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Pidgin

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para o comunicador instantâneo anteriormente conhecido como "Gaim", veja Pidgin (comunicador instantâneo). Para Outros significados, veja Pidgin (desambiguação).

Pidgin (pron. 'pɪdʒəŋ) ou língua de contacto é uma palavra de origem inglesa que designa qualquer língua criada, normalmente de forma espontânea, a partir da mistura de duas ou mais línguas e que serve de meio de comunicação entre os falantes dessas línguas.

O conceito é originário da Europa, onde, a partir da Idade Média, os comerciantes do Mediterrâneo usavam a lingua franca ou sabir.[1]

Os pidgins têm normalmente gramáticas rudimentares e um vocabulário restrito. Podem, no entanto, desenvolver-se, transformando-se em línguas crioulas. Um pidgin diferencia-se de uma língua crioula, que tem vocabulário e gramática plenamente desenvolvidos, tornando-se a primeira língua de uma comunidade de fala. A maioria dos linguistas acredita que uma língua crioula se desenvolva através de um processo de nativização de um pidgin, ou seja, quando crianças falantes do pidgin passam a utilizá-lo como primeira língua, adquirindo complexidade e estabilidade típicas de uma língua. Então, a língua crioula substitui o pidgin como forma de comunicação, à semelhança do que acontece as línguas crioulas de Cabo Verde ou da Guiné-Bissau. Um outro exemplo bem conhecido é o bichlamar, língua crioula melanésia que se baseia no inglês, com incorporação de palavras malaias, chinesas, francesas e portuguesas.

Mas nem sempre os pidgins se transformam em crioulos: podem morrer ou tornar-se obsoletos, tal como ocorreu com aqueles falados nos séculos XVII e XVIII, em Angola, resultantes da mistura entre o português europeu e as línguas nativas. Esses pidgins acabaram por dar origem a variedades linguísticas ou línguas crioulas, popularmente denominadas "pequeno português".[2]

A criação de um pidgin requer normalmente:

  • Contacto regular e prolongado com comunidades linguísticas diferentes;
  • A necessidade de comunicação;
  • A ausência de uma língua franca espalhada e/ou acessível.

A palavra é possivelmente derivada da pronúncia chinesa para a palavra inglesa business (negócio).[3] Pidgin English, ou "inglês pidgin", era o nome dado ao pidgin feito da mistura entre o chinês, o inglês e o português utilizada para o comércio em Cantão durante os séculos XVIII e XIX. Alguns académicos questionam esta derivação da palavra pidgin, e sugerem etimologias alternativas; porém nenhuma obteve até agora apoio entre outros académicos.

Referências

  1. CALVET, Louis-Jean. La Sociolinguisique. http://197.14.51.10:81/pmb/Que%20sais%20je/Communication/La%20sociolinguistique%20-%20Calvet%20Louis-Jean.pdf: puf _ 8a.ed. p. 14 
  2. Com base na análise de um corpus de textos literários, folclóricos e musicais de Portugal e do Brasil, Lipsky enumera traços de uma "linguagem pidginizada" que se mantêm nos crioulos de base lexical portuguesa e nas "variedades semicrioulas do português – do Brasil, de Angola e de Moçambique", concluindo que "é evidente que estes pidgins cedos são precursores das variedades vernaculares de hoje, muito embora não exista uma transmissão directa desde o século XV até aos tempos modernos". Ver A transição de Angola para o português vernáculo: estudo morfossintáctico do sintagma nominal, por Liliana Inverno.
  3. Dicionário Houaiss: pidgin