondi que tinha de seguir o meu instinto... e que havia deixado a carta na secretária, como pediu.

No dia seguinte vieram ter comigo para confirmar se eu ia embora por causa dela. Queriam que apresentasse uma queixa por escrito, dizendo quais os meus motivos, para que a carta chegasse aos ouvidos dos superiores dela. Porque não é a primeira vez que ela age assim com as pessoas que estão debaixo do seu comando e não pode ser assim.

Só que se existiram outros - e sei que existiram - então porquê não foram os outros a escrever essas cartas? É um assunto que ainda vou ponderar. Pois não sei se tenho evidências suficientes. Tudo pode ser levado para a questão de "interpretação". Que foi a desculpa esfarrapada usada no primeiro emprego que tive, quando quis denunciar um caso de bulling. Era tudo "interpretação" minha... E de qualquer pessoa com a mesma queixa sobre o mesmo indivíduo.

Depois, não sou delatora. Nunca fui.
Tenho aversão a ir por detrás de alguém conspirar contra essa pessoa. Sou mais cara na cara, rosto no rosto, diálogo. Coisa que ela praticamente baniu... pelo que, ao agir assim, praticamente valida que se tente a via indirecta.

Este mês ela atribuiu-me 10 dias de folga. É um exagero. Dois a mais que o habitual e cinco a mais que uma rapariga que está a tentar proteger, influenciando os seus resultados finais. Deu-lhe os melhores turnos e só lhe deu a segunda folta após 15 dias. Isso vai reflectir-se no salário mas também numa competição que está a decorrer. O primeiro prémio são 100 euros. Adivinhem quem estava a liderar no início? Eu. Mas quem é que vai ser o vencedor? A protegida.

Com apenas 5 dias de folga no mês de Agosto e com os melhores turnos, a protegida vai ser a vencedora. Não há matemática que refute essas possibilidades. Existe uma outra colega que estava a aproximar-se bastante e é boa. Mas até aí a chefe influenciou o resultado. Ontem, penultimo dia da competição, sugeriu TROCAR de turno com a protegida, afirmando, inclusive, que era melhor para ela porque ia vender mais artigos para a competição!!

Ela tem a competição muito presente. Está sempre a mencioná-la. Portanto sei que as minhas suspeitas não são coincidências. Não me surpreenderia se o verdadeiro motivo por detrás do seu ataque verbal tenha sido o facto de não me desejar a interferir nos seus planos de me afastar o máximo possível das possibilidades de ganhar esse prémio. É que as minhas folgas coincidiam com o final do mes... a única altura em que podia recuperar. Ela não ia deixar...

E por todos estes detalhes mesquinhos, por estas coisas pequenas, acho que não vale a pena. Nunca sei o que vou encontrar ali. Nunca sei de onde vem o próximo grito, o próximo stress... e aquilo é um emprego que não justifica tanto aborrecimento.

Entretanto daqui a duas semanas a chefe vai de férias... pela quarta vez desde que lá estou a trabalhar. Não entendo como é que, tirando tantas férias, consegue regressar sempre mais furiosa, ao invés de calma. Mas agora isso já não me diz respeito.

A protegida vai ser recompensada. Não só vai meter ao bolso 100 libras, como a partir de amanhã tem uma semana de férias. Convenientemente tiradas "pós" competição. E já planejou tirar outra semana daqui a 10 dias. Adivinhem quem é que vai fazer horas extras na sua última semana de trabalho???? Enquanto a favorita vai de férias e não há mais ninguém? Parva fui! Porque foi por causa disso que me demiti e agora fiz-lhe o favor de lhe facilitar a vida... até precisava de estar mais livre para planear a minha vida. Mas não... pensei que ela não tinha mais ninguém.... senti compaixão. PARVA, IDIOTA!


Gostava que alguém demonstrasse preocupação comigo e com o emprego que vou conseguir. Isso é que seria de utilidade. Mas até agora só me abordaram porque me querem usar como ferramenta para expor a chefe pelo que ela é...

Mas se ela sair, outra igual vai para o lugar. E talvez uma que seja mais difícil de apontar os erros... uma mais sabida.

Por tudo isto, terei feito bem? Terei feito mal?
Só Deus sabe.

O que eu sei é que fiquei num emprego para lá do tempo em que me sentia confortável nele e essa decisão foi catastrófica. Sofri muito e a consequência injusta deixou marcas. Depois a minha outra grande decisão errada: ficar demasiado tempo a viver naquela casa com aquele tipo. Quando decidi sair, voltei atrás. Tudo para um mês depois sair de vez. O meu primeiro instinto estava correcto. Mas eu, ingénua, crédula... deixei-me levar pela esperança, pela crença de que é possível uma convivência cordial, seja no campo profissional ou pessoal...

E voltei a sofrer com isso.

Foi por ter passado por essas experiências que agora tomei a decisão contrária aquela que me é de costume. Cortei o mal pela raiz, antes que esse mal pudesse me prejudicar ainda mais.

Desejem-me muita sorte, do fundo do vosso coração!!!


Abraços carinhosos,
Portuguesinha

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Mensagem enigmática resultado: desconhecimento e ansiedade


Começou um mês depois de estar no emprego. A superiora apareceu no posto turístico no exato momento em que estava cheia de clientes. Foi o dia em que facturei mais, até hoje. Porque de início ao fim, não parei de atender pessoas. Não tive tempo nem para engolir uma cereja que tinha trazido comigo. Escusado mencionar que durante as 8 horas de trabalho não fiz uma única visita ao WC.

 Ao vê-la chegar tive tempo de lhe esboçar um sorriso. Mas ela, nada. Nem pareceu reconhecer a minha presença. Sem dizer uma palavra, um cumprimento, percebo que tem o semblante carregado. E com essa má cara começa a desviar uns centímetros para lá e para cá os publicitários visuais normalmente presentes neste tipo de locais. 

Quero lhe falar, mas estou com clientes a fazer fila. Só tenho tempo de a ver a mexer nas coisas como se estivessem mal colocadas e a ouvir refilar por faltarem alguns panfletos nos mostradores, por os clientes se aproximarem e tirarem um exemplar de cada um. E antes que conseguisse atender todos os clientes, antes de lhe poder falar, ela foi embora.

Deixou contudo algo no ar. Uma energia negativa, pesada, que ficou palpável.
Fui surpreendida. Senti de imediato que o ambiente tinha-se alterado. Estou sempre contente no local de trabalho mas naquele instante percebi que o meu estado de espírito tinha  mudado. E porquê? O que tinha acontecido? O catalizador tinha sido a energia negativa que ela abandonou no local e que pude sentir instantaneamente. Subitamente já não me sentia feliz, o dia estava estragado, tinha deixado de apreciar a função. Tentei concentrar-me no atendimento e extrair daí a habitual felicidade. Mas algo mudou e durou quase até o final do turno.

Para com os meus botões pensei: "tenho de lhe mencionar isto. Que estranhei quando chegou, não me cumprimentou e foi embora sem me dar oportunidade de lhe falar. Tem de perceber que os panfletos que faltavam era porque, obviamente, os clientes os levavam e como estava ocupada a atendê-los uns atrás dos outros, não deu tempo para encher com mais. Nem faltavam tantos assim mas para ela, bastou alguns, bastou uns centímetros de espaço a mais ou a menos do sítio que só ela consegue visualizar que as coisas têm de estar. 

Diria que mais de metade da minha função é "perdida" a dispensar tempo a explicar a não-clientes que ali passam coisas que não são de minha competência, mas que eles esperam que seja, por a empresa carregar no nome a palavra "turistas". Todas as dúvidas que lhes passa pela cabeça, até por preguiça de se informarem no google maps, ou antes de viajarem, chega ali e eles esperam resposta imediata. Por exemplo, ontem, uma mulher chegou-se a mim só a falar o que supus ser russo. Não parava de falar, de gesticular, de me enfiar o telemóvel pela cara a dentro. Outra a falar frances (para não mencionar os que falam só em espanhol), todos esperavam à força toda que lhes colocasse o telemóvel a funcionar. 

Uma exigência muito comum por ali, visto que os turistas nem sempre conseguem se ligar com os seus telemóveis à internet local. Ou não sabem fazer chamadas, não conhecem os indicativos, não têm um telemóvel que funcione fora do país, etc...

Por mais que tente os ajudar - e tento sempre, por vezes dificultam-me a vida, ao não saberem falar inglês, por exemplo. Mas o pior é quando os telemóveis vêm com aqueles caracteres que são "desenhos" para nós. A senhora que supus russa nem tinha o telemóvel com caracteres iguais aos nossos. Os chineses então, quando me mostram os telemóveis todos em caracteres esquisitos que não sei ler - como supõem que os posso ajudar?

É uma situação que se repete constantemente. Acabei por ajudar e muito a senhora que só falava comigo sem parar em russo. Mas sem entender oralmente o que me dizia. Para ela se ligar à net "gratuita" tinha de se registar no site. Mas "cadê" que ela tinha um email? Nada. Quando finalmente percebeu, introduziu um que não foi reconhecido. Tentei introduzir um meu, mas o telemóvel não tinha os caracteres certos. Acabei por lhe indicar onde ficava a internet a pagar e depois perguntou-me onde eram os lavabos - outra questão muito recorrente por ali. Onde fica o WC, a saída, o parque de estacionamento, porquê o telemóvel não funciona, porque é que não conseguem se ligar à net....


Enfim.

Duas semanas depois uma outra situação resultou num "confronto" directo entre a superiora e eu. Como ela me pediu, deixei uma mensagem no grupo avisando que estava a ficar sem stock de um determinado produto e a perguntar se o podia requisitar numa loja com quem partilhamos produtos. A resposta escrita dela foi esta:

-"A culpa é tua! Não disseste quanto te restou portanto se agora falha é por tua culpa! Eu te avisei quando começaste a trabalhar que todos têm de me dizer quando o stock é menos de 100! Todos fazem isso menos tu. Custa assim tanto? Achas que consegues fazer isso?!!!!".

Eu escrevi-lhe de volta, desta maneira:
-"Simpatizo contigo mas por vezes tens uma forma de falar desnecessariamente agressiva. Se não fiz como indicas é porque desconhecia que existia esse procedimento. Fiz exatamente o que me ensinaste. Registei as transacções na folha de stock e escrevi aqui no grupo. Mas falamos quando chegares, está bem? Cumprimentos".

Nesse dia ela chegou com meia-hora de atraso para me substituir e com má cara. Não se dirigiu ao assunto. Começou de imediato com implicância: "Pensei que já tinhas terminado" (quando só posso terminar de atender clientes e fechar as contas quando aparece quem me vem substituir). "Despacha-te que eu preciso do computador". "Já vim tarde intencionalmente para te dar tempo para te despachares".

Acabei por ser eu a puxar o assunto e achei que tinhamos falado abertamente. Ela acusou-me de tantas falhas que por uns instantes fiquei calada, achando que não adiantava argumentar. As situações estão sujeitas a interpretações. E estas podem estar correctas ou equivocadas. O que ela me estava a dizer é que eu tinha "desculpas" para tudo. As minhas explicações para a situação - inclusive aquela que descrevi acima, eram "desculpas". Se é assim que vai interpretar tudo, então sabe-se que é infrutífero tentar uma argumentação. Se a pessoa é teimosa, estabelece o seu ponto de vista a partir de uma observação sem fundamentá-la ou contextualizá-la e teima que está certa, sabe-se que qualquer argumento cai em saco roto.

Além de me criticar por isso, acusou-me de "chatear" os colegas com uma dúvida que eu devia saber por ela ter dito na formação. 

Do muito que tive de aprender, acho que me saí muito bem. Para quem só estava ali há 30 dias, achava que me estava a sair bem mas, depois das suas palavras, percebi o quanto estava equivocada. Acusou-me de falta de consideração para com os colegas, por ter visto panfletos em falta e por ter dúvidas e recorrer a eles para as esclarecer. Sendo tão nova na empresa, esperava um pouco mais de compreensão para com dúvidas que pudesse ter. Afinal, estou a exercer funções há muito pouco tempo. Acho natural se existirem dúvidas. E acho pior dar uma informação errada a confirmar.

Mas este ponto de vista é um erro meu. Hoje em dia não se querem pessoas assim. Hoje em dia é suposto uma pessoa FINGIR QUE SABE TUDO. E se não sabe, inventa. Finge que sabe e só depois é que vai informar-se, sem incomodar ninguém, usando motores de pesquisa como o google.


O desconhecimento e a busca por saber deixou de ser bem visto. Pretende-se pessoas máquinas, que nasçam pré-programadas com um chip de conhecimento e com um software anti-erro.


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A realidade é que entendi que estou inserida, por duas frentes, num ambiente com pessoas controladoras que esperam telecomandar os outros à distância. Mais tarde explicarei. Uma pessoa pode tolerar, fazer vista grossa, respirar fundo como acabei de fazer e seguir em frente. Se calhar, é só isto que lhe resta, realmente. Se calhar este foi o destino e a escolha de todos os que alguma vez trabalharam para outro. Há sempre alguém que não "regula bem" mas que não pode ser contrariado. Sempre sapos a engolir. Sempre incompetências de tua parte.


Bom, sem querer me alongar neste assunto, quero só explicar a situação em que me encontro agora. A realidade é que dou por mim em aflição cada vez que vou trabalhar. Tenho receio de não encaixar bem um panfleto no sítio e por isso escutar uma reprimenda, tenho receio de ir ao WC na hora errada, receio de escolher consultar o grupo no telemóvel no momento errado, receio de estar posicionada na cadeira na direcção errada (sim, fui criticada por isso), receio de não ter o aviso publicitário para a esquerda ou direita, centímetro a mais ou a menos correcto... Receio de ser vítima de uma cilada. Esse receio é fruto de experiência de vida e surgiu agora mesmo.

Para que entendam, recebi agora pela manhã uma mensagem da superiora, dizendo para ir ter com ela antes do meu turno começar. Como podem imaginar, uma pessoa teme o motivo do pedido. Será que vem aí outra reprimenda? O cérebro começa a pensar "o que será que fiz errado" e um «filme» de possibilidades começa a desfilar. O coração fica aflito o espírito irrequieto. A preocupação instala-se. Este tipo de aflições são como um cancro no espírito, que pode muito bem trazer malfeitas também para o corpo.

Será isto que eu quero?
Deverei me sujeitar?
Dúvidas...

Agora estou aqui, a desabafar e a tentar fazê-lo rapidamente. Quero sair de casa com duas horas de antecedência e descobrir de uma vez por todas que assunto poderá ela querer comigo. Será que foi porque ontem viu o publicitário fora do lugar? Será que isso é motivo tão grave assim? Ou será que teve queixas de alguém? Uma colega foi armar conflitos? Ou será que foi outra pessoa? Ou será que não se passa nada disso? Será que me vai demitir atestando uma incompetência incompatível com as espectativas? 

É exatamente isto que não quero para mim. 
Não devia ser assim.
Não esperava que fosse.

Espero que não seja. 
Mas se existe pessoa com tendência para este tipo de coisas lhe acontecerem, essa pessoa sou eu. Tenho de aprender de uma vez por todas. Seja lá que lição tenha de tirar daqui. Se for para fingir competência e conhecimento, que seja! Em roma sê romano... não é mesmo?

Mesmo sabendo que fui eu que ensinei algo a uma colega que surgiu na empresa dois meses antes de mim, e tendo a percepção que não falhei tanto assim ou cometi erros graves - pelo menos que tenha conhecimento. 

Da vossa experiência de vida e por aquilo que observam, o que têm a dizer?

segunda-feira, 7 de abril de 2014

A história do patrão que vai escolher um funcionário para sub-chefe

Have you ever wonder...
...quando enviam o vosso curriculo se a pessoa que os recebe vai ligar para o último emprego para fazer perguntas sobre ti?

Por vezes interrogo-me se ao fazerem isso as pessoas do outro lado vão falar mal de ti. Existe tanto cinísmo no mercado laboral que não me surpreenderia. Não que pessoalmente tenha razões para me preocupar mas por vezes interrogo-me por isso mesmo.

Uma vez li uma história ficional sobre um patrão e seus empregados que contava mais ou menos assim:

Um patrão entrevista os seus quatro funcionários da empresa da qual acaba de se tornar chefe, com vista a promover um e possíveis despedimentos. Fala com o Joaquim e pergunta qual a sua opinião sobre o João, o Manel e a Maria. Este responde que o João é um porreiraço, um amigão, um bom trabalhador e colega. O Manel também é tudo isso e ainda por cima traz sempre um lanchezinho para partilhar com a malta. A Maria é assim, assim.

Depois chama o João, faz a mesma pergunta e o João elogia o Joaquim e o Manel nos mesmos parâmetros, dizendo que são muito amigos e convivas dentro e fora do trabalho, que riem e escutam música  mas que é distante da Maria porque esta não parece querer conversar muito.

O patrão chama então o Manel. O Manel reforça os laços de amizade com os restantes colegas homens mas também ele não simpatiza muito com a Maria. Diz que esta não é muito dada, é esquisita e que não parece querer conviver com eles.

O patrão então chama a Maria. Maria - diz-lhe ele, os seus colegas parecem estar sobre a impressão que você é a funcionária menos produtiva desta empresa. Como sabe vou promover um de vocês a sub-chefe. Parabéns, o cargo é seu. Parece que enquanto os seus colegas andam a divertir-se durante as horas de expediente, a Maria fica a trabalhar.