domingo, abril 23, 2006

Glicínias




As Glicínias são umas das minhas flores preferidas. Acho belíssima a forma como pendem nas escadas enferrujadas e ou cantarias e varandas gastas pelo tempo.

Encontro-as inebriadas de poesia e de história quando as vejo afirmarem o passado que gerações idas com elas levaram, dos risos espontâneos que ecoam onde não se sabe, das crianças que brincaram nos pátios, dos brinquedos e dos corações partidos, dos choros, das traições, das partidas custosas e das falsas alegria à chegada.

Brotam virilmente das paredes quebradas pela saudade, numa promiscuidade muda, que atravessa os anos, que atravessa os olhares e o olfacto.

Vi-as hoje, numa manhã passada em Sintra, e viajei mentalmente parado em frente à Villa Roma e Seteais a contemplá-las.

Lembrei-me da coroa que em 1900, Emília colocou no funeral do Eça entrelaçada em glicínias e hortênsias. Não existe flor que encerre tanta triteza e tanta saudade.

terça-feira, abril 18, 2006

Bi delicious!



Como não o posso ver o K., nem durante a semana, nem ao fim de semana, apenas disfruto dele em cafés secretos (1 vez por semana), em férias secretas, em beijos secretos.. enfim. Já foi diferente, mas o presente é este. E quando foi diferente nunca deixou de ser secreto.

Há umas semanas foi possível passar uma noite com o K. Tinhamos ido juntos ao bairro apenas uma vez, vez essa também secreta, e piores que cinderelas tivemos de sair antes da noite começar a ter graça. Não perdemos sapatos porque tinhamos de chegar a casa com eles..

Desta feita, tinhamos uma noite inteira pela frente. Falámos de fazer um percurso "alternativo", coisa que só fazemos com quem gostamos. Fizemos a ronda da praxe nos tascos + baratos a beber uns finos e o destino era um: o Trumps. Confesso que tinha tanta curiosidade como o K: nem muita nem pouca.. mas como ia com ele não havia risco de ser uma desilusão.

Acabámos a dançar no meio dos trumpers que lá estavam e por nos beijarmos sem fim na noite que fugidia.

Viemos de metro e ainda me lembro de o beijar no primeiro metro vazio.

Viemos para minha casa e dormimos umas 2 ou 3 horas. O sol trouxe consigo a nossa vida, os nossos deveres, a nossa família e saímos juntos de casa.

Fiquei inebriado com o seu "be delicious" durante todo o fim de semana. Quando me deitei na outra noite senti o seu perfume na almofada e hesitei em mudar a fronha durante umas semanas...

domingo, abril 16, 2006

Paixão, Proximidade e Distância

Passei uns dias fabulásticos na terra do K. Pela primeira vez passámos juntos 3 dias seguidos.

Sabia que me ia custar o depois.. mas aproveitei o durante com toda a vontade.

Como K. trabalhava, levantava-me com ele de manhã e preparava-lhe o pequeno almoço. Num dia saí com ele de manhã. Despedi-me dele na esquina do trabalho dele com um cumplice aperto de mão. No dia seguinte, enquanto tomava banho, pus a mesa da cozinha na varanda onde dava o sol e preparei-lhe os cereais e umas maças para comer com calma. Um pequeno almoço preparado ao sol é dos maiores prazeres matinais... no fim, fiquei sentado na mesa da cozinha, rendido a um beijo que K. me deu antes de sair.

É curioso que o que nos torna cúmplices, e comentei isto com ele, é os almoços, os passeios, as saídas, as tardes de esplanada e as conversas. Embora os momentos de intimidade sejam muito bons, nós damo-nos muito bem cá fora, conversamos muito e isso é de um prazer sem limites.

Apanhei uns dias de sol únicos. Almoçámos os dois dias numa esplanada na praça principal da Terra do Nunca e passeamos pelas ruas da cidade até à sua hora.

Eu esperava que ele saísse do seu trabalho, com o mapa na mão e o relógio sempre a jeito.. Num dos dias, passeámos pela cidade e acabámos sentados num muro a ver o ocaso mais lindo que se viu na Terra do Nunca.

Passei umas tardes de esplanada debaixo de um sol intenso e agora a familia, por altura da Páscoa pergunta-me: Mas tão bronzeado porquê? Andamos cheios de trabalho!!"

- Pois, o sol brilhou mesmo nestes últimos dias...

Regressámos num comboio madrugador e vim o caminho quase todo a segurar a mão de K. que descansava entre nós os dois. Numa altura o revisor passou por nós, olhou para as nossas mãos e ficou preso momentaneamente no seu raciocínio mecânico (já.. já nos tinha pedido os bilhetes...). Eu não tirei a mão, K. não a afastou. Sorrimos apenas quando ele virou costas...

Vimos suceder cada paisagem, cada rio, cada margem ao longo de várias horas de viagem. E agora estou do lado de cá e ele do lado de lá.

Alguém aluga barcos para a Terra do Nunca?

quarta-feira, abril 12, 2006

Notícias de Terra do Nunca

E o que fazer quando tiramos férias secretas?

Quando para toda a familia era suposto estarmos a trabalhar bem longe do local onde eu estou?

ABRAÇOS

segunda-feira, abril 10, 2006

The Straight Story

Tirei uns dias de férias. Vou ter com K. Ele está sozinho. Eu estou sozinho. Estamos longe. Estamos tristes...

Vou passar 3 dias com ele. Levo na mala roupa para uma semana.. que é no minimo o tempo que queria passar com ele. Disse-lhe esta semana que o amava e pela primeira vez gostei de dizê-lo. Nunca o tinha dito a ninguém.. nem pensava que estas palavas ficassem bem no nosso vocabulário..

Afinal que bem que ficam.. Brinquei com ele e disse-lhe que lhe aparecia no trabalho com flores, mas vestido de fato, e que nas flores levaria um cartão. ehehehe Ele disse que se o fizesse dormia na rua!

E se forem trepadeiras? - perguntei eu? ... nem vos digo a resposta... :)

Disse-me para não levar pijama que tinha um para me emprestar.. acho que não vou precisar ;)

Está no ar que iamos acabar depois destes 3 dias. Mas eu não quero, não quero e não quero!

E tu, K. que vais ler isto sem mim no fim de semana, sabe que este é o meu último desejo!

Amo-te!

domingo, abril 09, 2006

Uma tarde quase perfeita

Ontem saí de casa um pouco sem rumo. Tinha pensado ir à praia depois do almoço mas já nem sabia se ia mesmo ou me ficava por uma esplanada de Sintra.

Saí com um telemóvel: o que me desliga da familia e que me une apenas a meia dúzia de amigos. É um número não registado mas que me deixa "mais perto" dele e de mais 2 ou 3 pessoas.

Ia a poucos metros da minha casa quando vejo, não um eléctrico, mas um autocarro chamado Estoril. Entrei e esperei ansioso por ares de maresia.

Não levei toalha, apenas a GQ e um creme hidratante que cabia no bolso. Caminhei para um sitio espaçoso, tirei a camisola e a t-shirt e estendí-as no chão. Arregacei as calças e descalcei os meus sapatos. Adormeci ao sol.

No paredão caminhavam imensas pessoas mas, por estranho que pareça, não havia quase barulho nenhum: nem crianças, nem gajos aos berros por uma estúpida bola, nem velhas a mostrar as desgraças. Fiquei ali durante umas boas 3 horas estendido na areia até que me deu a sede e decidi ir dar uma volta no paredão e comer um gelado. O sol estava mesmo uma benção... continuei a pé até Cascais, sentei-me uns momentos nas rochas a observar o horizonte e a pensar na vida e acabei numa esplanada a beber uma heineken. Quando não queremos pensar na vida, nada melhor do que uma cerveja..

Alguém dizia que a solidão é perfeita. Realmente sinto que é. Mas ontem não queria perfeição..

sábado, abril 08, 2006

Tonight

Listen Tonight de The Soviettes

Hoje encontrei-me com o K. como faço todas as 6as feiras em que ele pode. É o K. que me ocupa todo o meu ser neste momento e faz com que nunca me sinta só. Gosto dele e sinto conhecê-lo há uma eternidade. Foi ele que deu origem a este blogue e é ele que lhe há de pôr término. Encontrei-me com ele depois de um desencontro na estação de Picoas onde cheguei a correr para ir ao seu encontro. Depois, já em sua casa, matámos as saudades com a celebração do nosso corpo e dos nossos afectos. É realmente mágico estar com o K. e não me alongo nessa descrição.

Ao almoço, mais uma história, em jeito de desenvolvimento, com o meu amigo e colega R.. Hoje encontrei uma ex-colega numa avenida da cidade de Ulisses, enquanto passeava com ele. Troquei umas palavras com a pequena. Quando disse ao R. que era uma Ex-colega, sai-se ele com esta: "Podias ter dito que este era o teu namorado e eu dizia: Ah, ele fala-me de si às vezes mas agora estou mais descansado porque você não é muito gira"! Eu ri-me com vontade e disse-lhe que não brincasse com isso que eu era capaz de brincar com ela e dizer mesmo. E assim nos fomos a rir, estrada fora...

Confesso que não percebi a intenção dele com este comentário. Em mensagens subliminares ele é que é especialista!

quinta-feira, abril 06, 2006

So Let it Be

Listen So Let it Be de Absinthe Glow

E se de repente o r., colega de trabalho de quem já sou amigo, vos perguntasse ao almoço, depois de um silêncio: "Há quanto tempo não te apaixonas?"

A resposta que devia ter dado é que me sinto apaixonado. Mas ele conhece (ou pensa que conhce) a minha vida ao pormenor, as minhas ex's, as minhas saídas e ia ter de conversar seriamente com ele.

O gajo é muito open minded. Eu e ele somos uns autênticos metros da cidade de Lx. Almoçamos juntos, vamos a lojas de roupa no horário de almoço e até levamos uns catálogos. Não somos conservadores com a roupa e cometemos loucuras de vez em quando com umas coisas mais caras do que deviamos.. mais caras e mais coloridas que o costume..

Temos saído à noite e já entrámos no Frágil onde ficamos até ao fim. Mas depois de tudo isto..., depois de uma "bichona louca" lhe ter dito que eu já tinha experimentado com homens (à minha frente), não sou capaz de lhe dizer...

Respondi com um: "Faz algum tempo!"

É muito bom estar apaixonado mas não poder partilhar com ninguém é um lugar estranho!


segunda-feira, abril 03, 2006

Momentos teus

Não tenho escrito nada.

tenho tido um ombro que amo como não sabia poder amar. Tudo me parece intimo demais para ser escrito. Estou feliz.

Aos 24 anos, tenho os amigos que sempre sonhei ter.

Sempre desejei ter poucos amigos e com eles passar a noite, a tarde, a manhã, etc. Agora tenho-os.

São apenas 2:
O que gosto sem limites está longe fisicamente. É através de mensagens e chamadas nocturnas que ele vem até mim.
O r., meu colega de trabalho, é também um grande amigo já e gosto muito que tenha aparecido nos meus dias.

Acho giro ambos verem em mim um amigo. São ambos timidos e comigo não o demonstram. sentem-se bem comigo. eu sinto-me bem de estar com eles. São relações mais profundas do que aquelas a que estou habituado. Por isso me deixo envolver e me satisfaço nelas. Nunca tive falta de amigos. Conhecia toda a gente mas sentia a superficialidade das relações, por pouca disponibilidade minha ou das pessoas.

Hoje sinto-me bem