7 meses atrás...
Estava saindo da editora quando avistei aquele monte de pêlos tigrada. Na hora, como sempre, sai correndo na direção dela e a acariciei. Saquei o telefone da bolsa e liguei para a minha mãe, que depois de muita chantagem emocional, autorizou o sequestro.
A levei no veterinário e minha suspeita foi comprovada: daqui a algumas semanas, Kisha se multiplicaria - lembram do episódio "o aborto"?
Nasceram cinco minigatos: o Bruno, a Floquinho, a Lila, o Téo e a Bruna. Eu até ajudei no parto! Começaria, ali, a busca por novos pais para esses bebês.
Logo que o Téo desmamou, foi para a casa do seu João. Convenci a Van, minha estagiária, a ficar com outra. Sobravam 3.
Num domingo, a Van veio com sua família toda ver os gatinhos. Foi bonito de ver todo mundo sentado no chão, com mil gatos para cima e para baixo... A princípio só levariam a Bruna, mas se apaixonaram pelos pêlos negros e macios da Lila.
Num dia, praticamente de sopetão, arrumei um lar para a Floquinho. A moça pegou o meu telefone numa loja de animais perto de casa e queria presentear o filho com um gatinho. Fiquei receosa, mas depois de mil recomendações, cedi. Na verdade eles queriam levar o Bruno, mas eu já estava apaixonada...
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- Cris, a Gigi [novo nome dado à Lila] sumiu... - disse a Van, preocupada, na segunda-feira passada.
- Como assim, Van?
- Ela nunca tinha saído de casa, mas desde ontem não a vimos mais.
...
- Van, e a Gigi? - perguntei na quarta, quinta e sexta-feira.
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Ontem, eu a Van imprimimos cartazes de "procura-se". Dispensei a funcionária exemplar mais cedo e recomendei que ela aproveitasse o restinho do dia para colá-los. E assim ela fez...
Hoje, umas 19h, recebi um SMS. Era uma mensagem dizendo que a Van havia me ligado no meio da tarde. Redisquei...
- Van, me conta uma coisa boa... - disse.
- Não tenho, Cris, a Gigi morreu.
Silêncio- Mas como? - perguntei.
- Depois que eu colei os cartazes, o guarda da rua veio me procurar. Disse que viu a Gigi voltando da rua de trás, meio cambaleante. Não deu tempo dela chegar em casa... morreu envenenada. Ele a enterrou...
Óbvio que eu já estava chorando. Estou apática até agora. Como aquela gatinha que eu vi nascer pode estar morta?
Eu me culpo por isso... Queria que todos os animais que eu já salvei da rua estivessem comigo. Sinto-me impotente por não poder fazer nada. É por essas e outras que não deixo meus gatos colocarem o fucinho, sequer, na rua. Espero, do fundo do meu coração, que os pais da Van arrumem uma forma de "telar" a casa para que seus outros gatinhos não saiam mais. É muito sofrimento saber que um bichinho morreu assim, assassinado. Se eu pego quem fez isso, não respondo por meus atos...
Finalizo este post triste com uma homenagem à Gigi, que agora descansa no céu dos gatos. Van, força pra você- e não deixa, pelo amor do Deus dos felinos, a Manu sair de casa...

