há
tanta saudade em mim...
há
tanta saudade de ti...
há
tanta saudade de nós!
sim
saudade dos sentires...
de
conjugar o verbo do sentir,
do
querer,
de
conjugar verbos banais...
saudade
da ausência
do
toque na pele
saudade
do caminhar na loucura das emoções...
helena
maltez
cabana de palavras
construí com palavras uma cabana para lá poder habitar
quinta-feira, janeiro 30, 2025
terça-feira, janeiro 28, 2025
espera...
desatento
seguia a memória na noite
ziguezagueava
absorto na vida de outros lugares,
a
memória atraiçoava-lhe o corpo abatido.
do
olhar rasgado, vertia sangue já sem cor
fazia
frio, rangiam-lhe os ossos a cada passo
e
rasgava-lhe a pele até sentir dor
fumava
sofregamente, como se esgotasse o tempo
o
sitio era já ali
no
virar da casa branca esburacada pelo salitre.
aspirou
o nevoeiro, misturado com o fumo do cigarro
acelerou
o passo
aproveitou
o semáforo verde.
galgou
a estrada
ao
fundo via os anúncios cintilarem,
davam
luz e cor à cidade.
o
homem desceu o caminho íngreme
desfazendo-se
das lembranças e infortúnios.
o
mar esperava-o…
era
a hora de todos os dias
o
areal quebrava ali
onde
o sonho nascia
atento
ao silêncio que o corroía.
sem
sobressaltos deitou-se na areia.
restou-me
a mim a espera
nas
palavras cantadas do mar…
helena
maltez
terça-feira, agosto 15, 2023
o canto...
o
canto apagado
no
encanto de mais um dia, fechasse o domingo
a
criançada já não corre no relvado,
são
horas de recolher.
os
barulhos do dia calam-se.
nem
se escuta o ladrar de um cão.
o
mar lá longe amoleceu e estendesse na areia,
embriagado,
o vento sopra sem força,
apoio
o rosto nas mãos.
e
fico apática ao que me rodeia,
o
olhar, fica preso a um passado
o
frio avança, a noite que aproxima-se,
o
corpo, é como um degrau na geometria
pernoito
na memória que me abraça.
o
coração é memória de saudades,
as
palavras são voz nas ausências.
apagasse
o canto, oculto o arrepio,
sem
ti , a noite não tem valor
a
cidade fica noutra ponta,
afasto
o olhar, das certezas que me tocam
atravesso
o silêncio num gemido de sonhos afastados…
helena maltez.
sexta-feira, agosto 11, 2023
horas...
horas
são horas...
não de partida, mas de chegada...
uma chegada assim, entre a luz
que encanta a cidade
de um tempo branco
os sonhos habitavam esse tempo
entre silêncios de angustia,
são horas, horas sem sombras
onde o poema se transforma
dentro do papel da memória.
o dia oxida a boca
desliza no corpo
estremece nas saudades do passado.
as cores mal pousam no dia
respiram pelas areias
onde a cidade descansa.
vozes despertam o vento
ressoam gestos violados
a chegada perde-se na rua
mas leva o sorriso do amor
nada se desfez
no dia que cresceu...
helena maltez
terça-feira, agosto 08, 2023
sem sumo...
sem
sumo!
a
cidade era uma laranja cinzenta, seca, sem sumo e extenuada dos anos,
as cores agarraram o dia, cheio de imperfeições. não havia
caminhos traçados, nem trilhos calcados. era o vazio que habitava o
dia da laranja com cores .
os
silêncios escutavam-se nas esquinas das casas desbragadas e
preciosamente dormiam na poeira dos talentos
na
rua já não brincavam as meninas,
o
tempo passou por uma, mas ela não soube passar o tempo.
vivia
na teimosia de uma vaidade sem prazos.
foi
um outono de hábitos despida e um inverno de alma gelada.
entrou
ao lado da primavera mas nem as flores brilharam,.
a
menina da cidade de laranja quis ser verão com sabor a mar, mas nem
o verão, nem o mar quiseram a menina das manias tresloucadas.
a
outra menina partiu, foi viver a doçura da vida, na cidade sumarenta
de sensações.
na
cidade sem sumo o ar falava numa página de amor, o único esforço
de vida de um tempo..
flutuavam
gritos de
silêncio num
remexer estonteado de olhares de seres vegetativos
as
palavras que ainda tinham vida, recordavam genuínos sentires de
figuras prestigiosas, eram os amores das páginas colocadas no
ser
secretos
continuavam os olhares, queimavam e rescindiam o poder das cores
agarradas à cidade seca.
a
morte espreitava, andava à solta. queria a amiga da menina
tresloucada
uniram-se
as palavras, transfiguraram as alucinações em energia. os olhares
conceberam corpo. luziram as cores. as mãos moldaram o esforço dos
espaços diurnos e as pedras formaram o friso no princípio da razão
a
menina da cidade sumarenta cresceu, foi
mulher
perfeita em sensibilidades. da sua janela fértil nascem palavras que
fazem sorver amor
a
cidade agora vive, fora da outra vida, inunde nomes rasgados de um
ventre ligados à lua e ao sol
helena
maltez
na rua já não brincavam as meninas,
vivia na teimosia de uma vaidade sem prazos.
foi um outono de hábitos despida e um inverno de alma gelada.
a menina da cidade de laranja quis ser verão com sabor a mar, mas nem o verão, nem o mar quiseram a menina das manias tresloucadas.
flutuavam gritos de silêncio num remexer estonteado de olhares de seres vegetativos
secretos continuavam os olhares, queimavam e rescindiam o poder das cores agarradas à cidade seca.
uniram-se as palavras, transfiguraram as alucinações em energia. os olhares conceberam corpo. luziram as cores. as mãos moldaram o esforço dos espaços diurnos e as pedras formaram o friso no princípio da razão
domingo, julho 30, 2023
a espera...
a espera…
o
dia chegou puro.
os
olhares falavam num silêncio
onde
as palavras tinham todas um nome
e
a eternidade se fechava sobre um corpo
parado
nas águas, entre os espaços
para
assistirem ao nascimento das árvores
o
grito do verão ressoava entre formas mudas,
delicadas,
impregnadas de delírios imaginários.
alguém
parte o silêncio e o transforma
em
sons vergados, sensíveis às palavras vivas,
atrás
fica uma vida, remexida desabaladamente
numa
leveza, estrangulada entre dedos
olhares
bailam enfeitiçados sobre as áscuas...
murmuram
ao longe, frases ríspidas e frias
o
vento arrasta soprando as vozes em pedaços,
agarrando
a vida, que deseja invencível
lento,
leve e moroso deixa respirar o dia.
mergulha
na alegria suplicante da voz
onde
ardem, na alma, chamas de desejo
assumido
num jogo de amor único
escapa-se
o pensamento, afunda-se
dentro
da paixão voraz,
espelhada
no sorriso dum peito aberto
o
fio liga a veia, no abraço da morte
triunfante,
a festa tornou-se imortal,
sufoca
de júbilo,
entre
palavras que passam a correr
o
momento, amadurece na terra
cativo
do nome que persegue...
helena
maltez
sábado, julho 22, 2023
mar...
Mar...
azul ,
ondas,
sal…
areia doirada
sol que encanta
gaivotas que bailam
vida numa ultima carta…
um tu indefinível
entre um abraço seguro,
vento que existe...
vem um sorriso,
com sensação de um sonho realizado.
magia que quebra e parte,
eternidade de um olhar
léguas que nos separam de um lugar
como rocha que a tudo resiste
na vida de alguém que permanece
uma lágrima que caí
e se derrete no mar...
helena maltez
saudade... há tanta saudade em mim... há tanta saudade de ti... há tanta saudade de nós! sim saudade dos sentires....
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os olhos navegam no azul intenso, bailam na ondulação ritmada entrementes escuto doces canções de embalar. mar, nas rochas és meu por instan...
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chega o silêncio no rasto da manhã o mar seduz-me com o seu cantar o olhar toca-me entre imagens transparentes por inteiro divido-me esteril...
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caminhei pela borda da noite para lhe cerzir a luminosidade, remendei o nada. com a fragilidade dos sentires e com a invenção da pa...