© Matej Baco
Há um sol que se levanta e se põe
"No meu corpo como um eixo"* (Daniel Faria, Poesia)
tenho a língua suspensa nas margens da página
sinto-a como uma barca que embala
sílabas afectos densas utopias
procuro-a cerzida de mel e água e deslizo
ao desenhar janelas asas pontes e gaivotas
tenho a língua suspensa nas margens
de um sabor longínquo de saliva e pétalas
onde busco a palavra e o pão
há gestos na língua onde encontro um sol
arquitecto do sal do sangue da sombra
em que esbato sentenças opacas
tenho ainda uma rosa e um cravo na língua
com que teço os filamentos do verbo
e reclamo o mistério da fala
Gisela Ramos Rosa, 27-02-2010