Metereologia 24 h

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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Nagasaki e Hiroshima: O aniversário a que poucos dão destaque

 Hoje é dia 9 de agosto. Tal como a 6 de Agosto, no ano de 1945 não uma mas DUAS BOMBAS ATÓMICAS foram lançadas pelos americanos sobre o Japão. O povo sofreu. O povo foi vítima de uma atroz arma de destruição em massa. 140.000 pessoas morreram de imediato no local do primeiro impacto:  Hiroshima. Milhares faleceram em sequência dos graves e dolorosos ferimentos. Mas os números iam aumentar: três dias depois os americanos voltaram a usar a A-Bomb na localidade de Nagasaki. Mais milhares de inocentes civis foram massacrados. 

Os Americanos sempre se "desculparam" do uso da arma nuclear, pintando o Japão como uma ameaça séria, um inimigo feroz e que foi "absolutamente necessário". Porém o Japão estava a ser fortemente atacado com armamento incendiário nas semanas anteriores e não existe indicações de que não estaria à beira da ruptura.

Faz-me lembrar o bombardeamento a Pearl Harbor - tantos filmes feitos sobre os "pobres" americanos desprevenidos. Serviu, tal como as Torres Gémeas, para desculpar aos olhos do público todos os actos mais agressivos que os americanos tiveram à posteriori. Como se a retaliação desproporcional fosse justificada. 

Quando estudarem HISTÓRIA, procurem muitas fontes de informação e façam um trabalho de investigação exaustivo porque a história é contada pela versão dos não derrotados. Esses pintam o inimigo como um monstro e justifica todas as suas acções como absolutamente necessárias. Procure todas as versões.   


O Japão, infelizmente, encarou os sobreviventes como "radioativos" e as pessoas tornaram-se párias. Afastavam-se para cantos como leprosos e muitas perderam as suas vidas com o passar dos anos. Outras sobreviveram longo tempo e muitos que eram vivos na altura, tiveram complicações de saúde derivadas da radioatividade. 

Que simpáticos foram os Americanos! Tanto medo tiveram que os russos lhes metessem uma bomba Atómica durante a guerra-Fria, que incutiram medo na população, mandaram construir abrigos anti-bomba e faziam treinos nas escolhas primárias para ensinar as crianças. A MAIOR preocupação daquela geração era serem atacados por uma Bomba Atómica vinda dos Russos. Hoje octagenários, muitos se espantam com essa realidade que, se provou, infundada. 


Os filmes americanos mostram bem como foi, na América, o MEDO  que os Russos lançassem a A-Bomb mas não existe quase nada na ficção que aborde a sua contribuição para o PRIMEIRO e até agora único (conhecido) bombardeamento de bomba atómica em civis. Parecem interessados em recordar os seus medos como potenciais vítimas, mas nada interessados em expressar vergonha, horror, pesar pelos actos que cometeram contra a humanidade no contexto de guerra. 

 Já os Alemães, que na 2ª GG criaram os campos de concentração e o extermínio em massa, sentem vergonha e, como nação, fazem de tudo para se redimirem. Não há ano que passe que não seja uma data recordada. Sentem pesar dessa parte de sua história e, ao mundo, pedem perdão. 

Os americanos... não os percebo humildes. 

Fique a saber muito mais sobre os efeitos da Bomba Atómica em Hiroshima (6 de agosto 1945) e Nagasaki (9 de Agosto 1945) nestes muitos interessantes links:


Sobreviventes do primeiro teste da Bomba Atómica - 16 Julho 1945

Justificativas e críticas, efeitos da bomba atómica, radiação, rendição, guerra-fria

O homem que sobreviveu às duas bombas Atómicas

Explosões nucleares pós-guerra, animais em Bikini, navios afundados em 1946

Filmes mantidos em secretismo, censura e recusa à entrada de jornalistas

Porquê a explosão de uma central Nuclear mata e contamina tudo ao redor por centenas de anos e espalha-se pelos continentes em nuvens radioativas mas não a Bomba Atómica usada em 1945.









quarta-feira, 30 de março de 2022

A Austríaca

 No emprego onde proliferam pessoas da india e paquistão, conheci uma austríaca. A presença desta nacionalidade no UK é novidade para mim. É a primeira. 

Coloquei-lhe algumas perguntas sobre o país e ela também gostou de partilhar alguns factos. Disse-me, por exemplo, que existem "certas palavras" que os austríacos não pronunciam e assuntos sobre os quais não falam (ditadura? Liberdade condicionada?). Relacionados com a segunda guerra mundial. Depois falou-me que "aquele símbolo com quatro pontas que os alemães usavam na guerra" (não mencionou a palavra suástica nem a palavra Nazis) é ilegal na Aústria. Se alguém for "apanhado" a desenhá-lo é condenado, no mínimo, a seis meses de prisão

Falou-me que é casada com um inglês e mora no Reino Unido porque o marido não fala Alemão. Ao que lhe perguntei se na Aústria não o aceitavam para o integrar na sociedade se ele falasse só inglês. Respondeu que não. Tem de falar alemão.

Falou-me também que tem uma filha na escola e a professora, em certa ocasião, chamou-a para lhe dizer que algumas palavras austríacas que a criança pronunciava estavam a prejudicar o seu inglês. Como muitas mães destes tempos, ela passou-se, começou verbalmente a destratar a professora, dizendo-lhe para não se meter. Também a condenou por ensinar às crianças uma canção em francês que, segundo ela, tinha má pronuncia. Disse à educadora que não tem nada de ensinar uma língua que não domina e que ela sabe falar cinco idiomas. E deixou de ir a reuniões a menos que fosse muito importante. 

Na Áustria, aos fins-de-semana tudo está fechado. Somente uma piscina pública para algumas braçadas poderá estar aberta. De resto tudo fecha, são dias de descanso (isso não serve para mim, posso não fazer nada mas precisar de algo e não ter, viver num deserto subitamente, não me soa bem). 

Com tudo isto, a Aústria perdeu, aos meus olhos, muito do seu "encanto" que possuía por me ser desconhecida. Parece-me uma sociedade pouco aberta à influência estrangeira, não assimila quem não mimicar um deles e continua a dar um poder extremo à figura de Hitler e aos eventos da IIGG ao "proibir" que se fale do assunto e interferindo com a liberdade de expressão e criatividade ao não permitir que se desenhe suásticas. 

Disse-lhe isso mesmo: "Acho mal. Antes de ser um símbolo nazi era um símbolo de paz" - disse-lhe. Ela sabia isso, porque num dos edifícios parlamentares deles, existe uma suástica. E já lá estava ANTES de Hitler subir ao poder. 

Pois se o Hitlerzinho apoderou-se de um desenho com mais de 5.000 anos para criar um símbolo que representava terror. Acho que devíamos parar de lhe dar essa importância e restituir ao símbolo a sua conotação pacífica. Hitler está morto e não existe mais. Para quê continuar a dar-lhe esse poder?

Catástrofes vão e vêm e este mundo continua a ter muitas. Se aprendêssemos com todas as do passado. Mas desaprendemos muito depressa as lições que as tragédias nos ensinam. 

De bom, falou-me que vive perto da capital, que em dez minutos de carro está nas montanhas e pode ir esquiar, e em uma hora atravessa a fronteira e visita outro país. Isso soa a algo maravilhoso. Mas parece-me que é mais maravilhoso para os que ali nascem e ali se crescem. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Leitura terminada


Gostei bastante de ler esta história escrita por Beryl Matthews, a mulher que escreveu o seu primeiro romance com a idade de 71 anos. "O dia chegará" é uma obra datada de 2015 e como todas as boas obras, teve o dom de me fazer sentir de forma diferente o que "terá sido".


Sobre o que falo?
A história tem como figura central Grace, uma jovem londrina acabada de se saber viúva durante a segunda grande guerra. O que ela decide fazer com a sua vida depois da sua perda e durante os conturbados anos de guerra, é a história que a autora nos traz. Grace é uma heroína como manda o figurino: determinada, forte, dotada, inteligente, sagaz, bonita e jovem. Sempre jovens... Pretendentes não lhe faltam e os homens sentem fascínio pelas qualidades que possui. 


O livro fez-me perceber o que terá sido para cada pessoa viver naquele tempo. Londres foi particularmente bombardeada durante a segunda grande guerra. Imaginar o que isso terá sido para as pessoas sempre me intrigou. Mas depois de ler esta história foi como se sentisse um pouco o que terá sido a realidade. 

E entendo porque é que não existe uma panóplia de testemunhos na primeira pessoa, em registo de video, audio, escritos... Intriga-me que, tendo tantos experienciado esses anos tão difíceis, não tenham falado mais deles. Mas não é o que acontece sempre? Sempre que termina algo mau? Não se fala muito desses tempos. Não se fala das dificuldades... Não se fala.


O livro mostrou-me também outro motivo para não se falar. As pessoas mais envolvidas na guerra tiveram de assinar um acordo de secretismo. Acredito que anos dessa prática não se diluem com o tempo. Algo de uma experiência tão traumatizante e tão determinante fica contida num "espaço" próprio, só saindo para fora em poucas ocasiões. Não há quem não tenha ido a guerras que não se comporte desta forma.

Por mais que se tenham coisas boas para recordar, as más também existiram. Por mais que se possa dizer: "fiz isto, ajudei a combater nazis, sobrevivi - ainda assim todos conheceram alguém que não teve essa destino. Alguém que faleceu. Viram coisas horríveis, destruição, crueldade e violência por toda a parte. E isso só alimenta ainda mais o silêncio. 


Foram tempos difíceis, de muito secretismo, pois disso dependia a segurança das suas vidas e das vidas das pessoas à sua volta. Todos desconfiavam uns dos outros, podiam existir espiões em toda a parte. Por outro lado, as pessoas também se ajudavam. Depois dos bombardeamentos muitos voluntários saiam à rua em busca de socorrer prováveis sobreviventes, distribuindo pão, chá... Conforto para uma situação de calamidade. Alojar desalojados foi uma das necessidades.

Homens e mulheres - principalmente mulheres, muito corajosos estiveram na linha da frente e nos bastidores de cada contributo para o que a guerra terminasse com a vitória dos Aliados. Uma parte do livro descreve ao de leve o serviço de inteligência e o seu quartel de informação. Eram fileiras de mulheres que passavam dias e noites de auscultadores nos ouvidos, procurando escutar sons, mensagens, códigos. Procurando sobreviventes, procurando pedidos de ajuda camuflados, procurando informações secretas sobre o inimigo. Parece simples mas é um trabalho de grande desgaste psicológico e cansativo. 

Existiu muita gente nesta guerra envolvida nela de uma forma ou de outra. 
É algo que sinto que ainda vou descobrir um pouco melhor. 


quarta-feira, 5 de abril de 2017

Homem negro desarmado - o doc


Lembram-se deste post sobre um bom documentário?
Não, estou certa que não.


Escrevi sobre «homem negro desarmado» aquando a sua exibição num canal nacional, a dois de novembro do ano passado. Pois andava eu pelo youtube quando me deparo com o mesmo. Achei por bem partilhar aqui o vídeo. Para que possam assistir e tirar as vossas próprias conclusões. É um daqueles RAROS documentários que nos fazem refletir e nos apresenta a perspectiva de AMBOS os lados. O que todo o documentário, reportagem what-ever devia fazer. Muito bom, é como o posso descrever. 


Mas vejam e ditem a vossa sentença.
PS: (sem legendas em português)


sábado, 23 de julho de 2016

Um artigo diferente sobre guerra e fome


A guerra e a fome. Quem já refletiu sobre o assunto? Quem sabe que, na Rússia, eram cometidos atos de canibalismo, mesmo entre familiares, tamanha era a fome? Começavam pelos velhos e criancinhas... Quem sabe que no Japão come-se até hoje todos aqueles animalzinhos repugnantes - os rastejantes, como baratas, grilos, minhocas, porque tudo ficou devastado e ninguém encontrava nada para comer?

Faz poucas gerações, mas tanto esvanece... Em França, um bloqueio dos prussianos colocou Paris em fome. A solução eventualmente passou por comer.... ratos. Vendidos em lojas. Até animais de Zoo serviram para alimentar o povo. E receitas hoje estranhas foram executadas com elefantes...

Ler sobre aqui.

Montra da loja ParisienseAurouze, em Les Halles.
Com mais de um século de existência,
vende produtos para eliminar animais parasitas.



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Só sabem gritar por alá


Sobre este vídeo «viral», tenho a dizer uma coisa:
Porque raio teve de ser um miúdo a ter os "tomates" de ir remover uma menina da linha de tiro??

Vê-se um homem a fugir para um lado. Não fez nenhuma tentativa de se aproximar do carro. Estão outros tantos a segurar uma câmera, sem mais nada fazer a não ser gritar por Alá. E é o puto que age!


Noutros tempos teria raciocinado de forma simplista: teria visto um homem a fugir, de medo, e um rapaz corajoso a resgatar a irmã. Só isso. Não teria reparado na covardia dos adultos, do medo ser maior à coragem. Não teria reparado na passividade. Mas longe de mim julgar. Não o faço porque não vivo num contexto de guerra. Seria indecente de minha parte condenar seja quem for por não agir de acordo com a propaganda cinematográfica e cheia de balas que não acertam ninguém. A vida real não é um filme. E se calhar, os adultos sabiam que, a agir, uma bala era-lhes certinha e talvez incentivem as crianças a actos arriscados como este, na esperança de existir piedade pela suas inocências. Mas também é sabido que esta já foi uma técnica amplamente utilizada em guerras, recorrer a crianças-bomba, usadas para eliminar o inimigo contando com a compaixão universal pelos inocentes. Por tudo isto não julgo, mas já sou capaz de ter outras interpretações de um acontecimento. 

Inclusive de achar que tudo isto é FAKE. Porque outra forma mais recente e, contudo, também antiga de fazer guerra é CONTAR HISTÓRIAS recorrendo aos media. Como se estivessem a fazer filmes, com direito a takes e tudo. Desde que soube disto aqui que NADA mais me surpreende e nunca mais vou «engolir» o que os meus olhos vêm como a realidade. Em guerra, a meu ver, todos os lados estão errados e quem por vezes é apontado como o "mau" do momento, pode ser na realidade a vítima. Porque a guerra é, no fundo, algo que é travado num palco maior: o do julgamento planetário. 

Este vídeo que falei acima, de um tiroteio do ano 2000 en Gaza, o caso Al Dura, mostra um pai Palestiniano a proteger a vida do filho de uma chuva de balas, acabando ambos por ser baleados. O filho morre, o pai leva oito balas e sobrevive. Nenhuma mancha de sangue. O pai sobrevive sem aparentar quaisquer mazelas nestes anos todos de aparições televisivas e mediáticas. Foram imagens amplamente divulgadas que indignaram muitas pessoas a uma escala mundial. Israel nunca foi tão odiada. Acontece que com toda a probabilidade esse vídeo é um desses grandes FAKES. O jornalista Francês que supostamente captou as imagens nem estava no local, recebeu, isso sim, o vídeo de um palestiniano. Tinha sido tudo orquestrado, provavelmente o miúdo não faleceu nem filho do homem era. Começou-se a suspeitar da história quando os factos não batiam certo. Veja o vídeo no link acima ou neste aqui.  Contudo este vídeo fez mais pela Palestina, que passou a ser vista como uma grande vítima, que uma chuva de balas, pois a indignação mundial foi gigante. Como Israel era cruel e odiada! 

Entre muita coisa num cenário de guerra existe muito falso realismo. E mesmo este vídeo de hoje pode ter sido uma fabricação. 


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Fanatismo Extremista através dos MEDIA


Tenho de falar sobre um fenómeno. Um fenómeno que ocorre entre as massas, que acontece com mais regularidade do que gostamos de admitir. É um fenómeno que me preocupa bastante. Não sei bem que nome lhe dar e decerto que haverá um termo mais preciso para o definir, mas acho que o conheço bem. TRATA-SE do FANATISMO.

Falo do FANATISMO EXTREMISTA, que ocorre entre as MASSAS após algo ser vinculado através dos meios-de-comunicação, em particular a TELEVISÃO. Por isso não vou usar como exemplos rixas entre adeptos de clubes de futebol ou defensores ferrenhos. Vou antes dar como exemplo deste fenómeno, Orson Welles e Adolf Hitler.

Quem?? Esses dois??
Sim. Para muitos não será novidade, para alguns talvez seja. Adolf Hitler foi um grande MANIPULADOR das massas. Ele percebeu o poder dos meios de comunicação e utilizava a rádio para emitir os seus discursos por toda a parte. Passou a controlar os conteúdos emitidos. Mas basta recordar aquelas imagens das multidões a prestar-lhe reverência, para entendê-lo. Imagens essas que hoje existem porque Hitler acreditava que devia documentar tudo o que estava a fazer. Algo que acabou por funcionar contra si mas a favor da Humanidade porque, tem de ser dito, se não existissem filmes das atrocidades cometidas, fotografias e documentos, será que hoje a humanidade ia acreditar no que aconteceu? Longe da vista, longe da percepção... é o que ainda acontece pelo mundo. Massacres, Genocídios, fome, guerras... Como todo o «bom» ditador, Hitler era um indivíduo perigosíssimo, capaz de cometer qualquer acto desumano. O «legado» que deixou documentado e registado em vídeos e imagens não deixam dúvidas.
Mas como era ele pessoalmente, entre os seus? DESCRITO como um CAVALHEIRO, muito educado, cordial e gentil. Charmoso com as MULHERES.
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Orson Welles foi um actor, director e dramaturgo americano que em 1938 e com 21 anos trabalhava como director e locutor de rádio. Era noite de Halloween, as pessoas andavam a questionar-se se os EUA iam entrar na 2ª Guerra Mundial e é neste contexto social que Welles decide interpretar no seu programa um episódio do romance "A Guerra dos Mundos", escrito por H.G. Wells, onde é relatado uma invasão por extraterrestres. A escolha foi pensada e não derivou de um acto inocente como se perpetuou mas a realidade é que este relato assustou alguns ouvintes, que tinham falhado o aviso inicial de se tratar da adaptação de uma história. Alguns telefonaram para a estação e outros pensaram coisas piores e prepararam-se para a invasão alienígena. Embora depois tenham exagerado nos relatos de PÂNICO que a emissão causou e Orson Welles tenha aproveitado a atenção recebida para fazer mais publicidade e acrescentar uns tantos pontos na história, ele conseguiu o que pretendia: MANIPULAR os ouvintes.




Orson Welles veio a público acalmar os ânimos. "Não é verdade" - teve de esclarecer nas entrevistas, entre rejubilo pessoal. Depois deste episódio que orquestrou ficou conhecido por todo o país, acabando por entrar no mundo do cinema. Foi outra figura a utilizar a Rádio para se promover e MANIPULAR pessoas.

No post anterior falei de OJ SIMPSON. Em 1994 esta ex-estrela de futebol americano de bom porte e aparência sentava-se no banco dos réus a ser julgado pelo assassinato da ex-mulher e de um amigo, ocorrido em casa desta com os filhos do ex-casal a dormir no andar de cima. Estranhamente a chacina deu-se fora da habitação, no haal do jardim. O julgamento é televisionado, com emissão em DIRECTO e sem interrupções em alguns canais de informação. Lembro-me de assistir através do satélite a um desses canais: a CNN.


Mas o que me afligiu foi perceber que os Americanos não estavam a olhar para o caso com olhos de ver. Alguns talvez sim mas existiu uma maioria televisionada que se deixou levar por outros critérios. Existe muito «circo» e muita PROPAGANDA em casos de julgamento. A defesa parece uma matilha de cães raivosos que tudo vão buscar ou INVENTAR para ilibar o seu cliente. A fortuna e fama de OJ «comprou», ou melhor, OBSTRUIU a justiça. Decerto que uma das estratégias passou por contratarem pessoas para irem fazer manifestações à porta do tribunal e em frente às câmaras das televisões mundiais. Mas a coisa acabou por pegar tão bem que depressa ocorreu uma ONDA NACIONAL de apoio incondicional a Simpson.

Mulheres e homens, na maioria negros como o acusado, gritavam e protestavam a sua inocência. Acusavam a sociedade de ser racista. Nicole, a ex-esposa assassinada com cerca de 17 FACADAS era branca. O povo estava a olhar para a «embalagem» e não para o acto. Deixou-se claramente MANIPULAR por todas as acções dos advogados de defesa.


A pobre Nicole até pareceu ser uma protagonista secundária no julgamento do seu próprio assassinato. Poucos falavam dela, pensavam nela e na forma violenta e passional em que morreu. Só se lembraram de ver a coisa por cores: PRETO E BRANCO. (deviam lembrar era do vermelho-sangue). Parecia que uma maioria ia para os telejornais defender a imagem de SIMPSON de forma muito acérrima, doentia até. Preocupava-me muito este tipo de comportamento.


(nota: fotografias susceptíveis de impressionar. Nicole foi quase decapitada à facada. O estado do amigo denuncia a violência do acto. Mas como é esta a realidade escolhi publicar as ilustrações. Para quem gosta de ficar mais informado, descobri no processo o suposto relatório de autópsia)

Sabe-se hoje que OJ Simpson é culpado e cometeu os gestos que conduziram ás fotos acima reveladas. É um ASSASSINO. Mas foi inocentado. A proclamação da sua «inocência» alegrou muitos apoiantes e foi dito que, caso isso não acontecesse, a população estava pronta para realizar motins e distúrbios racistas. Senti que aquelas pessoas a dar a cara, que choravam compulsivamente ou gritavam de felicidade, iam acabar por ser confrontadas com estas suas acções. Quando a poeira assentasse e elas fossem olhar para os factos novamente e reflectir na atitude que tomara, teriam de «engolir» o que estavam a fazer. PASSADOS TANTOS ANOS, este FENÓMENO MEDIÁTICO AMERICANO que foi o julgamento de OJ Simpson, não produziu nenhum documentário ou filme de análise. Ao contrário do que esperava não foi ainda fruto de grandes análises psicológicas, como os americanos tanto gostam de fazer. Esperava voltar a ver alguns daqueles rostos que em 1994 surgiram em defesa de Simpson de volta à televisão, a dizer agora como se sentem. Mas não. Ocultaram o fenómeno em vergonha, só pode...

Sobre os atentados do 11 de Setembro de 2001 já se fizeram inúmeros documentários, filmes e programas. Um deles mostrava uma consequência interessante mas negativa para a sociedade e estrutura familiar... As viúvas dos bombeiros do 11 de Setembro foram consoladas por colegas do falecido marido, um gesto comum de camaradagem entre a profissão. Como consequência desta aproximação emotiva, muitos destes bombeiros casados, pais de família, deixaram as esposas para se juntarem ás viúvas. O 11 de Setembro também teve como resultado um impressionante aumento de casos de divórcio entre Bombeiros que fizeram parte das buscas. É um fenómeno social interessante que resultou numa desestrutura familiar sem precedentes: "as viúvas e as não viúvas de bombeiros que acabaram divorciadas" pós-11 de Setembro. Podia ser um facto de desconhecimento geral, contudo não é. Teve, como costuma ser hábito americano, documentários para reflexão. Porquê, aparentemente, o caso de OJ Simpson continua na penumbra?

Mais recentemente e em solo NACIONAL ocorreu um bom exemplo de um destes fenómenos de fanatismo das massas através de um meio de comunicação: a TELEVISÃO. A emissora TVI exibiu um reality show de nome "Casa dos Segredos 2", que chegou ao final no dia 1 de Janeiro. Este programa em particular, embora não vá marcar por aí além a história da televisão porque os reality shows já perderam essa capacidade, foi um dos mais interessantes e ricos em termos da diversidade de personalidades e da análise que o diferente público fez de uma mesma situação.

Como acontece na estrutura da maioria dos Reality Shows, este pautou-se por gerar muitas opiniões contrárias. TODOS viam a mesma coisa, mas cada um tinha uma interpretação por vezes surpreendentemente diferente. Não é por isso de espantar que entrasse na equação desta análise o factor "idade" e "género", para se tentar entender o porquê das opiniões contrárias.

O caso mais exemplificativo encontra-se no concorrente que acabou por se singrar vencedor. João Mota, um rapaz de 21 anos com pretensões para virar actor de televisão. O seu comportamento dentro da casa logo de início caracterizou-se pelo ISOLAMENTO dos restantes concorrentes. Se inicialmente esta atitude foi atribuída como consequência da possessividade de uma concorrente feminina de nome Fanny, que não largava o rapaz nem de dia nem noite, com o tempo começou a perceber-se que o concorrente João gostava de estar separado dos restantes. Começou a afirmar que ninguém ali prestava, acabando por chamar nomes a todos: "Este Paulo é um gajo que só anda por aí a mostrar o rabo, não faz cá falta nenhuma", o Marco era "o macaco, um nojo, não percebia como ainda estava ali", a Daniela P "Não confio nela, fala muito mas não diz nada", a outra Daniela "Uma falsa, uma cobra" e todos, sem excepção, acabavam por merecer por parte do concorrente uma avaliação cheia de adjectivos surpreendentemente nada favoráveis. Na realidade, percebeu-se que João Mota não gostava de ninguém e falava mal de todos, excluindo apenas os poucos com quem estabeleceu alianças. Depois também começou-se a perceber o quanto manipula as nomeações. Para o efeito usava sempre a Fanny, que o defendia acima de tudo, e a mandava indagar e convencer as colegas a votar em quem ele pretendia. Depois quando havia confusão e brigas, ele e o parceiro, Miguel, ficavam isolados e longe da confusão. Como mentores, arranjaram a marionete Fanny. Que não era santa alguma, a rapariga entrou na casa noiva mas em 48 horas agarrava-se muito explicitamente a este João.

João Mota descrevia-se como uma pessoa humilde. Disse que não falava mal de ninguém e se fizesse alguma coisa era porque já lhe tinham feito primeiro. Mota dizia isto e por uns tempos a maioria acreditou, mas como não o demonstrava em acções, depressa a opinião pública começou a mudar. Mas não para alguns. Alguns, perante tudo e mais alguma coisa, mantiveram-se de pedra e cal na defesa da imagem do «menino-lindo».

O ponto de viragem foi a expulsão de um novo aliado do grupo de Mota, Paulo, que revelou seguir a mesma "cartilha" moral de João. Foi nas semanas seguintes que este concorrente destilou tanta maledicência e ódio por tudo e por nada que acabou por tirar quaisquer ilusões sobre o seu verdadeiro carácter. Na casa, João disse coisas atrozes, como desejar a morte a colegas e encabeçar planos para esconder e envenenar comida. Mas por acaso tinha ele integridade para debater algo que o chateasse com a pessoa com quem estava chateado? Será que ele dirigiu-se a alguém para iniciar uma conversa e esclarecer o que o incomodava? NÃO. Pela frente não dizia nada e até era capaz de ser falso e covarde, dando a entender que estava tudo bem quando minutos antes tinha estado a falar muito mal. MUITO PREOCUPANTE. Incapaz de se mostrar outra coisa senão «cordial», ainda que de forma pouco convincente e assustadoramente fria. Manteve, durante três meses, distância de todas as pessoas. Excepto daquelas com quem
estabeleceu uma aliança: Fanny e Miguel. Estes três depressa estabeleceram grupos na casa: o do quarto azul - onde dormiam e os do quarto rosa - todos os restantes. E começaram, para meu espanto e preocupação, a auto-dominarem-se OS PUROS. Só eles é que tinham a razão, eles tinham os comportamentos exemplares, eles é que faziam tudo bem. OS BONS.

Esta alusão à PUREZA e a determinação em eliminar os "Impuros" como chegaram a referir-se a outros concorrentes, faz lembrar aquilo que foi a base dos planos de Hitler aquando o Holocausto - matar todos os que não fossem de raça ariana PURA. Porque analisando bem as coisas, ali estavam aqueles dois rapazes de 20 e poucos anos a ter comportamentos que podem servir de sinal para detectar um indivíduo com potencial perigoso: formação de "quadrilha", ideologia "purista", separatismo, planos de conspiração, manipulação, actos de vandalismo e de atentado à integridade de terceiros.

Contudo depressa a aparência de João Mota gerou uma onda de apoiantes. A grande maioria, sem dúvida, feminina e criança. Numa faixa etária diria que nos 12-14 anos (maioria). Como sei que se alguém tiver paciência para ler todo este post de análise e reflexão sobre o poder dos media na MANIPULAÇÃO DE MENTALIDADES vai logo perguntar de onde tirei esta «estatística», digo já que é pessoal, obtida através da idade admitida ou "denunciada" dos apoiantes que se manifestaram em blogues, facebook e entrevistas de televisão.

Este programa em particular, embora não vá marcar por aí além a história da televisão, foi um bom exemplo para analisar os efeitos da TELEVISÃO na MENTALIDADE do PÚBLICO. Tal como o julgamento de OJ Simpson teve mulheres histéricas a proclamarem a beleza como sinal de inocência, o mesmo aconteceu com João Mota aqui no singelo Portugal e no pequeno Casa dos Segredos2. Uma vez o programa terminado é que se vai ver, tal como sempre acontece, como o público vai reagir fora do calor do momento. Muitos continuam ainda com as hormonas a falar mais alto e atacam, à mínima contrariedade, qualquer opinião não positiva sobre o concorrente vencedor. Os elogios que lhe fazem dificilmente passam do "é lindo" e é "humilde", coisa que caiu por terra na sua prestação na casa.

Na perspectiva de análise dos efeitos dos MEDIA na mentalidade das pessoas, gostava de saber qual é a opinião deste público «defensor acérrimo» daqui a uns anos, quando já tiver acumulado um pouco mais de experiência de vida. Se voltassem a rever cada imagem, continuariam a achar que estão a olhar para um homem «lindo e humilde» ou também já seriam capazes de lhe reconhecer graves defeitos que uma maioria adulta depois lhe reconheceu?