work in progress

Creative Commons License

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Mostrando postagens com marcador quadrinhos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador quadrinhos. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 21 de maio de 2012

os quadrinhos que mudaram minha vida




Na foto, a coleção de quadrinhos de DVD (Dylan Dog) e de seu irmão mais velho (tudo Disney). Trata-se de uma parede inteira em uma sala sobre a garagem, dedicada à leitura.

Lembro que a primeira vez que li quadrinhos Disney foi uma revista encontrada na casa de minha avó paterna, sobra da infância de um tio mais novo, que fez meu pai imediatamente se lembrar de sua própria. Na época, lia apenas Turma da Mônica, eu mesma identificada sempre com heroína brigona, embora tenha optado por reprimir toda a raiva contra meus amiguinhos escrevendo histórias.
Acho que, aos 13, li o Para Ler o Pato Donald e, já um tanto familiarizada com os escoteiros Disney, fiquei horrorizada com toda a ideologia americana que eles estariam empurrando para mim, não sei se foi aí que entendi o porquê da minha mãe não ter deixado que eu virasse escoteira ou bandeirante. Não parei de ler quadrinhos, mas não lia os mesmos. Pegava emprestado com (o primo e afilhado de casamento) Gustavo Rangel suas revistinhas de Spawn, Gen 13 e os livros com minha nova ídola, Druuna. Não foi ela, mas foram leituras afins que me ajudaram a entender melhor o que era sexualidade.
Mas só bem depois fui descobrir, de fato, Laerte e Angeli. Não acredito que minha vida tenha mudado depois deles, mas junto às Cobras e ao Níquel Náusea e as leituras de Verissimo participaram da minha formação intelectual.
e, já na faculdade, amigo/irmãozinho Lucas Magdiel me apresentou aos Malvados, que me apresentou ao Allan Sieber e aí Patrice Killoffer apareceu na minha vida e aí eu vi que minha vida, de fato, mudou. Já havia lido Le Dormeur do Trondheim ou os cadernos telefônicos do Gerner, mas só comecei a entender tudo depois das 676 aparições. Uma Vita Nuova, que na verdade já germinava, já que apesar do do "Para Ler..."

Hoje, livros como os do Ariel Dorfman, embora importantes, me parecem ingênuos. Vejo como podemos ler os quadrinhos dialeticamente, sem reduzi-los todos a apenas mais um subproduto cultural, mas tão podendo ser tão rico quanto a literatura.

(em resposta a Ciro Inácio Marcondes, por causa dessa entrevista
http://www.saposvoadores.net/2012/05/10-hqs-mudaram-vida-bruno-dorigatti.html e desse texto aqui:http://www.raiolaser.net/2012/05/entre-utopia-e-distopia-mickey-no-ano.html)
 


***
post originalmente publicado no Facebook, após comentar o texto do Bruno. 



Thomas Ott, um dos mais recentes livros que me enlouqueceram. Por acaso, o Malvadinho está aí de papagaio de pirata. Foto tirada na casa de Elcerdo, que tem dois livros do Ott, e os li na mesma tarde, junto com o Céphalus de Ludovic Debeurme

domingo, 26 de fevereiro de 2012

colagens: um ensaio abandonado



Depois de muito atraso, aqui vai a página completa da minha intromissão na Golden Shower Zine (1). E, de quebra, a homenagem que fiz ao Capitão Presença (excluída da Tarja 7 snif).

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Calvino e o Corriere dei Piccolli

Nos anos vinte, o Corriere dei Piccolli publicava na Itália os mais conhecidos comics americanos da época: Happy Hooligan, os Katzenjammer Kids, Felix the Cat, Maggie and Jiggs, todos rebatizados com nomes italianos. E havia também séries italianas, algumas de ótima qualidade quanto ao bom gosto gráfico e o estilo da época. Por esse tempo, ainda não havia entrado em uso na Itália o sistema de se escrever as frases dos diálogos nos balões (que só começou nos anos trinta, quando Mickey Mouse foi importando); o Corriere dei Piccolli redesenhava os quadrinhos sem os balões, que eram substituídos por dois ou quatro versos rimados em baixo de cada quadrinho. Mas eu, que ainda não sabia ler, passava otimamente sem essas palavras, já que me bastavam as figuras. Não largava aquelas revistinhas que minha mãe havia começado a comprar e a colecionar ainda antes de eu nascer e que mandava encadernar a cada ano. Passava horas percorrendo os quadrinhos de cada série de um número a outro, contando para mim mesmo mentalmente as histórias cujas cenas interpretava cada vez de maneira diferente, inventando variantes, fundindo episódios isolados em uma história mais ampla, descobrindo, isolando e coordenando as constantes de cada série, contaminando uma série com outra, imaginando novas séries em que personagens secundários se tornavam protagonistas.
Quando aprendi a ler, a vantagem que me adveio foi mínima: aqueles versos simplórios de rimas emparelhadas não forneciam informações inspiradoras; no mais das vezes eram interpretações da história, de orelhada, tais quais as minhas; estava claro que o versejador não tinha a mínima ideia do que poderia estar escrito nos balõezinhos do original, seja porque não soubesse inglês ou porque trabalhasse com os quadrinhos já redesenhados e tornados mudos. Seja como for, eu preferia ignorar as linhas escritas e continuar na minha ocupação favorita de fantasiar em cima das figuras, imaginando a continuação. 
Esse hábito certamente retardou minha capacidade de concentrar-me sobre a palavra escrita (a atenção necessária para a leitura só a fui adquirir mais tarde, e com esforço), mas a leitura das figurinhas sem palavras foi para mim sem dúvida uma escola de fabulação, de estilização, de composição da imagem. 

CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.



Seria possível, talvez, escrever um estudo estatístico sobre a influência do http://www.corriere.it/Piccoli/home.shtml na literatura contemporânea italiana. Segunda citação ao jornalzinho para crianças que leio essa semana, antes Eco.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Carneiros

Wesley Rodrigues é surpreendente. Mesmo. Um animador excelente, desenho de traço delicado e extremamente imaginativo. Dou sempre glória, glória, aleluia pelo Prêmio que fez com que ele entrasse em nossas vidas – nossa, lá da Barba, e, agora, integrando-se com essa irmandade de autores e amantes dos quadrinhos autorais que se reencontra a cada festival. Pelo talento que ele é, pelo cuidado que ele tem, pela dedicação idem.
Wesley nasceu em Goiânia chegou à animação após largar o sonho do futebol – ele é de porte romariano. Chegou a Porto Alegre para trabalhar no que gostava e acabou montando seu próprio estúdio, Armoria, em referência ao Movimento Armorial de Ariano Suassuna. Não admite passar menos de seis horas/dia sem dedicar-se ao seu trabalho: desenhar. Sua disciplina vem desde sempre, completando o dom de suas ilustrações com uma presteza impressionante.

Mas por que seria ele surpreendente, dadas as referências?

Peça-lhe um carneiro. Assim, do nada. Espere poucas horas. Et voilà :


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

mokeït

Ia scanear essas imagens, mas, na ansiedade, decidi apenas fotografá-las.
São desenhos de Mokeït (Frederic Van Linden), que queria fazer quadrinhos abstratos. Não sei, ao certo, se são esses os quadrinhos que ele quis fazer, mas são referências apresentadas sobre ele ao longo de entrevista sobre o assunto na éprouvette 3, revista de estudos sobre quadrinhos, em quadrinhos, com quadrinistas da L'Association, que ficou nesse terceiro número, em 2007.
A questão que se põe é: seriam esses desenhos realmente quadrinhos? Haveria, nos quadrinhos, o imperativo de ser texto narrativo, ou poderia cair na tentação do poético?

Mais qu'est-ce que c'est beau !





domingo, 3 de julho de 2011

obrigada, brasília

Brasília é um espaço em branco entre três poderes.
Brasília é um espaço vazio entre dois polos.
Brasília é um abismo entre dois lagos.
Brasília é luzinhas simetricamente dispostas sobre asfalto. 


Tentativa obviamente frustrada de realizar um gráfico que ilustrasse Brasília
Micro-férias da rotina no Planalto Central. Aproveitando a II Jornada do Romance Gráfico na UNB, rumei para a capital carregando projeto do Doc, Revistas 1000 e telefones e endereços de queridos que conheci na Rio Comicon.

O colóquio foi impressionante. Como tudo foi concentrado em um mesmo lugar, todos assistiam a todos, comungávamos à mesa na hora do almoço e partilhávamos teorias, anedotas e aforismos nos intervalos. Um belo evento, de verdade, com uma acolhida impressionante de toda a equipe de organizadoras: Regina Dalcastagnè, Stella Montalvão, Ludimila Moreira, Laetitia Eble, e todas as outras que nos recepcionaram.

As falas e os debates foram de excelente nível, público e palestrantes revestidos de conhecimentos e arcabouços teóricos diferentes. Aguardemos os textos, que serão publicados em breve na revista online do grupo.

Tive a honra de dividir a mesa com os professores Paulo Ramos, Benjamim Picado e a escritora, pesquisadora e artista plástica Elvira Vigna.
Destaque para a conversa com Laerte, sempre lúcida. E a mesa com o companheiro de alojamento Ricardo Postal (UFPE) e seu trabalho sobre Cachalote; Ciro Marcondes e sua pesquisa sobre a guerra nos quadrinhos (que só agora me dei conta que ele é um dos autores da Raio Laser, talvez a mais lúcida das revistas sobre quadrinhos nacionais. Aliás, sobre Laerte, ver texto dele e do Pedro Brandt).

Os espaços vazios, as restrições de mobilidade, assim como a divisão funcional cartesianamente estudada de Brasília propiciam o aparecimento de artistas de extremo talento. E durante o evento pude conversar rapidamente com Gomez, Sarah, Daniel Carvalho, Evandro Esfolando e ainda Lima e Gabriel da mítica Kingdom Comics, Eduardo Belga.

E depois, uma salva de palmas para os sambróders (ou sambalera, © 2011 by Clara do Prado). O novo estúdio do grupo, reunindo o trio de editores e ainda outros quatro artistas de diferentes linguagens, foi abençoado por Laerte Coutinho na última quinta. O registro ficou por conta de Carol de Goes e Raquel Pellicano, "fotógrafas oficiais" do grupo.


Que inveja de Laerte de salto e meia com desenhinhos. Já falei de minha paixão pelo seus modos antes. Antes, até.

Hóspede dos Gabrieis Goes e Mesquita, ainda tive a oportunidade de conhecer a tradicional festa Play em companhia do Mesquita, LTG, Jessica e Flora (fica que vai ter bis!). A festa de que todos só reclamam mas vão, pontualmente, todas as sextas.

Merci encore a outro Gabriel, o @gabomesquita que me levou para um tour fait divers de Brasília. Desde a praça em que incendiaram o índio, onde ficava a pizzaria dos escândalos colloridos, o edifício em que morou Renato Russo, ao primeiro edifício do plano piloto, com seu discurso crítico mostrando as incoerências que circulam sobre o plano cartesiano.

A todos, grazie mille. Senti-me em casa.

ps: e tantos, tantos outros, não esqueci de vocês não

apareceu a margarida

Tempos e tempos sem escrever no blog. Não que eu não esteja escrevendo. Twitter e facebook e papapapás tomaram conta da minha escrita, assim como outros espaços (pela Barba Negra, partilho o trabalho da escrita do site com Lobo e Bruno Dorigatti>> às vezes uma entrevista aqui, um post ali, e escrevi o Web Pop Book, trabalho delicioso).
Além disso, voltei àcad'mia. Doutoranda desde março, com projeto sobre oulipo/oubapo, já disse? Três trabalhos para escrever nesse fim de semestre. De volta à escrita e, como de hábito, jogo por aqui seus restos...

***

Nesses dias, em meio ao deserto de Brasília, mastiguei algumas datas que andam voltando em círculos pelo calendário.

Em dez dias, quatro anos de blog. Há seis anos, caminhei pela primeira vez ao lado de DVD, cuja ausência e amizade epistolar provocou ainda mais minha vontade de escrever mais e mais (além da amizade ter virado um belo casamento:) ).

E há seis meses assisti à uma cena fantástica, que gostaria de registrar por aqui.

Por acasos feicebúquicos, soube que haveria a defesa de tese de JC Menu, narrada muito bem nesta magnífica revista. Graças às férias e por causa de DVD, que ainda mora à Paris, estava na área justamente naquela semana. Fui uma das primeiras a chegar no auditório da Sorbonne, preenchido aos poucos por autores e leitores de quadrinhos - alguns reconheci pelos traços, de outros só soube depois, pela Du9. Estava na fileira logo abaixo de Fabrice Neaud, que pintava a cena. À minha frente, o oulipiano Jacques Roubaud, ao lado da esposa, tomava notas com canetas bic coloridas, formando com suas letras um quadro pontilhista do que se desenhava no discurso de JC Menu e banca. E Menu falava dos quadrinhos a partir de si, em primeira pessoa, assunto que pretendo tratar na minha pesquisa. Todos esses autores e assuntos. Uma mise en abîme que fazia um circuito em caracol ali.

quarta-feira, 2 de março de 2011

II Jornada de Romances Gráficos da Universidade de Brasília UnB

Acabo de receber esse email! :)


I Jornada de Romances Gráficos da Universidade de Brasília UnB 
Olá!

Em setembro de 2010, você se inscreveu na I Jornada de Estudos sobre Romances Gráficos, realizado pelo Grupo de Estudos em Literatura  Brasileira Contemporânea, cuja proposta era discutir algumas obras de grande repercussão no meio cultural e editorial, utilizando-se de elementos da crítica literária contemporânea, com o objetivo de abrir um debate que nos permitisse uma melhor compreensão de seu alcance no campo literário.
Dando prosseguimento e ampliando as discussões, será realizada, nos dias 29 e 30 de junho, na UnB, a II Jornada de Estudos sobre Romances Gráficos. O evento consistirá de uma rodada de palestras com convidados e da apresentação oral de trabalhos sobre o tema. O público alvo é composto de pesquisadores(as), estudantes, profissionais da área e interessados(as) em geral, que poderão participar com a apresentação de trabalhos ou como ouvintes.
Seguem abaixo informações sobre o evento, inscrições, e apresentação de trabalhos.
Aguardamos sua inscrição e pedimos que, se for possível, divulgue o evento.

Obrigada,
Stella Montalvão e Ludimila Moreira Meneses

II JORNADA DE ESTUDOS SOBRE ROMANCES GRÁFICOS
Data: 29 e 30 de junho de 2011.
Local: Auditório 1 do Instituto de Biologia – Universidade de Brasília – UnB
 Inscrição: A inscrição será realizada pelo e-mail do evento – jornadaromancesgraficos@gmail.com – a partir de 1º de março.
 Submissão de trabalhos: Para apresentação de trabalhos, os(as) interessados(as) deverão encaminhar resumo a ser analisado pela Comissão Científica do evento. O prazo final para envio é 31 de março. Os(as) proponentes receberão um e-mail com a resposta até o dia 30 de abril, informando da aceitação ou não do seu resumo. Todo o processo de encaminhamento de resumos será feito via e-mail do evento: jornadaromancesgraficos@gmail.com

Normas para apresentação do resumo para avaliação:
A apresentação da proposta de trabalho deve conter, nesta ordem: 
1)     Nome completo do(a) autor(a), cidade, instituição a qual está vinculado(a), tipo de vínculo, e-mail para contato.
2)     Indicação do eixo temático onde o trabalho pode ser inserido.
3)     Título do trabalho, em letras maiúsculas, fonte times new roman, corpo 14, em negrito, centralizado.
4)     Resumo, com no máximo 250 palavras, em fonte times new roman, corpo 12, espaço simples.
Eixos temáticos:
  1. Conceitos em discussão: romance gráfico, narrativa gráfica, arte sequencial, quadrinhos
  2. Autobiografia e romance gráfico
  3. Identidade e romance gráfico
  4. Romance gráfico e gênero
  5. Romance gráfico e violência
  6. O herói no romance gráfico
  7. Romance gráfico e erotismo
  8. Romance gráfico no Brasil
  9. O Mangá como romance gráfico
  10. Webcomics 
Informações para apresentação de trabalhos orais: As apresentações terão duração máxima de 20 minutos. O(a) apresentador(a) poderá utilizar power point. O arquivo deverá ser entregue com antecedência à coordenação do evento.
 Normas para submissão dos trabalhos científicos para os Anais: 
1.     Os trabalhos científicos deverão ser enviados exclusivamente pelo e-mail do evento e deverão ter no máximo 20 páginas, incluindo as referências, conforme modelo definido pela Comissão Científica, a ser divulgado. Mensagens relacionadas ao status de avaliação/aceitação ou não do trabalho serão enviadas por meio de e-mail informado na ficha de inscrição do(a) autor(a). Os trabalhos que não estiverem de acordo com as normas de submissão serão automaticamente desconsiderados para os anais.
 Coordenação:
Stella Montalvão
Ludimila Moreira Menezes
Profª Drª Regina Dalcastagnè
 Comissão Científica:
Profª Drª Cíntia Schwantes
Profª Drª Maria Isabel Edom Pires
Prof. Dr. Paulo César Thomaz
Profª Drª Virgínia Maria Vasconcelos Leal
 Organização: 
Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea
 Apoio:
Programa de Pós Graduação em Literatura da UnB

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

GSZ


Saiu a Golden Shower Zine. Muito honrada e de pau duro por ter participado dessa orgia. Merci beaucoup, Cynthia.

(meu eu-lírico tem um pau maior que o teu, sim, vai encarar?)

sábado, 6 de novembro de 2010

Rio Comicon

Nem sei o que dizer depois de ter visto pronta a capa do 676 aparições de Killoffer. Primeira tradução na área, galerinha.


De quebra, dois textos pro Ambrosia, sobre o Velho e o Novo Mundo e os quadrinistas convidados pro mega-evento.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Killoffer

Era outubro de 2007 e eu tinha começado a trabalhar em uma sala de leitura do curso onde eu dou aulas. Logo nesse comecinho, chegaram caixas e mais caixas de quadrinhos franceses. Uns troços muito doidos. Uma das minhas primeiras paixões naquele monte foi um livro imenso, 676 Apparitions de Killoffer.
Sarkoflic (sarko-tira), de PK no Libé
O OuBaPo veio nessa leva e foi daí que começou minha paixão por esse grupo, colecionar coisas da editora deles, participar de eventos do OuLiPo. Devo muito ao Killoffer, que realmente me enlouqueceu, num sentido muito bom.

Na semana passada, durante a mesa com Allan Sieber e Ota na Travessa do CCBB/RJ, um senhor perguntou:
"Qual o futuro dos quadrinhos? Será que eles vão evoluir para uma nova forma geométrica?".
Bem, digamos que esse futuro já chegou faz tempo. E Killoffer participa desse movimento frenético de transformação.
Ex-associado da L'Association, Killoffer continua publicando por lá e ainda expõe em galerias e também publica no Libération.


Felizona de vê-lo na programação do Rio ComiCon. Felizona que o 676 vai sair, em português, pela Barba Negra. Eufórica.


(Para entender sobre L'Association, OuBaPo, recomendo o que já escrevi no Ambrosia (partes um e dois) e o site sobre OuLiPo que mescla um pouco de tudo).

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Outubro de grandes emoções

A Zizi manda avisar


E atenção, criançada, a abertura é la na Maison, com HQ da Maison especial Família Coutinho.

domingo, 26 de setembro de 2010

das ideologias

problema da ideologia - ou seu mal - é o de ser invisível. Essa semana coordenei a mesa do cartunista francês Plantu, com o Chico Caruso, lá na Maison. O Plantu mostrou um mapa dos tabus em cartuns pelo mundo. Nos EUA, por exemplo, mamilos são proibidos (o mapa completo, aqui). "E aqui?", alguém perguntou. Caruso respondeu que não tinha, assim por dizer, um tabu, apenas a escatologia, talvez, que fosse condenada. Claro que não, temos muitos tabus, e ele nem se dá conta... 


A série sobre ideologias do Laerte, esse anti-herói anti-tabus, está excelente. Um belo ensaio sobre ideologias que vale a pena ler.

sábado, 31 de julho de 2010

HQ na Maison

Desta vez, o HQ na Maison (de France, Rio de Janeiro), vai ser um cadinho diferente. Em cooperação com o Instituto Goethe, a Médiathèque da Maison convida todos para um bate-papo com o cartunista alemão Flix, conduzido pelo brasileiro Eduardo Filipe, o Sama

Convite: 12 de agosto, quinta-feira, às 18h30 na Mediateca da Maison de France.
Av. Presidente Antonio Calors, 58/11o andar. 

O autor, premiado quadrinista, apresentará seu mais recente trabalho, Dar war mal wast ("era uma vez") que será publicado no Brasil com o título Quando tinha o muro, pela editora Tinta Negra. Reunindo em seu trabalho relatos de experiências em torno do muro de Berlim, Flix nos falará um pouco sobre história e quadrinhos.




"Quais as lembranças de uma geração que viveu tanto tempo em uma Alemanha reunificada quanto em uma dividida?
Dois anos e meio atrás foi publicado na última página do caderno de domingo do jornal berlinense Tagesspiegel uma história em quadrinhos em 12 tiras. “Quando tinha o Muro...” era seu título e narrava a lembrança da infância do ilustrador e quadrinista premiado Flix. Uma pequena história sobre falsas impressões e uma realidade, que para um garoto de oito anos parecia irreal.
A história fez tanto sucesso, que Flix começou a perguntar a amigos e parentes sobre suas lembranças, do que eles se lembravam ao pensar na Alemanha dividida e no Muro de Berlim. Surgiram assim 40 respostas em quadrinhos. Lembranças daqui e de lá, da RDA e RFA, da democracia e da ditadura.
Flix conta, de maneira sincera, versátil, divertida e comovente, as visões infantis da fronteira entre as duas Alemanhas, apresentada nesta exposição com 20 histórias concebida pela Fundação para a Investigação da Ditadura do PSUA". (outras informações sobre o artista na página do Instituto Goethe do Rio de Janeiro).



Além disso, haverá uma exposição no Instituto Goethe com seu trabalho:

" Da war mal was.. Erinnerungen an hier und drüben 
Lá existia um muro... Lembranças daqui e de lá"

de 2 de agosto a 4 de setembro no Goethe-Institut.

Horário: segunda a sexta, 9 às 20h e sábado, 9 às 14h

Goethe-Institut Rio de Janeiro

Rua do Passeio, 62 - 1° andar
20021-290   Rio de Janeiro-RJ

Tel. +55 21 3804 8203 / 3804 8200







Tanto o bate-papo quanto a exposição terão entrada franca.

Todos lá!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

sábado, 24 de julho de 2010

protótipo

Minha caríssima amiga Raquel (que não é a Raquel da Oficina Raquel mas é sócia dessa editora), me propôs de publicar uma revista de quadrinhos pela editora. Conversamos um pouco, reviramos minha estante, e aí veio a ideia da Protótipo.

Dialogar sobre quadrinhos fazendo quadrinhos. Tantos bons autores por aí, vamos tentar reunir esse grupo em uma nova produção.

"É um azougue, essa menina", disse um amigo essa semana. É, não paro muito quieta, embora esse blog não deixe transparecer esse fato. Mas vamos lá, vamos em frente.

A Protótipo é uma ideia para integrar, e quero muito a colaboração de todos vocês, amigos, ou os que dão uma passadinha rápida por aqui. E a chamada é aberta a todos os autores. Queremos desenvolver um trabalho de qualidade sobre quadrinhos.

Divulguem, critiquem, opinem. Vamos fazer um livrinho em capa dura só de quadrinhos potenciais, inspiração do Oubapo, do Oulipo, de que já falei por aqui. Torcendo para receber um bom retorno.
O conselho editorial está sendo formado, já recebi boas respostas. Em breve, divulgaremos.

Um beijo ansioso,
MC

sexta-feira, 25 de junho de 2010

a lição da naturalidade

Quando aos seis anos de idade comecei a ter certas dúvidas, mamãe me emprestou um livro de capa vermelho-maravilha, grandão, mas muito prático. Era um livro com respostas da Marta Suplicy às cartas de seus caros telespectadores da TV Mulher. Lia e relia aquele livro assim como as enciclopédias e o dicionário. Um manual bem interessante para mim, na época e até bem tarde. Um dos conselhos da Marta, aliás, era sobre como os pais e professores deveriam se comportar com perguntas de seus filhos ou quando a criançada começasse a falar "merda", "cu", "escroto". Aja com naturalidade, ela explicava. Diga ao seu filho o que é merda, o que é cu, o que é escroto. Se ficar ofendido, só faz a criança gostar mais da palavra nova.

***

Esse vídeo mostra o grande descompasso entre a mídia impressa e televisiva. Enquanto diversos jornais e revistas já fizeram matérias sobre a Cachalote, a aguardada graphic novel de Rafael Coutinho e Daniel Galera, a jornalista encena uma grande surpresa ao "descobrir" quadrinhos que seriam de qualidade e ainda por cima não infantis. (A gente aqui vez ou outra fala disso, mas a gente é obcecada por esse tema)

Claro, como bem lembrou o escritor João Paulo Cuenca mais tarde, a função de um programa como tal é de explicar melhor para o grande público os novos fenômenos culturais. Que o telespectador vá depois buscar alhures maiores informações, é outra história. E isso é muito bom.

Aliás, era um escritor falando com naturalidade de um gênero bastardo. A apresentadora continuava a enfatizar com adversativas e exclamações sua surpresa: agora ela pode dizer que vai ler quadrinhos e com interesse. Alguém detentor do crachá de escritor/artista, autorizava a inserção daquele objeto no campo das artes.

Enquanto o escritor explicitava a qualidade do trabalho, da história (já é óbvio para ele que quadrinhos não precisam ser para crianças), outro convidado, Emílio Santiago, associou imediatamente a discussão ao problema do livro, livro enquanto livro, sem ser quadrinho ou qualquer gênero que seja, livros que não são lidos no Brasil. Não parecia ter passado pela cabeça dele essa diferença etária ou étnica (povo diferente, esse que lê quadrinho e já é maior de idade), mas sim o problema dos livros serem caros por aqui.

Quadrinhos de qualquer tipo ainda é a imagem de literatura fácil, ligada ao público juvenil, mas não é esse motivo que impediria a geração que hoje chega aos 50 ou 60 de continuar acompanhando seus quadrinhos da infância. Quem escreve aos jornais reclamando da mudança das tirinhas do Globo ou se irritando com a "nova fase" do Laerte não são os leitores dos cadernos terminados em inho. Essa separação do que se lê é feita unicamente pelas prateleiras, pelos editores, pelos especialistas, pelos professores (é, Sílvia Abreu, besteira sua achar que essa sua ex-aluna aqui não poderia ler Feliz Ano Velho ou Cem anos de solidão aos treze). Os mesmos que dizem que isso é coisa de criança também dizem o que não é para elas, são aqueles que sacralizam o livro e ainda hierarquizam o acesso à cultura.

***

Na verdade, na verdade, a criança não está nem aí para o que significa cu, merda, escroto. Quem fica se fodendo preocupado com isso sempre é a professora.

***

Fundamental toda essa movimentação em torno da Cachalote. Essa troca escritor/artista plástico no campo dos quadrinhos dessacraliza um pouco essa figura do artista ao mesmo tempo que levanta a bola da nona arte. Terça estaremos lá!

UPDATE: veja também uma série de posts do meu amigo oulipiano Adilson Jardim sobre quadrinhos e escola, entre outros assuntos.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

las meninas (2a versão)

Vamos lá, não era meu objetivo brigar com ninguém. 


Concentração na lista de autoras de quadrinhos

Cynthia Bonacossa, que ainda organiza a Golden Shower
Hope Larson, que aliás realizou uma pesquisa sobre o assunto (entrevista aqui).*

* A Stephanie fez uma crítica detalhada da tal pesquisa. Afinal, o objetivo da pesquisa era responder a por que meninas não leem quadrinhos, mas as moças que responderam já são do meio... 

E de novo o link da Maison Close, a orgia comandada por Ruppert e Mulot, que aliciaram algumas quadrinistas pra fazerem felizes os rapazes...



(Continuo pedindo colaboração das moçoilas e dos rapazes)


UPLOAD


Tinha esquecido da Dominique Goblet