Metereologia 24 h

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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Brexit - 23h: day ONE


Neste preciso segundo, o Reino Unido acaba de sair da União Europeia.


Será o pioneiro, a ver vamos como se sai. Mas se a história diz-me alguma coisa, é que esta espécie é como o gato: cai sempre de pé. Novos aliados económicos irão abraçar o «desertor». O Reino Unido tem, afinal, uma longa prática política de "lapa". Ou seja: gosta de se armar em senhor rico que tem limosine, mas depende sempre dos simples para andar. 

O país gosta de se distinguir dos restantes, com altivez e em grande. Por isso sempre foi do contra: contra a adopção da moeda-euro, contra a circulação rodoviária pela direita, contra os volantes nos carros ficarem à esquerda, contra a pintura de listas brancas para assinalar uma passagem de peões, contra a colocação de semáforos para peões à frente destes (ficam de lado, ao nível da cintura).  Tudo isto é de «gentinha que vai-com-os-outros» ahah. Enfim, percebem a ideia.

Do contra será sempre. E agora que está fora da EU, retoma a identidade de país-único, que sempre foi aquilo a que realmente dão valor.

Há muitas coisas erradas aqui mas, no que respeita ao funcionamento de burocracia... aí tiro-lhes os chapéu. Mas atenção! São burocráticos e são de enlouquecer. Quase sempre não sais informada do que seja. E tens de andar aos círculos... MAS, aqui é que está a excepção, conseguem facilitar tudo.

E foi assim que, neste último dia de Comunidade Europeia, decidi fazer a inscrição para o status de pré-residência (pre-settle). Tudo no telemóvel, sem sair de casa. Bastou pesquisar a app do governo no Google play, instalar e foi tudo rápido e eficiente.



Imaginem só: Começam por pedir o email.
Depois, através da app e não do telemóvel, tiram uma foto ao passaporte. Nem precisas carregar em qualquer botão. Posicionas a câmera e é imediato. Tudo feito com muita rapidez, com ilustrações claras e em movimento. Fica logo pronto e manda-te para a próxima etapa: scanizar o chip no passaporte. Faz-se isso pondo-lhe o telemóvel em cima. Simples. Agora vais tirar uma foto. Feito. Fornece umas respostas de segurança e já está.

Mas isto é necessário para quê? Perguntam-me vocemeceses. Pois, também não sei. Não vejo qualquer necessidade. Na minha opinião, os ingleses são uma raça que gosta muito de ter as pessoas todas bem catalogadas e documentadas. Isto é apenas uma desculpa para fazerem-no. Pedem-nos para ficar-mos registados em todo o lugar.

Recebo em casa quase mensalmente uma carta enviada pela junta de freguesia, que diz que é urgente fazer o registo local para efeitos de voto. O não envio do registo é considerado crime e induz a uma multa de 80 libras. Como não gosto deste lado MUITO inglês de intimidar ou ameaçar as pessoas com prisão, multas, mesmo sem existir motivo, rebelo-me com esta metodologia fazendo questão de não me registar. Ou não está no meu direito? Sou emigrante, com estatuto de residência ambulante: tanto posso estar a viver aqui hoje, como amanhã mudar de cidade. Ainda assim, «querem-te». É como os likes online: mais quantidade, mais se tira proveito (neste caso político).

Esta postura ditadora e de ameaça é típica e está espalhada por toda a cultura inglesa. Foi o que mais me surpreendeu pela negativa, eles nem parecem entender o quão rude são os muitos bilhetes e notas deixadas em instituições como bancos, consultórios médicos, interior de autocarros, recepções de hospitais, etc, etc., «informando» sem provocação ou necessidade, que qualquer pessoa com um comportamento «disruptive» terá problemas com a lei e poderão ser presas. Isto seria de esperar encontrar em sociedades fechadas, radicais, como em Marrocos, Dubai, etc, etc. O problema é que qualquer circunstância pode cair na definição de «disruptive». Basta um funcionário assim o dizer e a pessoa pode ser vítima de falsas acusações que mancham o seu carácter. Se mostrares descontentamento ou simplesmente discordares da opinião da funcionária, por exemplo. Falar alto, ter pressa... são «disruptive», se assim o estabelecimento o desejar. Estás à mercê do que te quiserem acusar.

Epá, um tanto ameaçador e intimista, à Hitler, não acham???

Mmas depois têm estas coisas da tecnologia burocrática que facilita tanto a vida. Como por exemplo: Basta dar o código postal e sabem logo o nosso endereço. Isso é prático e cómodo, um dos facilitismos que mais aprecio.

Duvido muito que os emigrantes estejam em perigo e sejam "despejados". Apenas está no sangue britânico querer ter o controlo absoluto, dar a entender que têm o poder. Deixar as pessoas emersas numa banheira de expectativa e ansiedade (3 anos para se decidirem, porra!). Mas recusar alguém sem motivos fortes vai contra as mesmas regras impostas socialmente. Não dá boa imagem.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Deixar e ser



Sou eu. Mas eu já não sou. 
Eu que fui, não sou mais. 
E o que sou, este novo eu, 

Sou eu. E não sou.

minha autoria, agora.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Uma cópia de nós - para pensar



Já pensaram o que seria se conhecessem uma cópia de vocês próprios?
Não digo fisicamente, mas em tudo o resto. Acham que se tornariam amigos de vocês mesmos? Da pessoa que são?

Já pensei nisto. Será que se eu me conhecesse ia querer manter amizade comigo mesma?
E a resposta foi... não.

Não por ter algum defeito, ou por ser má pessoa, ou por me faltar carácter. Tenho tudo isso. Mas sou introspectiva e um tanto reservada, a pesar de dizer uma graçolas de vez em quando. E depois, já me conheço tão bem! Já convivo comigo mesma faz muitos anos. Sou discreta, tranquila. Adoro pessoas mas preciso do meu tempinho. E nunca aprendi os «truques» sociais.

Mesmo com toda a transparência, sei que para alguém me conhecer é preciso ficar por perto e mesmo assim iria surpreender-se a cada novo ano.

Eu devo ser muito maçadora vista por olhares de terceiros.
Humn....

Dá que pensar. :D


quinta-feira, 14 de março de 2013

Meu nome pronunciado

Meu primeiro nome é simples. Podem chamar-me por ele, ou pelas muitas variações diminutas que permite. Conforme a pessoa, conforme a forma como sou chamada. Na realidade, o meu nome de três sílabas permite que me chamem ou pela primeira ou pelas últimas sílabas, além daquelas «combinações» hipocorísticas* inventadas. E gosto do meu nome por isso. Por permitir variações, significando sempre o mesmo: eu.

Mas ultimamente só oiço meu nome completo a ser pronunciado e é como se chamassem qualquer um. Tenho saudades de ser chamada pelo diminutivo de uma dessas variações... Tenho saudades porque aqueles que me chamavam assim não acusavam pecado, não trazia julgamento à minha pessoa, ou censura. Era o meu nome, no mais puro estado. Nome de quem gostava de mim e me via pelo que era, não por ideias pré-concebidas, algumas vindas do aspecto exterior, outras vindas das circunstâncias.

Vou atravessar esta vida desejando encontrar, um dia, quem me chame, com legitimidade para tal, pelo diminutivo desse diminutivo. É a minha identidade pura. 


* palavra criada ou modificada com intenção de carinho e para uso de trato familiar e amoroso.