Metereologia 24 h

domingo, 23 de novembro de 2025

Entregues {a sorte>: reportagem sobre as crianças adoptadas sem grandes cerimónias na década de 70 na ilha das Lages

 ROSALINA: 

A reportagem começa com o caso de Rosalina. E apeteceu-me comentar o seguinte: 


Não julgues. Não julgues o teu pai. Nem a tua mãe nem ninguém. É preciso perceber como era a vida naquele tempo, a mentalidade, costumes e crenças daquela época e o que é a pobreza. 

Talvez o teu pai rejeitasse a adopção por achar que, a pesar de tudo, vocês eram filhos dele. E isso ninguém ia tirar dele. Ele não se via capaz de cuidar de vocês e quase que aposto que a mentalidade era de que esse era um dever para uma mulher. Noutros tempos era muito COMUM serem as mulheres a cuidar dos filhos. Um homem, quando enviúvava e tinha filhos, principalmente recém-nascidos, logo encontrava uma outra mulher com a qual casar. Era por oportunismo sim, mas também a mentalidade era outra e o empenho em fazer a união resultar tomada a sério. Até porque seria uma chatice se tivessem de procurar outra mulher para cuidar deles, da casa e das crianças. Mas não se imaginava, sequer, que crianças fossem educadas só por um progenitor masculino. Qualquer mulher ia pensar o mesmo: que as crianças precisavam de uma mulher para delas cuidar. E se não existisse no horizonte uma tia que pudesse arcar com os seus próprios filhos mais os sobrinhos, e não existisse qualquer possibilidade de arranjar nova esposa, então existiam as Freiras. Era sempre uma melhor opção - dito até mesmo preferencial - porque aí as crianças não passavam FOME. Num orfanato teriam um teto para as abrigar da chuva, roupa, comida acima de tudo para lhes forrar o estômago e muitas mulheres para cuidarem delas e as educar de formas que nem os pais sonhariam. Era visto como muito bom. 

Um homem, basicamente, naquele tempo e em algumas circunstâncias, era um ser quase inútil. No sentido de saber cuidar de alguém sem ser de si mesmos. E mal, diga-se. Alguns só sabiam sobreviver. Há base de vinho e pão seco. Não eram ensinados a cuidar deles mesmos. Só sabiam que, quando adultos, há que arcar com a família indo trabalhar. E à mulher cabia tudo o resto. Não sabiam muitos deles, cuidar deles mesmos. Lavar suas roupas encardidas, fazer o próprio almoço. O melhor que poderiam ter à disposição se calhar era uma maça roubada de um pomar qualquer. Eram como baratas tontas: dependiam de uma mulher para as coisas mais simples deste mundo. E as mulheres sempre ali: dispostas a ajudar, porque, afinal, era um "homem" e «homens» não sabiam se desenrascar nas lides do dia-a-dia. 

Outra forma que o teu pai biológico pode ter racicionado para consentir que a adopção acontecesse quando lhe ofereceram dinheiro, foi de facto ter sido convencido por ele. Mas não que tivesse à espera dele. Não é que vocês estivessem "à venda" ou tivessem sido vendidos! É que a necessidade faz a ocasião... e se calhar ele NUNCA ia ver tanto dinheiro em toda a sua vida. No pensar dele vocês não eram uma "coisa qualquer" para vos dar a quem vos queria de graça! Pode até ser ofensivo para um pai. O dinheiro, para uma pessoa que não é pobre, mas miserável, que é abaixo da pobreza, não se pode mesmo julgar. Visto que quem vos queria era, de certa forma, o "invasor" poderoso que tudo conseguia, talvez ele pensasse que não iam conseguir tão fácil assim levar os filhos dele como levaram os de muitos outros. A quantia oferecida se calhar até foi uma MIGALHA mas para uma pessoa miserável é ajuda pura. Ou melhor: é uma esperança no horizonte. Devido a se tratar de americanos endinheirados quando comparativamente à realidade Portuguesa, principalmente na ilha e logo após um sismo em que as pessoas perdem TUDO!!!

Imagino-me com filhos para cuidar, mesmo sendo mulher, nessa altura, sem família só eu e minhas crianças, sem nada para lhes oferecer nem sequer um pedaço de pão seco ou um sítio para morar... Fico indigente e vou submeter as minhas crianças a essa miséria. Por quanto tempo ia aguentar? Até achar que tinha de fazer o que seria melhor para elas? Por mais que me partisse o coração? E depois uma pessoa convence-se de que é provisório. Pelo menos a ideia é essa. Só que a vida não muda, nem sempre melhora... e outros passam-nos à frente com outras ideias, levando com eles o objecto do nosso maior afeto e razão de viver: nossos filhos. 

INGLES:
Don't judge your father. Maybe he accepted your adoption when money was placed on the table not because he was waiting to "sale" his kids. But because that's when he realized that you would be taken care off by people that could or maybe he felt valued and appreciated. Validated. Sometimes money as that affect on people - specially very poor people. Maybe he just tough that no one was going to take HIS children like they were taking everyone's else kids for free like if it was a "supermarket" "Kids for free just take one and go". Maybe he tough that it matter more.  

The mentality back then was much different. A man without a woman was NOTHING. They were not teach to take care of themselves to be auto-suficient. They depended on women for EVERYTHING. When they became widowers they wouldn't be able to cope so usually they would remarry really quick. Because the mentality was pretty much that is a woman's job to take care of children, house and husband (!!). It was a different reality. So much so that this "adoptions" were made the way they were, just out of "good will" and without the procedures that adoptions should have had. I bet a lot of money was given "under the rug" to many families just because they were not poor people, but miserably poor - after an earthquake even more miserable! Left with NOTHING! I am sure also some american's tought this to be a good opportunity to find a child they could parent without having to have too much trouble. Back then people would just "pick up" kids from the poor like if they were entitled just by their condition. And this to happen on an american base... in total isolation of an island... The Americans were the "all powerful". So much so that until recently this adoptions were kept in "secrecy" as if some Tabu not to be spoken off. 


 

sábado, 1 de novembro de 2025

Uma foto pode mentir bastante

 


Estão a ver este jovem na foto? 
Olhando para esta foto o que vocês julgariam?

Um pai extremoso pegando sua bebê do chão?

Pois vou dar-vos o contexto:

Quando estava eu a passar por uma loja de fast food gerida por indivíduos de crença muçulmana como praticamente todas do gênero são, este homem estava a abandonar a loja. Parece-me ver a silhueta de alguém, uma criança bem atrás. E é quando assim que sai fora da loja o homem vira-se para trás e diz:

Não sejas rude na "chicken shop". Tu nunca mais virás aqui".

Escutei estas palavras duras e achei um exagero este homem falar assim com uma criança. Por mais que a criança apronte, o que poderia estar criança ter dito de tão errado para escutar uma sentença tão definitiva?

Foi então que olhei para trás e vi o homem a beber sumo de uma lata, enquanto uma mulher com lenço na cabeça segurava ao colo uma criança parecendo ter menos de um ano de idade. 

A mulher era, claramente, a destinatária da imposição e crítica. 

Procurei o meu telemóvel porque queria registar o que vi e ouvi. Por altura em que consegui registar uma imagem o homem estava nesta posição.

O que ele fez foi severamente criticar a esposa por supostamente ter falado numa loja de forma que ele não gostou. Provavelmente a desejava muda. 

Mas o que ele fez depois foi ainda pior!

Ele passou-lhe a lata que bebia para a mulher segurar e arrancou a criança do colo da esposa, vindo a  pousar a bebê no chão.

Uma mensagem clara de punição, como se ela por se portar "mal", perdia o "direito" à filha. E as duas tiveram de ser "punidas" imediatamente logo ali.

Este homem faz parte de uma geração de jovens nascidos no UK.

Mas continuam a tradição de humilhar, mandar e desfazer da mulher e seus filhos. Continuam a trata-las como cidadãos de segunda classe. 

Dispensáveis e substituíveis.


segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Francisco Pinto Balsemão - já não entre nós

 

Sinto ainda pesar por receber a notícia de seu falecimento. Sinto, realmente, pena que certas pessoas não possam cá permanecer eternamente. Acho que é uma perda para todos nós. Será que entendem? 

Há pessoas, principalmente de uma certa geração, que são tão admiráveis, tão magnânimas que instantaneamente percebemos estar diante da presença de alguém "Pleno". Fico sempre com uma sensação de pesar quando mais uma figura assim desaparece desta terra. Elas fazem muita falta cá. 

São almas que admiro e respeito sem as conhecer. No caso do Pinto Balsemão, pude privar muito brevemente numa ocasião e é tão simples como isto: uma pessoa simpatiza quase de imediato e sente logo estar diante de alguém com saber acima da média, vivo, autêntico, esperto, com visão, gosto por viver e de bom senso - tudo junto com uma simplicidade típica dos humildes que não se elevam a Deuses. 

Uma pessoa sente-se bem na presença de uma figura assim. Pela autenticidade, simplicidade que dela emana. São pessoas que só o tempo as trai. Só a decadência do corpo as vai levar. Só o corpo envelhece, porque elas não têm idade. A mente continua clara, astuta, lúcida. Vivem no mundo e não desistem nunca dele. 

São cada vez mais escassas pessoas assim especiais. Quase todas que intuí como o sendo, nasceram e foram criadas numa geração da qual já não existe quase sobreviventes.

Gostaria que nascessem e se fizessem mais pessoas assim. 

Ainda por cima, Balsemão foi também um homem de família que, ao que parece e se escuta, conseguiu ter uma família unida e com amor uns pelos outros. Um feito que poucos que acumulam fortuna conseguem realizar. 

Diria quem nunca o conheceu de perto que era o homem perfeito - se formos a ler o que dele se diz nas letrinhas das notícias para as quais tanto contribuiu. Não apenas como mais um meio, mas como  professor, que instalou regras e princípios para o jornalismo responsável e livre. Abriu caminhos para que outros pudessem encontrar seus rumos. 

Julgo que tinha alma de professor. 
E era essa a sensação que transmitia: alguém sábio com uma diversificada experiência de vida da qual todos podiam tirar ilações e aprender. 

Que se façam mais pessoas assim. 

O universo precisa.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Estou na Berlenga Grande!

 

E estou a adorar.

Mais tarde tentarei publicar uma mini-toor do que esperar se desejarem visitar este lugar. 

Sabiam que desconhecia a sua existência de todo até há uns meses? Pois é!

É uma ilha reserva natural de Portugal e acho que é muito pouco divulgada. Pois como lisboeta não me recordo de falarem dela. Se bem que o nome Berlengas me diz algo... Mas posso estar a confundir com Bermudas😂

Apesar de achar que é pouco divulgada, mesmo estando a visita-la já no que chamam época baixa, a ilha está cheia de turistas. 

Aqui vão umas informações importantes e dicas:

É preciso se registar no site Berlengas pass, indicar o dia de visita e pagar 3 euros. O governo controla o número de pessoas que entram na ilha de uma vez, para que não interfira com o habitat natural. O limite está nas 550 pessoas por dia.

Se não conseguir se registar, não tem problema! Embora seja super simples. Porque podem-lhe fazer isso quando comprar o bilhete de viagem de barco.

Apenas outra dica: se se registar mas decidir marcar só quando tiver certeza do dia de visita e efetuar o pagamento, use o mesmo aparelho elétronico onde se registou. Eu não consegui de jeito nenhum entrar novamente para pagar. Me pede para recuperar a password indicando o email e depois diz que o email não está registado. Mas se for tentar abrir nova conta com esse email não deixa, diz que o email já existe. 

Existem diversas companhias de barcos que fazem a travessia de Peniche às Berlengas. Os preços são parecidos. Esteja preparado para abrir a bolsa 👜. Pode não ser muito barato para quem ganha um ou dois salários mínimos.

A companhia que usei disse cobrar 25 euros para ir e voltar nesta altura do ano. Mas depois tem os extras. Se a pessoa desejar uma visita às grutas num barco panorâmico (fundo de vidro) o custo é de 35 euros. As companhias levam os turistas em horários específicos. Num total de 4 horas de visita, incluindo a hora para as travessias. Se for a ver tem de "correr" para visitar a ilha. Garanto que não vai dar. Se vai investir para conhecer um lugar tão interdito, o meu conselho é que passe uma ou mais noites. O local. Pois só para caminhar do cais do bairro dos pescadores ao forte é, por terra, coisa de 50 minutos. Qualquer caminhada na ilha vai levar tempo. Até porque vai querer parar para apreciar a vista. Por isso, quatro horas não chegam. Porque uma é para a travessia, 30 minutos ou mais é para estar antecipadamente no local de recolha e fazer o "check-in", uma hora para andar do cais ao forte... Ainda vai querer sentar na única praia acessível da ilha, conhecer o farol e espreitar as pontas da ilha. Isso leva um dia inteiro. 

Se é para ver, basta ir e voltar num só dia. Se é para conhecer tem de pernoitar pelo menos um dia e viver a experiência da Berlenga.

GRUTAS: Sim ou não?

A primeira coisa que precisa saber é que o passeio de barco é curto e rápido. Acho que demora uns 10 minutos. Não dá a volta á ilha, restringe-se pelo espaço entre o cais e o forte. Esse percurso direto, pelo mar, leva cerca de dois minutos, se tanto. Por terra são cerca de 50. E já digo porquê.

Sabe a pouco e é, de fato, pouco. A lancha leva cerca de 12 pessoas. Tente ser o último a entrar para ficar na frente.  Só você saberá se vale a pena mas, ainda que o tempo de viagem seja pequeno, é deslumbrante ver as águas a mudar de cor no interior da gruta e ver de perto as formações rochosas. Não espere ficar parado muito tempo debaixo de uma. É chegar e andar. Muitos barcos fazem o mesmo e é ver um atrás do outro, a espera, como a dizer, "saí daí que eu preciso entrar".

ALOJAMENTO:

Numa ilha onde não existe água potável, rede telemóvel (não é bem verdade) nem mercearias ou lugares onde comprar qualquer tipo de mantimentos (tem de se trazer tudo consigo). Tem três opções de onde ficar para dormir é muito vantajoso.

Mas atenção ao que descrevi acima. Não há água potável!! Mas não desespere. Existem estabelecimentos que vendem o mais básico e também o que é desnecessário. Refiro-me a bebidas alcoólicas, cuja variedade me surpreendeu. De resto pode encontrar sandes, saladas, bolos, salgados, chocolates, snacks como batatas fritas e barras de cereais e até gelados Olá. O tipo de coisa que não me tentou nem um pouco. 

Existe um restaurante na ilha. Pelo que pode sempre almoçar e jantar como um rei. Tudo na ilha custa mais caro que o habitual. Ainda assim confesso que já visitei cidades cheias de turistas onde uma simples garrafa pequena de água custava mais! Aqui compra 1.5 L por 5 euros.

Se estiver com sede vai ver que é uma Pechincha! 😂

PERNOITAR: opções:

1) Quartos com WC privativo e duche quente geridos pelo restaurante Mesa da Ilha.

2) Quartos com WC partilhado e duche frio com balde de água quente disponivel no Forte S. João, gerido pela Associação amigos da Berlenga

Ambos fornecem WiFi.

3) Zona para Parque de Campismo, gerido pela câmera de Peniche e pelo Turismo. Não faculta tendas nem WiFi(?). Tem contentores para despejar o lixo e não vi WCs, pelo que presumo que estão disponíveis os dos bairro dos pescadores/cais.  Que são os melhores. Três sanitas, dois sanitários. Só é permitido acampar durante um certo período de tempo. Algures entre Junho (?) e até 14 de Setembro.

Faz sentido, pois as condições atmosféricas mudam bastante por volta desta altura.


Seja qual for a opção escolhida, prepare-se para gastar dinheiro ou passar por privações. No Forte, por exemplo, tem de trazer TUDO consigo. Inclusive lençóis de cama. É capa de poder alugar uns. Tem de se informar antes. Não sei quanto pagaria mas se não quiser carregar lençóis ou sacos cama - a alternativa pode passar por aluga-los.

Conforme disse, seja qual for a opção de alojamento, o mais caro ou mais económico, gasta-se sempre mais noutros aspetos. 

Agora a dica mais importante: Está ilha não é para velhos!!!

Não é tanto a idade é mais a stamina. Andar é fácil. Mas nenhuma das escadarias ou ladeiras da ilha são fáceis. Sapatos confortáveis, que deixam os pés respirar, assim como roupa para caminhada faz diferença. 


quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A Glória da Tragédia

 Acho que desde o incêndio do chiado em 1988 que Lisboa não tinha tido uma catástrofe tão chocante e tão marcante. 

LISBOA, Chiado, 25 de Agosto de 1988


Só sinto tristeza. 

              LISBOA, Calçada da Glória, 3 de Setembro de 2025




No incêndio de 1988 os riscos e danos foram imensuráveis mas materiais. Vidas, só uma pessoa e um bombeiro, infelizmente, morreram. Ontem, num simples instante, a vida de 16 foi ceifada e muitos outros ficaram feridos. Mas podia ter sido MUITO PIOR. Tivesse o ocorrido acontecido quando os dois se cruzam acima, a gravidade traria dos dois para baixo sem freios, a alta velocidade. Sem a existência da curva o eletrico de cima teria embatido no de baixo e a força da colisão teria arrastado os dois volumes que pesam toneladas para o meio da avenida da liberdade. Matando muitos mais.

RIP a todos. 
Os mortos já estão com o senhor, na sua paz. 

Aos sobreviventes, desejo que recuperem sem grandes problemas ou traumas. Mas isto foi traumático até para quem não estava no local. Isto é chocante.  


(Foram decretados 3 dias de luto)


sexta-feira, 29 de agosto de 2025

50 anos de Tubarão 🦈

 O filme que o cineasta Steven Spielberg rodou em 1975 está de volta ás salas de cinema. 

Qual? Não sabem? Este:

Por ocasião do seu 50* aniversário 🎂. Parabéns Jaws!

🎥 Quando surgiu foi um sucesso..e percebe-se porque. Até hoje se mantém actual embora a evolução do terror no género cinéfilo tenha evoluído para horror grotescamente inverossímil com muita violência e sangue a um ritmo separado por poucos segundos.

Fazendo com que o "story telling" de  Tubarão (Jaws) pareça "morno" por comparação.

Mas garanto-vos que ainda dei uns pulos da cadeira, ainda que soubesse cada cena e pudesse antecipar alguns diálogos.

É simplesmente UM PRAZER ver um filme com personagens tão bem desenvolvidas. Coisa rara nos filmes de hoje, em que só se dão ao trabalho de tornar abrangentes os personagens principais e ainda assim, fica muito por contextualizar.

Se valeu a pena ir ao cinema?

Acho que sim. Mas as expectativas estavam um pouco mais altas. O filme em si é a versão exata facultada para as televisões. Até o genérico final termina igual. 

Fui mais para viver a experiência do SOM abragente. Nesse aspeto é muito menos do que esperava, não existiu som surround. 

Alguém com um bom sistema de audio em casa conseguiria uma melhor experiência. Ainda assim o saldo é positivo. Não ia esperar outros 50 anos para poder ver o filme numa sala de cinema 🤣 😂.

Não estarei viva no seu centésimo aniversário. Mas o filme vai estar.

Acho que também pecaram por não soltarem nenhum tipo de merchandising. Afinal, são 50 anos!! Se existe filme a merecer merchandising era este.


Faz algum tempo que não ia ao cinema. De modo que fiquei um pouco surpresa por perceber que, para além de um pequeno balde de 🍿 custar quase 6 euros, agora também se vendem pizzas inteiras, hambúrgueres e noggets 🍔 🍕 🍗 entre outras coisas ao balcão da bilheteira. Além disso, tentam vender bonequinhos tipo o happy metal do McDonald's e copos com bonecos em cima ou gravuras do super homem ou com bonecos 3D a aludir ao parque jurássico -filme também em exibição (não recomendo gastar dinheiro neste).

Tudo serve para trazer mais lucro. Inclusive, exibir no cinema um filme de 50 anos sem incluir qualquer extra como depoimentos dos atores ou realizador. Podendo até subir o valor do ingresso por esse extra. E deixaram de fora a fasquia MAIS lucrativa de sempre: aquela que motiva adultos a gastar elevadas quantias de dinheiro em algo nostálgico.

O merchandising por nostalgia!!

As vezes atesto que os mais gananciosos que só pensam em lucros são burros que não sabem aproveitar uma óbvia oportunidade.


Pontos positivos: 

 🎬 Ver um clássico na tela do cinema


Pontos negativos:

🎥 Total desvalorização do marco de 50 anos de existência comprovado pela total falta de merchandising. (Produtos alusivos ao filme, como copos impressos, autocolantes, imans, canetas, etc)

 📽️ A ausência de homenagem ao incluir a exibição de alguns extras, como trivia, cenas cortadas, fotos de bastidores ou depoimentos


segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Beleza da simplicidade

 

Um fruto bonito tanto inteiro como em casca.



Faz muito tempo que gostaria de ter uma plataforma só para fotos, vídeos e pequenos textos. Algo prático que se possa publicar em poucos "clicks".

Se fosse fazer no blogger tudo o que me apetece quando me dá vontade teria posts diários e alguns várias vezes ao dia.

Não creio que exista ainda o que tenho em mente.

Sugestões?

sábado, 16 de agosto de 2025

Conhecer lixo humano

 

Lembro de um vídeo de um conceituado jornalista da TV brasileira que, em off, criticou e rebaixou dois homens do lixo que tinham aparecido no segmento anterior, desejando à equipa e a todos um feliz natal. Os dois lixeiros, no seu uniforme, apareceram num vídeo deixando uma mensagem de felicitações. Em off, o apresentador comentou que só faltava aparecer lixeiros... se não tinham mais ninguém. Algo do género. 

«Que merda... dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras... o mais baixo na escala de trabalho» - disse o jornalista Boris Casoy logo após se despedir e pensar ter ido para os comerciais. 

Aquilo vazou, caiu mal aos olhos do público e o apresentador teve de se retratar. Por "danos morais" causados, os dois lixeiros foram indemnizados. 

Isto só para contextualizar que, no Brasil, parece que ser lixeiro é algo mesmo desprezado. Não sei se só por uma elite besta e pedante, se por todos. Mas os chamados GARI - que até tem apelido próprio para isso - parecem ser considerados os MAIS BAIXOS posicionados na escala social. E por isso, é como se não fossem seres humanos?

Deus não faz distinção não... E quando sangramos, a cor é a mesma. Se um ricaço da elite for parar ao hospital - alguém como, sei lá, o tal jornalista Boris Casoy e precisar de transfusão de sangue ou de um orgão, o de um lixeiro negro, pobre, com vassoura serve tão bem quanto o de qualquer outro. E aposto tudo como não haverá, nesses contextos, esta arrogância e altivez de classe. De quem se julga moralmente ou intelectualmente superior apenas porque as oportunidades recebidas foram acima da média do outro. 


ESTA INTRODUÇÃO é para chegar aqui: 

Vejam a cara deste indivíduo: 


Parece um Clark Kent, certo? Bonitinho, sorriso conseguido no dentista, cabelo meticulosamente arranjado, imagem cuidada... diria que a única coisa mais alarmante seria o físico. Esse excesso de preocupação com a imagem projetada para o exterior e o empenho em atingir músculo. Porque para ser grosso assim deve envolver muito tóxico... e isso em si já dispara umas tantas bandeiras vermelhinhas bem grossas... Mas isso é suposição. 

O que importa é que registem o rosto dele. Detetam alguma coisa alarmante? Parece dócil, amistoso, simpático, certo?

Agora vejam este rosto aqui: 


Um cara comum, certo? Meio com cara e pose de bandido, assim de lado, mas isso é suposição. Tirando uma selfie a "bad boy" sedutor.. Reparem que também é musculado, mas parece ter músculo natural, daquele que é teu mesmo, fruto de trabalho do dia a dia e da genética. Procura cuidar da sua imagem o melhor que consegue, está feliz com o resultado e fica contente por poder exibir qualquer indumentária daquelas que fazem publicidade a nomes de marca. 

Marcas essas que conquistaram agora tanto o cliente de alta classe, para os quais costumava ser exclusivo, como o público de média e baixa classe, que economiza meses para comprar uma legítima mala vitton. Será que a classe alta se incomoda de ter perdido a exclusividade? Porque exibir-se em marcas de luxo era um diferencial social que representava status elevado. Uma forma de se colocarem no "mercado social" com uma etiqueta de preço de valor acima da média. Mas agora qualquer lixeiro pode usar ténis do Michael Jordan e T-shirts da Adidas... 



Bom, e agora temos lado a lado estes dois rostos. O do anjinho de couro de igreja, menino da mamã, obviamente à esquerda, e o wanna-be sexy bad boy. 

Pois deixem-me dizer-vos que um destes homens já não está vivo. Foi assassinado pelo outro. Os dois NUNCA se conheceram. Sequer trocaram uma palavra - ao que parece. Mas no instante em que se cruzaram, um matou o outro. 

Ah, gangs! Ah, a violência gratuita!!

Estão certos. Violência mais gratuita que esta não existe. Mas agora vamos ao contexto. 

O senhor da esquerda, de nome René da Silva Nogueira Júnior está vivo. Logo, é ele o assassino. Sim, assassino. Porque ele puxou de uma arma de fogo e simplesmente disparou no outro.  Laudemir - que assim é o seu nome - e só o nome próprio surgiu nas matérias que li, como se, no caso dele, por ser pobre, se dispensasse mencionar outros nomes e o apelido.  Laudemir estava a fazer o quê? Provocou? Insultou? Invadiu a casa do primeiro?

Não. Laudemir estava a trabalhar. Ao invés de Laudemir, alguma imprensa substitui seu nome por gari. Recordem acima... GARI significa pessoa que trabalha como lixeiro. O "mais baixo na escala"- segundo o jornalista Boris Casoy.

Fiquei ultrajada enojada quando li os contornos da situação. O senhor Júnior, «empresário» - que é a conotação laboral que hoje em dia todo o gajo que não quer nem trabalhar nem estudar no duro mas quer ter estatos dá a si mesmo (é como se saísse na rifa da farinha amparo) estava no trânsito e não conseguiu passar entre um automóvel e o camião do lixo - que ali estava a fazer a recolha. Não quis esperar. Estava apressado demais. 

Refilou e ameaçou se um tocasse no carro dele que lhe dava um tiro na cara. 

E o resto... é que fez isso mesmo. Matou a sangue frio a queima roupa um indivíduo que estava ali a fazer o seu trabalho. Foi Laudemir mas podia ser qualquer um outro. Foi o que estava mais próximo - disse a testemunha, a motorista do camião. 

Este DESDÉM pela vida de outra pessoa só porque ela trabalha na limpeza de lixo... revolta-me. Se querem saber o que é LIXO de verdade, LIXO humano, só têm de olhar para o rosto do sr. René da Silva Nogueira Júnior. Isso sim, é que é lixo, excremento. De que vale ter estudos (suposto), ter acesso a melhor condições de vida se... por dentro se é pobre? Se por dentro és um LIXO??

Tenho apreço por todos aqueles que todos os dias recolhem o lixo à porta de casa. Que recolhem nos contentores das ruas, que o recolhem das estradas, parques, por todo o lado. SEM ELES viveriamos como RATOS. Na imundice. Na imundice gerada, na sua maioria, por pessoas que acham que vieram ao mundo só para fazer lixo e que este "desaparece" por si só. 

Depois de matar a tiro, com a arma de fogo da esposa - uma delegada de polícia!! - o homem de 47 anos (nenhum mocinho) ainda foi para casa, passeou os cães e foi malhar na academia. Onde foi apanhado. 

MAS QUE É ISTO????
Então mata-se uma pessoa e é como se nada fosse??

Vai passear os cães???
Tinha pressa para isso? Para ir passear o cão e ir ao ginásio?

O desdém pela vida de alguém SÓ PORQUE ELE É GARI... 
Isto é desprezível. 

Pena máxima para criaturas assim. 

RIP Laudemir sem último nome.... 
Que a classe "mais baixa" no brasil seja respeitada como seres humanos que são!!!

Lembre-se que muitas pessoas que já estiveram no topo hoje podem estar em baixo e vice versa. Não é só nas novelas que devemos torcer para que a mocinha da Regina Duarte que perdeu tudo vença na vida. Temos de defender o correto sempre. O honesto. O certo. Os "César*" desta vida, têm de se dar mal. 


* Referência à trama da novela Vale Tudo