Metereologia 24 h

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quarta-feira, 16 de junho de 2021

 

Um poema num jazigo. 


Nunca tinha visto. 
Frases poéticas sim, mas não poemas inteiros.

Foi no cemitério e pensei: Há muita gente que merece vir a ser homenageada desta forma: 
com um poema a perpetuar o seu local de descanso. 


quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Poema sobre o Natal pelo parecer de Gedeão



Dia de Natal


Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.


É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor anuncia o melhor dos detergentes.


De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?)
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente acotovela, se multiplica em gestos esfuziante,
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica
.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
E como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra – louvado seja o Senhor! – o que nunca tinha pensado comprar.


Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino abre um olhinho na noite incerta
para ver se a aurora já está desperta.
De manhãzinha salta da cama,
corre à cozinha em pijama.


Ah!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus, o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam que caíam crivados de balas.


Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.


António Gedeão, (1906-1997), in 'Antologia Poética'

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Que nome dariam ao poema?

Sugestões:
                                                                lágrima

1) - "A Lágrima" - Ana
2) - "Lágrima sentida ou Quando o coração chora" - Elvira (eterna poetisa)


Concordei também com o comentário do Joaquim Rosário. O nome está sempre lá, no poema.
Aquele que lhe dei, ou que ele próprio se dá. Deixei-o aqui escrito com sumo de limão. Basta aproximar do calor e encontram-no.





quinta-feira, 25 de julho de 2019

Deixar e ser



Sou eu. Mas eu já não sou. 
Eu que fui, não sou mais. 
E o que sou, este novo eu, 

Sou eu. E não sou.

minha autoria, agora.

sábado, 5 de outubro de 2013

Esta pessoa quer Pessoa

Apetece-me encontrar Pessoa, o poeta.
Mas adio.

Adio porque o reencontro tem de ser sereno.
Tenho de deixar as palavras ressoarem por dentro e se fazerem sentir. Como uma droga boa.
E para isso acontecer não pode ser já.
Preciso de silêncio e tranquilidade.
Coisa que não tenho,
Coisa que Pessoa pede e a alma anseia.


sexta-feira, 3 de abril de 2009

Tempos modernos


Bate leve, levemente,

Como quem chama por mim.


Será chuva? Será gente?


- É chuva.