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segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Uma tragédia europeia

Hoje não me sinto sérvio e a solidariedade que possa ter perante esse povo é muito limitada. Também acho que a independência auto-proclamada do Kosovo é uma vergonha para a Europa e mais um exemplo da perfídia norte-americana no seu intuito permanente de enfraquecer o nosso continente, com a complacência quase total dos governantes deste lado do Atlântico.
Vamos por partes.
Na segunda metade dos anos 80 Slobodan Milosevic sentiu que o tempo do comunismo estava a chegar ao fim. Apercebeu-se que o nacionalismo sérvio poderia ser a arma para se manter no poder. Não hesitou em exacerbar esse nacionalismo de uma forma descarada. Incentivadas pela Alemanha e pelos EUA, uma após outra as repúblicas começaram a declarar a sua independência, saindo da federação jugoslava. A Sérvia não aceitou a secessão e começa a guerra, com cumes sangrentos na Croácia e na Bósnia-Herzegovina.
Foi a Sérvia que se divertiu a destruir o centro histórico de Vukovar. Foi também a Sérvia que abriu caminho para o fundamentalismo islâmico na Bósnia. Foi a Sérvia que promoveu e manteve o horroroso cerco a Sarajevo, com os snipers a divertirem-se a fazer pontaria aos desgraçados que fugiam nas ruas. Foi ainda a Sérvia que destruiu boa parte da biblioteca de Sarajevo, património cultural da humanidade. E Srebrenica é obra sua.
Se há um exemplo de um mau nacionalismo, no sentido em que se manifesta de forma arrogante, se quer sobrepor aos direitos dos países vizinhos, massacra populações indiscriminadamente e no sentido em que mancha o conceito nacionalista, esse foi o sérvio.
Milosevic arrepiou caminho e assinou o acordo de paz de Dayton, em 1995. O mal estava feito. A Bósnia, até aí palco de uma convivência sã entre comunidades, estava radicalizada, invadida por fundamentalistas islâmicos (muitos deles armados pelos EUA) e dependente da ajuda da Arábia Saudita. O Kosovo fervilhava de sentimentos independentistas e crescia o sonho da Grande Albânia (ironia suprema face ao abortado sonho da Grande Sérvia).
Os bombardeamentos da NATO à Sérvia foram uma vergonha. A Sérvia tinha caído que nem um patinho na armadilha do seu próprio radicalismo. De verdugos os sérvios passaram a vítimas. Em vez de mesquitas incendiadas o Kosovo passou a ter igrejas incendiadas. Com apenas 5% de sérvios o Kosovo estava perdido para esta comunidade.
Centro de alguns dos mais importantes tráficos europeus, da droga às mulheres, o Kosovo irá a breve prazo integrar-se na Albânia, país que transitou quase de golpe do comunismo mais ortodoxo para o capitalismo de carácter mais selvagem e mafioso.
Uma tragédia europeia, preparada por europeus inconscientes e incapazes de aprenderem as lições do passado, e servida em bandeja de sangue pelos EUA, do mais alto do seu cinismo geo-estratégico.

quarta-feira, outubro 03, 2007

As ajudas dos EUA a Israel

As ajudas dos EUA a Israel não cessaram de aumentar desde a Guerra dos Seis Dias, passando de 24 milhões de USD em 1967 a 634 milhões em 1971, subindo em flecha para 2,6 biliões três anos depois. Neste contexto, George Bush (jr.) prossegue a acção dos seus antecessores, mas com uma diferença notável: tornado mestre na retórica religiosa, Bush jr. crê-se portador de uma "missão divina", declarando-se garante de uma Nova Ordem Mundial em luta contra as "forças do mal", juntando na sua cruzada os líderes das diferentes igrejas americanas que fazem essa apologia incessantemente, lançando o anátema sobre quem faça objecções...
Sejam os evangelistas - Pat Robertson apelou ao assassinato de Saddam Hussein, Cal Thomas sugeriu que a guerra no Iraque fosse conduzida como o foi a Segunda Guerra Mundial -, do metodista Chuck Colson, ex-conspirador no caso Watergate, hoje Ministro das Prisões (autêntico!), do mediático Sean Hannity (católico) que afirma que é dever da América de se bater por todas as nações oprimidas; do baptista Jerry Falwell que argumenta que "a invasão do Iraque é justa porque... Deus é pró-guerra"!, ou do guru e profeta fanático John Hagee, reverendo do Friends of Israel Gospel Ministry que garante que "os EUA devem atacar o Irão - e quanto mais cedo melhor por ser ainda pior que Hitler"; tem-se bem a noção da amplitude do movimento neo-conservador... (...)
Contrariamente aos outros países [ajudados pelos EUA], em que os subsídios são pagos trimestralmente, a ajuda a Israel é, desde 1982, paga na sua totalidade no início de cada ano fiscal. (...)
Além disso:
- Israel está dispensado de detalhar a forma como gasta esse dinheiro, como é normalmente a regra neste tipo de ajudas;
- o montante recebido representa aproximadamente um terço do orçamento total destinado aos créditos externos, o que parece desproporcionado tendo em conta que a entidade sionista está na 16ª posição entre os países mais ricos, com um rendimento per capita superior ao da Irlanda, Espanha e Arábia Saudita (cf. Zunes Stephen, "The Strategic Function of US Aid to Israel", Washington Report, Dezembro de 2002).
(In Rivarol de 14 de Setembro de 2007.)

sexta-feira, julho 27, 2007

Ron Paul, uma esperança para os EUA?

Outsider, iconoclasta, um segunda-linha: alguns dos epítetos dirigidos a Ron Paul, significando que o republicano não tem a mínima hipótese de ser nomeado candidato à presidência pelo partido do elefante. E se calhar não tem mesmo.
Mas este membro da Câmara dos Representantes que votou contra a entrada dos EUA na guerra contra o Iraque é a esperança de muitos americanos que apenas anseiam por que o seu país abrace os seus princípios fundadores, e em particular que o partido republicano renegue o seu caminho recente de irresponsabilidade orçamental, belicismo e atentado às liberdades individuais.
É de salientar que, como congressista, Paul tem sido incansável na defesa dos habitantes do 14º distrito do Texas, pelo qual é eleito. Chega a passar mais de metade de uma semana de trabalho no local, apercebendo-se dos problemas e necessidades da população.
Defende princípios tipicamente (ou que até há anos faziam por merecer o advérbio de modo) conservadores: mercado livre, defesa da vida, abolição do imposto sobre os rendimentos (chegou a redigir uma proposta de lei nesse sentido), anti-intervencionismo e até a saída dos EUA da NATO e das Nações Unidas.
Se servir de indício, o seu nome é há meses um dos mais teclados nas pesquisas dos internautas americanos.

quinta-feira, junho 28, 2007

Reflexões sobre Israel e o lobby sionista

Em complemento ao postal anterior poderia dizer, com Jimmy Carter, que «a força militar israelita pode, com o apoio dos EUA, destruir a economia de Gaza, do Líbano e de outros países e provocar grandes danos. Mas, após a destruição, os movimentos de guerrilha sobrevivem e estarão cada vez mais unidos e beneficiarão de um apoio maior». (Texto completo - e indispensável - aqui.)
Também a não perder este tête à tête entre James Petras e Norman Finkelstein sobre o poder do lobby sionista na definição (e acção) da política externa norte-americana.

domingo, junho 17, 2007

The 51st State of America

Todos sabemos que Tony Blair se comportou como o caniche de Bush aquando da decisão de invadir o Iraque de Saddam Hussein: sabia que não havia armas de destruição maciça naquele país martirizado por uma feroz ditadura e por mais de uma década de embargo económico; pior, foi conivente, senão mesmo parte actuante, na manipulação das informações que davam como certa a existência das ADM.
Agora, qual menino que foi atrás dos grandões da turma, lamenta que os EUA não tivessem convenientemente planeado o pós-invasão do Iraque, o que de resto nem o surpreendeu pois dessa falta de preparação já à época ele suspeitava!
Se a história lhe fizer justiça, Blair dela constará como um criminoso que foi colaborante de uma invasão sem fundamento, que mergulhou um país no caos e na barbárie, tudo para benefício dos dois mais fortes lobbys da política externa norte-americana: o petrolífero e o judaico. Servindo-se da capa democrática como legitimadora daquilo que era ilegítimo, Blair e Bush comportaram-se como dois facínoras da pior espécie. E o mundo ficou um lugar ainda mais inseguro.