Metereologia 24 h

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terça-feira, 15 de agosto de 2023

Uma história INCRÍVEL de sobrevivência

 O canal AMC Crime está a passar alguns documentários de histórias de crimes e homicídios que ainda não conhecia. (O que é um feito). Fiquei maravilhada com o último a que assisti. Se puderem, vejam. É o episódio nº5 da série "Text me when you get home" - Avisa Quando Chegares - tradução para português.

Estive em lágrimas grande parte do tempo. A torcer para que o desfecho de uma adolescente de 14 anos que não regressou a casa após a escola fosse diferente do habitual. E foi. Fiquei feliz, em lágrimas mas contente. Aquela menina, agora mulher, é um espanto. Fantástica! Uma pessoa maravilhosa, linda por dentro e deslumbrante por fora. 

Vão ver e vão entender. 



A HISTÓRIA:
A adolescente não regressou a casa após a escola. A mãe ficou preocupada pois a filha era muito responsável. Em cerca de duas horas, colocou no facebook um apelo: para lhe avisarem se vissem a filha, que não tinha regressado a casa e não respondia a mensagens. 

A comunidade viu o post e começou a interessar-se. Chegando a noite, ela foi ter com a polícia. Que não respondeu "ainda é cedo, tem de esperar 48h". Como entendeu que aquele comportamento era atípico da adolescente, decidiu ir investigar. Falaram  com quase 50 amigos dela. Conseguiram um nome de um rapaz, por quem a adolescente tinha um fraquinho. Falaram com ele que respondeu que não se comunicavam há meses. 

A pista não deu em nada. Aí a mãe, ainda no facebook, leu um comentário que lhe deu esperança: "Vi a Desiré a caminhar na estrada da vala". A polícia foi ao local investigar, mas não encontrou nenhuma pista. 

Umas mulheres que acompanhavam o caso no facebook, moravam perto do local. Era de noite e as temperaturas geladas. Mas juntaram-se e ofereceram-se para ir ver o local. Estava totalmente escuro. Negro, preto. Levaram uma lanterna e, por precaução, um canivete, água, snacks. Afinal, eram mulheres sozinhas de noite num local ermo. Quando subitamente, a luz de uma das laternas apanha um movimento que lhes chama a atenção. É uma mão, vinda do chão, e se mexe. 

É Désiré!!

As duas aproximam-se da criança, verificam que está gelada, sofre de hipotermia - cobram-lhe o corpo com os seus casacos. Uma telefona para a ambulância, pois desiré está viva mas está mal. Tem o rosto inchado, está a falar mas é um sussurro e incoerente. Queixa-se de dor de cabeça. 

A polícia, médicos chegam e no hospital, começam a tratar da sua hipotermia. Uma enfermeira apercebe-se que existe sangramento craneano. Fazem uma tac e... descobrem que ela tem uma bala alojada no cérebro! A adolescente levou um tiro com entrada na nuca. 

Claramente, não o fez a si própria. 

A investigação continua, com a polícia a tentar descobrir, através dos telemóveis, o que poderá ter acontecido. Foi o rapaz que ela gostava mais o amigo deste. Levaram-na para aquele local, enganaram-na dizendo que tinham perdido um anel e enquanto ela estava a olhar para o chão, de cabeça baixa, tentando achar algo que não existe, deram-lhe um tiro na nuca. 

Depois tiraram-lhe o telemóvel e a mochila. Deitaram o telemóvel num rio e ficaram com a mochila e com o dinheiro. Foram comprar álcool e outras coisas mais. 


MIRACULOSAMENTE a menina sobreviveu. A probabilidade é de 3%! E não só sobreviveu como conseguiu sobreviver com sequelas reduzidas para quem levou com uma bala no cérebro! Teve de re-aprender tudo: falar, andar, mexer o braço, a perna, tudo. Não é fácil e nunca será. Para sempre, mesmo que queira esquecer, a bala está no seu cérebro, a lembrá-la do sucedido e a fazê-la temer que lhe cause uma morte súbita.

O documentário conta com o depoimento da jovem e surge uma mulher linda, deslumbrante, com um discurso coerente, preciso, adulto. Fiquei apenas triste por ela ainda sentir-se magoada com a "justificação" apontada para levar com uma bala: o rapaz de quem ela gostava e a quem enviava mensagens disse que ela era "irritante". Então o amigo disse para acabarem com ela. Os dois passavam as suas vidas a jogar jogos na playstation, não faziam outra coisa. Os seus cérebros consumiam aquilo e mais nada. Jogos esses, de extrema violência, onde disparar contra pessoas é o habitual. 

Eles decidiram não separar a ficção da realidade. Sem emoção, sem motivo. 

Sim, porque dizer que ela é "irritante" não é motivo. Espero que Desiré tenha percebido isso desde a altura deste documentário. Tratavam-se de dois jovens sem apatia ao próximo. Infelizmente ela, imatura como todos nós somos aos 14 anos, sentiu atracção pelo "tipo calado e sossegado", sendo que ela era mais ativa. Até mesmos em adultos, muitas vezes, esquecemos esta lição: só muito poucos jovens "calados e quietos" o são mantendo uma natureza pacífica. Muitas vezes, os que têm uma raiva oculta, os que vivem em total escuridão interior, também agem assim. O sol quer sempre incidir sobre a sombra. Achando que deixa todos felizes. Mas alguns vieram das trevas e tudo o que for luz os incomoda. 


Desiré é luz. Não foi apagada. Brilha ainda mais agora, que provou a garra que tem em viver, em sobreviver, em ultrapassar as estatísticas e prosperar. 
Fiquei a admirar muito esta pessoa. Desejo-lhe tudo de bom. Uma vida longa e próspera, com muitos amigos que decerto tem e um amor digno da pessoa que ela é.  

Mas tem sequelas para a vida, está semi-cega e semiparalisada, assim como a vida na corda-bamba, uma vez que a bala permanece no cérebro.


LIÇÕES A TOMAR:
 A importância de agir em comunidade. Penso que é isso. Acredito também no poder da reza colectiva. Subitamente a energia de tantas pessoas focou-se nela. A mãe pedia que rezassem muito. Já vi documentários incríveis em que o resultado sempre foi milagroso e sempre envolveu este mesmo ambiente: pessoas com fé, a rezar com fé e a inter ajudarem-se. Uma rapariga com uma doença terminal de pura agonia e paralisante, subitamente "viu um anjo" e curou-se. Noutro caso, uma mãe teve uma premonição agarrou-se à bíblia e pôs-se a rezar pela filha. Esta tinha caído numa ravina e não tinha como se salvar. Diz que sentiu um anjo levantá-la e colocá-la na topo da ravina. Que foi onde subitamente apareceu.  

Como não acreditar em milagres quando se a fé for forte e as pessoas estiverem conectadas com esta energia especial, coisas fantásticas realmente acontecem?

Não foi por acaso que as duas mulheres sentiram um impulso de ir procurar pela adolescente. Algo as empurrou para isso. Era de noite e estava frio e a nevar! Mas elas sentiram que TINHAM de ir... 

Se tivessem refreado seus ímpetos, hoje estariam a lamentar-se e a imaginar se teria feito a diferença entre a vida e a morte de Desiré. 


Teria. 


domingo, 31 de maio de 2020

Pessoas de fé?


Algo estranho acabou de acontecer. As minhas lembranças estavam todas a voltar a ele e com isso muito sofrimento o meu coração começou a sentir. Intensa dor, de novo aquela que parece que não passa e dói demais.

Decido fazer uma prece. Mas não peço a deus, jesus, nossa senhora, anjos da guarda... peço a eles. Abro-lhes o meu coração e explico-lhes o que sinto, o que quero que aconteça. Peço que me concedam essa oportunidade, pois se passado um ano ainda estou na mesma, preciso disso. Rogo-lhes por isso.

Instantes depois ele tinha desaparecido da minha mente. Está também um pouco sumido do meu coração. Sei que não vai durar. A questão estranha é que eu orei para ter oportunidade de estar com ele e o que me concederam foi o esquecimento.

Sim, porque algo aconteceu. O estado em que eu estava e como subitamente deixei de estar... depois de orar a eles.

O que não tem de ser, não tem de ser...

Mas eu pedi que me concedam a felicidade de voltar a sentir o que senti e poder viver isso. Foi por ele que o senti e dificilmente (como o exemplifica o post de ontem) vou sequer olhar para outro. Nunca fui de olhar, sempre... aconteceu.

Nao vou conhecer ninguem novo nos proximos tempos, tal como não conheci no ultimo ano. Muito menos alguém que me desperte o que ele despertou em mim. À minha volta ninguém é complicado e integrante como ele era. Eu vi o mundo por um prisma diferente, o prisma dele, e fez-me bem, pois é tão diferente do meu. Eu preciso desse outro prisma pois claramente, o meu veio defeituoso e está preso no set "todo o mundo é bonzinho". Ele tinha uma perspectiva diferente e não queria saber de ninguém. Mas foi doce e atencioso comigo.

Eu tenho tendencia para gajos perturbados, que sao timidos. Acabam por ser simpáticos e mostrar bom carácter para atrair uma presa mas depois sao ciumentos e possessivos. Julgo que não era o caso dele mas fico na incerteza devido a esta tendência do passado.

Orar resultou em esquecimento.
Curioso resultado....

terça-feira, 3 de março de 2020

Aprender a fazer amizades é escutar e estar disponível


No Domingo, o telefone tocou no meio de uma depressão. Fui ver quem era. Era de um amigo com quem falo de vez em vez e com quem estive presencialmente apenas duas vezes ao longo da vida. Não ia para atender, porque sentia-me miserável. Queria que me deixassem estar. Mergulhada nos meus pensamentos, dor e lágrimas. Mas depois senti que tinha de honrar o facto daquela pessoa estar a ligar-me e disse a mim mesma: "Não. Está errado. Atende".


Atendi. Desejou-me os parabéns e conversámos um pouco sobre trivialidades. 
"Mas está tudo bem?" - ele sempre pergunta.
-"Está" - eu sempre minto.



Conheci uma nova colega no emprego que logo quis fazer amizade comigo. Colou-se a mim como uma "lapa". Mal cheguei, já ela lá estava à minha espera. Tinha tido conhecimento que havia uma portuguesa a trabalhar no local e estava ansiosa para que eu aparecesse. "Vem comigo" - disse-me ela várias vezes enquanto executando o trabalho. "Vou à casa-de-banho, vem comigo". "Temos de nos unir, vamos trocar números de telefone". "Eu quero trabalhar sempre contigo". "Mas tu não trabalhas amanhã? E quando voltas a trabalhar?". 

Geralmente não gosto disso, embora não incomode na altura e de tudo faça para integrar a pessoa e deixá-la a sentir-se à vontade. Já a respeito das mensagens e telefonemas que surgem depois costumo achar em demasia e isso já sinto um pouco incomodativo. 


Mas decidi encarar tudo de forma diferente. Decidi ser eu a entrar em contacto com ela e mostrar-me prestável também fora do convívio no local. Ela sente-se sozinha, não fala bem o inglês mas sabe falar português. Não me pareceu nada uma criatura frágil e desamparada. Bem pelo contrário. É ambiciosa, mal chegou já quer o que não pode ter. É mulher quase cinquentona, mas toda boazuda (com tudo o que me aflige que esteja já para baixo, ainda bem lá em cima). Notei de imediato que todos os homens ali à volta estavam a babar nela, olhando-a de baixo para cima como se os olhos fossem um scanner. Ela não é burra, toda a mulher sabe quando recebe olhares e um homem lhe fala daquela forma "especial" querendo agradar e ser espirituoso. E tirou partido. Foi sedutora com todos, como se a todos conhecesse há muito e não apenas naquele dia! Curiosamente, nessas ocasiões não se atrapalhou com o inglês. 

Mas sente-se desamparada e procurou-me. E eu vou honrar isso. Não a vou julgar pelos efeitos que causa nos homens nem pela forma como também os seduz. (Eu até gosto de Rebeccas..) Só uma coisa me ocorreu: temo que seja daquelas pessoas que, depois de ambientada, já não tem serventia para ti então descarta-te. 


Mas vou dar um voto de confiança e não julgar antes de viver as situações. E faço-o por mim, por achar que é esse o caminho que preciso de seguir. Sou boa pessoa, mas saberei mostrá-lo em qualquer situação?

Faço-o também por precisar de restaurar a minha fé nas pessoas e na reciprocidade dos bons actos, principalmente depois "dele"

Também contactei uma outra pessoa, com quem falo com regularidade. Hoje avisei-a por mensagem que se telefonasse para a empresa, conseguia marcar uns turnos (funciona muito à base de primeiro a ligar, consegue trabalhar). Ela conseguiu trabalho, o que já não acontecia há três semanas. Telefonou-me a agradecer. 

E é assim....
Estou a dar-me aos outros.

É o que me apetece fazer.
Estranho caminho para quem se sente despedaçada na alma e tão vulnerável a pensamentos fúnebres. 
Vou ser a rocha sólida, o farol, de quem precisar e de quem conseguir ser. Estando a precisar dessa mesma luz. É dar para receber.

Sejam felizes. 

terça-feira, 19 de novembro de 2019

O que me ajudou a recuperar (do sofrimento)



Três meses de sofrimento diário e uma intensa dor que, não tendo origem física, é ainda mais devastadora e maléfica do que uma maleita na carne. Dia e noite, qualquer instante de consciência, foi passado a pensar nisto. A senti-lo. A disfarçá-lo quando em público com pessoas conhecidas, a senti-lo intensamente a cada distracção dos seus olhos. A chorar por ter soltado um riso e estar triste. 

Pensei que não ia parar nunca. Mas rezei para que isso acontecesse. Orei a santos, a Deus, a Jesus, a Maria, a várias Nossas senhoras, aos pássaros, às árvores, às flores, ao vento, à chuva, ao sol, ao mar, à lua, às estrelas, às nuvens, ao céu, aos gatos vadios que me miravam na rua... Fui a igrejas, acendi velas, orei, pedi, supliquei. Supliquei muito, com muita fé, angústia e desespero.

Mas por algum motivo, não estava a surtir efeito. Ninguém me escutou, nenhuma mezinha resultou. Era suposto sentir-me assim por quanto mais tempo? Talvez se ele se dignasse a aparecer e me contasse o que lhe deu, talvez só assim passasse. Mas ele não o ia fazer. Sabia disso. Restava-me continuar a orar, mas também isso não estava a resultar!

Na noite de terça-feira passada, chovia bastante e decidi ir a pé a hora e meia do emprego para casa. Chuva, vento, o caminho todo em lama, pés e pernas ensopados... nada disso me afectava. O meu pensamento estava nele e só nele, como sempre. Como água que escorre para terreno mais baixo. É inevitável.

Mais sofrimento, mais lembranças, mais e mais dor! Parecia que não ia terminar nunca. Três meses haviam passado e eu nisto! Queria que terminasse. Se ele não vai aparecer-me à frente e dignar-se a conversar comigo, então que algo me fizesse esquecer que ele alguma vez existiu! Que me desse uma amnésia selectiva e pudesse esquecê-lo a ele, só ele. A dor, tão intensa, fez-me novamente rogar, suplicar, pelo fim desta emoção tão dolorosa.

Foi então que dirigi as minhas preces diretamente a pessoas de quem muito gostei e há muito partiram. E disse do fundo do coração e cheia de emoção: "Por favor, (....), acaba com isto, faz com que a dor pare!" "Por favor, (....), não posso mais com este sofrimento! Faz com que pare!".


Talvez um minuto depois, por uns instantes, consegui perceber uma mudança. Ténue. Mas senti-a. Por uns instantes, o meu pensamento voou para outro lado, deixou de se fixar nele. E isso foi o sinal. A dor, ainda que presente, pareceu pela primeira vez, que ia transformar-se em não dolosa. Ia ser ultrapassada.

Foi há uma semana. De lá para cá, continuo a tê-lo na minha mente quase 24h por dia. Ainda faço "filmes" sobre o que poderá acontecer caso o encontre e lhe consiga falar. Mas tenho agora pequenos e breves instantes em que o consigo afastar. Não totalmente, mas do consciente ele passa para o sub-consciente e mantenho-o lá o máximo de tempo que conseguir.

Segunda-feira pela manhã, ele acordou comigo e logo com intenções de dominar-me o pensamento e encher-me de mais uma sessão de "porrada" emocional. Mas quando desci para a sala, a paz e o sossego que lá senti, fez-me querer ficar por ali. Senti que o quarto está povoado de lembranças e era o pior lugar para me enfiar. Fiquei pela sala, onde estava a sentir-me bem. Mesmo quando outros logo apareceram para marcar lugar, esperando que saísse dali, não o fiz. Se voltasse ao quarto, ia fazer o mesmo que na véspera: a clausura ia fazer-me pensar, sentir, chorar e ia terminar a desabafar horas em vídeo tudo o que quero dizer. Não queria isso. Já tenho uns 100 vídeos... Precisei contar esta história em voz alta, contar o meu ponto de vista, o que penso, o que sinto. Não para alguém, mas para mim mesma.

Ainda não estou curada, mas sinto que também já não estou totalmente presa. Começo a pensar que sou alguém e preciso cuidar de mim. Não por dor, mas por merecer. Por ser uma pessoa, por já não ter muito tempo de vida na terra, e por isso ter de aproveitá-la melhor, para ser feliz, não miserável. Já chega de tristezas. Esta dor também irá ser (mais) uma que vai passar (?). Espero não esquecê-la, para que possa aprender a não voltar a cair em nada parecido. Mas quero, sinceramente, começar a viver a vida pelo prisma oposto àquele que me é mais oferecido: O sofrimento. Quero explorar as alegrias, o bem-estar, a felicidade.

Tenho esta dor como entrave e muitas outras contrariedades também. Mas faz parte da vida. Não se pode deixar que nenhuma delas tenha mais importância ou se sobreponha à vontade/necessidade de se viver feliz.

E acredito mesmo que "eles" é que me ajudaram.
Eles escutaram-me. E logo a bondade neles se compadeceu.
Onde estão só há amor e amor é o que sentem por mim.

Temos de nos sentir abençoados.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Providência?


Contava ter uma boleia de uma colega quando saí do emprego de noite. Mas ela não esperou e foi-se embora. Só fiquei aborrecida porque ela quis que eu fosse com ela ao escritório enquanto se informava de algo e isso tirou-me 15 minutos do tempo que dispunha para caminhar a hora e meia até casa.  Lançada na empreitada, atravessava a primeira rotunda quando uma carrinha preta para do outro lado da estrada e um homem diz algo na minha direcção. Ignoro. Não consigo perceber quem é, não conheço, não quero saber. 

O condutor avança ao sinal verde e para mais à frente, voltando a falar comigo. Desta vez tive que olhar. Era um colega. Só lhe falei uma vez, faz umas semanas e, novamente, naquele mesmo dia, ele veio ter comigo porque lembrou-se do meu interesse por expressões de calão na língua inglesa e veio dizer-me que quer dar-me um livro. Atravessei então a estrada e aceitei a boleia dele. E pareceu-me que deu a boleia por gosto, sem esperar receber algo em troca, o que é cada vez mais raro vindo de homens. 

Não deixei de pensar que Deus providencia. 


Por isso fiquei a reflectir nas visitas que recebi ontem. Que outro embaque me aguarda? 

Bateram à porta enquanto reflectia no que me atormenta. Ao abrir apresentam-se duas testemunhas de Jeová. Claro, falaram de Jesus, da Bíblia, fizeram-me perguntas cujas respostas pareceram agradar-lhes e surpreender, e deram-me os seus contactos. Caso precise de falar sobre Jesus e saber as respostas - disseram-me. 

A verdade é que o meu instinto preparou-me para o impacto do que pode estar para vir. Achei que aquilo era como que um sinal para me fortalecer, pois vem aí fortes tempestades.

Depois desta semana - sei que não morro, não fisicamente, pelo menos. Mas sinceramente, não sei porquê tenho sempre de passar por decepções inesperadas e ser maltratada sem merecer. 

Venha a tareia!