sexta-feira, setembro 29, 2006

There’s no place like home


If I only had a brain
...
I could while away the hours
Conferrin' with the flowers
Consultin' with the rain
And my head, I'd be scratchin
'While my thoughts were busy hatchin'
If I only had a brain.
...
I'd unravel ev'ry riddle
For any individ'le
In trouble or in pain
...
With the thoughts you'd be thinkin'
You could be another Lincoln,
If you only had a brain.
...
Oh, I could tell you why
The ocean's near the shore,
I could think of things I never thunk before
And then I'd sit and think some more.
...
I would not be just a nuffin'
My head all full of stuffin'
My heart all full of pain.
I would dance and be merry
Life would be a ding-a-derry
If I only had a brain-Whoa!
...
Wizard of Oz - 1939
....

domingo, setembro 24, 2006

The one you love



A vida tem-me ensinado que as constelações de amigos dançam a uma velocidade única. Em intensidade, em intimidade, em confiança...
Sinto-me cada vez mais sedento de estar rodeado de pessoas, de manifestar afectos, de ser acarinhado, de abraçar, de rir, de dirigir a conversa, de escutar, de ser amigo e conhecer pessoas.


Sinto-me com 25 anos a alimentar necessidades que devia ter preenchido muito antes. Hoje construo amizades no perto e no longe com a intensidade além da fronteira do práctico, deixando no ar o vazio, o só, o vago, o fragmento.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Contradictions




Além de ser um dos meus perfumes, contradictions é o que sinto muitas vezes em relação a tudo e todos.

Se as mães nos conhecem profundamente e gostam de nos gabar à amigas, também sabem os pontos fracos para nos magoar quando querem.

E ser magoado por uma mãe tem um sabor bem amargo. Especialmente quando estamos longe dela, e vivemos sozinhos numa cidade destas. É sentir uma reprovação e vermo-nos de mãos atadas a algo irremediável.

Será que preferiam que fizessemos o sacrifício e nos remetessemos à solidão?

Não sei se sou eu uma prova para eles, para ultrapassarem o preconceito, ou uma prova para mim mesmo..

...
"White Flag"
...
I know you think that I shouldn't still love you,
Or tell you that.
But if I didn't say it, well I'd still have felt it
where's the sense in that?
...
I promise I'm not trying to make your life harder
Or return to where we were
...
I will go down with this ship
And I won't put my hands up and surrender
There will be no white flag above my door
I'm in love and always will be
...
I know I left too much mess and
destruction to come back again
And I caused nothing but trouble
I understand if you can't talk to me again
And if you live by the rules of "it's over"
then I'm sure that that makes sense

...
[...]
...
Dido

quarta-feira, setembro 13, 2006

twist effect



Há dois anos, numa viagem às minhas origens, visitei terras longinquas e conheci familiares existentes por aquelas paragens. Em terras de especiarias e palmeiras, fui recebido por um primo com toda a simpatia. Um pouco mais velho que eu, alugou uma mota e levou-me a passear entre kilometros de palmeiras, praias e aromas.
...
Há dois anos, já eu procurava comportamentos estranhos nos outros em relação a mim, tentando descobrir-me na opinião que tinham de mim. Era um desconforto constante imaginar qual seria a impressão que causava: se de um rapaz indiscutivelmente normal, se de um rapaz de quem se desconfiasse que podia ter um desiquilibrio emocional capaz de o levar a jogar noutra equipa :P
...
O meu primo, num desses dias, levou-me a casa de um amigo que morava no meio de uma floresta e que era psiquiatra. Embora tivesse uma familia estranha e ausente de mulheres, esse amigo parecia-me normalissimo e cheguei a sentir-me constantemente avaliado, na maneira de olhar, de sentar, de comer e de falar. Pensei que estaria num teste.. que o meu primo desconfiara e me levava a um amigo psiquiatra para que ele emitisse a sua opinião.
...
Isto passou. Voltei a terras lusas e um dia em conversa com o meu primo no messenger, confiou-me um segredo. Disse que tinha um namorado na Austrália e que apenas os pais sabiam mas que me dizia a mim visto ser o seu primo predilecto. Boquiaberto, não contei nada sobre mim. Não via e não vejo necessidade de misturar família neste tipo de questões.
...
De visita a Portugal, saí ontem com esse meu primo e segredou-me tudo sobre os MUITOS namorados que tem tido. Mostrou-me inclusivamente fotografias deles, que comentei com reserva.
Espantado fiquei quando me falou do P., o seu ex-namorado, o tal amigo psiquiatra, onde fomos almoçar, numa altura em que os dois ainda namoravam.
...
A vida dá realmente voltas. Existe, a par do real, um mundo que construímos na nossa cabeça, habitado por tudo aquilo que desejamos e receamos. É um mundo que se rege pelas mesmas leis que a lógica terrana cumpre, mas viciado pela nossa (in)constante humanidade.
...
Achei que devia partilhar esta descoberta. Afinal não há razão para desconfiarmos de nós. Aquilo que somos está dentro de nós. Não nos outros.

domingo, setembro 10, 2006

the perfect story


O secret him andou há um ano e tal a aventurar-se com um blog de mitologia e arte. Reparava, numa dada altura, que tinha várias visitas de um dos países baixos, normalmente mais do que uma por dia, e de largos minutos.
...
Curioso que estava, coloquei, uma vez, um post com a bandeira do local e pedi um comentário de apresentação à pessoa que me visitava. Surgiu um hesitante comentário da C. Visitava-me através do blog de um amigo comum.
...
Trocámos uns mails, música, e descobrimos que eramos muito parecidos nos sons que ouviamos.
...
Dali ao messenger foi um passo e a C., rapariga interessantissima, passou a ser a pessoa mais próxima de mim, com a qual falava todos os dias e partilhava quase tudo. Cheguei mesmo a partilhar o blogue do K como sendo de um amigo. Ela lia-o e comentava comigo os vários artigos, adivinhando-me em alguns.
...
Sempre pensei que as menções que o K fazia a mim não revelassem nada. Afinal, a C. descobrira já sobre mim e o K e desenvolvemos toda uma cumplicidade sem falarmos nunca nisso.
Perguntou-me algumas vezes porque tinha acabado com o outro blog, eu dizia apenas que tinha passado o seu tempo...
...
Há cerca de um mês, conversávamos sobre relações e eu hesitava ainda a descrever sentimentos actuais ou relações, falando sempre "na pessoa".
...
A dada altura, a C. diz-me: "Porque é que ainda não confiamos um no outro?"
...
Eu fiquei com a certeza de que ela sabia de tudo... (ideia que já me tinha passado pela cabeça mas que tentara convencer-me do contrário).
...
Contei-lhe tudo. Que tinha tido uma relação de meses com o K do blog e que tinhamos acabado há pouco. Ela não se mostrou surpresa e afinal já sabia de tudo. Mostrei-lhe também este blogue, o qual comenta directamente.
...
Regressada agora a Portugal, fomos ontem jantar fora. O restaurante era perfeito. Vegetariano, Luz da Vela, Vinho rosé, enfim..
...
Ela estava linda. A noite foi longa e animada. Terminou em minha casa em dois quartos.
...
(A foto deve-se ao facto da C. ser sósia da Audrey Tautou. Imaginem o azar do secret him :p)

sexta-feira, setembro 08, 2006

A cidade que matou o amor

Hoje falava com o meu colega R. sobre a puta da cidade em que vivemos - Lisboa. Ambos de outras paragens, Lisboa tem-se demonstrado uma grande porca para aquilo que acreditávamos ser "THE FEELING".


O meu melhor amigo e colega de trabalho, o R., está sozinho faz um par de anos. Um gajo giríssimo, sensível sem perder masculinidade e cheio de sentido de humor. Teve as suas paixões e desilusões. Desiludiu-se de tal forma que acreditou não ser capaz de se apaixonar mais. Fica de olhar preso em qualquer mulher realmente gira, ah e tal, mas chega o momento e não avança, porque não há estímulo, porque isto e aquilo, porque o acha querido e assim está tudo perdido.



A I. andoua sair à noite uns quantos meses com um gajo, fazendo noitadas a conversar, sem nunca acontecer nada, à espera que ele desse o primeiro passo, à espera não sabia do quê mas dizia ela que era giro consolidarem as coisas. Apaixonados e teimosos, nenhum avançou. Nunca deram um beijo e vejo-a já sem brilho nos olhos.



A R. é a senhora "carreira". Vive com um gato e rodeia-se de amigos sempre que pode. Ama as viagens e as aventuras romanticas. Volta e meia anda com um novo apêndice, devorado sofregamente para logo depois ser deixado com uma etiqueta a dizer "despojos".



E eu ando aqui. Às vezes com vontade de devolver o BI e reconhecer que ainda não estou preparado para ser um cidadão consciente. Crio confusões em mim, nos outros, sofro por mim e sofro pelos outros. Dou por mim a esquivar-me a convites para sair, trocando-os por outros, para no fim declinar tudo e querer estar sozinho a beber uma cerveja no adamastor enquanto releio as mensagens que me mandam.

Nunca pensei verdadeiramente na minha vida. Devia defini-la como um plano estratégico. Mas neste momento queria apenas alguém que esperasse por mim na minha cama.

(ao som de Hold Still do David Fonseca)

terça-feira, setembro 05, 2006

La Ville d'Ys

Jacques Lesot

Eis que a loucura me assola de novo :P

Tombado, tropeço na sequência dos obscuros dias, com vários eus, desencontrados, em tumulto, conquistando a espaços a loucura do ser que habitam.

Estou diante da minha porta... todos os dias segurando trémulo a chave, chave dos meus fantasmas, dos meus medos, caminhando só entre a visão fértil dos rebentos do meu sangue e o assombro castrador da solidão que antevejo.

Entro e sento-me na janela que me permite ser outro.

Nessa janela vejo o mar. Oiço sinos a tocar debaixo de água. Dizem que em tempos ali existiu uma cidade, cidade de druídas, e onde existiu uma catedral. Debruço-me e vejo jóias cintilantes no profundo oceano, como relampagos de prata, em lutas titânicas.

O som não é nítido. O som ondulante mergulha-me no mar profundo, ouvindo os sinos mais e mais próximos, apressados, numa sequência ensurdecedora.... que, escutem, agora acalmou, para os ouvir ao longe, para não os ouvir mais.

É o que resta da cidade dos Y's, em homenagem à qual se fez Par-Ys (semelhante a Ys), a cidade mais bela que existiu na antiguidade, mas que foi inundada por castigo divino.

Para revivê-la, recomendo La cathedrale engloutie de Debussy, que poderei mandar por mail a quem desejar.

secret him