domingo, 23 de março de 2025

EPIDAURUS - Earthly Paradise - 1977

 


Criada em 1976 em algum canto da Alemanha Oriental, a banda Epidaurus faz um som profundamente enraizado ao início dos anos 70, época em que o rock progressivo sinfônico atingiu seu auge.

Fortemente influenciado por bandas inglesas como Yes, Genesis, Renaissance e Emerson, Lake & Palmer, o grupo, no entanto, não perdeu suas origens, remetendo-nos ao começo de carreira do Eloy e ao experimentalismo do Tangerine Dream. Sem dúvida, o Epidaurus é uma das grandes joias do progressivo alemão.

O som da banda gira em torno da impressionante virtuosidade de dois talentosos e pouco conhecidos tecladistas: Günther Henne e Gerd Linke. A fusão mágica entre solos vigorosos de sintetizadores e a sutileza do Mellotron realça toda a atmosfera encantadora deste raro registro. Curiosamente, solos de guitarra e linhas de baixo não são tão enfatizados ao longo das faixas, o que não compromete a experiência, pois o foco do grupo sempre foi a riqueza dos teclados. Destaca-se ainda a bela e angelical voz de Christine Wand, que surge como um complemento etéreo em algumas faixas, trazendo ecos da deusa maior do rock progressivo, Annie Haslam.

Cada composição deste álbum apresenta um caráter único e uma criatividade singular. A sintonia entre os dois tecladistas é algo impressionante, demonstrando o apuro técnico e a sensibilidade que só músicos alemães conseguem imprimir no progressivo. O disco é essencialmente dividido em duas partes: a primeira, voltada para um progressivo sinfônico mais sólido e influenciado por bandas britânicas; já a segunda, mais experimental, nos remete aos tempos áureos do Tangerine Dream, onde a dupla de tecladistas mostra todo seu talento ao explorar, de maneira intensa, a faceta mais obscura do progressivo alemão.

Não toco nenhum instrumento e sou completamente leiga quando se trata de teoria musical, mas sou fascinada por teclados vintage, especialmente sintetizadores, pianos elétricos e Mellotrons. Por isso, recomendo este disco tanto a músicos quanto a apreciadores que, como eu, são apaixonados pelo som inconfundível desses instrumentos. Aqui encontramos de tudo: desde belas timbragens de Mellotron até ruidosos solos de Moog, entrelaçados a passagens delicadas de Rhodes.

Como de costume, este é mais um daqueles registros raros, lançados de forma independente e com poucas cópias prensadas em vinil. Nos anos 90, o extinto selo Penner remasterizou e lançou o álbum em CD. Mais tarde, o imprescindível selo Garden Of Delights obteve os direitos do Penner e relançou o disco em 2000, incluindo algumas faixas bônus. O que possuo aqui é apenas o primeiro lançamento, com as cinco faixas originais. Se alguém tiver a edição do Garden Of Delights e quiser compartilhar, será muito bem-vindo, pois tenho grande curiosidade em ouvir essas faixas extras.

A banda chegou a se reunir nos anos 90 e lançou um novo álbum, "Endangered", que não obteve sucesso comercial nem de crítica. Como nunca o ouvi, não cabe a mim avaliá-lo.

Tenho o Epidaurus como uma das minhas bandas alemãs favoritas e acredito que muitos frequentadores deste espaço ainda desconhecem essa joia rara. Certamente, irão se surpreender com a beleza que se esconde em apenas 30 minutos de execução.

Boa viagem!


TRACKS:

1. Actions And Reactions

2. Silas Marner

3. Wings Of The Dove

4. Andas

5. Mitternachtstraum 


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terça-feira, 18 de março de 2025

AIR - Teilweise Kacke... ... aber Stereo - 1973

Dentre as centenas de bandas alemãs surgidas nos anos 70, o Air foi uma das que mais me surpreendeu. Diferente do Krautrock experimental, repleto de variações rítmicas e arranjos complexos, como era comum na época, o som aqui é mais cadenciado e minimalista.

Mesmo sem composições tecnicamente sofisticadas, o Air apresenta um som limpo e envolvente, onde o teclado assume o papel central, tornando o disco uma experiência interessante. Algumas passagens remetem às timbragens clássicas do fim dos anos 60, evocando bandas como The Nice e Moody Blues, o que confere ao álbum uma atmosfera que lembra os primórdios do rock progressivo. A guitarra aparece mais como um elemento de apoio, sem grande destaque e muitas vezes discreta. Em contrapartida, a flauta, bem encaixada, alterna-se com solos de teclado, criando uma ambientação medieval em certos momentos.

Trata-se de um disco instrumental leve e despretensioso, com forte influência clássica, destoando do padrão do progressivo alemão. O que o aproxima do gênero, no entanto, é o fato de ser um registro único, com prensagens limitadas e distribuição restrita. O vinil tornou-se altamente raro, chegando a valer algumas centenas de euros quando uma cópia surge no mercado.

Curiosamente, a tradução livre do título do álbum é "Merda Parcial... em Stereo". Apesar do nome pouco convidativo, trata-se de um registro singular e envolvente, que merece atenção.


TRACKS:

1. D-Zug 

2. Kantate 140,4 

3. Herzinfarkt 

4. Blues 2 

5. Alright, Ernie 

6. A-g-e 

7. Zopf


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sábado, 15 de março de 2025

AUTOMAT - Automat - 1978



A música eletrônica dos anos 70 foi uma verdadeira explosão que consolidou técnicas e sonoridades que ainda influenciam diversos gêneros até os dias atuais. Este período foi marcado pelo surgimento de estilos e conceitos inovadores, desde o experimentalismo abstrato e sombrio em estúdios fechados, até a fusão com o rock progressivo, que pavimentou o caminho para diversas outras vertentes.

Tal década foi crucial para o desenvolvimento de novos paradigmas sonoros. O uso de sintetizadores, sequenciadores e outros equipamentos eletrônicos, que ainda operavam de forma analógica, abriu portas para a criação de paisagens sonoras nunca antes imaginadas.

A meu ver, o mais emblemático exemplo disso foi o Kraftwerk que, com toda a sua inovação, é uma das bandas mais influentes da história da música, sendo amplamente reconhecida como pioneira no desenvolvimento da música eletrônica moderna, sendo essencial na transição de uma música experimental para uma sonoridade eletrônica popular, criando uma base sólida para outros gêneros que surgiram nas décadas seguintes.

Hoje vou me aprofundar um pouco nesse tema pois não posso nunca deixar de citar músicos e bandas que muito contribuíram para a minha modesta formação musical. O primeiro deles é o insuperável Tangerine Dream. um dos pilares do movimento Krautrock  que, ao longo de mais de 50 anos, se tornou uma das maiores influências no desenvolvimento de Ambient Music e Synthwave, criando paisagens sonoras longas e sublimes.

Outro que merece uma citação é Klaus Schulze, um dos fundadores do Tangerine Dream. Se tornou uma das figuras mais proeminentes e influentes da música eletrônica, consolidando-se como uma lenda no cenário do Krautrock. Reconhecido por suas inovações no uso de sintetizadores, sequenciadores e efeitos eletrônicos, Schulze foi um dos pioneiros na exploração de sons eletrônicos longos, hipnóticos e atmosféricos. Sua abordagem visionária na criação de paisagens sonoras expansivas e imersivas deixou uma marca, tanto no mundo da música eletrônica quanto no rock progressivo.

Seria uma heresia deixar de citar uma dupla que aprendi a amar desde os idos dos anos 90. O Daft Punk foi amplamente responsável por transformar minha percepção sobre música eletrônica em todos os seus aspectos. Eles abriram portas para que eu pudesse explorar com ouvidos atentos e com mais clareza os detalhes de muitos nomes do progressivo eletrônico dos anos 70. Com o DP, aprendi que o eletrônico não se resume a batidas compassadas em ritmos lineares, mas sim a uma mistura de sensações. A habilidade do duo em utilizar samples, efeitos e batidas criativas para construir um impacto de movimento constante e repetição foi, sem dúvida, revolucionária para a época. Bons tempos...

A real intenção de toda essa introdução é apresentar neste modesto espaço um belíssimo projeto italiano, oriundo de 1978, que, na minha opinião, figura no mesmo patamar dos nomes mencionados ao longo desta publicação. Trata-se de uma obra que, assim como os pioneiros do progressivo eletrônico dos anos 70, traz uma sonoridade bastante diferente e inovadora, merecendo ser reconhecida por sua contribuição para a música eletrônica e progressiva.

Produzido por Claudio Gizzi, compositor renomado de trilhas sonoras para filmes "trash" italianos, o projeto também conta com contribuições significativas de Romano Musumarra, compositor e produtor italiano. Gizzi, ao longo de sua carreira, colaborou com grandes nomes do cinema, incluindo diretores como Roman Polanski e Luchino Visconti, levando sua habilidade em criar atmosferas sonoras intensas e únicas para diferentes contextos cinematográficos.

Musumarra, além de sua carreira solo, também tem um extenso portfólio de trilhas sonoras para filmes e documentários. Ele se destaca pela sua capacidade de mesclar música eletrônica com ambientes imersivos, criando atmosferas dramáticas que complementam a narrativa visual. Embora muitos de seus trabalhos não tenham sido amplamente divulgados fora da Itália, sua habilidade em criar uma tensão sonora  fez com que suas colaborações fossem essenciais para muitas produções cinematográficas da época.

Trata-se de um disco bastante curioso, pois foi inteiramente criado com os sons e timbres de um sintetizador monofônico desenvolvido por um programador genial chamado Mario Maggi. Denominado MCS70, este sintetizador é particularmente notável por ser um dos primeiros instrumentos digitais da sua época, além de seu caráter raro e único: apenas uma unidade foi produzida, um protótipo, tornando-se um dos instrumentos mais raros que existem. A utilização desse equipamento exclusivo confere ao disco uma sonoridade única e de difícil reprodução, destacando-se pela experimentação sonora e pela busca por timbres inovadores e um tanto originais.


                                                   Fonte: www.synthex.it              

A atmosfera criada ao longo da audição é bastante dinâmica, ora enérgica, ora capaz de evocar vibrações obscuras e sombrias. Em algumas passagens, sinto uma forte lembrança do trabalho da grande banda italiana Goblin, que é uma das minhas favoritas no cenário do progressivo italiano. Um exemplo notável é a canção "Droid", que se destaca por seus ritmos intensos, acompanhados de melodias sintetizadas que, por vezes, chegam a proporcionar um clima tenso e inquietante. Já "Ultraviolet" traz sequências suspensas, longas e monótonas, mergulhando o ouvinte em uma atmosfera gelada e temperamental, cheia de nuances.

Automat é um excelente e perfeito ponto de partida para quem está se iniciando nesta curiosa e magnífica vertente do progressivo eletrônico.

Altamente recomendado!


TRACKS:

1 (The) Rise 

2. (The) Advance 

3. (The) Genus 

4. Droid 

5. Ultraviolet 

6. Mecadence 


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segunda-feira, 10 de março de 2025

HERO - Hero - 1974


O rock progressivo dos anos 70 nos presenteou com uma infinidade de bandas muitas das quais se tornaram lendárias. No entanto, para cada medalhão, existem centenas de grupos esquecidos pelo tempo, cujos álbuns raramente são mencionados. O Progrockvintage tenta com muita cautela resgatar esse tipo de registro. Um desses casos é a banda italiana Hero, que lançou apenas um disco homônimo em 1974 antes de desaparecer na poeira da história.

Este disco é um elemento perdido do Heavy Prog. um subgênero que mistura a complexidade do rock progressivo com a força e a energia do rock mais pesado. A banda segue essa fórmula com competência, apresentando uma sonoridade dominada por guitarras enérgicas e teclados bem encaixados. Embora não traga inovações marcantes, o disco se sustenta com composições sólidas e mudanças de tempo bem construídas.

A presença do Hammond confere uma atmosfera densa e, em certos momentos, remete a bandas alemãs como Walpurgis e Dull Knife (já publicada por aqui). Em faixas como Knock, a interpretação vocal de Robert Deller lembra bastante Peter Hammill,  agregando uma dose extra de dramaticidade às composições. No entanto, sua voz é um dos elementos mais controversos do álbum. Embora não comprometa, não entrega performances memoráveis, limitando-se a seguir as melodias sem grande expressividade.

Apesar da qualidade de sua instrumentação e do esforço evidente da banda em criar um som robusto, Hero não consegue atingir o mesmo impacto de outros grupos que marcaram a extrema qualidade e beleza do prog italiano. Talvez tenha faltado um direcionamento mais definido ou uma identidade sonora mais marcante para elevar o disco a um patamar superior. A influência italiana é perceptível em certos momentos - mesmo as letras não sendo cantadas em língua nativa - mas longe de ser predominante, tornando difícil classificá-lo estritamente como Rock Progressivo Italiano. 

Seja como for, o álbum Hero, gravado originalmente em 1972, continua sendo uma raridade, tanto no vinil original lançado em 1974, que hoje vale uma fortuna entre os colecionadores, quanto em suas poucas edições em CD lançadas pelo selo independente italiano AMS Records. 

No geral, um disco sólido para os apreciadores do prog obscuro, com o Hammond sempre à frente, proporcionando uma sonoridade mais clássica e, ao mesmo tempo, encorpada. Não é um álbum revolucionário, mas entrega momentos excelentes para quem aprecia o gênero.


Tracks:

1. Merry Go Round 

2. Crumbs of a Day 

3. Sunday Best 

4. Seminar 

5. Childrens Game 

6. Knock 

7. Clapping and Smiing

8. Dew-Drops 

9. Buzzard 


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sexta-feira, 7 de março de 2025

PROGROCKVINTAGE - RETOMADA

 


Após quase dois anos de hiato, o Progrockvintage está de volta, agora com a proposta de uma postagem por semana. Depois de muita reflexão e com o incentivo de alguém muito próximo, decidi seguir adiante com este espaço que tanto significa para mim. Afinal, são 18 anos de uma história que merece ser preservada.

Com a crescente dominância dos streamings, espaços como este estão se tornando cada vez mais raros. Foi esse cenário que me levou a seguir em frente, dando a mim mesma uma segunda chance — afinal, por muito tempo, acreditei que o interesse por esse tipo de plataforma já não existia.

Seguiremos em frente com a mesma essência, explorando discos que fogem dos padrões dos grandes medalhões do progressivo e, quem sabe, retomando as resenhas de shows, dos grandes espetáculos aos mais intimistas.

Não posso prometer tanta regularidade mas prometi a mim mesma que irei retomar, nesse primeiro momento, a vontade de voltar a escrever e divulgar o que há de melhor no progressivo brasileiro e mundial.

Vamos em frente...

terça-feira, 26 de setembro de 2023

CAPTAIN BEYOND - The Completer - 1971-77


Raros são os registros ao vivo de uma banda subestimada que acabou ganhando merecida porém, tardia notoriedade muitos anos após o lançamento de seu álbum homônimo.

A formação clássica do Captain Beyond de 1971, contava com nomes de peso dos primórdios do progressivo tais como: Rod Evans, a voz principal do Deep Purple até o início de 1970; Lee Dorman e Rhino Reinhardt, baixo e guitarra respectivamente e o baterista/pianista Bobby Caldwell, todos recém saídos do Iron Butterfly após a gravação do álbum Metamorphosis. 

Em seu primeiro disco, a banda destilava uma boa pegada de Heavy Prog, entoada por uma forte guitarra com pitadas marcantes de psicodelia. A gravadora que o lançou em 1972 fez uma fraca promoção, resultando em vendas desanimadoras e pouco reconhecimento por parte da crítica. Atualmente, se tornou um disco clássico, raro e muito cultuado pelos adeptos do Rock Progressivo.

No ano seguinte lançam o Sufficiently Breathless, disco mais comercial com elementos mais voltados para o progressivo e sem a presença de Caldwell na bateria. Tempos depois do lançamento, Rod Evans também deixa a banda que fica em hiato até 1976. Em 77 lançam o ótimo Dawn Explosion, com a formação clássica porém, sem a presença de Evans sendo este substituído por Willy Daffern.

Aqui encontramos uma seleção de quatro excelentes bootlegs, divididos em dois discos e gravados entre os anos de 1971 e 1977. São eles:

 - Montreaux (debut concert) - 18/09/1971
(Disco I - Faixas 01 a 08)

- Miami - 19/08/1972
(Disco I - Faixas 09 a 18)

- New York - 17/07/1972
(Disco II - Faixas 01 a 08)

- Los Angeles - 25/06/1977
(Disco II - Faixas 09 a 13)

A qualidade do áudio oscila nas respectivas datas mas mesmo assim trata-se um belo e raro registro, altamente recomendado aos fãs do Captain Beyond e apreciadores desse tipo de gravação não-oficial.

TRACKS:

DISCO I:

18/09/1971 - Montreaux (debut concert)

01. I Can't Feel Nothin' (Part 1)
02. As The Moon Speaks (To The Waves Of The Sea)
03. Astral Lady
04. As The Moon Speaks (Return)
05. I Can't Feel Nothin' (Part 2)
06. Dancing Madly Backwards (On A Sea Of Air)
07. Armworth
08. Myopic Void

19/08/1972 - Miami, FL

09. I Can't Feel Nothin' (Part 1)
10. As The Moon Speaks (To The Waves Of The Sea)
11. Astral Lady
12. As The Moon Speaks (Return)
13. I Can't Feel Nothin' (Part 2)
14. Dancing Madly Backwards (On A Sea Of Air)
15. Armworth
16. Myopic Void
17. Thousand Days Of Yesteryear (Intro)
18. Frozen Over

Disco II

17/07/1972 - New York, NY

01. Dancing Madly Backwards (On A Sea Of Air)
02. Armworth
03. Myopic Void
04. Thousand Days Of Yesteredays (Intro)
05. Frozen Over
06. Unknown Song
07. Mesmerization Eclipse (Including Drum Solo)
08. Distant Sun

26/05/1977 - Los Angeles, CA

09. Dancing Madly Backwards (On A Sea Of Air)
10. Armworth
11. Myopic Void
12. Breath Of Fire (Part 1)
13. Breath Of Fire (Part 2)

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QUALQUER PROBLEMA COM O LINK, PEÇO QUE RELATEM NOS COMENTÁRIOS DA POSTAGEM.

segunda-feira, 17 de julho de 2023

EMERSON, LAKE & PALMER - Mar Y Sol Pop Festival - 1972

 



Creio que a maior honra e sorte que tive na vida foi poder ter visto de MUITO perto e em plena forma esse trio ao vivo em agosto de 1997, em um Mineirinho praticamente vazio após um horroroso festival de bandas nacionais.  

Cheguei a fotografar o show com uma câmera muito simples, munida de um filme de 400 asas que mal chegou a captar alguma coisa do palco por tamanha precariedade do equipamento e da fotógrafa. Muitos anos depois, pedi a um amigo que fizesse a gentileza de levar uma dessas fotos para um possível autógrafo de Carl Palmer, durante uma apresentação solo em São Paulo em 2011, se não me engano. A mesma foi devidamente autografada e enquadrada juntamente com o poster do show em questão. 

Desde que aderi ao Rock Progressivo no início dos anos 90, sempre tive o ELP no topo da minha lista de bandas essenciais. Trio de extrema criatividade, liderada por grandiosos nomes que tiveram colaboração mais que indispensável para toda cena britânica da época. Todos os três membros vieram de bandas que abriram as portas para esse gênero musical que tanto nos impressiona mesmo com o passar de tantos e tantos anos. 

Carl Palmer, começou muito bem ao lado do excêntrico Arthur Brown; o tão saudoso Keith Emerson foi de relevante importância para o sucesso do Nice entre os anos de 1967 e 1971;  Greg Lake, que também nos faz muita falta, foi essencial com a presença de sua tenra e marcante timbragem de voz. Tornou-se membro fundador do Crimson, uma das bandas de extrema importância nascida no fim dos anos 60 que, juntamente com outros nomes, foi peça fundamental para o surgimento da cena progressiva européia que, há mais de 50 anos, ainda é venerada por muitos ao redor do mundo.

Neste bootleg consta uma pequena mas essencial apresentação do trio no famoso Mar Y Sol Pop Festival realizado em Porto Rico no início do mês de abril de 1972. Esse festival contou com nomes importantes da música incluindo Osibisa, Faces, BB King, Fleatwood Mac, dentre outros. O registro conta com excelentes versões de faixas como Hoedown, Pictures e 23 minutos de pura singularidade e maestria em Tarkus. Sem esquecer de uma linda improvisação no piano feita pelo saudoso Keith Emerson e a última faixa fecha o disco com a imponência das baquetas de Carl Palmer num solo com mais de 18 minutos de duração que acaba valendo por todo o registro.

A qualidade é impecável! De todos os registros não-oficiais do ELP aos quais possuo, este certamente é o melhor deles. 


TRACKS:

1. Hoedown
2. Tarkus
3. Take A Pebble
4. Lucky Man
5. Piano Improvisation
6. Pictures At An Exhibition
7. Rondo (Drum Solo)

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terça-feira, 13 de junho de 2023

[FLAC] GREENSLADE - Stockholm - 1975

 



PUBLICADO ORIGINALMENTE NO PROGROCKVINTAGE EM JUNHO DE 2015

Após deixar o Colosseum em 71, Dave Greenslade juntamente com o também recém saído do Crimson, Andrew McCulloch se juntaram e formaram essa excelente banda.

 Lançaram apenas quatro álbuns entre os anos de 73 e 75, no ano seguinte a banda acabou e Dave partiu para carreira solo. Já em 2000, a dupla se reuniu novamente lançando um ótimo disco intitulado por Large Afternoon. A banda chegou ainda a lançar esse mesmo bootleg oficialmente em 2013 porém, a versão apresentada aqui foi ripada de um vinil pirata e disponibilizada por um americano muito antes dessa data. Esse registro consta em meus arquivos desde de 2009, primeira vez em que foi publicado, ainda no primeiro domínio do Progrockvintage.


O repertório desse bootleg é composto basicamente por faixas dos albuns Spyglass Quest (1974) e Time and Tide (1975) mas o destaque desse excelente registro vai para a primeira faixa 'Pilgrims Progress' do album Bedside Manners Are Extra (1973). A música totalmente instrumental, conta lindos solos de Mellotron e Hammond entrelaçados nas poderosas baquetas de McCulloch.

Como vocês podem ver, a capa desse disco não foi desenhada pelo mestre Roger Dean e sim por Patrick Woodroffe que já desenhou memoráveis capas de discos de bandas como Strawbs ( Burning For You - 1974), Pallas ( The Sentinel - 1983) e também o disco Time And Tide do próprio Greenslade.

A apresentação foi gravada na cidade de Estocolmo em 10 de Março de 1975 e, como citei antes,  esse arquivo foi ripado de um vinil e remasterizado posteriormente. A qualidade não é excelente mas o registro é mais que essencial. Disponibilizo o arquivo em FLAC justamente como forma de preservar a média qualidade de áudio desse registro.


 
 

TRACKS:

1. Pilgrims Progress
2. Newsworth
3. The Flattery Stakes
4. Bedsides Manners Are Extra
5. Joie De Vivre
6. Waltz For A Fallen Idol
7. The Ass´s Years
8. Drum Folk
9. Spirit Of The Dance



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segunda-feira, 8 de maio de 2023

YES - In The Begining - 1969


PUBLICADO ORIGINALMENTE NO PRV EM ABRIL DE 2011

 É sempre uma honra poder falar do início de carreira desta banda que se tornou um dos maiores ícones do rock progressivo de todos os tempos. Sua formação original foi fundamental para todo o crescimento da banda no decorrer de seus 45 anos de estrada e sempre nos presenteando com belos e clássicos discos. Um deles é seu trabalho de estreia "YES" lançado em 1969 que, certamente é um de meus favoritos.  


Nessa época a banda seguia uma linha menos progressiva e ainda estava em fase de desenvolvimento, dando menos ênfase aos fortes teclados de Kaye e destacando mais a destreza de Banks, na maioria das vezes acompanhado de uma linda guitarra Rickenbacker. 

A banda ainda contava com o feeling jazzy de Bruford sempre acompanhado pelo também nervoso Rickenbacker de Squire, que dava um peso a mais ás belas composições escritas por seu líder maior e detentor da voz mais linda e marcante do progressivo, Jon Anderson.

Após as gravações do álbum Time And A Word de 1970, Peter Banks foi literalmente chutado da banda. Nessa época, o YES já estava com projetos mais voltados para o progressivo sinfônico e precisavam de um guitarrista com uma formação mais clássica, sendo Banks substituído por Steve Howe, que mudou por completo toda a roupagem do YES lançando em seguida um dos discos mais marcantes do progressivo,The YES Album.

Após sua saída, Banks deu continuidade a sua carreira de músico e em 1971 fundou a excelente banda Flash juntamente com Peter Barden (Camel). No ano seguinte, lança seu álbum homônimo com a participação especial de Tony Kaye nos teclados. O Flash seguia mais ou menos a mesma linha do primeiro disco do YES, com arranjos regados a fortes linhas de guitarra e e belas passagens de Arp, piano elétrico e órgão. O Flash não durou muito tempo, lançou apenas três discos e a banda acabou se dissolvendo em 1973.

Banks ainda chegou a trabalhar em um projeto paralelo de Jan Akkerman (Focus) em 1972 e no ano seguinte lança seu primeiro e excelente trabalho solo intitulado por "Two Sides Of Peter Banks".

Esse bootleg em questão foi gravado ao vivo em três diferentes datas durante o mês de Outubro de 1969 na Alemanha e Inglaterra. As faixas são basicamente do primeiro álbum sendo as outras do "Time And A Word", lançado no ano seguinte. Além de conter duas versões diferenciadas da faixa "Eleanor Rigby" com uma roupagem bem fora do propósito da versão original composta pelos Beatles. Versões essas muito boas inclusive.

O destaque maior está na última faixa "I See You", onde Peter Banks protagoniza excelentes solos de guitarra por quase 20 minutos, muito bem acompanhado pela mágica bateria de Brufford. A maioria do tempo somente os dois dão um show a parte que, certamente vale por todo esse registro. 

Pelo menos a grande maioria dos registros não oficiais do YES lançados em 1969 e 1970 são de péssima qualidade sonora e com este não é diferente. Cada faixa possui uma certa oscilação na qualidade, portanto, recomendo que apenas os colecionadores baixem esse arquivo. 

Mesmo com esse porém, vale a pena ter guardado um registro desse porte pois são poucos os materiais disponíveis da banda durante essa época onde tudo começou.


TRACKS:

1. Introduction*
2. No Opportunity Necessary, No Experience Needed*
3. Dear Father*
4. Every Little Thing*
5. Something Coming*
6. Eleanor Rigby**
7. Dear Father***
8. Eleanor Rigby***
9. I See You (Banks Solo)***

*10/10/69 => Essen, Alemanha
**10/69 => Hamburg, Alemanha 
*** 10/69 => Shefield, Inglaterra




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terça-feira, 11 de abril de 2023

PROGROCKVINTAGE - SPOTIFY

FOI DISPONIBILIZADO NO SPOTIFY UMA LISTA COM UMA COMPILAÇÃO DE BANDAS PUBLICADAS OU NÃO NO PROGROCKVINTAGE AO LONGO DE SEUS 15 ANOS DE EXISTÊNCIA.

SENTI FALTA NA PLATAFORMA, UMA LISTA MAIS AMPLA E COMPLETA A QUAL POSSA AGREGAR O ROCK PROGRESSIVO EM SUAS DIVERSAS VERTENTES E NACIONALIDADES. 

A LISTA SEGUE EM CONSTANTE ATUALIZAÇÃO.


SEGUE ABAIXO LINK A QUEM SE INTERESSAR:


                                                               The dark side of Progrockvintage



Sugestões serão sempre bem-vindas.



segunda-feira, 27 de março de 2023

ELECTRIC MUD - Electric Mud - 1971

 


Electric Mud é mais uma daquelas bandas obscuras, de curta carreira vindas da Alemanha no início da década de 70. Assim como tantos outros exemplos desse tipo de trajetória, a gravação foi feita ao vivo dentro de um estúdio em Düsseldorf, com número de cópias limitada e que atualmente paga-se um alto valor pelas prensagens originais.

A banda segue uma linha menos experimental, enfatizando uma estrutura progressiva mais densa no decorrer de suas quatro faixas. Disco curto porém intenso, vocais muito bem executados em língua nativa pelo desconhecido Udo Preising, que também destila toda sua melancolia acompanhado de um baixo bastante presente.

Nessa cozinha entra o baterista Jochen Dyduch, que orienta a banda sem muitas explosões e viradas mirabolantes mas com muita técnica e nítida habilidade.

A guitarra de Manfred Simhäuser é o grande destaque em todas as faixas que compõem esse intrincado registro. Exímio músico que desapareceu no tempo, com uma base mais ácida com fortes e encorpados solos. 

Sempre fusionado aos teclados de Axel Helm que, conduz com perfeição um Hammond composto por diferentes camadas de timbres, em texturas bem elaboradas fazendo com que o ouvinte perceba em certas passagens, os efeitos de velocidade de rotação gerados por um amplificador Leslie. 

Helm também vem munido de um piano elétrico que também se faz presente em alguns trechos contudo, um pouco tímido na minha opinião.

É um pouco perigoso fazer analogias a certas bandas que lançam apenas um único registro. Muitas carregam uma veia mais experimental, voltada para complexas instrumentações e outras com estruturas mais tenras e cadenciadas. Nesse caso, o Electric Mud aproxima-se de bandas como Virus e Necronomicon por uma certa familiaridade em suas execuções. 

Altamente recomendado aos entusiastas do bom e velho Krautrock.


TRACKS:

1. Hausfrauenreport 

2. Die Toten Klagen Euch An 

3. Immer Das Alte Lied 

4. Nichts Zu Essen In Der Not 


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terça-feira, 17 de janeiro de 2023

GURU GURU - Wiesbaden - 1973


Percursora do movimento Krautrock, foi formada nos anos 60 pelo baterista Mani Neumeier e pelo baixista Uli Trepte com o nome de Guru Guru Groove como uma banda voltada para o Jazz que tocava ao vivo músicas de Coltraine, Monk e Roach.

Em 1968 a banda passa a integrar a cena alemã com um show avassalador na cidade de Heidelberg chocando o público com um som bem diferente do que de costume e sem o Groove no nome. 

Já com um grande número de fãs que os acompanhavam pelos festivais da Alemanha, a banda lança no começo de 1970 seu primeiro e excelente trabalho de estúdio intitulado por UFO e já com o virtuoso e excelente guitarrista Ax Genrich dando um toque mais ácido e fazendo com que a banda sustentasse ainda mais uma originalidade única em termos de Krautrock.

A título de curiosidade, Ax ou Axel Genrich é um exímio guitarrista alemão fortemente influenciado por Hendrix e foi membro fundador do Agitation Free em 1970 mas deixou a banda antes mesmo do lançamento do primeiro disco Malesch de 1972. 

Genrich também gravou um excelente disco após sua saída do Guru Guru intitulado como Highdelberg Supersession de 1975 que trazia grandiosos nomes da cena alemã, tais como, Helmut Latter, Jan Fride e Peter Wollbrant (todos do Kraan), acompanhados por Dieter Moebius e Hans Joachim Roedelius ambos fundadores do Harmonia e finalizando, Mani Neumeier fiel companheiro de estrada no Guru Guru. 

Creio que esse disco não seja tão raro de achar pela internet, uma vez que o prog alemão se tornou figurinha carimbada em muitos blogs por aí.

Voltando ao que realmente interessa...

Esse registro ao vivo do Guru Guru gravado em 17 de Setembro de 1973 na cidade alemã de Wiesbaden  não se trata de um bootleg mas sim de uma gravação feita por um amigo da banda que engavetou as fitas da apresentação por décadas, sendo resgatado pelo salvador selo Garden Of Delights e lançado oficialmente em 2010.

O disco contém apenas três faixas, a primeira delas Ooga Booga do álbum Känguru de 1972 que possui uma versão estendida de quase 38 minutos regada por improvisações alucinantes!!! As restantes são belas versões de Round Race e Das Zwickmaschinchen  do  Don´t Call Us We Call You, disco em evidência na época.

A qualidade é boa, nota-se que as fitas foram bem conservadas com o passar do tempo e o Garden Of The Delights fez o possível para que a qualidade se tornasse ainda melhor.


TRACKS:

1. Ooga Booga

2. Round Dance

3. Das Zwickmaschinchen 


MEGA (NOVO LINK)

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

SÜNDENFALL II - Sündenfall II - 1972

 


Grupo alemão de curta carreira, formado no distrito de Kevelaer, próximo a Düsseldorf, que lançou apenas um belo álbum em 72. 

A primeira formação do Sündenfall se dedicava exclusivamente ao Jazz e após uma apresentação do Jethro Tull na Alemanha, o pianista e flautista, Christoph Maubach se encantou com a performance de Anderson e decidiu optar por uma transição, trazendo também elementos de Folk e instrumentos acústicos a suas composições. 

Formou-se então o Sündenfall II, que nada mais é que uma é uma compilação variada de folk progressivo, com fragmentos de rock psicodélico, instrumentais de jazz, incluindo passagens de sax, trompete, gaita, muita flauta e com marcante presença de um lindo piano. Não encontramos aqui guitarras elétricas e variadas experimentações como era comum em terras alemãs mas sim uma sonoridade acústica de alto nível. A percussão é tímida a meu ver mas, com agradáveis variações rítmicas. A banda era composta por seis membros, entre eles Kerstin Fleischhammer a única mulher, que dava sua contribuição em algumas faixas com um lindo e forte vocal, sempre cantado em inglês. 

Gravaram então nove músicas diferentes, além de três pequenas peças solo (Prae) tocadas em piano, flauta e violão. Para as gravações, a banda preferiu usar instrumentos acústicos, enquanto em seus shows eles frequentemente apresentavam longas improvisações tocadas em instrumentos elétricos e com pouco vocal.

Uma nota interessante é que o disco foi gravado na então nova sede do canal ZDF, uma das maiores emissoras de televisão pública da Europa. A banda foi convidada para testar os equipamentos recém-instalados no estúdio de som e imagem, denominado por Trefiton. Já no final de 1972, o disco foi devidamente lançado com prensagem limitada de cópias que eram distribuídas em alguns shows e vendidas em algumas poucas lojas de Kevelaer. 

Como sempre, o selo Garden of Delights teve acesso a uma dessas cópias que, hoje chega a valer até uma milha de Euros e relançou em CD em 2010. No ano seguinte, lançou uma tiragem limitada a mil cópias em vinil que ainda se encontra disponível com preços relativamente mais acessíveis.

Trata-se de um disco leve, com faixas de curta duração que gradualmente envolvem o ouvinte a uma atmosfera encantadora em variados segmentos. Um belo registro a quem aprecia a vertente Folk do gênero progressivo. 


TRACKS:

1. Warning 

2. Suddenly Sun 

3. Prae 

4. Montpellier  

5. Dusty Road 

6. Duftes Ding 

7. How To Get On 

8. Prae 

9. She Lives In A Gang 

10. Bloody Birds 

11. Prae 

12. Soldier Of The North 


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segunda-feira, 28 de novembro de 2022

DOM - Edge Of Time - 1970


 

Talvez esse seja um dos discos mais incríveis que escutei nos últimos tempos. Trata-se de um album conceitual baseado fortemente a uma viagem de ácido, só pela introdução da capa já temos uma pequena amostra do que está por vir. Inclusive esse é o único trecho vocalizado no registro contido na faixa título, Edge Of Time, fora os gemidos e murmuros sombrios contidos em seu decorrer.

A banda é composta por um desconhecido quarteto vindo de países como Alemanha, Polônia e Hungria que mistura a pureza e a leveza do Folk com o experimentalismo pesado e confuso do Krautrock. O conceito do album baseia-se especificamente em uma "viagem errada", as consequências do ácido sobre os efeitos da mente humana e a percepção do tempo. Uma interpretação bastante criativa onde a mente é capaz de evocar uma série de diferentes estados de consciência e emoção profunda, ou seja, pra derreter mesmo! rs

Musicalmente falando, encontramos nesse registro uma série de belos instrumentos acústicos onde o uso de guitarras elétricas pesadas e bateria foram abolidos em seu decorrer. Apenas lindos solos de flauta e violão misturados a instrumentos estranhos de percussão que se entrelaçam a um forte som de órgão emaranhado em passagens eletrônicas espaciais um tanto complexas. 

Este é mais um daqueles discos raros onde se tem a nítida impressão de que foi gravado ao vivo em um desses estúdios fundo de quintal e que hoje valem centenas de libras. A gravação não é limpa, mas temos aqui uma verdadeira raridade quando o assunto é Krautrock.

Tenho certeza que a maioria das pessoas que frequentam o PRV não conhecem essa jóia esquecida pelo tempo, por isso não pensei duas vezes e tratei de compartilhar, espero que todos tenham a mesma impressão que tive quando escutei pela primeira vez. Não tem erro, quem gosta do gênero vai pirar com esse disco. Prometo!

Have a nice trip!


TRACKS:

1. Intruitus

2. Silence

3. Edge Of Time

4. Dream  


Bonus:

Flotenmenschen 1

Flotenmenschen 2

Flotenmenschen 3

Flotenmenschen 4

Let Me Explain 


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terça-feira, 25 de outubro de 2022

DIABOLUS - High Tones - 1972



 A maioria das publicações feitas por aqui são de bandas de variados países, não muito comerciais, perdidas e esquecidas pelo tempo, que lançam um único trabalho de extrema qualidade e não dão seguimento a seus projetos. Mesmo assim são bandas que muito contribuíram a fim de elevar ainda mais a qualidade do movimento progressivo que surgia a passos largos no início da década de setenta. 

Um belo exemplo disso é banda inglesa Diabolus, que sequer chegou a lançar oficialmente o disco High Tones por questões desconhecidas, mesmo sendo produzidos por pessoas ligadas ao The Who. 

O selo alemão Bellaphon teve acesso as gravações originais e comercializou sem qualquer autorização vinda de seus detentores. Somente nos anos 90, os membros originais descobriram a manobra ilegal da gravadora e através de um processo judicial, recuperaram os direitos de propriedade da obra em questão. Posteriormente, lançaram o disco oficialmente pelo selo Sunrise.

O som varia entre um fusion descontraído, submerso a uma cozinha baixo-bateria de extrema destreza em linhas de improviso altamente envolventes. Instrumentos como sax e muita flauta são os pontos altos de todo o disco, entrelaçados a complexos solos de guitarra. Teclados e piano aparecem meio que discretamente porém, tem o seu valor e destaque ao longo das faixas.

Algumas passagens remetem a fase áurea do Crimson, talvez pelas intrincadas passagens de sax alternada a uma atmosfera mais folk que, a meu ver, assemelha-se em certos fragmentos, ao modo de condução instrumental vinda do Jethro Tull.  

Trata-se de um disco de audição fácil para quem admira uma sonoridade mais jazzy, com menos peso e mais percepção instrumental. 

Altamente recomendado!


TRACKS:


1. Lonely Days 

2. Night Clouded Moon 

3. 1002 Nights 

4. 3 Pieces Suite 

5. Lady Of The Moon 

6. Laura Sleeping 

7. Spontenuity 

8. Raven's Call 


MEGA


quinta-feira, 15 de setembro de 2022

[DIVULGAÇÃO] CARIOCA PROG FESTIVAL - ANXTRON - THEATRO MUNICIPAL DE NITERÓI - 30 DE SETEMBRO

 


A programação do Carioca Prog Festival retorna a sua normalidade após o período de hiato em ocasião da pandemia da Covid-19.

A banda progressiva Anxtron volta aos palcos em comemoração aos vinte anos de carreira para o lançamento de seu disco ao vivo gravado na edição online do festival que ocorreu durante a pandemia. 

A época, a banda gravou com o teatro vazio e agora volta ao lindo Theatro Municipal de Niterói para uma apresentação que promete grandes execuções. Sou suspeita para falar do Anxtron, acompanho a banda há alguns anos e, a cada disco lançado, é uma surpresa diferente. Progressivo de qualidade e  extremo bom gosto.

O show está marcado para o próximo dia 30 (sexta-feira) às 19:00hrs no Theatro Municipal de Niterói.

Os ingressos podem ser adquiridos através do portal Sympla ou na bilheteria do teatro no dia do evento.



segunda-feira, 29 de agosto de 2022

PLANET GONG - Floating Anarchy - 1977

 


Creio que esta seja uma das postagens mais difíceis de se publicar por aqui, afinal o Gong é uma das bandas mais complexas do gênero, liderada por um gênio/monstro que muito contribuiu para os primeiros passos do progressivo britânico no começo dos anos 60.

Tudo começou quando o saudoso Daevid Allen se mudou de Paris para a Inglaterra em 1961 onde alugou um quarto em uma pequena aldeia nas proximidades de Kent e conheceu lá o filho do proprietário da casa, nada menos que Robert Wyatt, na época com apenas 16 anos. Formaram então o Daevid Allen Trio que, mais tarde se juntaria aos remanescentes do Wilde Flowers (leia-se Kevin Ayers e Wyatt) e formariam o embrião do Soft Machine.


Após uma tour pela Europa, Allen tem problemas com seu visto e é impedido de entrar novamente na Inglaterra tendo assim que retornar a Paris. 

Chegando lá conheceu sua eterna musa e parceira Gilli Smyth, os dois formaram a primeira encarnação do Gong, que se desmanchou durante a Revolução Estudantil de 1968, quando Allen e Smyth foram obrigados a ir para Majorca, na Espanha. Lá eles conheceram o saxofonista Didier Malherbe, que morava em uma caverna na aldeia de Deya.

Durante esse período o cineasta Jerome La Perrousaz os convidou para voltar à França para gravar trilhas sonoras para seus filmes. Eles também conseguiram um contrato com a gravadora independente BYG, gravando os discos Magick Brother, Mystic Sister Bananmoon, este último um trabalho solo de Allen.


Em 1971, a banda decola com o lançamento do Camembert Electrique que foi o primeiro álbum a retratar a mística história do personagem central, Zero The Hero incluindo os Pot Head Pixies do Planeta Gong e o Radio Gnome Invisible.


Entre os anos de 73 e 74 lançaram a trilogia Radio Gnome Invisible (Flying Teapot, Angels Egg, You) onde se continuava a saga de Zero The Hero. Todos os personagens,lugares e situações foram criados por Allen e Smyth durante muitas de suas viagens psicodélicas. 


Vale lembrar que esses três registros contam com a ilustre participação de Steve Hillage que, em minha modesta opinião, é um dos melhores guitarristas de todos os tempos e que muito contribui para o bom andamento do movimento Canterbury no começo dos anos 70. 

Outro nome que vale a pena ser citado é o de Tim Blake (Hawkwind), exímio tecladista que conduzia um VCS 3 como poucos, era capaz de fazer com que a timbragem desse poderoso sintetizador soasse ainda mais ácida e psicodelicamente obscura. 


Em 1975, após a tour do Radio Gnome Invisible, Allen e Smyth deixam a banda por motivos de má convivência com Tim Blake e o baterista Pierre Moerlen. Smyth alegava que precisava também dar mais atenção aos dois filhos do casal.


Devido as obrigações contratuais da banda com a Virgin Records, Moerlen foi obrigado a manter o nome Gong lançando em 1976 o ousado disco Shamal.  A partir daí, o Gong seguiu uma linha mais voltada para o Jazz/Fusion fazendo uso de instrumentos percussivos nada convencionais como marimba, vibrafone e até mesmo um Tubullar Bells. 

Nesse mesmo ano, o excelente guitarrista, Allan Holdsworth foi convidado por Moerlen para integrar os discos Gazeuse! e Expresso II aos quais não foram muito bem aceitos pelos fãs mais exigentes, fazendo com que a banda sofresse sua primeira alteração no nome se tornando então Pierre Moerlen's Gong . 

Tinha-se ali um buraco quando o assunto rondava a criatividade, era nítida a falta que o excêntrico casal de loucos fazia naquele momento. 


Com o decorrer dos anos a banda passou por diversas ramificações em projetos diferenciados liderados por Allen e Smyth, mas sempre abordando os assuntos que rondavam a parte mística de toda a história do Gong até 1975. Essas ramificações ficaram conhecidas ao longo dos anos como "Gong Global Family" que englobavam projetos solos de Allen, além do surgimento de bandas como Gongzilla, Planet Gong, Here & Now  e  Mother Gong.



O disco que disponibilizo hoje, ocorreu durante o projeto Planet Gong onde a banda fez algumas apresentações ao vivo entre 1975 e 1977. Intitulado por Floating Anarchy foi lançado em 1978 por um selo ao qual desconheço.  

Disco curto, com apenas seis faixas, consiste de um som com uma batida um tanto ácida, mais voltada para o punk (pasmem!) mesclada com um pouco da sutileza do Canterbury. 
Este é um disco bem interessante, com passagens bem obscuras executadas pela forte voz de Allen acompanhado de uma banda de peso, onde os poderosos solos de guitarra muito se destacam em todo seu decorrer.

Posso afirmar que Daevid Allen e companhia possuem um carinho especial pelos brasileiros.

Em 2007, a banda excursionou pelo Brasil com o nome de Daevid Allen and Gong Global Family que, em sua formação contava, com dois músicos  brasileiros, o guitarrista Fábio Golfetti e o baixista Gabriel Costa (ambos da formação do Violeta de Outono) que muito acrescentaram na passagem da banda por aqui.  Allen gostou tanto das terras tupiniquins que acabou gravando um DVD intitulado por  "GONG Live In Brazil: 20th November 2007".

Outras passagens por aqui ocorreram em 2011 durante a Virada Cultural de São Paulo e em 2013 para duas apresentações ocorridas no Sesc Belenzinho também na capital paulista. 

Infelizmente, não fui em nenhum desses shows mas tenho comigo uma gravação exclusiva da última passagem da banda pelo Brasil. Veja aqui.



TRACKS:

1. Psychological Overture Zero
2. Floatin' Anarchy Zero
3. Stone Innoc Frankenstein Allen
4. New Age Transformation Try: No More Sages Zero
5. Opium For The People
6. Allez Ali Baba Black-Sheep Have You Any Bull Shit: Mama Maya Mantram Zero