Mostrando postagens com marcador Psicanálise. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Psicanálise. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Despertar



As horas passam, com elas os dias, os meses, os anos, a vida... E depois, haverá uma segunda vida ? Uma nova chance ?

Afirmar se haverá uma segunda vida ou não foge do nosso alcance. Mas mesmo que haja, você e o cenário serão outros.

Na conjuntura em que vivemos a tendência é estabelecermos uma rotina que passará a ocupar a maior parte do nosso tempo, e em alguns casos a sua totalidade. Assim o tempo passa e o indivíduo nem sente. As vezes para e nota que o passado parece estar muito próximo do presente. Isso significa que poucas experiências relevantes foram vivenciadas de verdade neste intervalo de tempo.

Os dias estavam passando, um após o outro. Pequenas turbulências sempre surgiam para quebrar a rotina. Mas um dia até essas turbulências passaram a fazer parte da rotina. E o tempo continuou a correr. O contexto em que a pessoa vive a faz acreditar que aquela é a sua realidade, e acaba se convencendo ou conformando que assim será talvez até para sempre. Para tal ela começa a procurar os aspectos positivos da sua vida atual, e neles se ancora para justificar a sua escolha.

Um dia ou outro o nosso inconsciente fala um pouco mais alto e nos pergunta: Estamos realmente felizes ? A nossa vida continua vibrante e cheia de emoções ? O nosso coração continua batendo forte ? Quantos % do tempo sentimos que estamos vivos intensamente ?

Mas ainda assim continuamos no nosso dia a dia. E o tempo continua a passar...

Era um dia como outro qualquer quando tudo aconteceu. De repente me vi no meio de uma explosão. Tentei proteger a mim e à minha vida com tudo que pude, mas dessa vez não consegui reparar todos os danos. Minha vida continuou, mas minha mente não. A explosão me fez despertar para um novo mundo. Depois disso nada mais poderia voltar a ser como antes. Tudo mudou de cor. O branco ficou mais branco, o preto mais preto, e as cores mais vivas.

De repente passam a surgir opções, novos caminhos e perspectivas. Mas acima de tudo o importante é sentir-se vivo, a cada dia, emocionar-se, permitir que a nossa mente esteja sempre aberta de forma a absorver as experiências e emoções que surgirem, sem medo. Sejam politicamente corretas ou incorretas, não importa. O que mais vale é apenas viver e ser feliz, a qualquer custo. Diversas situações passarão diante de nós. O universo sempre irá conspirar em nosso favor trazendo aquilo que realmente desejamos. Então muitas coisas que estão marcadas dentro de nós mais cedo ou mais tarde poderão aparecer em nossas vidas.

Neste momento não podemos simplesmente deixar passar e nos sufocarmos.


domingo, 31 de julho de 2011

Ser ou Não Ser... (parte 2)


Desde que o homem se entende como gente, e começa a refletir sobre o seu verdadeiro "eu", ele acaba descobrindo que pouco sabe não apenas sobre si mesmo, mas a respeito de todo o universo que o cerca.

A tendência natural dos indivíduos que nascem em uma dada conjuntura é acreditar que aquele contexto é a sua verdade. Desde que nascem, são educados e catequizados para que os Dogmas, axiomas, princípios éticos, morais, religiosos, profissionais entre outros sejam compreendidos e absorvidos completamente.

Porém o ser humano não nasceu para ser um robot, embora seja isso que a conjuntura espera de cada um. A idéia é formar trabalhadores que contribuam para a alimentação do sistema, submetendo-se por completo às suas regras, a fim de beneficiar principalmente aos grupos que detém o poder.

O homem nasce livre, com a mente límpida e pura. Com o passar dos anos ela vai evoluindo, mas ao mesmo tempo adaptando-se ao contexto em que vive. A discrepância entre os seus instintos primários e as regras estabelecidas pela conjuntura leva o indivíduo a apresentar comportamentos diversos para adaptar-se ao meio.

Todos somos diferentes, temos "essências" diferentes. A individualidade de cada um combinada com a forma da criação e o contexto em que vive irão definir a sua personalidade e comportamento.

O que ser, ou o que não ser ? Na verdade optar por não ser algo acaba levando o indivíduo a ser uma outra coisa, mesmo que através de uma negação. Ou seja, o não ser também é ser.

Com a personalidade formada, o homem passa a representar personagens diante das diferentes situações que surgem em seu caminho. Cada um tem a sua história, que o levou a ser como é no presente. Esta história irá influenciá-lo diretamente em suas atitudes, postura, perspectivas, e até mesmo na sua auto-confiança.

Através da representação destes personagens o indivíduo tenta mascarar a sua essência, buscando assim de acordo com a sua visão mais chances de sucesso seja profissional, social ou  emocional. Em muitos casos esta representação é tão intensa que ele chega a enganar a si próprio a ponto de acreditar que aquele personagem é a sua verdade. Em situações extremas alguns indivíduos chegam a desenvolver quadros psicológicos patológicos como a psicose.

Quanto mais o contexto em que a pessoa está integrada diverge dos seus instintos naturais, maior é o esforço para a adaptação. Para isso é necessária a criação em sua mente de idéias, axiomas e justificativas que dêem suporte à submissão. Por exemplo, algumas religiões chegam a alertar para possíveis punições aos indivíduos que não seguem os seus ensinamentos (não ir para o céu, pecados, não ser salvo, etc). Muitos com receio de receber tais punições submetem-se a acreditar que aquilo é a sua verdade, às vezes chegando a ponto de enganar a si próprio.

Quanto mais dura a aceitação das regras e do contexto em que vive, mais mecanismos de defesa são acionados na sua mente a fim de garantir alguma perspectiva de estabilidade naquela situação. Muitas vezes para tal a pessoa cria frágeis alicerces mentais, que quando são abalados por algum fato novo podem quebrar-se e ela vir a achar que o seu mundo "caiu" ou até mesmo entrar em depressão.

Na verdade o que todos buscamos é uma forma para vivermos em harmonia e felizes, seja lá qual for o contexto. Tanto que para isso chegamos a ponto de representarmos personagens que muitas vezes não têm nada a ver com o nosso verdadeiro "eu", o que de alguma forma irá gerar instabilidade.

Seja lá qual for o objetivo que se deseja alcançar o primeiro passo é ser SEMPRE, em qualquer circunstância, 100% sincero consigo mesmo, por mais esdrúxulo ou politicamente incorreto que pareça ser o seu pensamento. A partir de então você poderá começar a compreender melhor a si próprio, os seus instintos mais primários, e saber o que realmente gosta ou deseja. Com base em tais conhecimentos torna-se possível avaliar se alguma coisa deve mudar em você ou em sua vida, mas sempre baseado na sua verdade, sem máscaras ou mentiras. Ninguém a não ser nós mesmos tem o direito de reprimir-nos e tirar a nossa liberdade e felicidade.

Ser ou Não Ser... (parte 1)

"If you don’t like how things are, change it! You’re not a tree." ~Jim Rohn
"The only way to deal with an unfree world is to become so absolutely free that your very existence is an act of rebellion." ~Albert Camus

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Depressão e o Tédio

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um poder começar agora e fazer um novo fim." ~Chico Xavier

Segundo estatísticas divulgadas pelo Laboratório de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, 73,6% da população está comprometida em graus diferentes de algum tipo de transtorno psicológico, e somente 26,4% pode ser considerada “normal” ou sem qualquer tipo de transtorno. A pesquisa, realizada recentemente, aponta que 46% das pessoas com transtorno são portadoras de depressão.

Há quem diga que a depressão é a doença do século, mas se formos analisar documentos que descrevem as civilizações ao longo de nossa história, verificaremos que ela sempre existiu, mas com nomenclaturas diferentes - melancolia (antiguidade), possessão demoníaca (idade média) e até mesmo chegou a ser encarada como intelectualidade no Renascimento.

A depressão, assim como outros transtornos mentais, começaram a ser elucidados nos fins do século XIX / início do século XX através dos estudos de Sigmund Freud, que resultaram na elaboração de sua teoria psicanalítica. A origem da teoria foi quando começou a atender na maior parte jovens senhoras judias, que sofriam de sintomas aparentemente neurológicos (paralisia, perda do controle motor, cegueira parcial, alucinações, etc.), mas que não podiam ser diagnosticados através de exames. Freud então criou um método de tratamento baseado na "cura pela fala", onde o paciente discute as associações com cada sintoma, fazendo-os desaparecer. Durante o tratamento Freud buscava as memórias ocultas ou reprimidas das pacientes, que poderiam estar relacionadas com a origem dos sintomas.

Daí então passam a surgir diversas vertentes relacionadas aos estudos de tais transtornos. Entre estas, a principal discussão é se o tratamento indicado para a doença deve ser de caráter psicológico/psicanalítico (cura pela fala), ou psiquiátrico (clínico/remédios). Ou seja, se a enfermidade é puramente psíquica, se é causada pela deficiência de substâncias químicas no organismo do paciente, ou mesmo ambos.

Não sou psiquiatra nem psicanalista para dar um veredicto ou mesmo uma posição técnica com base teórica consistente, mas vamos refletir um pouco.

Se formos observar o universo que nos cerca, é imediata a constatação de sua magnitude e perfeição. Sendo os seres humanos parte deste todo, por indução é no mínimo provável que deva estar em harmonia com o universo. Mas e as doenças e os transtornos, onde ficam nisso ?

Experiências realizadas com diversas espécies de animais comprovam que a convivência em sociedade altera o seu comportamento. Dependendo do contexto em que são colocados, podem demonstrar-se felizes, calmos, ou estressados, violentos, a ponto de matarem uns aos outros.

É fato que o estado emocional do indivíduo tende a ser influenciado pelo meio em que está. É também sabido que a química do organismo está intimamente ligada aos aspectos psicológicos.

Deus criou o homem, e o deu o universo e a Terra como habitat. O planeta foi cedido ao homem, e sua preservação é nosso dever. Na Terra, construímos nossa civilização, nossas leis, a sociedade. A nossa felicidade está diretamente relacionada à sociedade em que vivemos. Pela estatística acima, 73,6% da população apresenta algum tipo de transtorno psicológico. Para explicar este número tão elevado, ou deveríamos considerar que o ser humano é um "projeto defeituoso", o que não é provável dada a perfeição de todas as criações de Deus, ou o contexto criado pelo homem é desfavorável à sua saúde mental.

Respeito a vertente que alega que a depressão é uma doença clínica, a qual deve se tratada através de medicamentos. Porém acho que cabe a todos que estão lendo este post um momento de reflexão. É nossa obrigação sermos felizes. Precisamos fazer da sociedade um contexto agradável para vivermos, sem repressão e violência, sem permitir que sejamos enumerados, serializados e fiscalizados como escravos e robots. As organizações foram criadas para atender às necessidades do homem, e não o contrário.

Se você se enquadra na lista abaixo ou sente algo que te faça sentir-se mal psicologicamente :

. Está frequentemente com tédio
. Chora facilmente ou sem motivo
. Perdeu o interesse/prazer pelas coisas
. Sente-se culpado, sem saída ou sem valor
. Sente-se meio largado ou paralisado
. Pensa na morte/suicídio
. Dorme demais ou não conseguir dormir
. Perdeu o apetite e peso ou come demais e engordou
. Sente-se cansado e lento ou inquieto e irritável
. Acha difícil concentrar-se e tomar decisões
. Sente dores que não melhoram com tratamento

É sinal que tem algo errado com você. Seja lá o que for que tenha, pode ser resolvido, curado, ou solucionado e o mal estar passará. O importante é não aceitar simplesmente isso como um elemento de sua vida. Vá a um psicanalista, psicólogo ou psiquiatra, e procure descobrir e mudar na sua vida o que não estiver lhe fazendo bem.

Viva a vida intensamente. Aproveite cada dia como se fosse o último, curtindo cada momento e procurando ver sempre os aspectos positivos e construtivos. Procure não se fixar em fatos e lembranças que te causam mal estar ou sentimentos ruins. Não fique tão ligado a bens materiais, pois o homem por mais que tenha jamais ficará saciado com o material. Faça o bem e ajude ao próximo, nada lhe trará mais satisfação do que isso. Lute contra os opressores e ajude a construir aqui um mundo melhor. Faça valer a pena a sua estadia neste planeta. Você é único. Deixe a sua marca.

"Eis um teste para saber se a sua missão na Terra está cumprida. Se você está vivo, sua missão ainda não terminou." ~Richard Bach

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Mecanismos de defesa

Vou abrir aqui um pequeno parênteses para falar sobre mecanismos de defesa, citados na postagem anterior.


Quem não se interessar por psicanálise deve desprezar este post.


Sublimação:
Os impulsos originais são redirecionados para outros com o objetivo de reduzir a ansiedade e o conflito que a situação poderia causar. Ex: um casal não pode ter filhos então compra um cachorro.


Racionalização:
O indivíduo tenta inconscientemente justificar com explicações lógicas uma atitude questionável.


Repressão:
É a operação psíquica que tenta fazer desaparecer da consciência, impulsos ameaçadores, sentimentos, desejos, conteúdos desagradáveis, ou inoportunos.
Este conteúdo reprimido no entanto, não é eliminado e continua no inconsciente. O resultado seriam algumas doenças psicossomáticas que poderiam estar vinculadas à essa repressão (Ex. asma, artrite, frigidez, etc).


Projeção:
O indivíduo coloca no outro, sentimentos, desejos ou idéias que são dele próprio. Esse mecanismo ajudaria então a lidar de uma maneira mais fácil com esses sentimentos. A dificuldade em admitir determinadas "falhas" em nossa personalidade seria projetada no outro.


Identificação:
O indivíduo assimila alguma característica ou aspecto de outra pessoa, se transformando total ou parcialmente, adotando-a como modelo.


Deslocamento:
É um processo psíquico através do qual o todo é representado por uma parte ou vice-versa.Também pode ser uma idéia representada por uma outra, que, emocionalmente, esteja associada à ela. Ex.: Ao invés de agredir a uma determinada pessoa, a agressão é direcionada à outra, talvez mais fácil de se atingir.


Formação Reativa:
É um processo psíquico que se caracteriza pela adoção de uma atitude de sentido oposto a um desejo que tenha sido recalcado, constituindo-se então, numa reação contra ele. Uma definição: é o processo psíquico, por meio do qual um impulso indesejável é mantido inconsciente, por conta de uma forte adesão ao seu contrário. Ex.: Uma pessoa rígida em relação à moral ou sexualidade, pode estar ocultando seu lado permissivo e imoral.


Negação:
Quando ocorre algo que nos incomode profundamente, há a tendencia a não aceitar esse ocorrido, ou lembrá-lo de modo incorreto. Podemos fantasiar também o que houve na tentativa de distorcer e minimizar assim, o impacto do evento.


Regressão:
Quando a pessoa, vivendo uma fase difícil, retorna à atitudes anteriores. O indivíduo busca uma situação ou comportamento mais infantil. A criança pode voltar a esse estágio quando nasce um irmãozinho, voltando à chupeta ou à mamadeira.


Introjeção:
O indivíduo toma para si características de outra pessoa ou de seus ídolos.


Isolamento:
É um processo psíquico típico da neurose obsessiva, que consiste em isolar um comportamento ou um pensamento de tal maneira que as suas ligações com os outros pensamentos, ou com o autoconhecimento, ficam absolutamente interrompidas (completamente excluídos do consciente).


Substituição:
Processo pelo qual um objeto valorizado emocionalmente, mas que não pode ser possuído, é inconscientemente substituído por outro, que geralmente se assemelha ao proibido. É uma forma de deslocamento.


Fantasia:
É um processo psíquico em que o indivíduo concebe uma situação em sua mente, que satisfaz a uma necessidade ou desejo, que não pode ser, na vida real, satisfeito.


Compensação:
É o processo psíquico em que o indivíduo se compensa por alguma deficiência, pela imagem que tem de si próprio, por meio de um outro aspecto que o caracterize, que ele então passa a considerar como um trunfo.


Expiação:
É o processo psíquico em que o indivíduo quer pagar pelo seu erro imediatamente.


Quem se interessar no assunto e quiser saber mais detalhes ver o link abaixo:

http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/mecanismosdedefesa.html


BIBLIOGRAFIA
FENICHEL,O., Teoria Psicanalítica das Neuroses.Atheneu.2000
GREENSON,R.R., A Técnica e a Prática da Psicanálise. Imago.RJ. 1981
LAPLANCHE & PONTALIS. Vocabulário de Psicanálise (2000), Martins Fontes S.P.
CARVALHO, UYRATAN . Psicanálise I . Isbn.RJ.2000
HENRY EY. Manual de Psiquiatria.5º Edição. Masson/Atheneu