Jump to ratings and reviews
Rate this book

Prisioneiras

Rate this book
O trabalho de Drauzio Varella como médico voluntário em penitenciárias começou em 1989, na extinta Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Os anos de clínica e as histórias dos presos, dos funcionários e da própria cadeia seriam retratados nos aclamados livros Estação Carandiru (1999) e Carcereiros (2012). Em 2017, Drauzio encerra sua trilogia literária sobre o sistema carcerário brasileiro com Prisioneiras. Alçando as mulheres encarceradas a protagonistas, o médico rememora os últimos onze anos de atendimento na Penitenciária Feminina da Capital, que abriga mais de duas mil detentas. São histórias de mulheres que não raro entram para o crime por conta de seus parceiros - inclusive tentando levar drogas aos companheiros nas penitenciárias masculinas em dias de visita -, mas que são esquecidas quando estão atrás das grades. As famílias conseguem tolerar um encarcerado, mas não uma mãe, irmã, filha ou esposa na cadeia. No ambiente carcerário feminino, há elementos comuns às penitenciárias masculinas. Assim como no Carandiru, um código de leis não escrito rege as prisioneiras; o Primeiro Comando da Capital (PCC) está presente e mostra sua força através das mulheres que integram a facção; e a relação entre aquelas que habitam as cadeias não é menos complexa. As casas de detenção femininas, no entanto, guardam suas particularidades - diferenças às quais o médico paulistano dedica atenção especial em sua narrativa. Desde a dinâmica dos atendimentos e a escassez de visitas até os relacionamentos entre as presas, fica nítido que a realidade das prisões escapa ao imaginário de quem vive fora delas. Prisioneiras é um relato franco, sem julgamentos morais, que não perde o senso crítico em relação às mazelas da sociedade brasileira. Nesse encerramento de ciclo, Drauzio Varella reafirma seu talento de escritor do cotidiano, retratando sua experiência e a vida dessas mulheres com a mesma disposição, coragem e sensibilidade que empreendeu ao iniciar seu trabalho nas prisões há quase três décadas.

280 pages, Paperback

First published May 10, 2017

64 people are currently reading
2353 people want to read

About the author

Drauzio Varella

37 books364 followers
After graduation, he specialized in infectious diseases with Prof. Vicente Amato Neto at the University of São Paulo and at the Hospital do Servidor Público de São Paulo. This work led him to develop an interest in immunology and over the following 20 years he worked at the Hospital do Câncer in São Paulo, specializing in oncology.
He works as a medical professor at Universidade Paulista, but has taught also in several other institutions in Brazil and abroad, such as the New York Memorial Hospital, Cleveland Clinic, Karolinska Institute, University of Hiroshima and the National Cancer Institute of Japan. One of his main fields of works has been AIDS, especially the treatment of Kaposi's sarcoma. He has had an active role in prevention and educational campaigns about AIDS, being the first one to have a radio program on the subject. From 1989 to 2001 he volunteered to work as an unpaid physician in one of the largest jails of Brazil, Carandiru, in order to tackle the horrific AIDS epidemic raging among male inmates. As a result of this experience, he wrote a best-selling book describing the harrowing life of the inmates, which later became a motion picture (Carandiru, directed by Hector Babenco), winning accolades from both the public and specialized national and international critics.
As the chairman of a cancer research institute at UNIP, Dr. Varella presently heads a research program on the potential of Brazilian Amazon medicinal plants for treating neoplasms and antibiotic-resistant bacteria. This research is supported by the São Paulo Research Support Foundation.

(Português)
Descendente de galegos e portugueses, Drauzio estudou medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. No início dos anos 70, já como médico, ele começou a trabalhar com o professor Vicente Amato Neto na área de moléstias infecciosas do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Durante 20 anos, dirigiu também o serviço de imunologia do Hospital do Câncer (São Paulo) e de 1990 a 1992, o serviço de câncer do Hospital do Ipiranga.
Deu aulas em várias faculdades do Brasil e em instituições em outros países, como o Memorial Hospital de Nova Iorque, a Cleveland Clinic (também nos Estados Unidos), o Instituto Karolinska de Estocolmo, a Universidade de Hiroshima e o National Cancer Institute, em Tóquio.
Além do câncer, Drauzio Varella dedicou seu trabalho também ao estudo da AIDS. Foi um dos pioneiros no estudo dessa doença no Brasil, especialmente do sarcoma de Kaposi. Em 1989, iniciou um trabalho no Carandiru (nome popular da "Casa de Detenção de São Paulo"), investigando a prevalência do vírus HIV nos detentos. Até 2002, ano em que o presídio foi desativado, trabalhou como médico voluntário no local. O dr. Varella chegou a idealizar uma revista em quadrinhos, O Vira-Lata, como parte do plano de prevenção da AIDS na cadeia.
Atualmente, apoiado pela Universidade Paulista e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), dirige no Rio Negro um projeto de análise de plantas brasileiras, buscando obter extratos para testar experimentalmente no combate à bactérias resistentes a antibióticos e ao câncer.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
1,360 (69%)
4 stars
471 (24%)
3 stars
100 (5%)
2 stars
10 (<1%)
1 star
3 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 166 reviews
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
380 reviews4,752 followers
April 27, 2020
Tem alguns livros que considero como essenciais para alguém que vive em uma sociedade. E isso porque nos mostram o que está por trás de muitos problemas políticos e sociais, desmitificando aquele “senso comum desinformado” que ouvimos repetidas vezes. E “Prisioneiras” se encaixa nesse grupo!

Sou fã do Dráuzio pelo seu trabalho com e para o outro. E agora virei fã também de seu trabalho como escritor. A sua experiência com o ser humano é gigante. Apenas em penitenciárias, Dráuzio vem atuando desde 1989, quando começou no já extinto Carandiru. E em meio a tantas consultas, em que o autor não se limita a escutar as queixas físicas dos pacientes, Dráuzio se deparou com uma diversidade emocionante de histórias.

Em “Prisioneiras”, conhecemos um pouco das histórias do tempo em que o autor trabalhou em uma penitenciária exclusivamente feminina. E não são apenas relatos individuais de pacientes a que temos acesso, mas também há uma série de problemas e angústias que se repetem na vida de inúmeras das detentas. Dráuzio passa pelo problema do abandono da família e dos companheiros (quando, por outro lado, as mulheres passam anos visitando seus companheiros e filhos presos), pela origem da criminalidade da maior parte das detentas, pela complexa questão da sexualidade que rege as relações entre as mulheres nos presídios, pelas facções criminosas que comandam o dia a dia das mulheres encarceradas, e por aí vai…

Por isso, a leitura dessa obra nos mostra uma visão particular e pouco abordada do sistema penitenciário brasileiro e que nós, como cidadãos, devemos conhecê-la. A compaixão por quem está lá, independentemente do que tenha feito, é gigante pelos olhos de Dráuzio e, se um pouco disso conseguir ser transportado por meio do livro, já é um ganho inestimável para nós, leitores. Não há julgamentos morais, há a oportunidade de escutar, compreender e respeitar o outro.

Esse é o terceiro livro da trilogia sobre o sistema carcerário brasileiro. Comecei por ele e não acho que seja necessário ler em alguma ordem. Mas terminei a leitura com muita vontade de ler a trilogia completa.

Nota: 10/10

Leia mais resenhas em: https://www.instagram.com/book.ster/
Profile Image for Gabriela Ventura.
294 reviews131 followers
July 9, 2017
Eu gosto muito do Dráuzio Varella. Acho que a divulgação médica é tão importante quanto a divulgação científica - isso sem contar na experiência em primeira mão de alguém que está envolvido há tantos anos com a população carcerária do país, cujas histórias costumam ser invisíveis, condicionadas a estereótipos na mídia e na sociedade.

Quando estamos falando de mulheres, então, nem se fala. A solidão da mulher, os filhos, o abandono social, as hierarquias específicas, a liberdade sexual experimentada dentro dos muros do confinamento.

E a voz do Dráuzio é didática sem ser condescendente, compassiva sem perder a ética, compreensiva diante dos problemas estruturais que levaram a maior parte das detentas à penitenciária. Um livro importante para pensar em pobreza estrutural, a ineficiência da guerra às drogas e questões abrangentes de direitos humanos.


[Em nota paralela: é um livro que eu gostaria de dar de presente para aquela parte da minha família que sou obrigada a ver no Natal e que abrilhanta um dia de festa ~cristã~ com considerações piedosas como "bandido bom é bandido morto". Mas né, nem eu tenho dinheiro pra comprar esse livro pra essa gente toda, nem eles leriam, então vâmo que vâmo.]
Profile Image for Emily.
539 reviews44 followers
March 7, 2020
Peguei Prisioneiras pra ler depois de um mês meio devagar pra leitura. Algo fora da minha zona de conforto pra ver se pegava o ritmo de novo.

Li a primeira metade do livro numa tarde. A outra metade, fui lendo devagar durante a semana. Os relatos do Drauzio Varella meio que me obrigaram – nada aqui é diminuído pelo bem estar do leitor. Apesar de um ou outro termo não ter me descido muito bem (a publicação é de 2017), o livro apresenta muito bem como funciona a Penitenciária Feminina da Capital, em São Paulo, repleta de mulheres esquecidas por seus maridos, seus filhos, suas famílias – um homem preso, tudo bem. Uma mulher? Mesmo que encarcerada por ajudar um marido, um filho, um pai?

Crack, o PCC, o Carandiru, sexualidade e machismo aparecem o tempo todo ao longo das páginas em um retrato muito cru e, ao mesmo tempo, muito humano. Gostei muito da leitura.
Profile Image for Tatiane Assis.
11 reviews
February 28, 2019
Meta: odiar todos os homens
Obstáculo: Dráuzio Varella

Que livro incrível, não tenho palavras para descrevê-lo, agora quero ler os outros dois livros da série: Estação Carandiru e Carcereiros
Profile Image for Ana Clara Tesche.
24 reviews3 followers
August 11, 2020
Leitura obrigatória!!! To sem palavras, Drauzio escreve MUITO bem, amigos LEIAM esse livro serio. É o último da série dele sobre sistema carcerário, os outros dois eu ainda não li. Todos capítulos são bem curtos, os primeiros ele foca no funcionamento de uma penitenciária feminina, trabalho, relações amorosas, drogas, trafico, facções, doenças etc. da metade pro final ele conta a história de algumas presas, como/porque entraram pro crime e as particularidades de cada uma, mas nada muito extenso, os capítulos continuam bem curtos. O epílogo é uma análise do sistema carcerário, super fácil de entender, com bastante exemplos e dados misturados com a história de por que ele se interessou pela vida de prisioneiras e prisioneiros. Fiquei sem palavras pra esse livro serio, cada dia mais fã do Drauzio Verella.
Profile Image for Felipe Vieira.
768 reviews17 followers
August 1, 2023
4,5

Prisioneiras é, para mim, ainda mais fascinante que Estação Carandiru. Apesar de ser menos insalubre e mais organizado o encarceramento feminino consegue ser tão violento quanto o masculino em seus próprios termos. A questão de gênero, machismo e sexismo não desaparecem quando as mulheres são presas. E junto com isso há o abandono afetivo.

As histórias em Prisioneiras pareceram-me mais organizadas e mais fáceis de acompanhar do que em Estação Carandiru. Aqui não há tanta violência como no primeiro livro de Drauzio Varella. Isso se dá por ele não voluntariar em uma prisão superlotada e também por ser uma cadeia comandada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Por sinal, nesse livro o médico explica um pouco sobre o funcionamento do PCC. Funcionamento que me deixou boquiaberto pela competência, organização e poder. É claro que com o uso do medo e da violência é mais fácil comandar as pessoas. Mas ainda assim não deixa de ser surreal o poder que criminosos exercem em uma área que deveria ser exclusiva de governos e polícias. Mas o dinheiro corrompe qualquer pessoa em um país desigual. Se o dinheiro não compra, o poder mata.

Outro destaque que daria nos relatos feitos pelo autor seria quanto ao comportamento sexual das mulheres na prisão que muitas vezes se transforma pelo abandono afetivo dos companheiros e familiares. É questão interessante para ser analisada principalmente por mulheres heterossexuais que começam a se relacionarem com outras mulheres afetivo e sexualmente enquanto estão presas, mas assim que são libertas deixam e até mesmo negam essa forma de afetividade. Ainda é possível ver o quanto essas relações são sedimentadas no machismo que percorre toda a sociedade. É intrigante as várias formas de comportamentos e denominações.

Apesar de um presídio menos caótico, as mulheres estão ali também por cometerem crimes violentos. É interessante acompanhar como as dinâmicas diferem para os mesmos comportamentos e violências ou escolhas. Varella também traz uma discussão sobre o crescimento exorbitante da população prisional, o encarceramento desnecessário, os erros e acertos da justiça brasileira.

É um livro bem interessante e com uma leitura gostosa de acompanhar mesmo com as frases enormes do autor e dos seus deslizes em formas machistas e sexistas em alguns momentos. Enfim, em Prisioneiras é excelente e mostra que mulheres criminosas ainda são mulheres.
Profile Image for Ana Carolina Sampaio.
36 reviews3 followers
July 24, 2020
É diferente do que eu esperava, mas tão bom ou até melhor quanto. Admiro muito o Dráuzio e a leitura não decepcionou. É uma série de relatos das histórias que o médico viu e principalmente ouviu durante os anos em que prestou serviço voluntário em diferentes presídios. De certa forma, o livro dá voz aos marginalizados, abordando questões sociais, a forma como nossa sociedade lida com as mesmas e os impactos e consequências disso.
Profile Image for alienticia.
256 reviews9 followers
July 14, 2021
quando eu terminei Estação Carandiru há uns meses, fiquei pensando em como um livro de quase trinta anos atrás se relacionaria com a situação das prisões no Brasil atual. Prisioneiras fala um pouco sobre isso usando de base relatos de uma penitenciária feminina em São Paulo.
como esse livro termina uma série, as histórias das presas e descrições da rotina na cadeia se misturam com questões sobre números de criminalidade, tráfico e população carcerária. muitas vezes a gente - o leitor e o autor - fica se perguntando se isso funciona mesmo, se tem jeitos melhores de conduzir a punição de quem desvia da lei.
os relatos das mulheres acabam se misturando um no outro, tanto porque a leitura é rápida (comecei o livro na tarde passada e acabei hoje de manhã) quanto pela quantidade imensa de fatores comuns nas histórias: abandono parental, pobreza, violência física e sexual...
enfim. é um bom início de reflexões.
Profile Image for Andrzej Grzegorski.
35 reviews
December 29, 2021
Takie 3,5/5. Trochę filozofowania na temat systemu penitencjarnego w Brazylii, historie więźniarek takie trochę niepełne, niekiedy bez zakończenia - bardziej są to historie o tym w jaki sposób trafiły do więzienia a nie o tym co się z nimi dzieje za kratami. W porównaniu z poprzednimi książkami ta wypada trochę słabo.
Profile Image for Tomek.
395 reviews29 followers
September 10, 2021
Kolejna wyprawa w świat brazylijskich więzień. Tym razem książka o kobietach odsiadujących wyroki w wiezieniu w Sao Paulo. Podobnie jak poprzednie książki Varelli, ta również pełna jest humanizmu i chęci zrozumienia drugiego człowieka, niezależnie od tego co zrobił i dlaczego został osadzony w wiezieniu.
Profile Image for Alice Nicolella.
12 reviews
January 16, 2018
A realidade dos presídios femininos, das condições das detentas e de suas relações interpessoais dentro e fora da cadeia são muito bem descritas por Drauzio Varella. O médico passou 11 anos na Penitenciária feminina do estado de São Paulo e tem uma visão bastante crítica e politizada a respeito do encarceramento e do crime como um todo, no Brasil. Recomendo muito!!
Profile Image for Paula Monteiro.
92 reviews
June 2, 2017
Drauzio narra como ninguém a vida das prisioneiras, trazendo dignidade e realidade a cada história.
Profile Image for Luma Dionísio.
141 reviews
February 21, 2020
A sensatez e a humanidade do Drauzio é algo que sempre me desperta um sentimento forte de admiração e, devo dizer, esse sentimento está ainda mais forte depois de ler esse livro.

Segundo livro seguido que leio sobre a vida de mulheres nas prisões e o aprendizado é imenso, principalmente quando o ponto de vista apresentado possui colocações pontuais de alguém como o Drauzio Varella.

Os pontos expostos de forma simples e fácil, as histórias repletas de sofrimento, erros, medo, amor que esse livro traz... Os questionamentos que ele propõe em cima de tudo isso.

Eu não tenho nem o que dizer. Esse livro é necessário. Esse livro é muito importante.

Separo aqui dois trechos que me impactaram:

"A tendência natural é a de nos aproximarmos de pessoas da mesma classe social, com gostos, ideias, posições políticas e estilos de vida semelhantes aos nossos. Embora esse formato de convivência nos traga conforto, não abre espaço para o contraditório nem dá acesso a modos de pensar e de viver radicalmente diferentes. Impossível imaginar como eu chegaria aos 73 anos se não fosse a experiência nos presídios, mas sei que saberia menos medicina e desconheceria aspectos da alma humana aos quais só tive acesso porque me dispus a chegar perto daqueles que a sociedade tranca atrás de grades."

"A violência que aflige as comunidades da periferia acentua as desigualdades de gênero e expõe as mulheres à gravidez na adolescência, à desorganização familiar, aos estupros, às drogas ilícitas, a viver em lares sem a figura paterna, a ter que criar os filhos por conta própria e a conviver com homens que empregam métodos violentos como forma rotineira de resolução de conflitos. Violência de gênero é flagelo que de uma forma ou outra atinge todas as mulheres brasileiras, mas o ônus se concentra de maneira desproporcional entre as mais pobres e as negras, como constatam as estatísticas. É nas áreas periféricas das cidades que o despotismo masculino exibe sua face mais brutal."

Termino esse livro com lágrimas nos olhos e muito grata.
Profile Image for Liana.
28 reviews
April 25, 2021
Esse é o último livro da trilogia (o primeiro é Estação Carandiru e o segundo, Carcereiros), e portanto tem muitas lembranças repetidas, já contadas anteriormente. Apesar de não ter a surpresa do primeiro contato com o mundo dos(as) prisioneiros(as), as histórias me aproximaram desse submundo tão pouco entendido por mim e me ajudaram a enxergar a humanidade das personagens, sob um olhar que também vê o contexto que as levou até a detenção.
10 reviews
June 9, 2020
Drauzio é um médico que poderia dar aula de sociologia, de direito, de psicologia... sou fã!! Além do conhecimento, a escrita dele é bem próxima, parece que é um amigo contando sobre sua rotina de trabalho! Aqui, Drauzio conta sobre uma realidade lamentável do nosso país, mas de um jeito tranquilo, sem romantizações nem dramas desnecessários, com um tom crítico quase cômico. O epílogo é essencial!!
Profile Image for Giovanna Toledo.
4 reviews3 followers
August 25, 2020
Triste e necessário. Cada página é como uma conversa dolorosa, interessante e carregada de sensatez.
Profile Image for Gilmar Dias Jr..
76 reviews2 followers
January 25, 2025
Que livro do caralho!

Drauzio sempre terá minha admiração em tudo que faz e aqui não é diferente. Ele sabe relatar como ninguém a realidade das penitenciárias e a história de vida das detentas. Você se envolve com cada uma das mulheres e ainda, no final, traz uma baita discussão sobre o sistema penitenciário brasileiro e sobre o combate às drogas. Livro excelente, profundo e essencial ao povo brasileiro.
Profile Image for Solange Cunha.
268 reviews41 followers
November 2, 2024
3.5

Li para um clube de leitura, gosto bastante do trabalho do Drauzio. Ao ler “Prisioneiras” reforçamos a ideia da falência do sistema prisional, a necessidade e a urgência da legalização das drogas.

As mulheres, como era de se esperar, sofrem ainda mais com o abandono em todos os sentidos. Muito triste ler sobre as grávidas e puérperas nas cadeias.

Impressionante como há todo um funcionamento espelhado dos poderes legislativo, executivo e judiciário no crime organizado. E como há uma lógica do capitalismo (com as cartelas de cigarro como dinheiro, a exploração da mão-de-obra) também reproduzida nas cadeias.

Drauzio, mesmo sendo ótimo, segue sendo homem, reproduzindo alguns esteriótipos de gênero e algumas violências implícitas ao contar e relatar o que ouviu e viu nas prisões.
Profile Image for Luciana Nery.
137 reviews19 followers
August 18, 2017
Admiro o estilo literário do médico mais famoso do Brasil, e acho que ele é uma das poucas pessoas famosas hoje que faz pleno jus ao seu sucesso, seja pela generosidade de seu trabalho voluntário, seja pelo seu esforço de narrar essas histórias.

O texto é conciso, as palavras são usadas em seu mínimo, com sabedoria. Ele entrelaça descrições breves e secas com citações de seus personagens, frases de impacto que tornam as história mais dramáticas, impactantes e inesquecíveis. Há o charme de um leve anacronismo - curto muito o uso frequente do pretérito-mais-que-perfeito do indicativo: "lhe dissera", "se apaixonara", "escondera".

Quanta desgraça na vida de tantas pessoas. E quanta resignação. E quanto força, resiliência, perseverança nessas mulheres, que em sua maioria esmagadora tiveram histórias de vida profundamente tristes. A mim só cabe agradecer as circunstâncias em que nasci e vivi, e estou grata por ter acesso a essas histórias, de um mundo que não é meu, mas que na verdade é, e que eu escolho não conhecer. Mas é um livro importante, fácil e ágil de ler, que pode te fazer repensar conceitos sobre papeis de homens e mulheres na sociedade, a política de combate a drogas, a sexualidade feminina e a realidade social de uma camada relevante da população, pessoas com que convivemos, mas não sabemos suas histórias.

Vou recomendar a todo mundo que eu encontrar nos próximos meses!
Profile Image for João Conrado.
62 reviews1 follower
December 25, 2019
Drauzio faz uma narrativa profunda de seus anos atendendo na penitenciária feminina de São Paulo, uma experiência da que o mesmo viveu em penitenciárias masculinas. Mudam as doenças e o padrão de organização e cresce o abandono. Como relatado diversas vezes no livro, as mulheres presas, via de regrar, não recebem as visitas que recebem os homens e o distanciamento familiar é muito mais significativo.
A maioria das presas está envolvida em crimes não violentos relacionados ao tráfico de drogas. "O que a sociedade ganha trancando essas mulheres por anos consecutivos? O que representa, no volume geral do tráfico, a quantidade de droga que cabe na vagina de uma mulher? Que futuro terão crianças criadas com mãe e pai na cadeia? Quantas terão o mesmo destino? [...] Qualquer solução seria mais sensata do que a atual: elas vão para a cadeia, os filhos ficam abandonados em situação de risco e o homem que encomendou a droga arranja outra ponte para manter o fluxo de caixa".
Profile Image for Lulis.
27 reviews
May 26, 2021
Esse foi meu primeiro contato com a escrita de Dr. Drauzio e devo dizer que a identificação que senti atingiu muitas camadas.

"Na ânsia de punir os que desobedecem às leis, a sociedade não se dá conta de que trancá-los atrás das grades tem seu preço. Seres humanos formam grupos com códigos de comportamento e leis próprias desde que descemos das árvores nas savanas da África, 6 milhões de anos atras."

E de fato, esse conceitos de mudar as normas e adaptar-se as situações exemplifica bastante toda a composição do livro; que transita entre as narrativas de vida de várias presas, a organização carcerária e o funcionamento de boa parte do crime organizado ( desde a ascenção das facções na época do antigo Carandiru ).

No mais, recomendo muito esse livro, principalmente por ser alguém que tem a criminalidade e o sistema carcerário punitivista como um tópico de estudo quase antropológico, porque de fato, é uma obra que grita realidade.

Profile Image for Fyrrea.
474 reviews28 followers
April 15, 2021
Ocena: 5-
Wrażenia: Wow. Kultura więzienna to coś fascynującego, a kultura więzienna w żeńskim więzieniu w Brazylii to już w ogóle odlot. Rodzima grypsera może się przy tym schować. Do tego opowieści poszczególnych osadzonych - historia mścicielki mordującej gwałcicieli szczególnie mnie poruszyła.
Dla kogo: Na pewno dla tych, którzy oglądali OITNB
Profile Image for Gislaine Miyono.
6 reviews
May 21, 2018
O melhor da trilogia (Carandiru, Carcereiros e Prisioneiras).
O sempre sincero relato de quem ouve as histórias de coração aberto, a escrita carinhosa e extremamente respeitosa do Drauzio, é de encher os olhos.
E os relatos, são os melhores e mais fortes da trilogia, sem sombra de dúvida.
Profile Image for Gabriela Ramos.
84 reviews46 followers
June 11, 2020
reverenciando ainda mais esse homem, se é que é possível. o papel informativo e a medicina social
que Dr. Drauzio carrega nas costas é de valor inestimável para o nosso país. sempre fiquei emocionada o vendo falar, imagine lendo?

"sempre me interessei pelo modo de pensar e agir das mulheres, mas os últimos 11 anos em contato com prisioneiras me ofereceram a chance de penetrar no universo feminino a uma profundidade que jamais imaginei alcançar..."

universo do cárcere feminino narrado com toda multiplicidade, sensibilidade e simbologias necessárias. aqui entendemos a estrutura física, moral, sexual e sentimental das prisioneiras.
como a questão de gênero, raça e classe se aplicam e se transformam pela falta de liberdade, acentuado ou abrandando as questões do mundo externo. aqui as prisioneiras têm cara, nome, história, rosto e sensibilidades que lhe foram invisibilizadas em sua trajetória. um exemplo mais cativante que o outro, as experiencias não cansam de nos deixar pasmos.

"há anos procuro entender as razões que lavam as famílias a visitar o parente parente preso homem. enquanto esquecem a irmã, a filha ou a mão no cárcere. talvez porque a prisão de uma filha ou mãe envergonha mais do que a de um filho ou pai, já que a expectativa da sociedade é ver as mulheres "no seu lugar", obedientes e recatadas. o preconceito sexual faz parte desse contexto.."

apesar do enfoque de gênero, ele mescla com ensinamentos da estrutura prisional em geral, entendemos as facções, origem do PCC, paralelos com os presídios masculinos, muitas referências do carandiru, organização e política das biqueiras, o poder das drogas num organismo e na economia, o defeitos inumeráveis de nosso sistema prisional autossabotador, a complexidade das lei internas .... e acima de tudo a importância da medicina com seu dom de desarmar espíritos e despertar gratidão a quem se negam a humanidade.

uma riqueza, todo cidadão devia ter essa experiência e consciência despertada.
Profile Image for Pablo.
67 reviews
January 17, 2021
"Quando assistimos aos filmes dos gângsteres que infernizavam as cidades americanas nos tempos de Al Capone, achamos ridícula a pretensão dos legisladores daquela época de imaginar que a proibição acabaria com o álcool. Como não percebiam que a Lei Seca tinha impacto desprezível no consumo, corrompia a sociedade e estimulava o tráfico e a criminalidade? Como não percebiam? Pelas mesmas razões que nos apegamos às leis que criminalizam o uso e o tráfico de drogas. Quanto tempo será necessário para nos convencermos de que essa legislação nos conduziu ao pior dos mundos: roubos, assassinatos, quadrilhas em disputa permanente pelas rotas de tráfico e pontos de venda, tiroteios, morte de inocentes, cracolândias, corrupção da polícia, do judiciário e do legislativo, sem impedir que as drogas cheguem às mãos dos usuários? Quanto dinheiro investido em repressão policial, construção e manutenção de presídios para resultados tão pífios?"
3 reviews
June 5, 2023
Mais um livro do Dr Auzio e mais uma vez impressionado com a forma de transmitir as histórias dos pacientes, com a maneira que nos faz criar empatia e que nos chama atenção para problemas crônicos da sociedade de maneira natural.
Assim como em Estação Carandiru, os pequenos capítulos nos fazem conhecer um pouco da vida/trajetória de cada encarcerado ao mesmo tempo em que ensinam sobre as relações e regras não escritas dos presídios. Ao final de cada um a mente implora por iniciar o próximo.
Sou fã da medicina desse cara, pela parte humana como a cabeça dele funciona, sem julgamentos sobre quem está do outro lado na consulta. A cada dia mais admirador também da sua forma de escrever e transmitir pontos tão essenciais não só para quem vai viver da medicina, mas para qualquer um que almeje viver cada vez melhor em sociedade.
Profile Image for Mellissa.
73 reviews
January 23, 2020
"A gratidão eterna que os criminosos do mundo do crime juram para suas amadas expira no exato instante em que elas cruzam os portões da cadeia, ainda que aliciadas por eles."

"Muitos imaginam que bastaria uma força policial capaz de prender todos os ladrões e traficantes para acabarmos com os roubos e os usuários de drogas soltos na rua. Os números, no entanto, contradizem essa visão..."

Uma narrativa que alterna relatos do dia a dia da cadeia com histórias das prisioneiras, é um livro para refletir, revoltar-se e principalmente repensar. Além disso, Drauzio Varella traz a importância de escutar as pacientes e isso ser muitas vezes suficiente. Um livro necessário e recomendadíssimo.
Displaying 1 - 30 of 166 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.