Metereologia 24 h

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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Cadê a tua scooter eletrica?

 Esta é a pergunta que estou constantemente a ouvir da parte de colegas de trabalho. Durante o expediente mas  principalmente na hora da saída.

Hoje não foi exceção.

Alguém que segura as chaves do carro na mão, barra-me no parque de estacionamento para fazer esta pergunta.

Depois despede-se de mim como já a querer ir embora. Nunca que alguém oferece uma boleia. Por vezes perguntam como vou para o trabalho ou para casa. Posso ate responder "a pé". Onde moras? Quanto tempo leva? "Uma hora, hora r um quarto, dependendo da velocidade que caminho". - respondo.

Uma generosa oferta de boleia, mais que não fosse ate meio caminho raramente se segue.

Esta curiosidade intensa sobre a minha vida não e motivada por querer ser generoso. Não sei porque me cravejam de perguntas. Faz três meses que não uso a trotinete. Avariou. Meus pés, pernas e joelhos voltaram a overdrive. Mas o que mais me aborrece e o tempo que voltei a precisar dispensar para chegar pontualmente  aos locais. 

Agora, que e inverno, a scooter eletrica faz-me falta. Mas tambem me lembro o quanto pode ser um transtorno quando chove ou faz muito frio.

Gostava de yer ummpequeno carro eleteico. De ligar a tomada normal mesmo 😁



Nrm sei se existem. Algo parecido a este dos CTT.

E quando alguém me pedisse boleia, eu ia responder que dou boleia a todos aqueles que mas deram a mim pelo igual numero de vezes. Zero vezes zero é nada.

Aqueles que já ofereceram - raros casos mas existentes, estariam à vontade. Ajudaria só aqueles que se desviar um pouquinho da rota para me deixarem quase a porta de casa. Desses si a minha amiga brasileira e mais recentemente um rapaz e um gerente. Mas são cados raros.

Colegas do dia-a-dia, esses nao se chegam a frente. Muito pelo contrario: parece ate que temem que a pergunta lhes seja feita e fogem rápido para não a terem de ouvir.

Tenho brio. Mesmo querendo se os sinto assim, não lhes peço. Já teve alturas que fui eu a pedir. Mas são mais as ocasiões em que percebes que te evitam para que não possas perguntar.


Quando me vi sair com a scotter sempre me pediam boleia. Claro que nao podia dar, mas sempre escutei os pedidos. Se arranjasse um carro temo ate de pensar quantos, subitamente, viriam falar comigo a pedir pata que os levasse.


O trabalho que fazemos e duro. Estou a caminhar rumo a casa apos um turno. Doem-me as costas. Mal posso esperar para tirar os sapatos. 



sábado, 23 de maio de 2020

A fruta já não é o que era...


Acreditam que comi estas uvas ontem, dia 22 de Maio e estavam deliciosas?


Não sei o que se passa com a fruta. Temos esta concepção de que é perecível em 24, 48h, duram uns dias, vá lá. Talvez uma semana. Mas na realidade, desde a concepção à manutenção todo o processo industrial é feito a pensar em maximizar os lucros e reduzir as perdas. Dai que sejam geneticamente alteradas para saberem melhor, aumentarem de tamanho mas principalmente, durarem mais e não serem atacadas por pragas. O resultado é atingido com sucesso, mas em troca geralmente já se tem pouco de fruto. Só a aparencia dele, talvez um ligeiro gosto e, como extras, uma serie de produtos quimicos e geneticos invisíveis que todos ingerimos sem saber bem se nos vai prejudicar.

Por vezes imagino o que terá sido, em tempos idos, colher o fruto da árvore e simplesmente come-lo.

Uma arvore que nao foi geneticamente alterada para produzir mais, para repelir pragas especificas, alterando assim o sabor e o seu fruto.

Se antes existiam perigos, as pessoas também os conheciam. Sabiam distinguir o que era comestível do que nao era, conheciam a época da fruta, quando a colher, quando esperar, como eliminar pragas de formas naturais. Como terá sido comer fruta assim?

Vem-me à lembrança a senhora dos figos, com quem esbarrei na rua ha mais de 10 anos. Apareceu no meu caminho vinda do nada. Um caminho que fazia todos os dias há anos e nunca que me cruzei com ela.

Pediu-me para lhe comprar dois sacos de figos. Nem me lembro quanto me pediu por eles. Mas nao foi muito. Eu é que não o sabia, porque, como lhe disse, não sou muito de consumir fruta. Se não a compro, desconheço quanto vale nos supermercados. Na minha cabeça ela pediu o justo. Comprei-lhe dois sacos que tinham cada um o mesmo peso em quilos (não lembro quanto) mas percebi que ela queria que eu levasse mais dois, porque assim mo pediu.

O que eu ia fazer com quatro sacos de figos?? Disse-lhe que me bastavam dois.

Lembrei-me de uma colega no emprego que sempre me dizia adorar fruta. "Eu como muita fruta. Alias, tenho de ir comprar laranjas que acabei ontem". Umas vezes fomos de carro até à feira local para ela a comprar. Por isso pensei imediatamente nela e decidi partilhar com ela metade dos figos no saco. Eu certamente, não seria capaz de comer tudo aquilo, sou muito esporádica no consumo de fruta. Assim que entrei no escritório, dei-lhe um saco. Fiquei com o outro.

"Porquê estás a dar-me figos?"- perguntou ela desconfiada.

Expliquei que uma senhora mos tinha vendido e eu comprei-os para a ajudar e porque pensei nela e o quanto proclama adorar consumir fruta.

A colega mencionou que hoje em dia era perigoso, alguem podia colocar veneno na fruta, etc.

-"NÃo me pareceu ser esse genero de pessoa. A senhora pareceu-me precisar mesmo de dinheiro mas pretendia obte-lo de forma honesta, não queria esmola".

Digo isto porque ao tentar segurar tudo nas maos, a pequena carteira onde enfiei o passe, o cartao e umas notas caiu ao chao, espalhando tudo. A senhora ajudou-me a apanhar e logo avistou uma nota de cinco euros. Voltou a insistir: "mas tem aqui dinheiro, leve-me os outros figos".

O que ia eu fazer com tantos figos? Nem compro fruta e subitamente estava a gastar mais do que pretendido em algo que nao desejava. Por isso disse-lhe que nao. Agradeci e talvez lhe tenha desejado boa sorte.

Tambem me ocorreu pensar onde ali nas redondezas ela os tera ido buscar. Nunca vi uma figueira e palmeei a localidade toda a pe. Sera que os tirou de uma propriedade vizinha abandonada? Se calhar a árvore estava perto do esgoto ao ar livre que por ali passava e essa ideia repudiou-me. Sabia lá que figo era aquele...

Mas fiquei a pensar se devia ter arranjado forma de lhe dar os meus cinco euros para emergencias. Precisava apanhar a camioneta de volta para lisboa todos os dias e já me tinha acontecido não ter 20 centimos que chegassem. Uma vez, vi um taxi a parar para largar passageiros e decidi entrar. Perguntei ao senhor quanto ficava a corrida e disse quanto tinha comigo. Nao chegava. Garanti-lhe que subia a casa e lhe pagava o devido. Ele foi simpatico, nao levantou problemas e pelo caminho ate me perguntou se eu me importava se ele fosse apanhar a filha pelo caminho.
Conversamos e tudo ocorreu bem. Ele era taxista local e cada vez que me via a subir ou descer a ingreme rua, se pudesse, parava e dava-me boleia aquele bocadinho. Em troca deixei-lhe uma revistas que ele me disse que a filha gostava de ler e uma vez uma embalagens de sumo que me tinham sido oferecidas e nao as ia consumir todas. Pensei ca comigo: se um dia ganhasse o euromilhoes esta seria uma pessoa que ia contactar e oferecer assim, sei la, 100,  500 euros, so por ele ser como era. Atencioso com as outras pessoas.

Este tipo de pessoa e tao rara que, no minimo, merece ser recompensada pela sua forma de estar na vida, por ajudar o proximo e sentir verdadeiramente compaixao.

Bem que desejei, mas nunca mais vi a senhora dos figos. Desejei dizer-lhe que eram deliciosos, os melhores que alguma vez comi na minha vida. Ate hoje, passados 10 Anos, nunca mais comi um figo tao delicioso.

A doucura e o sabor deles fez-me desejar comer fruta desta qualidade o tempo inteiro. Salivei por mais figos daqueles. Queria encontrar a senhora para lhe dizer que lhos comprava todos e que lhe pagava ate mais por eles se quisesse. Era fruta merecedora disso. Ao contrario de muita que encontrava pelas feiras e supermercados.

E agora, por causa destas uvas ainda deliciosas (dentro dos parametros da actual fruta) consumidas passados exatamente dois meses apos a sua data de expirar, tudo isto veio a lembranca.

Gostei de recordar. Ja havia esquecido o taxista. E isso seria um esquecimento lamentavel. A colega a quem dei fruta, veio a mostrar-se de ma indole. Foi por causa dela que pedi ferias do emprego e nunca mais voltei. Ela esgotou-me e torturou-me psicologicamente, foi uma decepcao que ja estava a influenciar outros.

Este tipo de injustica sempre foi o meu calcanhar de aquiles. Devemos nos recordar das boas pessoas que cruzam o nosso caminho. E nos esforcarmos para esquecer as más.


E hoje devo isso a uma uvas!
🌈

Bom fim-de-semana a todos.
Sejam bons uns com os outros.


terça-feira, 24 de setembro de 2019

O segredo do sucesso


Ela era a melhor aluna do colégio. Tirava as melhores notas, excedia-se nas actividades físicas e a minha irmã, que era sua colega de turma, sentia muita inveja. Dizia que ela era a preferida das professoras (o que podia bem ser o caso) e que recebia tratamento preferencial.


Hoje soube o paradeiro desta miúda, agora nos seus 40. Teve um filho, separou-se, praticamente cria o filho sozinha. Como trabalho dedica-se "ao que aparecer". A irmã dela, mais velha, nem emprego consegue. Entrou por isso em depressão e anda a ser medicada.


O QUE FAZ UMA PESSOA TER SUCESSO NA VIDA?

Não são as boas notas, nem a inteligência académica ou uma boa performance em actividades desportivas. É o quão segura de si consegue ser. Tem de ser forte e extremamente ambiciosa. Capaz de pensar em sim em primeiro lugar, sempre. Achar-se melhor que as restantes e acreditar realmente nisso. Porque se duvidar... os outros vão perceber.

E será "comida viva".




Acredito piamente nisto. Meus pais diziam que as minhas boas notas eram um excelente sinal de que ia facilmente obter um bom emprego e ser alguém na vida. Mas eu sentia que não era assim. Um outro lado de mim estava a ser negligenciado. Sentia-o e precisava urgentemente de encontrar-me. Ter liberdade, descobrir, decidir, achar-me como pessoa neste mundo. E isso não me foi permitido fazer porque existiu uma fixação pouco saudável no lado académico. Hoje em dia, nem esse me vale, porque parou de evoluir e foi mirrando.

Minha irmã, ao contrário de mim, não tinha boas notas. Estava quase sempre para chumbar e chegou a repetir um ano. Vivia frustrada, irada, revoltada. Isso fez com que os nossos pais a tratassem com paninhos quentes e, por a verem assim, faziam-lhe as vontades. Ela aprendeu a manipulá-los era ainda uma criança. Bastava-lhe mostrar-se doce, simpática, querida e obtinha o que desejava. E foi assim que conseguiu fazer coisas que, por mais perplexa que me sentisse, a mim não me era permitido fazê-las. 

De todas as pessoas da nossa infância, ela, assim como uma ou outra - aquelas que se mostravam mais egoístas e até invejosas, são as que hoje estão melhor na vida. Talvez existam excepções mas a realidade é que, ser-se uma criança boazinha e com boas notas não é sinónimo de nada. A vida está cheia de tubarões. Se não se mostrarem os dentes bem cedo e se começar a morder, é-se mordido.





quinta-feira, 10 de abril de 2014

Generosidade vai para além de dinheiro

Costumava imaginar que se ganhasse uma fortuna seria generosa com todos os meus. Nunca fui de contar isto como uma história, é só algo que eu sei. Não me refiro a distribuir dinheiro assim como se ele nascesse das árvores, mas a dar a cada um um propósito de vida mais aliciante, um negócio, uma ocupação de produtividade, viagens e conhecimentos que pudessem desejar mas sempre colocassem de lado por o dinheiro não dar para tudo.

Hoje penso que se ganhasse uma fortuna talvez já não fosse tão generosa com os meus.
Talvez não fosse porque quando não temos nada sente-se muito bem quem é quem.
É aquela máxima: os amigos só se conhecem nas horas de aperto.
E eu estou a conhecer um deserto.

sábado, 13 de dezembro de 2008

A generosidade da doação

Noutro dia, á semelhança do que fazem quase todos os portugueses nesta altura do ano, andei a ver montras num grande centro comercial. É então que sou barrada por uma senhora antes mesmo de sair do interior de uma loja. Aborda-me, quase como que me cerca. Quer algo de mim. Escuto-a sem ser indelicada, mas quando dou a conhecer a minha falta de disponibilidade para ali ficar, ela insiste. Explica-me que está a angariar contributos para duas associações de ajuda a pessoas e crianças necessitadas e que me basta comprar uns lápis de cor ou uns cadernos de desenhos para contribuir. Volto a dizer-lhe que naquele momento não dá. Quero ir embora, sem lhe virar as costas, mas ela não dá a conversa por interrompida e insiste. Acabo por lhe confessar coisas da minha vida que não tinha nada que saber. Entre explicar-lhe que considero esta a pior altura do ano para solicitar contributos monetários, até lhe dizer que sou abordada várias vezes por dia por pessoas com a mesma intenção, até lhe confessar que não tenho dinheiro para disponibilizar a ninguém, nem mesmo os 5 euros que ela tão insistentemente afirmou não ser nada. É que, para muitas pessoas, 5 euros é muito. E é isso que não entendem.
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O processo de doações organizado pelas entidades, está muito burocratizado e incorrecto, para prejuízo de quem necessita de ajuda. Se antes pediam qualquer contribuição, carregando uma caixinha pendurada ao pescoço, com uma ranhura para a entrada de moedas ou notas, hoje já não é assim. Fazem como o MacDonalds: têm um produto de plástico qualquer, sem interesse ou valor, contribuindo para o aumento de produtos inúteis destinados ao lixo, e pedem uma quantia FIXA de contribuição. A GENEROSIDADE alhei tem, agora, de responder a uma TABELA.
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Mesmo que quisesse deixar ali 0.50 cêntimos, para ajudar, não podia. Tinha que disponibilizar o valor por eles afixado, imposto e representado pela presença daqueles artigos inúteis. Mas esse valor, meus caros, é ELEVADO para mim. E concerteza, é também este o caso de muitos. Sei que alguns dizem ou pensam que 5 euros «não é nada». Como disse a senhora, é tão «pouco», que já não dão para comprar leite e pão. Pois é. Pode não dar. E o problema é mesmo esse. A moeda desvalorizou, mas os salários não aumentaram. Pelo que, esses 5 euros podem não fazer diferença a alguns (sortudos...) mas a outros, representa uma ou duas refeições que deixam de fazer, ou um outro bilhete de transporte que não compra e vai a pé, ou mais um acréscimo a uma dívida...
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As instituições entraram no mercado capitalista. Associam-se a grandes grupos económicos para, na compra de Cds que não interessam a ninguém, vender. E só se pensa em lucro. Estes grupos económicos, são os primeiros a ganhar (e bem). Em troca de um cd da "Leopoldina" ou da "Hipopotama" ou outro animal qualquer, o valor que é dado não reverte a 100% para a instituição. Há a comissão, à unidade, para a entidade que cede o espaço, para a entidade que faz o cd, para a entidade que distribuí o cd... e isto é outro aspecto que não me agrada. Andar a enriquecer AINDA MAIS os que já são ricos. E estes, desculpem mas é assim que penso, APROVEITAM-SE da NECESSIDADE dos carentes/doentes par LUCRAR em cima disso. Que generosidade!
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Para quê vou eu comprar um cd por 3 euros? Prefiro dar os 3 euros directamente a quem deles precise. Será que me faço entender?
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É claro que, tem o lado da comodidade e da invisibilidade. Comprar um cd num supermercado, não te dá trabalho, não te obriga a deslocar a nenhum lugar, e aumenta a percentagem de pessoas que fazem donativos, visto que, muitas vezes, o dia-a-dia, a rotina, não nos faz ir bater á porta de instituições de caridade com facilidade. Sim, são estas que têm de vir nos abordar. Mas CALMA!...
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Ou tenham atenção ao escalão-tipo de pessoa que querem abordar. Concerteza, grande parte daqueles que podem dar 5 ou mais euros sem grandes preocupações, rapidamente esticam o braço para alcançar num expositor um cd. E de grão a grão, enche assim a galinha o papo. Mas também se aplica o mesmo conceito à doação tradicional. Que o digam aqueles que pedem no metro. Invisuais (ou não), crianças que tocam um instrumento musical ou não, que entram de carruagem em carruagem a solicitar ajuda monetária e, em apenas uma hora, amealham várias moedinhas que, de carruagem em carruagem, só fazem é barulho ao cair.
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Sou uma pessoa generosa. Pelo menos assim me considero. Não faço tudo o que posso pelos outros (ninguém faz), mas também não faço parte dos muitos que aí andam que só pensam em si mesmos. Já fiquei com fome para que outras pessoas pudessem comer. Já dei a uma idosa na rua, a última nota que guardava no bolso e estava desempregada e sem dinheiro. Não que isto me faça sentir especial, mas cá está: vejo a carência, é palpável, sei (ou penso que sei) que, pelo menos naquele dia, aquela pessoa tem como comer alguma coisa ou comprar um medicamento. Posso ser enganada - acho até que já fui, num caso de uma pessoa que me veio bater à porta com uma história muito triste envolvendo um filho e há qual dei todo o dinheiro que consegui colocar de lado para comprar os presentes de natal. Provavelmente, serviram para comprar droga. Ou talvez não. É um risco que se corre neste tipo de doação. Mas é um risco como outro qualquer.
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Nesse dia em que fui ao centro comercial, as abordagens para contribuir com dinheiro para alguma coisa não cessaram de surgir. Caminho depressa, porque sempre tenho pressa para chegar rapidamente a algum lugar, e faço-o a pé ou de transportes. Mesmo assim, ainda conseguem abordar-me. Logo que saí desse centro comercial, uma rapariga coloca-me nas mãos um almanaque, preparando-se de seguida para me cobrar o valor do custo. Devolvo-lhe o papel e continuo a caminhada. Aí o telemóvel, que está há um mês sem dinheiro, dá aviso que recebi uma mensagem. Vou ver: é a empresa de telemóvel a solicitar um SMS para doar dinheiro há UNICEF. Chego ao local de trabalho, e tenho mais uma meia dúzia de outras instituições e associações a solicitar donativos para algo: crianças com paralesia cerebral, ajuda de mãe, mulheres com cancro da mamã, jovens grávidas adolescentes etc...
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E penso: será que toda esta MASSIFIDADE e exagero, aliada há abordagem por vezes invasiva para conduzir o indivíduo à doação, não vai ser um tiro que faz ricochete?
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Isto é como tudo: quando é demais, deixa de ser ver. Torna-se invisível. E um dia, quando se falar de todos estes males que afligem tanta gente, não se pensa mais nas pessoas, nem na dor e no sofrimento. Só no incómodo que é ser sempreabordado com pedidos de donativos em valores fixos de dinheiro, para tudo e mais alguma coisa. De facto, se formos a dar a todos, não nos sobraria muito para aguentar um mês... nem uns dias.
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Gosto de dar. Mas ao meu ritmo, sem assédio ou pressão. Gosto de dar o que tenho, talvez até um pouco do que não tenho mas não faz mal... gosto de dar novo uso ás coisas, gosto de reciclar, gosto de dar de mim a quem precisa. Existem muitas formas de dar.