sábado, junho 14, 2008

Que pena não juntarem dois homens ou duas mulheres. Seria bonito da parte da Sumol!

quarta-feira, abril 16, 2008

Le retour

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Desculpem os leitores pela ausência do autor deste blog. Pensou, por alguns momentos, que não precisava de escrever. Sentiu-se feliz no rodopiar das vãs folhas de outono e saboreando a rotina que uma existência intermitente permitia.
(...)

Mas nessa quase harmonia, o autor sentiu-se só. Sentiu-se rodeado de paisagens vazias, num acto só, numa história alternada entre o cinza e a cor. Um dia, sem dar conta, deixou de sorrir. Foi num café, de manhã. O autor olhou pela janela, quieto, e perdeu-se na transparência do vidro. Lembrou-se, então, do personagem que criara e que deixara só. esquecido. O ele secreto. Encontrou-o sedento de amor, de abraços e carícias. O autor tem esperança de um dia lhe soprar Vida. De lhe colorir o resto do livro que escreveu para ele. De lhe provar que o amor não é cruel, e que veio para ficar. Diz que falta pouco. Assim espera o Ele Secreto.

domingo, outubro 28, 2007

à procura do manual de instruções


A primeira noite só, depois de uma semana com o amor, é sempre difícil de passar.. ainda mais agora que temos uma hora a mais..

sábado, agosto 04, 2007

Green Idol

Artigo e Foto da Vanity Fair

Nem gostava muito deste senhor. Mas ao longo dos anos, tem sabido que caminho escolher!

"Not content to rest on his laurels as an Oscar-nominated international superstar, Leonardo DiCaprio has become one of today's most prominent environmentalists. An outspoken activist who sits on the boards of the Natural Resources Defense Council and Global Green USA, DiCaprio's the rare celebrity who truly walks the walk, driving his hybrid car to his solar-paneled home and co-writing and producing The 11th Hour, a documentary about our planet in crisis."

terça-feira, julho 24, 2007

storyteller


"I had a farm in Africa, at the foot of the Ngong Hills. The Equator runs across these highlands, a hundred miles to the north, and the farm lay at an altitude of over six thousand feet. In the day-time you felt that you had got high up, near to the sun; but the early mornings and evenings were limpid and restful, and the nights were cold."
...
É assim que começa um dos seus livros preferidos. Ela a quem dedico esta mensagem de hoje, que viajou de Copenhagen no inverno para ver a casa onde foi escrito. Esta mensagem diz tudo o que queria dizer, mas de forma subtil e apaixonada, como subtil e apaixonado é o momento que ambos vivemos. beijo grande para ti.

quarta-feira, junho 20, 2007

sinais dos tempos


Os tempos mudaram. Pelo menos assim o sinto. Apaixonado e feliz, tenho assumido junto dos mais próximos que amo o gajo mais giro que conheço. Intimas ou não, sinto-me igualmente inserido no meio dessas pessoas mas a caminhar sem medos ou receios.


Estes últimos tempos têm sido de sucessos, quer pessoais, quer profissionais. Gosto do meu dia-a-dia. Principalmente o almoço que é o período do dia em que me divirto mais.


Almoço sempre com a A. que é minha colega e se calhar das melhores amigas que já tive. Está a trabalhar comigo há 3 meses. Tem 42 anos e acho-a uma corajosa. Tem um ar desafiador perante os homens, um olhar que enfeitiça em tons de mel e avelã. Não compreende o facto dos homens se intimidarem com ela. Eu também não compreendo, mas acho que os homens estão a ficar fracos. Nos modos, nos gostos, nos quereres e apetites. Querem-se homens valentes e que arriscam, não aqueles que se intimidam com um olhar provocador de uma mulher, como se ela o fosse comer (e se comesse?!)


Costumamos passear os dois pela cidade, pelas avenidas, a apreciar o Homem português em todas as suas manifestações. a adivinhar para que lado penderá a sua balança e os seus afectos.


Nunca pensei chegar a este ponto.. mas torna-me o dia-a-dia divertido à brava :D

Daqui a 15 dias estarei com o M.(ais que tudo). Já tenho saudades do seu abraço.


domingo, maio 27, 2007

domingo de chuva

Raimundo Y Madrazo
...

Maria del Mar olhava pela janela do seu quarto o movimento da calle de San Justo. Era domingo e as senhoras da alta sociedade de Madrid entravam, uma a uma, na Basilica de San Miguel para a eucaristia dominical.

Maria del Mar observava desde pequena aquele ritual. Gostava de ver as lindas mantilhas de renda e sonhava um dia passear-se também ela pelas escadas da Basílica.

Aos quarenta e um anos orgulhava-se de si e do seu reflexo no espelho de Veneza que tinha na parede do toucador. Herdeira dos bens de seu pai, após a morte da sua segunda mulher, Maria del Mar não se privava de cousa alguma. Vestia-se nos melhores costureiros de Madrid, perfumava-se com as melhores essências que chegavam de Paris, e que encontrava em Santa Maria Novella, na Calle Almirante, e posava todas as tardes no café Gijóm, onde paravam os intelectuais da primeira década do novo século.

Maria era a única aristocrata que frequentava cafés em Madrid. As mulheres invejavam-lhe a delicadeza dos gestos. Os homens invejavam-lhe a intimidade. Lutavam pela sua atenção, por se exibirem e por lhe declamar os mais belos poemas de amor. Maria olhava entediada para a sua chávena de chá, nela vendo a tristeza do seu destino, da sua solidão e começava a achar-se infeliz.

Em casa, contemplava o quadro que a imortalizara. Pintado por Modigliani em Paris, Maria escondia a tela dos olhos dos visitantes. A nudez que transpunha, lembrava a Maria a loucura que vivera em Paris, quando tinha vinte e três anos. Ocultando a todos a sua origem aristocrata, tinha-se entregue aos braços viris de artistas e pintores. Fora devorada com uma fome que nunca antes sentira e sentiu-se amada, cada dia por um homem, por um corpo, por um odor. Os mistérios do amor desvendavam-se, dia para dia, e Paris tornava-se para ela a cidade do amor e da felicidade.

Três anos foi o tempo que Maria viveu na cidade do Moulin, em Plena Belle Epoque, até ser forçada a regressar à cinzenta Madrid. A morte de seu pai, e a ausência de mais herdeiros, tornavam-na uma mulher rica, jovem e cobiçada.

Os anos passaram e Maria via-se presa pelos deveres da sua classe, dos compromissos que seu pai lhe deixara e pela felicidade que deixara em Paris.

Era Domingo e chovia. Maria vestiu o seu casaco de xadrês vermelho, desceu as estreitas escadas de madeira do nº 2 da Calle de San Justo e entrou discretamente na Basílica de San Miguel.

Dizem que foi encontrada morta no chão de seu quarto, envenenada, uma semana depois. Os médicos falaram em suicídio. Convido o leitor a espreitá-la, pela última vez, no quadro de Madrazo. Olhem como era graciosa..

O fabuloso destino de dois anónimos


Aproximava-se o dia. Um fim de semana planeado a grossos e desalinhados esquissos, onde havia espaço para decisões a dois, surpresas, vontades. Foram levados um pelo outro, como dois cachorros em desafio mútuo.

Olharam a cidade à altitude das águias, viram como eram pequenas as pessoas e trivial a vida que levavam. Sonharam formas de alcançar o sublime.

Em terra, beberam néctares e torradas com manteiga. Subiram no autocarro das 17h45. Atravessaram o rio de mãos dadas, rodeados por tágides atentas e silenciosas.

Desceram em Palmela, subiram a cidade. Olharam a paisagem, a distância e sentiram-se donos do futuro e do amor.

Descobriram um quarto, aninharam-se. Concluíram que era felizes em qualquer parte. Que a calma da relação era apaziguadora. Uniram as suas almas e adormeceram como que anestesiados.

Lá fora o vento dançava e as cortinas, inquietas, invejavam a liberdade da folhagem. A tarde de início de Verão vestia-se de cinzento e toda a cor do mundo voava naquele quarto de hotel.

Levantaram-se e procuraram um restaurante. Eram os primeiros a chegar. Uma senhora apressou-se a recebê-los e sentou-os. Separaram com lentidão as alvas e tenras camadas de bacalhau e com as pernas juntas, debaixo da toalha amarela daquela sala de estilo rústico, olharam-se e disseram com os olhos o que haviam prometido no quarto.

Caminharam pelas ruas iluminadas por apliques de luz amarela. Fazia frio.

Voltaram ao hotel que parecia habitado apenas por eles. Envolveram-se em mantas como cachemiras e saíram para um dos terraços para os quais o seu quarto deitava. Beberam chá, deitados numa chaise longue de fina verga, olharam as estrelas.

Conversaram sobre a infância. Olhavam-se com o coração. Embora não o concretizassem à frente de olhares sorrateiros, abraçavam-se de vez em quando naquele mundo que era só seu.