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domingo, 27 de agosto de 2017

Recheio e composição do castelo de Mogadouro em 1759 - inventário dos bens dos Távora



Na sequência do inventário e sequestro dos bens da família Távora, ocorrido em 1759, após o processo que dizimou a nobre família, Luiz de Bivar Guerra faz-nos saber que o castelo de Mogadouro tinha a seguinte composição e recheio:

"Casas formadas no Castelo da vila de Mogadouro que constam de cinco casas altas médias e dois sobrados, um segundo andar com três quartos baixos cozinha térrea, casa da copa, cavalariças, picadeiro, pombal, com todas as suas entradas e saídas e tudo situado na torre do castelo. Dentro destas casas estavam os seguintes trastes: 17 bancas de pau castanho, umas redondas e outras quadradas sendo algumas de nogueira; 1 estante pequena de pôr livros; 2 cómodas de três gavetas cada uma com suas fechaduras; 38 cadeiras de muscóvia dobradiças; tamboretes de palhinha do norte; 5 tamboretes de pau de castanho e sua barra de choupo; 1 quadro com uma pintura de N.ª Sr.ª da Conceição; 1 oratório; 1 imagem de N.ª Sr.ª da Conceição com uma coroa de prata; 3 bancas mais, quadradas e outra com estâncias de pôr a copa; 1 barra de pau de olmo; 3 tamboretes de pau de olmo, tudo da própria casa da copa.
Tudo confiado à guarda de João Lopes de Oliveira que ficou como fiel depositário."

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Castelo de Mogadouro - classificação

Clicar na imagem para ampliar.
Fonte: DGPC.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Castelo de Mogadouro - pormenores

Fotos: Antero Neto.

Em fim-de-semana quase totalmente dedicado à reportagem do próximo número da "Epicur", não houve tempo para grandes saídas locais. Aqui ficam alguns pequenos pormenores do nosso castelo. Desde marcas de pedreiro, até marcas de encaixe de paredes, existentes na rocha que suporta o torreão principal, e que, normalmente, passam despercebidas ao visitante ocasional.
Uma última palavra para a enorme quantidade de vidros partidos que abundam no local e que quase davam para abrir uma fábrica de reciclagem. O meu pequeno viu-se grego para circular entre os ditos. Os vândalos do costume também fazem questão de manter a sua marca. E, como são identificáveis, pois deixaram assinatura (BSS), há que os obrigar a suportar a a reparação dos estragos. Pode ser que assim vão aprendendo alguma coisa (embora a reincidência deixe dúvidas quanto a esta questão)...

sábado, 10 de setembro de 2011

Castelo de Mogadouro, antes da intervenção da DGEMN

Imagens retiradas de um excelente trabalho, da autoria de Ricardo Teixeira, que versa sobre a história do castelo de Mogadouro, e que acho que nunca foi publicado (embora mereça, e de que maneira!). As fotos dizem respeito ao estado da fortaleza, antes das sucessivas intervenções da DGEMN, que se iniciaram em 1950.
O meu muito obrigado à Dra Rita Gonçalves pela cedência deste magnífico estudo histórico, a merecer atenção por parte da autarquia.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Mogadouro 1509 - Duarte de Armas Descodificado

Vai ser apresentado no próximo dia 25 de Agosto, pelas 15.30h, na Casa da Cultura de Mogadouro, o livro "Mogadouro 1509 - Duarte de Armas descodificado", da autoria do Eng.º Manuel Ferreira.
Como se deduz do título, a obra versa sobre o castelo de Mogadouro (o "palácio a que chamam castelo", no dizer do invasor espanhol do séc. XVIII).
Confesso que aguardo a publicação deste livro com grande expectativa, pois sou um apaixonado pela estrutura.

sábado, 14 de junho de 2008

Obras




Fotos: Antero Neto.
Muito embora esta intervenção fique muito aquém do que era expectável, não deixa de ser importante, pela consolidação das estruturas e melhoramento dos acessos.

sábado, 12 de abril de 2008

Castelo em obras - as imagens

Consolidação e recuperação da muralha exterior
Reconstrução de muro de suporte (quiçá recuperação de escadaria de acesso) na base da torre

Pedras encontradas durante as escavações

Escavações junto ao poço da "moira encantada"

Consolidação da muralha interior e limpeza do pátio

Fotos: Antero Neto.

terça-feira, 18 de março de 2008

Obras no Castelo

Afinal, as anunciadas obras de recuperação no Castelo já começaram. Tenho andado curioso para ver o resultado final (de que irei postar fotos aqui no blog). Para já, nota-se o cuidado em consolidar as estruturas existentes. Mas, o que me traz mais intrigado é o resultado final de algumas escavações que estã a ser levadas a cabo. Gostava de ver toda a área circundante devidamente escavada e explorada. Era um dos meus sonhos de criança. Ainda cheguei a ir para lá, depois de sair da escola, munido de picareta e pa´, juntamente com o Luís Miguel e o Zé Joaquim. Claro que nunca escavámos nada. Mas a curiosidade mantém-se intacta, volvidos 30 anos...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Núcleo castrense

Foto. net.

Perspectiva do núcleo em redor do castelo de Mogadouro. Note-se que o depósito da água junto à torre do relógio já foi demolido. E que o acesso sul já foi intervencionado, encontrando-se actualmente pavimentado de forma parcial (como se pode ver na fotografia de baixo). Esta fotografia já deve ter cerca de 5 anos.

Foto: Antero Neto

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Castelo de Mogadouro


Foto: Antero Neto.
O viajante que chega a Mogadouro, seja qual for a via de acesso, depara-se obrigatóriamente com a silhueta majestosa e proeminente, orgulhosamente recortada no horizonte, da torre de menagem do castelo local.
Verdadeiro ex libris da terra, espécie de ícone fálico, associado a lendas de "moiras encantadas", é procurado por artistas das mais diversas áreas plásticas (pintura, desenho, fotografia...), que anseiam captar as suas mais poéticas facetas, ou então, simplesmente tirar partido do seu potencial enquanto objecto do "marketing" local (não há café, restaurante ou loja que se preze onde não conste uma qualquer panorâmica da referida ruína). Abandonado aos caprichos do tempo e à falta de dinheiro do IPPAR, pouco há já para ver daquele que, em tempos idos, foi um belo conjunto arquitectónico, e que, teimosamente, parece querer resistir, demonstrando verdadeiro carácter transmontano, fazendo jus àqueles que o rodeiam.
E, por mais que se vasculhe nas bibliotecas locais, raras são as referências dignas de credibilidade científica (histórica) feitas ao referido monumento. Tão pouco os autores, de uma maneira geral, perdem muito tempo a debruçar-se sobre as suas origens e evolução enquanto conjunto militar e/ou habitacional.
Sabemos que constituiu ao longo da sua história, conjuntamente com outras fortalezas vizinhas (Penas Róias, Algoso, Miranda do Douro) importante bastião, integrado na primeira linha de defesa contra as investidas dos castelhanos. Isto, apesar de ter estado ao lado do partido de Castela, contra D. João I, Mestre de Avis, na crise de 1383/85.
Acerca das suas origens e morfologia pouco se sabe e muito se especula. Sem nos querermos substituir nestas páginas a quem de direito (historiadores e arqueólogos), quisemos apenas realizar uma pequena pesquisa sobre a história do castelo de Mogadouro. Assim, encontrámos na obra de Duarte De Armas: "Livro das Fortalezas" (Arquivo Nacional da Torre do Tombo e Edições Inapa, prefaciado por Manuel da Silva Castelo Branco) as gravuras mais completas sobre o conjunto arquitectónico. Duarte De Armas (também chamado Duarte Darmas, ou Duarte D'Armas), escudeiro da Casa de D. Manuel I, hábil desenhador, foi encarregue por este de vistoriar as fortalezas que constituíam a primeira linha de defesa face ao belicoso vizinho castelhano, bem como de se inteirar acerca do seu estado de conservação. Foi assim que, montado a cavalo e acompanhado por um servo a pé, percorreu e desenhou todas as fortalezas fronteiriças do país bem como as respectivas plantas. Graças a ele podemos ver como era o castelo de Mogadouro ao tempo do alcaide Álvaro Pires de Távora (1495 - 1531), cerca do ano de 1509.
Por sua vez, pode ler-se no "Guia de Portugal" (3.ª Ed., 5.º vol., editado pela Fundação Calouste Gulbenkian), p. 1021, "... o castelo, concedido em 1297, pelo rei D. Dinis à ordem dos templários, foi transferido alguns anos mais tarde (em 1319) para a Ordem de Cristo, sucessora daquela." E, num comentário a um dos desenhos de Duarte De Armas, descreve: "Vista do lado do Poente, desenhava-se, num dos ângulos, o mais soalheiro, a espaçosa alcáçova dos freires comendatários. No alçado frontal, nitidamente apalaçado, recortam-se onze aberturas, distribuídas em dois pisos, destacando-se em cada um, um belo balcão assente em três salientes cachorros. Sobre os telhados íngremes, elevam-se duas chaminés tubulares, coroadas de graciosas cabeças. À esquerda, ou seja, no ângulo virado a Noroeste, avulta o conjunto acastelado, propriamente dito, constituído pela torre de menagem, uma cinta murada, um cubo saliente (que talvez seja o que ainda hoje existe) e um cubelo cilíndrico."
Neste Guia é-nos igualmente relatado um curioso episódio histórico: "... as rixas entre a gente mogadourense e os moradores leoneses da povoação fronteiriça de Formoselhe eram frequentes e violentos, com injuriosos apupos de lado a lado, sobre o Douro e uma vez por outra assaltos e refregas", salientando à frente que o prior de Mogadouro e o conc. Leonês para fazer face a tamanha desordem estabeleceram que "... qualquer injúria, agressão ou malfeitoria seriam consideradas aleivosas e, como tal, sujeitas a penas capitais a quem as provocasse ou executasse." (idem, p. 1017).
Voltando ao castelo, Armando de Lucena, na obra "Castelos de Portugal - histórias e lendas" (onde cita o "Portugal Económico, Artístico e Monumental" de Casimiro Machado), escreve que "... a grande antiguidade desta construção torna confusa e muito incerta a data da fundação do castelo", atribuindo as suas origens à época romana.
Ainda a propósito das origens do castelo mogadourense, escreve o espanhol Julio Llamazares ("Trás-Os-Montes - uma viagem portuguesa", Ed. Difel) que o castelo de Mogadouro também foi dos Templários, e antes desses dos Árabes e Godos. Defendendo mesmo que terá sido dos maiores de toda a região quando os Árabes ainda o ocupavam. Afirma igualmente que terá sido o Marquês de Pombal que o mandou derrubar (não nos esqueçamos que estamos em terras de Távoras); contudo, não apresenta qualquer fonte credível, num livro assaz pretensioso e de um pedantismo a toda a prova (de Espanha nem bom vento, ...).
Para terminar, fica aqui um voto de esperança mogadourense para que, num dia não muito longínquo, o IPPAR resolva deixar fazer quem quer e quem pode, de modo a salvar o pouco que ainda vai restando da nossa memória histórica colectiva.
Antero Neto