Plano-sequência (#3): Nostalghia (1983)
Alguns minutos antes dos planos finais, Tarkovsky entrega nesta sua sexta longa-metragem um dos mais belos planos-sequência da história da Sétima arte. A acção desenrola-se de forma subtil, apoiada num cenário natural. O escritor protagonista tem apenas um objectivo: percorrer a totalidade da piscina drenada sem perder a chama da vela durante o percurso. Inicia o acto pela margem direita do enquadramento, à qual retorna sempre que a chama se extingue e necessita de recomeçar. Durante o acto a chama extingue-se por duas vezes, sendo igualmente duas as vezes que o escritor efectua o percurso inverso da esquerda para a direita. A câmara limita-se a acompanhar o corpo que enquadra, recorrendo a um travelling lateral para cobrir todos os seus passos. Mas deixa igualmente uma distância razoável relativamente ao sujeito filmado, entregando assim o tempo e espaço necessários à sua performance . Descabido rotular tal desempenho como uma performance ? Afinal de contas, o espectador funciona com...