Metereologia 24 h

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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Suspeitas de uma mente instintiva

 

Mudei de chinelos de casa dois meses antes de ir duas semanas de férias. Deitei fora os anteriores, igualmente de borracha, mas que já tinham um buraco na sola. Tive-os por uns 10 anos, viajaram comigo para outros países, pisaram outros banheiros e, para mim, davam perfeitamente para o propósito de tomar duche e andar aqui por casa. 


Digo "aqui por casa" porque a minha situação de "casa" é diferente daqueles que a partilham com membros da família. Eu partilho uma com pessoas que não me são nada de sangue. E sendo assim, alguns hábitos e mesmo formas de estar, de ser, de agir em muito diferem umas das outras. 

Já tinha adquirido os novos chinelos uns dois anos antes e, inclusive, usei-os ocasionalmente, dentro do quarto. Porém, algo me deixava apreensiva em os usar pela casa. É que teria de os deixar do lado de fora, à porta do quarto. Vulneráveis. Confesso ter duas razões para não ter mudado de chinelos antes. A primeira razão: é mesmo da minha natureza usar algo até mesmo ao fim. Se estou satisfeita com a coisa, não sinto o ímpeto de me desfazer dela, ainda que tenha chegado a um estado gasto. 

O segundo motivo prende-se com o SABER com quem divido a casa. Em particular, a M. 

O instinto murmurou sempre dentro de mim para não colocar os chinelos novos no lugar dos gastos. Mas em Abril deu-me para desfazer-me de coisas sem grande utilidade e, dia 26, foi a vez destes chinelos.



Havia encontrado em muitas ocasiões, os meus sapatos fora do lugar, como que se chutados. Por vezes logo após os ter ajustado. Ora era isso constantemente, ou os encontrava molhados. Pelo menos eu acho que era só água... Numa ocasião foi algo grudento, que "colou" a base do meu pé no chinelo. Detestei isso. 

O meu quarto fica ao fundo do corredor. O WC é a última porta à direita.  Meus chinelos em nada atrapalha quem entra ou sai desse espaço. Porque, ao sair, só podem virar à esquerda e os chinelos estão à direita. Só quem entra no quarto é que se depara com os chinelos. Numa ocasião percebi o quanto nada do que ela faz é "circunstancial" e tudo é intencional. Como aliás, já suspeitava. 

Tinha acabado de descalçar os chinelos velhos, após sair do WC, e entrei no quarto. Tencionava sair novamente até à cozinha. Nesse curto espaço de tempo oiço de imediato a M. entrar no WC que eu tinha acabado de vagar e onde estive por apenas um minuto. Até isto não foi "circunstancial" - hoje sei. Escutei-a a usar a torneira profusamente, que nem uma doida. Depois saiu do WC e foi para o quarto. Quando abro a porta e vou para calçar os chinelos, estes estão molhados. 

Este vídeo data de sete dias após ter trocado os chinelos velhos por novos. E mostra como despertei com barulho e fui ao WC para encontrar meus chinelos acabados de ser molhados. 

Seria impossível que se tivessem molhado por "distração" ou "sem querer". Mesmo se a M. tivesse estado a "lavar" algo no lavatório do banheiro, os pingos de água nunca teriam atingido os chinelos -  a menos que a pessoa tivesse, intencionalmente, ao invés de virar para a esquerda, se posicionado à direita, onde só fica o meu quarto. 

Foi intencional. Um acto mesquinho, patético, infantil - que encaixa perfeitamente na personalidade da M. - uma narcisista. 

Quando percebi que ela espalhava "porcaria" por todo o lado da casa e estava a repetir o padrão que se observava na cozinha no corredor dos quartos, encontrei uma forma de impedi-lo ao colocar os meus sapatos mais usados ordenados em fila contra a parede. Aproveitei que ela achava "bem" espalhar os dela aos montes perto da porta dela e o rapaz também os deixava do lado de fora, perto do quarto dele. Dava-me ligitimidade para fazer o mesmo. Sabia que ela até ia desejar barafustar, porque qualquer espaço livre que vê quer tomar para si. Mas, nessa altura, não pode. Senti que, com essa decisão de ocupar o espaço livre com os meus sapatos, "salvei" a zona do corredor perto do WC de invasão de lixo. Estava a ser frequente ela ali deixar coisas, por dias (embalagens vazias, panos sujos, vassoura, rolos vazios de papel higiénico e bacias). 

Daí adiante os meus sapatos "misteriosamente" estavam sempre fora do lugar. Às vezes virados ao contrário, outras vezes sujos ou molhados. Os sapatos do rapaz, bem maiores que os meus e mais no caminho, porque ele nem os alinha totalmente contra a parede, ficavam misteriosamente intactos. O que revela uma acção intencional dirigida apenas aos meus. A M. também colocou o balde e a esfregona velha e porca a um canto desse corredor e impôs a sua permanência ali. Pegava na esfregona e passava no chão sujo. Depois, fazia com que a água suja e cheia de germes pingasse em todos os meus sapatos. Se é que, (ingenuidade) não era "pingar"... era mesmo passar a esfregona nos ditos.  

Os narcisistas agem assim: exibem atitudes mesquinhas, são vingativos de forma obsessiva e agem como crianças mimadas, fazem birras por tudo e por nada. Assim é a M.

Resumindo, troquei de chinelos quase dois meses antes de ir duas semanas de férias para Portugal. Usei-os todos os dias, pela casa, tomei vários duches com eles, deixei-os sempre à entrada da porta. Nada de diferente aconteceu. 

Fui então de férias, para a praia. Caminhei descalça pela areia, na arrebentação das ondas, na areia seca... por vezes calcei sandálias de borracha que havia comprado no ano anterior e que dão para usar dentro de água também. Em casa durante as férias, usei os mesmos chinelos de borracha que uso sempre quando estou naquela localidade. 

Meus pés até MELHORARAM. Por já não ficarem horas de pé enfiados nos sapatos de trabalho. Suavizaram as peles duras, melhoraram as feridas... estavam a voltar ao normal. Ao que um pé de um não-trabalhador-sempre-de-pé deve de ser. 

As férias acabam e regresso a casa. Calço os chinelos pela primeira vez para entrar no duche após chegar de viagem e começo a sentir ardor e comichão. Não faço muito caso mas a sensação é tão forte que vou espreitar e... tenho a pele toda seca exatamente na área de contacto do chinelo. 

De imediato, uma suspeita "brotou" na minha mente... mas, como sempre, mandei-a para o subconsciente. Só que ela ainda lá está... adormecida mas viva. Ora se usei estes mesmos chinelos todos os dias durante quase dois meses, sem problemas alguns, no regresso após uma ausência prolongada,  porquê ganho de imediato um misterioso problema de pele?

Nem sequer era queimadura. Porque não estava muito vermelho. Era apenas secura, com uma sensação de ardor e comichão. Como se alguém tivesse aplicado um produto qualquer no chinelo e isso tivesse criado uma reacção. 

Faz mais de um mês que isto aconteceu e ainda tenho os pés com essa marca


Acho que é permanente.

Não sei o que aconteceu nem do que se trata. Presumo ser uma bactéria. Dessas que não morrem. Minha mente, de imediato, por instinto, suspeitou que nada é uma "coincidência". Os chinelos ficaram vulneráveis

A M. já demonstrou ser capaz de coisas assim. Tenho um vídeo onde ela, quando eu estou de costas viradas, vendo um pratinho meu com talheres dentro, finge estar ocupada e vai com a mão e derruba para o chão um dos talheres. Depois finge não ter percebido e ainda pisa em cima. 

Infantil? SIM! 

Mas é exatamente com pessoas deste género que todo o cuidado é pouco. 

E como que para confirmar as minhas suspeitas, na mesma altura em que meus pés aparecem com esta estranha situação cutânea, a M. passou a não deixar os seus chinelos fora da porta. Quando sai de casa, os chinelos dela "desaparecem" do exterior. O que nunca aconteceu nestes quase três anos. Esta alteração comportamental como que confirmou as minhas suspeitas. Este nunca foi um hábito seu. Que o tenha criado agora, após eu suspeitar que contaminou os meus, para mim é como uma confirmação de que não estou a alucinar. É que este tipo de mudança comportamental corresponde ao padrão dos narcisistas: a REVERSÃO: eles agem como se fossem as vítimas dos seus próprios crimes. 

Cometem os crimes e fazem-se de vítimas. Quando suspeitei que ela estava a entrar no meu quarto durante as minhas ausências e coloquei o telemóvel a gravar quem entrasse (misteriosamente "desligou-se"), foi quando ela começou a trancar a sua porta à chave quando vai ao andar de baixo. Para mim, que o tenha começado a fazer dali a diante CONFIRMA que de facto invadiu o meu espaço.   

Mesmo sabendo destas coisas, temo que ainda não tenho precauções que cheguem.

A M. vive à custa de um empréstimo estudantil e de chulear pessoas. Mas ocasionalmente, arranja uma ocupação. Nunca dura muito. Geralmente arranja algo durante o Natal (durou duas semanas e acabou demitida pela sua "personalidade" e incompetência) e algo no verão. Portanto, apenas duas vezes ao ano! E nunca duram sequer três meses.

Recentemente ausenta-se pelas manhãs de terça e quarta-feira. Um bálsamo para mim! É pouco, mas é alguma coisa. Mesmo querendo arranjar um cargo de gerência (para o qual é a pessoa mais inapta que já conheci) é claro que vive num mundo só dela - porque não tem qualificações e, portanto, dificilmente vai obter o que pretende. Assim sendo, vê-se sem saída e regressa sempre ao que ela chama ser a sua profissão: "esteticista". Um rótulo que usa de forma enganadora, já que somente se dedica a fazer unhas. E quem faz unhas... tem de lidar, por vezes, com bactérias e fungos. Vai que ela "colectou" fungos de alguém e os deixou a "cozinhar" nos meus chinelos por duas semanas?

Gostava de concordar com alguns de vocês que, neste instante, estão a pensar que sou paranoica. Pois sim... venham viver com a criatura e logo descobrirão que todas essas histórias de "fantasia" que se vêm nos filmes têm a verdade como inspiração. A Glen Close em instinto fatal é baseada em factos bem reais. Alguém viveu aquele terror intensamente. 

A solução parece simples, não é? Sair daqui e pronto.

Aprendi que não é assim. A diferença entre a M. e a Gordazilla (casa anterior) é que esta última era uma profissional na arte de enganar, mentir e seduzir. A M. é aprendiz por comparação. E falha logo no começo, quando as pessoas a conhecem, porque transmite "más vibrações". Não consegue esconder quem realmente é por muito tempo. A Gordazilla conseguia por uma vida inteira. M. é uma narcisista muito obvia. Embora eu tenha demorado muito tempo a chegar a este diagnóstico. 

Prejudica-me a minha forma de ser. Pressinto o intuito de más intenções por vezes quase como se sente uma brisa, mas acredito que é erro meu. Quando algo mau acontece, ajo como se as coisas não fossem  feitas com maldade, preferindo não julgar sem dar mais oportunidades e tempo para conhecer as pessoas. Nunca aprendi a ripostar. Não sei fazê-lo adequadamente. Para cortar os males pela raiz. Isso me torna suscetível a este género de predador e sujeita a repetir estas experiências onde quer que vá. 

Quando desabafei com o rapaz cá de casa e lhe disse que estava a pensar mudar por não aguentar mais a perseguição constante da M. ele respondeu:

-"Não mudes. Se mudares sempre que encontrares alguém como ela estás sempre a mudar". 

Recordando instantaneamente a casa anterior, concluí que era a pura verdade. Existe sempre "alguém como ela" onde quer que se vá. Ele sabia isso. Outros também. Eu ainda não havia aceite essa realidade. 

Na casa anterior, nenhuma boa acção ou constante bom comportamento alterou esse desfecho inevitável. Minha pessoa foi atirada para a lama do fundo de um poço. Atingi um ponto que desconhecia na minha vida: duvidar da minha lucidez. Da percepção da verdade. Pessoas e acontecimentos que sabia terem existido, talvez tenham sido invenção da minha mente - esse género de sensação. Não desejo a ninguém. 

Na casa anterior a estas duas, todos tinham sérios problemas com o homem que já lá vivia há 15 anos. Também agiu como um canalha comigo e todos os restantes. Fez-me passar por terríveis momentos, sendo a constante perseguição e vigilância mais um caracter ditador de regras que o próprio não segue o traço em comum deste tipo de gente. 

Concluí por estas experiências, que existe sempre pelo menos um maluco em todo o sítio. Escuto as senhoras da limpeza dizerem que esta casa, que considero suja, não é "das piores" e fico aterrorizada com o que poderá existir por aí. 

Em Janeiro muda-se cá para casa uma nova inquilina, que conheceu a M. de vista, nesse "emprego" de duas semanas que ela arranjou pelo Natal. A M., à minha frente, "falou" com ela como se fossem conhecidas e íntimas. Uma atitude previsível, que eu antevi quando fui de férias de Natal. Fez questão, como faz sempre, de aparecer sempre que escuta duas pessoas a dialogar e interrompe as conversas.  É uma forma de impedir os outros de comunicarem entre si e controlar o que a rodeia. Não deixar que se criem laços e, com tempo, vai jogando um contra o outro. Não precisei sequer partilhar uma única história sobre a M. com a nova inquilina. Foi ela que  abordou-me para desabafar as coisas que a M. lhe disse logo nos dias da sua mudança - estava eu ausente. Quis dizer-me que ela não regula bem da cabeça e nunca vai mudar. Só não sabe se ela percebe que precisa de ajuda.
Claro que não. É narcisista. Está tudo bem com ela e os outros é que não são tão evoluídos e inteligentes quanto. Acho que nem existe ajuda para pessoas assim. 



sexta-feira, 27 de março de 2020

A minha Rebecca portou-se mal!


Devem estar lembrados de um post onde mencionei que uma forma de ultrapassar a dor que sentia pela ausência de uma certa pessoa era dedicar-me mais a ser amiga de outras. Nesse texto mencionei uma nova colega de trabalho, que se «grudou» a mim como se fossemos muito íntimas. Senti-a sozinha, mas também mencionei que ela chamava a atenção dos homens e flirtava com eles.

Isso foi o quê? Há duas, três semanas no máximo!

Pois a rapariga, casada, quarentona, já mergulhou de cabeça, corpo e membros em problemas, por ter tido sexo com um homem que conheceu lá. Não me quis contar detalhes - quer fazê-lo pessoalmente, mas nesta altura do Corona e sabendo eu que qualquer um pode ser transmissor, eu quero escutar a sua história, mas sem os abraços e proximidades que ela gosta de demonstrar. 

Perguntou-me à pouco se, por tudo o que me contou, eu tinha mudado de ideias sobre ela. Ideia... Mas a ideia com que fiquei é que ela gostava de seduzir todos os homens. E foi o que ela fez. Não sei bem o que aconteceu porque, pelos vistos, ela tem um pouco de paranóia e recusa-se a falar das coisas com detalhes ao telemóvel. Ou então teme que o marido lhe tenha colocado aqueles dispositivos que espiam os aparelhos e, inclusive, deixam escutar as conversas.

Ela conta-me que receia estar grávida, todos os problemas matrimoniais que a assolam naquela semana e na próxima, problemas laborais e, agora, este mais específico.

Não me custa emprestar os meus ouvidos e tentar, dentro das minhas muitas limitações, aliviar um pouco o sofrimento em que se enfiou. Mas fico a matutar se é sensato de minha parte deixar os dramas dos outros fazerem parte das minhas rotinas. 

É um defeito que tenho, estar ali para escutar e tentar ajudar pessoas que desabafam os seus problemas comigo. Muitas vezes elas fazem isso mesmo e, depois, é como se não me conhecessem mais. Por vezes devia deixá-las lá com os seus problemas e ficar só com os meus. Parece que essa não é a minha natureza. O que pode trazer-me muito sofrimento. Ele começou assim. Surgiu todo "torcido", mudo e calado, depois foi ficando querido, atencioso, acessível e eu apaixonei-me. Subitamente ele regressou à forma original. Não quero mais disso.


Update: Entretanto, esta madrugada os nossos turnos cruzaram-se e enquanto nós as duas falávamos no meio do armazém, um colega com quem nunca falei chama-me pelo nome. Ele ainda trás a roupa de rua vestida, um longo casaco preto, o que me indica que chamar-me é das primeiras coisas que fez. Diz-me, num tom de ordem: "Dá-me o teu número de telemóvel antes de te ires embora". Senti-me confusa. E perguntei-lhe: "mas... o que fazes tu aqui dentro?". Porque sei que ele não é gerente nem ninguém com autoridade para decidir quem vai chamar para trabalhar mais horas e é para isso que nos pedem o número de contacto. Ele repete a frase e fala com autoridade. Não faço qualquer intenção de lho facultar, mas aquilo fez-me suspeitar que era ele o tipo com quem ela anda a ter sexo. A sua intenção ao chamar-me até perto dele, foi só enviar uma «mensagem» indirecta à pessoa com quem eu estava a falar. Ao invés de a chamar a ela, chamou-me a mim, para quebrar a interacção que estavamos a ter, para se certificar que ela não abre a boca a ninguém e fazê-la recear o seu "poder". Chantagem, coacção... LOL.

Sinceramente, não sei como uma mulher daquela idade pode meter-se em tantos sarilhos num tão curto espaço de tempo. O problema é que chegou ali e andou a "oferecer-se". Muitos devem ter ficado com essa percepção e, claro, aos que lhes falta bom carácter vêm ali uma oportunidade a agarrar. Será que ela não percebe realmente que tem essa atitude? Vai trabalhar para um local cheio de homens, muitos deles básicos que dá dó, vestindo roupas justas que lhe salientam as formas femininas para onde os gajos gostam de olhar (e eles olham e ela percebe) com todos sem excepção inicia conversas sempre a ostentar um sorriso de 25 quilates, nunca a vi prender o cabelo, trabalha sempre com ele solto e a todos sem critério algum, pergunta como pode ter "mais horas", porque precisa, porque está desesperada, porque tem problemas em casa e quer mesmo muito trabalhar... Pessoalmente eu não sou de ir chorar as minhas tormentas e tragédias como meio de mendigar favores. Acho que não resulta, não é forma de se conseguir coisas. Primeiro mostra-se trabalho, capacidade, depois vê-se no que pode dar. Achava exagerado da parte dela fazer isso com praticamente tudo o que era colega ali dentro - mesmo os que em nada a podiam ajudar. Mas cada qual é como é.

Ela diz-me que nunca fez isto na vida, nem quando era adolescente. Eu não acredito. Acho que já o fez muitas e muitas vezes. E não entendo porquê se sente entre a espada e a parede com o gajo. Jamais ia ceder às vontades de um tipo por quem não me sinto apaixonada, ao ponto de deixar de ter autonomia, só porque dormimos juntos. Bem que ela me disse: "Portuguesinha, tu não sabes o que eu tive de fazer para conseguir este trabalho". Se calhar até faço uma boa ideia.


Eu não me prostituo por trabalho. O meu número de telemóvel não o dou a ninguém. São poucos os que o têm e aqueles que o têm, são apenas três pessoas nestes quase dois anos e são as pessoas certas. Ainda assim, ainda não o dei ao gerente principal, com quem simpatizo e com quem troquei poucas palavras humorísticas. Ontem ele chamou-me e colocou-me a executar uma nova função, no departamento dele. Ainda assim, ainda não lhe fui pedir mais horas. Tinha intenções disso, caso regressasse a uma situação precária em que aquele voltava a ser o emprego que me daria o único rendimento. Mas na altura estava também noutro a tempo inteiro. Agora com o CORONA VIRUS, a realidade é que a carga laboral AUMENTOU. Esta madrugada mandaram-me para casa mais cedo, porque perceberam que acumulava dois turnos e não é permitido fazer mais que 13h seguidas. A semana passada fiz algumas horas acima do habitual e percebi que ganhei praticamente o mesmo valor que estava a receber no meu full time de 40h.



Acho que vale a pena aproveitar que nos facultam turnos de 8h ao invés dos habituais três. Sim, o Corona está lá fora, ameaçador. Tenho muito receio - mais porque vejo as pessoas a passear quando lhes pagam para ficar em casa de quarentena - do que pelo virus em si. Saio à rua toda equipada, da cabeça aos pés. Quando regresso, lavo a máscara de rosto que é reutilizável (mas penso que não em situação de virus porém... quem pode usar uma máscara por dia???), toda a roupa, desinfecto todos os lugares onde as mãos enluvadas tocaram, tento limpar até o saco em plástico que levei para transportar alimentos e guardar o casaco após o despir.

Tudo isto dá uma carga de trabalhos...
Por isso, não quero mais pegar os turnos pequenos. Muito risco apenas por trocados. Quero resguardar-me o máximo que conseguir. Estou sozinha neste país. Ninguém para me acudir caso a coisa dê para o torto. Ainda assim vou, com coragem e equipada o melhor que conseguir, trabalhar. Prefiro assim, faz-me bem. E é bem melhor do que estar a "brincar à quarentena". É dessa gente que tenho medo. E é só com esse tipo de gente com que me posso cruzar ao sair de casa a caminho do trabalho quando foi decretada a obrigação de Ficar Em Casa. Gente que não se rala, que provavelmente já tem outras doenças e mais uma não as atemoriza, gente que contagia outra gente.


E lá estavam quatro homens feitos, todos juntinhos na avenida principal, deitados na relva, a fumar e a apanhar sol. E o grupo de ciclistas todos vestidos com roupas desportivas e mochila às costas, que decidiram ir dar uma voltinha pela cidade? Ah, ingleses... cumpridores dos seus deveres! (Not!).

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

E acabou

.. o novo emprego.
Segunda-feira começo num outro.

E o novo colega, ao saber disso, ficou logo decepcionado. Então não é que me enviou uma mensagem de boas-noites? Quando a vi de manhã até exclamei: "Porra! Outro?!".

Mas mantive a distância sem ser rude. Não lhe disse que não podia me ligar, quando afirmou que tinha o meu número e podiamos ir beber um copo. Mas também não disse que podia. Expliquei que estaria a trabalhar o dia inteiro até as férias - o que é verdade. 

Quando soube que eu não ia ficar por ali foi ter com um colega e começou a falar da dificuldade em encontrar uma mulher e que tem de se pagar para ir ao site tal... e o outro disse-lhe para usar o Tinder. Ficaram de sair para ir beber uns copos no fim-de-semana e já se sabe o que isso significa. 

Andam TODOS à procura de algo especial. De carinho e amor. 
E quando surge, há quem desperdice!!

Dois cisnes, tudo casais...
Hoje, num parque

Quanto à agência, nunca me tinha acontecido encontrar uma que realmente dá emprego para as pessoas. Nem que seja por uns dias. Por isso estou a gostar bastante. O meu "coach" é atencioso, sabe o que faz. Parece preocupar-se em encontrar a coisa certa para a pessoa que tem em mãos - dentro do que tem de oferta, é claro. Cada vez que é preciso comunicar algo, a resposta vem de imediato. É fantástico e nunca na vida encontrei uma agência de emprego que funcionasse assim. 

Isto evita que esteja mergulhada em depressão. 


Ele não entendia porquê me preocupava tanto com ter de procurar emprego. Admirava-me por sair daquele e ir para outro, mas não era para ele manter dois. Nem um full-time ele queria! Quanto mais dois... Disse-me que não devia preocupar-me, pois aparece sempre outro qualquer, a agência arranja. Mas a minha experiência nunca foi essa. Nunca. Tenho trauma desde de Portugal. O meu ADN sente a angústia por antecipação. Sente temor, receio, medo de voltar a sentir o impacto da rejeição atrás de rejeição, do silêncio, da ausência de entrevistas e de trabalho.

Acabei por sentir à mesma o impacto do silêncio e da angústia... mas de parte dele. Agora? Nem me preocupo com o arranjar emprego. Bem... não tanto, pois começo a sentir que irei sempre encontrar algo. E isso muda radicalmente a perspectiva de uma pessoa. E também aquilo a que gostava de dar prioridade. 





terça-feira, 16 de julho de 2019

Janela fechada, porta aberta - o pior é?


Agora já me sinto melhor mas passei o dia triste. 
O motivo? Estive a escutar o que as colegas da casa conversaram quando lhes virei as costas ontem de tarde. Após o duche, fui para o jardim deixar o cabelo secar ao ar. Elas estavam na cozinha/sala. Nisto escuto as portas do pátio fecharem-se com trinco. Como elas têm o costume de as abrir e deixá-las abertas toda a noite até irem dormir, fazendo com que todo o insecto entre na casa, estranhei terem-nas fechado. O que imaginei? Não podia ser diferente, tive de pensar que iam cortar-me na casaca e queriam certificar-se de que eu não as escutava. 


Não quis saber. Mas depois de sair do jardim, deixei o gravador a funcionar. Só assim para tentar obter algum comprovativo inegável do que se passa. O som é mau - o aparelho não é bom e capta mais ruido que voz, mas está perfeitamente audível. 

"She's such a bitch. She keeps them in her room".


"Ela é uma grandesíssima cabra/filha da mãe. mantêm-nas no quarto"- disse a mais-velha.


Fiquei estarrecida. Do que estariam a falar? Como gostam de shows de culinária e falavam sobre colheres, pensei que estavam a falar de receitas mas quando surgiu esta frase, percebi que estava a ser acusada de manter no meu quarto colheres. Se de sobremesa, se de sopa, não sei. Não tenho nada no quarto. Sabem qual é o meu hábito desde que cá cheguei? 

Lavo a louça que sujo antes mesmo de comer a refeição que preparei. Se for tachos, pirex de ir ao forno, o que for. Só deixo a comida no prato e no final lavo este e os talheres de imediato. Separei para mim dois talheres de cada assim que cá cheguei, porque a casa tinha muitos e eu não queria privar ninguém de nenhum. Além disso, trouxe talheres meus e as colheres de sobremesa são minhas. Estão marcadas desde da outra casa, onde todos tinham talheres próprios a uso. Para diferenciar dos meus, marquei-os com dois traços de verniz para as unhas.


Acusaram-me também de ter visto uma delas no WC e ter saído de rompante para usar a outra WC - não sendo boa pessoa por isso, o correcto seria ter uma conversa sobre o querer usar o WC. Isto é totalmente inventado. Não lembro de ver ninguém no WC e se usei outro foi porque quis e porque posso. Agora tenho de justificar qual dos WC's vou usar a certas horas? 

É constantemente assim. Sempre com mentiras com o propósito de gerar conflitos. Noutra ocasião sumiu uma tampa de um tacho da mais-gorda e uma mensagem surgiu no quadro. Não ia aparecer mensagem nenhuma se não quisessem insinuar que a responsável era eu. Até pedi para ma descreverem, porque não sabia do que falavam. Só uso uma e nunca reparei noutra. Uso muito ocasionalmente, talvez uma vez por... cada dois meses. Porque raramente cozinho e isso deve-se bastante ao saber que se o fizer, vão inventar 1001 mentiras sobre o acto. A tampa a que ocasionalmente  dou uso é a única que serve os dois tachos que a casa dispõe. Os mesmos tachos que esta que me acusou de ter as colheres no quarto manteve dois dias em cima do fogão, com comida no interior. Ninguém os pode usar nessa ocasião, por dois dias. Onde está o ser-se correcto nisso?? Também, por duas vezes, usou um tacho colocando-o na dispensa onde se estende roupa para descongelar comida, tendo-se esquecido do mesmo ali por 48 horas. Ninguém o pode usar. Ninguém sequer saberia onde o encontrar!

É esta tipa que se acha com moral para atirar tijolos no quintal dos outros. Esquece-se que os telhados dela são de vidro. E do rasca.

A realidade é que no que respeita a respeitar o espaço e as coisas partilhadas não podiam pedir melhor que eu. Não existe ninguém como eu! Vejam só que, até quando comecei a trabalhar, pensei em recusar entrar mais cedo, só por saber que elas as duas tinham de se levantar quase à mesma hora para irem para os empregos. E elas fazem o género de quem demora horas no duche, horas para se prepararem. Eu não. Eu sou "faz xixi, vai-te embora" - tipo de pessoa. 

Por dividir casa, não fico no duche por horas e horas. Sou rápida, principalmente se sei que todos estão em casa ou para chegar. Tenho imensa consideração por todos, todos os dias, em cada gesto. Nunca os critiquei ou tentei os comprometer com o senhorio. E a paga que recebo é esta vilania.

Tenho de dizer que li hoje no chat uma mensagem com três dias, deixada pela mais-nova que está para ir embora mas a agir assim nos seus últimos dias já está a estender a sua presença para além do que é desejável. A mensagem voltava a referir a janela fechada. Um grande testamento, dirigido a mim, a exigir que lhe explicasse porque é que fechava a janela do WC. 


Epá... a sério?
Ela não sabe para quê servem as janelas?? Será que fechar uma é assim um acto tão extraordinário? Que precisa de ser explicado??

Vi-a ontem de tarde quando entrei na sala. Falei-lhe, ela ruminou um som, sem tirar os olhos do telemóvel. Ainda tentei ir mais longe na conversa, dizendo que me assustei com a mala castanha dela, deixada no chão - pois pareceu-me um cão. Nada disse. Dão-me o tratamento silencioso, mas para falarem de mim pelas costas e inventar problemas, olha quem!


Ela podia ter aproveitado que me estava a ver e falado sobre a janela. "Olha, já que estás aqui, porque é que fechas a janela?" - isso seria «normal». Mas calou-se. Sabe bem que eu não li a mensagem porque a tecnologia informa a pessoa disso. E sabe que estive online só hoje. Só hoje no emprego, li a mensagem de assédio. Sim, porque isto é puro assédio. Mais uma mensagem maliciosa, para deixar a pessoa mal disposta, para para criar pressão, para magoar e prejudicar.  

Como estava a ser assombrada pelo choque do que escutei - ser chamada de cabra, o inventarem atitudes que não tenho, ao ler aquilo escrevi uma resposta. 

Não a enviei, mas soube-me bem escrevê-la. Disse mais ou menos o seguinte: " E depois? Já está aberta, não está? Então pára de me chatear. Eu nunca agi assim com nenhum de vocês e não me faltam motivos. E já agora, parem de falar mal de mim quando viro as costas. Que tal portarem-se como as pessoas que alegadamente dizem ser e pararem com o bulling? Sê decente". 

Na hora de almoço, deu-me uma vontade de ler o livro que deixei em casa. Também, por estar triste, apeteceu-me andar, gastar energias. Não estava boa companhia para ninguém. Decidi ir buscar o livro a casa, mesmo sabendo que a deslocação consumaria todo o meu tempo livre. Apanhei o autocarro, ainda fui ao banco, a uma loja e segui a pé para casa. Quando fui abrir a porta, esta não estava trancada. Bastava rodar a maçaneta e qualquer um entraria.


Estranhei. E depois assustei-me. Estaria alguém cá dentro? Algum estranho?

Então anunciei-me:
- "Hello?"


Nada. Nisto vejo umas pernas nuas com pés descalços a enfiar-se no quarto do rapaz. Percebi de imediato o que se passava. Subi ao quarto e a porta do quarto dele abriu e fechou. No wc a água corria livre na torneira. A porta volta a abrir e ele sai, com cara de sono, embrulhado numa toalha. Perguntei-lhe se acabou de sair do WC e ele disse que sim, que ia fechar. Fechou e fechou-se no quarto. Claro que tinha uma rapariga com ele, a dona das pernas magrelas que vi correrem para o quarto. Isso não me incomoda. O secretismo sim, a mentira também, mas o acto de querer transar não.  O que realmente me incomoda mais é ele deixar a porta de casa aberta! Que faça como qualquer outra pessoa: quando o convidado chega, vai abrir a porta. Deixá-la acessível a qualquer um que se aproxime é perigoso. Bem mais do que deixar uma janela de WC num segundo andar, fechada ou aberta! Podia surgir um assassino e matá-los aos dois no quarto, sem eles mesmo perceberem o que lhes caiu em cima.

Já encontrei a porta aberta mais de 10 vezes. As primeiras vezes às 4 da madrugada, quando saía para o emprego. Numa rua cheia de gente mal encarada, que briga à porta de casa, drogados e bêbados... Agora, novamente, porta aberta, a uma terça-feira, ao meio-dia e meia. Bem perto da hora e do dia da semana em que surgiu aquele estranho homem a querer forçar entrada na casa, até a polícia aparecer.

Tivesse ele aparecido hoje ao invés de mim... e??

Uma janela foi inventada para se manter aberta ou fechada. Uma porta, para alguém entrar ou sair, e os trincos para impedir estranhos de invadirem o espaço alheio. 

O que é uma janela de WC fechada no segundo andar comparado com a porta de casa aberta??

Até me fez ver melhor as coisas.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

#EusouNoa


Este post ia começar por algo positivo, que transmite uma luz no final do túnel. Mas como tudo, não vai terminar tão bem. Ainda há muito para falar sobre a forma como a sociedade aceita que alguns homens lidem com as mulheres.


Caso 1: O comportamento exemplar
Maura Quint é uma escritora. Certo dia decidiu colocar na sua conta de Tweet histórias sobre as vezes que NÃO FOI assediada por homens. Eis um dos seus relatos: 

«Uma vez durante o secundário, sentia-me insegura. Vesti um top apertado e curto, coloquei batom, coisas que não costumava fazer. Fui a uma festa e bebi imenso alcóol. Um homem perguntou se eu desejava sair da festa com ele. Respondi. "talvez". O rapaz respondeu: "um talvez não é um sim" e voltou a juntar-se aos amigos.»

Noutro relato, aos 20 anos numa saída com amigos, Maura conheceu um empregado de mesa. No final do turno deste aceitou ir conversar com ele fora do bar. O rapaz disse-lhe que vivia ali perto e perguntou-lhe se queria ir para a casa dele. Com dúvidas, Maura hesitou. O rapaz disse-lhe que ela podia voltar para o bar, se era o que queria fazer. E foi o que fez. Com estes epísódios ela concluiu que não sofreu nada, porque naqueles dias não conheceu um violador. 
Talvez um dos subconsciente motivos pelos quais não aprecio talent shows infantis que "adultizam"  crianças. No Brasil uma menina de 12 anos foi sexualmente assediada em comentários no tweeter, enquanto participava em Mastershef - um programa televisivo onde crianças entram em competição umas com as outras para serem eleitas "melhor chef" de cozinha. Um homem escreveu assim: "se for consensual é pedófilia"?

Este caso levou uma organização a lançar no tweeter a hashtag #PrimeiroAssedio.
E a conta foi entupida de relatos de mulheres a contar que o primeiro assédio acontece na infância. 

E esta é uma triste realidade. O assédio começa, por vezes, mesmo antes do corpo feminino se tornar mais adulto e sexualmente apelativo. Há cérebros que não fazem distinção, olham para a criança como um pedaço de carne que irá florir para algo que já lhes apetece provar. A ideia de vir a ser o "primeiro" a proporcionar a experiência sexual a uma fêmea é primária em alguns homens.

#PrimeiroAssedio
Aquele que lembro mais ancestral, remota a uma ida à praia onde um homem de cabelos brancos muito velho e barrigudo não parava de olhar para mim, criança de uns seis ou oito anos. Ele andava de um lado para o outro, mas sempre fixado. Tentou aliciar-me a ficar perto dele. Aquilo deixou-me desconfortável e fez com que não me apetecesse ficar na praia. Senti vontade de vestir a camisa e ficar quieta a um canto.

Por favor, sejam homem ou mulher, deixem aqui na secção de comentários, a vossa #PrimeiroAssedio

Na Holanda, país que julgamos avançado no pouco que lhe conhecemos uma jovem, de nome Noa, sai todos os dias à rua para ir trabalhar, mas o que mais a incomoda é o previsível assédio diário. Vai que decidiu tirar uma selfie cada vez que se sentia assediada e colocar na sua conta no tweeter, seguindo de um texto assim: "Caro assediador...". A experiência durou um mês. Vejam o tipo de foto que ela publicou e digam se não vos parece familiar.  


Mona só terá chances de sair à rua sem ser assediada quando envelhecer ou se prescindir do uso de roupas normais e bonitas ou andar com o cabelo menos vezes solto que apanhado. É como se impusessem uma burka invisível, porque, na prática, tens de estar com uma aparência que não chame a atenção dos olhares masculinos, para poderes ser... respeitada.


#EusouNoa
Já quando tinha transitado para a possibilidade de andar na rua sem ser alvo de olhares ou comentarios (algo obtido através de anos de uma atitude de nenhum contacto visual, ignorancia e indiferença, perfeitamente assegurado pelo uso de roupas velhas, largas, simples e aparência nada atrativa), sai naquele dia à rua com casaco e calça preta. Cabelo solto, ao invés de apanhado. Quando fui a atravessar a estrada, notei os carros a abrandar, ao invés de acelerar e sem buzinar se lhes "passasse à frente". Notei, inclusive, enquanto esperava o semáforo ficar verde para os peões, esses carros a desacelerar ao invés de acelerar para passar o sinal ainda "amarelo". Era o que habitualmente fazem. Quando atravesso a passadeira, sinto e percebo que o homem que vinha no carro e levou o seu tempo para parar, gostou de ficar a olhar enquanto lhe passava à frente. O seu pescoço acompanhou todo o meu movimento. E quando o sinal para automóveis ficou verde, ele não reagiu de imediato. Foi preciso levar com uma buzinadela do de trás para arrancar. Eye-candy, como dizem na américa. Uma visão que dá gosto ver. Como os comportamentos mudam! Nesse dia,  a única coisa que alterou na minha pessoa foi a indumentária. Contudo, a atitude das pessoas foi mais civil, mais tolerante, mais simpática. 

Partilhem o vosso #EUsouNoa na secção dos comentários.

A Holandesa nas selfies com os homens que se meteram com ela
e disseram/fizeram algo que a deixou incomodada



quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Para procurar e ver na TV já!


... Grande Entrevista, da RTP, que está a passar AGORA na RTP3.
Entrevista com psicóloga clínica Gabriela Moita. Tema: sedução e assédio sexual.

Ela diz tudo o que penso, tudo o que sinto, tudo o que concordo!

Mas di-lo muito melhor. Com conhecimento de causa, estudo.  

Vejam porque vão entender muita coisa que (tenho sentido) faz "confusão" a algumas pessoas, principalmente mulheres. 

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Assédios, inércias e oportunismo


Tanta coisa para... desabafar.

O indivíduo já saiu de casa. Mas ainda pode exercer direitos de propriedade. Descobri através da senhoria que amanhã a colega de baixo vai trazer um «friend» para ver o quarto. Não sei porquê, mas já tinha pensado que ela ia fazer exatamente isso. É o meu dedinho de adivinhação. 


Mas também vos digo: se esta atmosfera de «cada um fechado no seu quarto», que não implantei e sinto que fui forçada a seguir continuar quando aparecer o  novo ocupante do quarto - então acho que vou parar de pensar sempre mais nos outros do que em mim. Por exemplo: tenho fome não vou comer porque é tarde e não quero fazer barulho. Quando chego de madrugada não tomo banho para não fazer barulho... Não cozinho nunca porque há sempre alguém que cozinha sempre. Já chega. 


O chato vai ser se a rapariga - que parece continuar a evitar-me (mas porquê, que raio??) cá meter um amigo/a e depois dois unidos mas separados dos outros é sempre algo chato. Um encoberta o outro, torna-se os olhos e ouvidos para o outro e temo que ao invés de uma atmosfera mais leve e de convívio venha a existir outra sobrecarregada de vigilância. 

No emprego...
No emprego tenho tido horas difíceis. Não pela função, mas pelos colegas.  Um em particular, que está sempre a tentar me deixar mal vista. Ele não cessa nunca. Todos nós somos vulneráveis ao erro. Mas os dos outros são invisíveis. Os meus são criados, imaginados e inventados. Dois meses disto e já estou a ficar nervosa, ansiosa... tudo cá para dentro. Hoje era suposto estar a dividir a minha tarefa com outra pessoa - duas para a mesma função é agradável - aligeira um pouco a carga. Mas qual quê! Então não é que o rapaz não fez nenhum?? De tudo o que podia fazer - escolheu não fazer nada. Ficou mais tempo a passear pelo espaço, a falar sobre o seu jogo de futebol e a conversar com o tal que me quer deixar mal vista que a trabalhar. Depois chegou o gerente e, para meu espanto, o rapaz conversou também com este! Depois chegou a gerente-chefe que ali ficou a tratar de umas coisas e pareceu alienar-se para a inércia do rapaz. E eu que a julgava sagaz. Costuma estar quase sempre de uma forma simpática a chamar a atenção daqueles que já estão no «faz nenhum» por demasiado tempo.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O dilema dos bombeiros com a lei

A história que vou reproduzir a seguir só pode ter sido escrita em tom de comédia. Segundo um artigo encontrado aqui, a recente "Lei do Piropo" pode vir a ser responsável pela expulsão de mulheres do corpo de bombeiros.

O primeiro parágrafo "brinda-nos" com esta preciosidade de raciocínio:


Além de um tal "fonte" do departamento jurídico da Liga de Bombeiros explicar que o «conjunto de problemas» que a nova lei traz para dentro dos quartéis se deve "à profissão e ao material utilizado", ainda diz que as mulheres, sobre uma imensa pressão pela lei, não saberão distinguir o que é uma verbalização de um importunação sexual.

Além de chamar as bombeiras de estúpidas que não sabem "distinguir", ignoram a experiência e a capacidade de discernimento das mulheres. Como se ao longo das suas vidas um "piropo" fosse algo desconhecido, e daí a incapacidade de distinguir entre uma brincadeira e o assédio.

O artigo continua dando exemplos do que são o "conjunto de problemas" que esta lei trás para os quartéis de bombeiros. "imaginem quando um bombeiro disser a uma bombeira: “agarra-me aí a agulheta um bocadinho” - especifica a tal "fonte". Não economizando nos exemplos, faz questão de identificar as expressões que poderão vir a ser um problema de assédio que vai conduzir à expulsão das mulheres dos Corpos de Bombeiros: "termos como “mangueira”, “chupão”, “seringa”, “desforradeira” e, até mesmo, “capacete” ou expressões como “apaga-me o fogo”, “apanhai-lhe a cabeça” e “entra pela cauda.

A notícia ainda apelida, inadvertidamente(?) as bombeiras de criminosas e oportunistas, pois diz que esta lei está a ser utilizada como forma de chantagem a elementos de comando ou de chefia, uma afirmação gravíssima, mas que parece estar a ser fundamentada em especulação, visto que não apresentam casos concretos.

A pesar de todo o artigo estar a analisar esta perspectiva da Lei do Piropo pelo lado do HOMEM como agressor, MULHER como a ignorante alvo do piropo, a seguir sai-se com esta constatação: "Dentro dos corpos de bombeiros há a noção de que o assédio sexual é provocado tanto por bombeiros como por bombeiras, mas a lei parece estar mais inclinada para a defesa das mulheres.

E remata, explicando qual é a solução: "Os bombeiros estão indignados e pediram mesmo que as mulheres fossem afastadas dos corpos de bombeiros, pois estão em menor número (...) há um ambiente de tensão dentro dos corpos de bombeiros, existindo alguns, perfeitamente assinalados (...) que já admitiram estar a efectuar formações e operações de socorro unicamente com grupos masculinos ou com grupos femininos."

 Ah! Nada como o bom, velho e ignorante MACHISMO para terminar uma matéria absurda! Até dá vontade de rir, não é mesmo?

Para vos divertir, ainda assim, educar mais do que o citado artigo, deixo aqui um vídeo que INVERTE OS PAPÉIS. São as MULHERES que assediam os homens, mas daquele jeito típico masculino, todos os maneirismos incluídos. O que elas dizem, contudo, não é bem o que o homem diz, mas o que elas procuram num homem.

De seguida, outro vídeo, bem interessante. Ele mostra aquilo que uma mulher SABE quando está a escutar um piropo. E aquilo que os homens tentam ocultar. Por esta razão, interpretar uma mulher da forma redutiva como esta "fonte" do departamento jurídico dos bombeiros faz, é cómico, para não dizer também outra coisa referente à região do cérebro. É exatamente para este tipo de pessoas pouco... que este vídeo mais faz falta. Estão em inglês, espero que a maioria entenda :)



Não consegui deixar este de fora. É muito bom (e curto). Outro exemplificando a troca de papéis.

O que vem a seguir foi o «melhor» vídeo português sobre piropos que encontrei. Ao contrário dos americanos, que são mais evoluídos e apresentam uma perspectiva real e invertida, o português suaviza e despenaliza o piropo a uma simples e aceitável brincadeira entre homens. O que a lei veio a não fazer.

Bem sei que a lei do piropo andou aí a perturbar algumas pessoas que, sem saberem bem o que dizer, bastou-lhes, por exemplo, argumentar que "há leis mais importantes". Pelo lado que me toca, gostei da lei. É bom brincar entre um grupo de amigos, mandar uns piropos, umas graçolas, mas como se diz no brasil, quando "a cantada" costuma passar a barreira da brincadeira para o assédio, não é uma coisa bonita.

Quando foi a primeira vez que escutaram um piropo? E perceberam aquele tipo de olhar? Eu nem lembro, mas sei que era criança. Acho que com 10 anos já estava a ser alvo deles. Com 12 tornaram-se muito frequentes. "És um borracho! Anda cá que tenho uma coisa aqui (mão no sexo) para te mostrar". E uma criança, a virar adolescente, depois na adolescência, a receber piropos constantemente, pode não ser muito benéfico para o seu crescimento. Ou ela se vê e se aceita como um pedaço de carne, porque é assim que lhe estão a comunicar que será vista, e daí se podem observar alguns comportamentos sexuais mais abusivos e submissos entre jovens que hoje tanto a sociedade condena, ou então sente-se mal e desconfortável. Acreditem que a segunda hipótese é geralmente a mais comum mas a primeira anda a ganhar terreno, até porque surgiu como forma de desprezar a segunda. 


Mas cá fica a reportagem, "ligeira" e divertida, desresponsabilizando o ato, a versão portuguesa do piropo - hoje condenável (e muito bem) por lei. 


sábado, 20 de abril de 2013

Telefonemas de vendas agressivas

Certamente todos já passaram pela situação de terem o telemóvel a tocar a tardes horas do dia e do outro lado não se escuta a voz de nenhum conhecido mas a de um vendedor que insiste em falar de uma promoção qualquer grátis à qual se tem de aderir de imediato.

Esta semana foi prolífera em telefonemas destes. E eu me pergunto COMO têm eles acesso ao meu número de telefone, se ultimamente não o tenho facultado a ninguém para este ter virado tão "popular" de às uns dias para cá. E então entendi: anúncios. Aos quais respondemos na tentativa de encontrar uma ocupação melhor,  um curso qualquer... Mas isto é só uma suspeita. Que acho credível. Afinal, nunca dão resposta alguma aos contactos, deve ser porque nunca foi essa a intenção desde início.

No meu caso telefonaram-me TRÊS vezes do mesmo banco para me vender um cartão de crédito «grátis» e de aderença imediata.  O primeiro telefonema foi numa altura bem inconveniente. Era a voz de uma jovem, a meio da tarde, que me quis «dar gratuitamente» um cartão de crédito cheio de "vantagens". Esta voz pareceu-me pouco experiente e algo insegura. Disse-lhe que não estava interessada. Existiram breves pausas na sua resposta, que me fizeram crer que estava a começar naquela função. Isso e não saber bem o que dizer e engolir algumas palavras. Mas tendo rejeitado a «oferta», pensei que o tal banco não ia me oportunar mais. 

Passados poucos dias, novo telefonema, um pouco mais tarde, a mesma voz. Reconheci de imediato. Ainda insegura mas a esforçar-se por fazer melhor, instruída e ainda crua, repete mais que uma vez:  "Posso saber Dona XX, porque é que não está interessada num cartão se é totalmente grátis para si e não tem custos"? - pergunta ela, bem instruída, mas sem entender que uma pergunta deste teor algo "intimista" pode ter revezes desagradáveis. Voltei a reforçar que não estava interessada. A rapariga ainda não tem estalica para continuar a insistir (e ainda bem, é feio). 

E pronto: tentou duas vezes, se calhar esta segunda foi instrução da supervisor/a que lhe disse para tentar novamente com um cliente "difícil" (que tenha rejeitado sem grandes explicações a oferta). E então, paciente como sempre, deixo as pessoas falarem e explicarem-se. Afinal, estão a fazer o seu trabalho, ainda que a horas que atrapalham o meu tempo e afazeres. Mas quando insistem demasiado e começam a entrar no campo das perguntas demasiado pessoais às quais não têm nada a ver com isso, sinto-me com vontade de ser mais áspera. Nunca sou. Aliás, a «nega» mais rápida que dei foi esta que estou a relatar. Sempre educada, "boa tarde", "para si também", etc. Tenho boa educação e não há porquê escondê-la. Dela não tenho vergonha.

Bom, e fiquei LIVRE deste banco e suas tentativas de me impingirem, por duas vezes e em questão de dias, o mesmo cartão, usando a mesma vendedora. Certo?

ERRADO. Hoje recebi outro telefonema. Muito mais tardio, eram já 21h. Desta vez a voz é masculina, um pouco mais segura que a rapariga e mais capaz de articular respostas a "curvas e contracurvas" inesperadas, mas ainda assim possívelmente cru. E quando lhe disse que estava a fazer o seu trabalho e que não tinha de se desculpar por isso, eu é que já havia recebido chamadas demais por causa daquele cartão que já havia rejeitado, pareceu-me escutar um tom de contentamento na sua voz, como se tivesse acabado de passar num teste e dado uma risada. Imaginei que também ele estava a ser posto à prova e que tinha ali a supervisor/a a monitorizar o seu desempenho. 


Foi então que percebi. "Mas eu sou o quê para esta gente?" Um «case study»?
Do género: Temos aqui um contacto (provavelmente uma lista) de pessoas que declinaram a oferta. "Clientes difíceis". Vocês vão TREINAR as vossas capacidades telefonando para estas pessoas.

Nunca fui mal educada mas não estou para me prestar a cobaia. Essa de "chatear" a pessoa tanto que ela para se ver livre do emplastro aceita logo o que lhe propõem não pega comigo. Se receber mais uma chamada que seja deste malogrado banco e escutar o nome do cartão, desligo na cara. Já nem me vou dar ao trabalho de escutar, porque a pessoa está a fazer o seu trabalho, porque é da minha educação, porque sou paciente. Chega. Já ouvi, já expliquei, já declinei TRÊS VEZES o cartão. Façam mais uma chamada, não vão receber nem a cortesia de escutar a minha voz (Será que vou conseguir ser assim rude?).  Agora usam-se as pessoas assim, para treinar os novos funcionários? Francamente.


segunda-feira, 16 de março de 2009

Homens: a verdade

Crueldade não é nome de mulher. É nome de homem.


Agora que convivo num meio de trabalho pequeno, sexualmente igualitário, cheguei à conclusão que tudo o que a ficção projecta para a sociedade sobre as características dos géneros, é, há semelhança de tudo o mais, uma miragem.


É mentira que as mulheres aproveitam a hora do almoço para falar de homens ou falar mal de quem invejam. Já os homens, só sabem falar de mulheres. E não necessariamente bem. Falam delas como coisas para usufruir. Pedaços de carne, que comparam e analizam in loco, tal como a exterminador, do filme com esse nome. Máquinas, computadores, que fazem um "scanner" com o olhar e tiram as suas maliciosas conclusões.


No ambiente de trabalho, são uns grande "cabrões". Além de trabalharem pouco, embora aqui não possa generalizar, generalizar posso ao dizer que fazem de tudo para atrapalhar o trabalho alheio. Ou seja: sabotagem. Fazem sabotagem e guerras psicológicas. São agressivos e fazem ofenças verbais. Também são maus a trabalhar em equipa. Existe sim, um laço entre o género, mas este não significa que não descaquem uns nos outros na ausência de um deles. Portanto, não generalizem estas características como sendo femininas!


Mulheres: não permitam os ataques ao nosso género. Não aceitem que se generalizem coisas. Somos mães, somos generosas, somos maternais. Somos fortes e ao mesmo tempo queremos ser protegidas e amadas. Adoramos ser respeitadas. Não somos "cabras" nem "oferecidas". Não deixem, novamente, que os Homens nos difamem, dizendo o que lhes convém e nos reduzam à maldizente vulgaridade!