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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Superleituras Marvel

“Tudo bem. Ninguém deve ler tudo. Não é assim que a obra deve ser vivenciada. Então, obviamente, foi o que eu fiz. Li todas as mais de 540 mil páginas da história publicadas até hoje...”
Não faltam ambições para Douglas Wolk em seu livro Todas as Aventuras Marvel (Conrad, 2023). E talvez a maior delas seja reconectar o velho leitor à essência da Casa das Ideias. Só por isso já valeu o mergulho em suas 415 páginas. Pra mim, foi restaurador. Finda a leitura, era palpável o senso de uma perspectiva renovada e ampliada. A vontade era de catar o 1º calhamaço de gibis pela frente e devorá-lo imediatamente. Não era um sentimento de urgência, mas de volta a um pertencimento. Como nos tempos em que folheava, deslumbrado, meus primeiros quadrinhos do Hulk, do Homem-Aranha e dos Vingadores.

Ok, para um leitor de longa data, a premissa do livro não é estranha. Ler tudo, tudo mesmo, é um devaneio recorrente. O escritor e quadrinista de Portland, por sua vez, foi à luta e leu cada um dos cerca de 27 mil gibis publicados pela Marvel desde 1961 até o fechamento do livro, em 2021. Moleza.

Segundo Wolk, a empreitada durou cinco anos e foi administrada com o mindset mais Tracy Lawless possível: com exemplares de sua coleção particular, de gibis emprestados de bibliotecas e amigos, por tablet, brochurões Essential em p&b, scans do Jack Sparrow (evidente!), pelo acervo digital da própria Marvel, em relançamentos deluxe, sebos, convenções e de onde mais brotassem revistas. Tática de guerra.

Sobre a metodologia, o autor não fornece grandes detalhes. Esta, IMHO, era uma história que merecia ser contada, inclusive com fotos, diários e rascunhos. Tenho lá uma imagem mental da cena, mas o mesmo afirma reiteradamente que o processo foi muito espontâneo e informal. Inclusive me parece bem estoico a respeito.
“Mais uma vez, a incompletude faz parte da diversão dessa história interminável, imperfeita e criada de forma colaborativa.”
A cronologia Marvel é, provavelmente, o maior cadáver esquisito já elaborado na História.

A criação do universo compartilhado foi o divisor de águas da editora – cujo ponto zero é fantasticamente triangulado no livro como sendo em Kathy #14, Patsy and Hedy #79 e Patsy Walker #98, todas de dezembro de 1961. São HQs sobre romances adolescentes e jovens modelos e que, pela 1ª vez, interagiam entre si. Nascia ali o crossover.

Com o passar das décadas, esse universo foi ganhando contornos meio vilanescos, afastando neófitos que julgavam imprescindível a leitura de tudo o que havia sido lançado até então. “Por onde eu começo a ler tal HQ...?” ainda é uma das perguntas mais frequentes no meio.

Wolk, com poucas exceções, abriu mão da leitura por ordem de publicação. Lia o que queria (e o que podia) no momento, partindo da teoria de que cada HQ é formatada como uma potencial porta de entrada para novos leitores. Na Marvel, inexistem hermetismos ou longos períodos no escuro. Tudo é feito para facilitar o entendimento em uma saga de 60 anos de cronologia ininterrupta. Só assim para garantir a renovação e o fluxo de leitores. Por mais confusa e caótica que uma história em andamento possa ser, ela nunca será intransponível e nossa habilidade de juntar as peças de um quebra-cabeça, seja em alguns meses ou em alguns anos, é tão natural quanto respirar.

O que tira algumas toneladas de obrigação conceitual das minhas costas. Me lembrou que posso pegar qualquer HQ da pilha e me divertir, sem maiores elucubrações. Pela capa que seja, como nos velhos tempos. E aí vai mais um ponto para o escritor.

O livro guarda uma tensão inicial sobre como Wolk irá destrinchar sua experiência em texto. O modo como ele mapeia o sequenciamento criativo da Marvel é muito eficiente e com alguns sacrifícios dolorosos já esperados. Faz parte. Não dá pra contar tudo. Já fiquei muito satisfeito com os capítulos sobre Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Shang-Chi (meu segmento favorito), X-Men, Thor & Loki, Pantera Negra (meu 2º favorito), Walt Simonson, Jonathan Hickman e outros. Foi um trabalho hercúleo.

O escritor também destaca o fato da Marvel reverberar as mudanças culturais de cada zeigeist com seus aspectos cada vez mais diversos e pluralistas – da forma mais esforçada possível para um produto desenvolvido majoritariamente por homens brancos e americanos. Quase todo o escopo da “Montanha da Marvel" (como ele mesmo se refere ao projeto) é sedimentado sobre observações sociais e políticas*.

* pois é, a Marvel sempre foi política. E seu gibizinho nunca te enganou a esse respeito. Não seja aquele cara.

Há um trecho notável em “Norman Osborn e seu Reinado Sombrio” onde ele parte kamikaze rumo à reflexão:
“A melhor obra de ficção que já vi a respeito da vida durante o governo Donald Trump — a que capta com mais precisão o lento avanço do desespero e da tensão daquele período na cultura americana — é Reinado Sombrio...”
Palavras dele com a precognição da Marvel respingando nas teclas. Reinado Sombrio rolou de 2008 a 2009, oito anos antes daquela administração, mas os esquemas de conspiração e desinformação em massa denunciam as similaridades entre o Duende Verde e o Duende Laranja.

Na reta final, chega a ser inusitado como Douglas Wolk consegue encontrar emoção genuína na série da Garota-Esquilo (!). E continua, em “Passando o bastão”, num relato mais intimista de suas experiências de leitura ao lado do filhinho de 10 anos. É comovente e simplesmente espetacular. Na saideira, os agradecimentos e, de voleio, um apêndice-intensivão onde ele sumariza toda a Saga da Marvel até aqui. De novo, a escala é mesmerizante.

Tirando a capa (há outras melhores), só elogios para a edição da Conrad. Especialmente o trampo minucioso de André Gordirro. Além de traduzir e adaptar, ele garimpou nomes de personagens, histórias, sagas e títulos espalhados em várias editoras brasileiras e cruzou com as referências metralhadas em mais de 400 notas de rodapé. Neste quesito, o e-book sai ganhando com seus práticos links indo e voltando de cada notinha – aliás, confesso que Wolkeei e li parte da obra na versão física e parte na versão digital.

Todas as Aventuras Marvel é tão divertido, informativo e analítico quanto se propõe. Não tem a pretensão de reivindicar a verdade absoluta em suas teorias, mas ajuda demais a vislumbrar a complexidade deste imenso quadro que é a cronologia Marvel. É uma volta à jornada fantástica e incipiente que nos encantava e uma oportunidade singular para reavaliar esta mesma jornada como um todo.

Que venha o volume 2, 3, 4... Vamos lá, Doug. Ainda sobraram muitas aventuras pra contar.

Site oficial
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Entrevista no TCJ

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

T'Challa para sempre


Pantera Negra: Wakanda para Sempre pode — deve, até — ser encarado como a reflexão definitiva de um tema que há tempos move os filmes da Marvel Studios: o luto. Vimos doses massivas deste estado de espírito e de seus efeitos em Capitão América: Guerra Civil, Pantera Negra, Vingadores: Guerra Infinita, Vingadores: Ultimato, WandaVision e Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Mas nunca de maneira tão integrada. Da primeira à última cena, Wakanda para Sempre é uma eulogia a Chadwick Boseman e sua antológica versão do herói T'Challa. Deve ser o 1º mourning movie do cinema de super-heróis.

Era inevitável. Ao estender para as telas sua reverência à memória do ator, a Marvel automaticamente decidiu pelo tom solene da produção. Dali pra frente, o cineasta Ryan Coogler teria que trabalhar a nova premissa em uma escala quase metalinguística, atualizar o status de Wakanda no UCM, trazer uma nova aventura, apresentar Namor à Sue ao mundo e ainda redesenhar o futuro da franquia nos cinemas. Isso repercute inclusive na impactante trilha sonora de Ludwig Göransson e na letra da música-tema "Lift Me Up", de Rihanna.

Poucos filmes já estiveram nessa posição. Em termos de blockbuster, talvez apenas Velozes & Furiosos 7 (2015) com o ator Paul Walker, morto em 2013. E mesmo assim numa ressonância realidade-ficção muito menor.

O diário dos bastidores também deve ser uma leitura interessante. Início das filmagens adiado por casos de COVID-19 entre membros do elenco e do staff, a enorme polêmica antivacina em que Letitia Wright se meteu, além de um acidente sofrido pela estrela durante uma cena que lhe rendeu uma concussão e um ombro fraturado, o que gerou mais um hiato nas gravações.

O tal acidente, inclusive, foi de moto. Se foi na cena que estou pensando, o resultado ficou fenomenal. Método é tudo, é o que digo.

Apesar de todos os percalços e da dificuldade level HARDEST da empreitada, o roteiro de Coogler e Joe Robert Cole (reeditando a dobradinha bem sucedida do 1º filme) sai vitorioso num campo de batalha com inúmeras baixas em ambos os lados — o que serve também como analogia à cervical da trama. Ao mesmo tempo, é visível que o fator deadline, tão conhecido pelos leitores de quadrinhos mensais, finalmente alcançou as telonas.

Só assim para explicar o emprego intensivo de elipses narrativas (lacunas deixadas na história para o espectador preencher com a dedução lógica), várias delas resvalando em pontos cegos difíceis de presumir e até em ocasionais e vistosos buracos. Um deles, justificando o MacGuffin do filme, é abissal. Nada que uma ou duas linhas de diálogos não resolvessem. Mas, pra isso, o roteiro precisaria de uma boa e despressurizada revisão, o que, obviamente, não aconteceu.

Todo o elenco está indefectível. Impressionante, já que o núcleo principal é imenso. Wright fez sua melhor Shuri até aqui, numa atuação entregue e passional. Desnecessário (e até desrespeitoso) tecer maiores comentários sobre Angela Bassett como a Rainha Ramonda. A mulher é uma deusa, sempre foi. Lupita Nyong'o está maravilhosa como sempre reprisando o papel de Nakia, espiã reformada e o grande amor da vida do T'Challa. O mesmo para a veterana Danai Gurira como Okoye, a líder das Dora Milaje. Até mesmo Winston Duke brilha com seu M'Baku experimentando novas e interessantíssimas camadas. Já Dominique Thorne está à vontade e convincente como a heroína estreante Riri Williams/Coração de Ferro. Mesmo com as linhas pífias entregues a ela pelo roteiro.

E o Namor do mexicano Tenoch Huerta Mejía dobrou todas as minhas desconfianças com um pé nas costas e duas asinhas em cada tornozelo. O Príncipe Submarino é puro sangue nos olhos, força, majestade e fuckin' arrogância. Adorei praticamente tudo em relação a ele, inclusive o ato final. Quase não me importei com a releitura mesoamericana e com a Talokan ex-Atlântida (do também ex-Namor McKenzie) sem um pingo daquela ambição quadrinhística. Só o fato de bater a vontade de revisitar o quanto antes o run do Byrne, já merece um brinde.

Pantera Negra: Wakanda para Sempre está longe de ser a sequência idealizada daquele divisor de águas afrofuturista de 2018. Não tem as melhores decisões e não consegue cobrir o espaço imenso de um protagonismo à deriva. Sem Chadwick, nem poderia mesmo. Mas, paradoxalmente, é seu coração permeando cada frame do longa que faz da experiência algo tão especial. Em se tratando de mainstream, isso é vibranium puro.

Ps: pós-créditos emocionante, cara. Sem condições...

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

😷 😷 😷 😷 😷 😷 Retrospec Agosto/2020 😷 😷 😷 😷 😷 😷


1/8¹ – Atire a 1ª pedra quem nunca entrou no Mercenários Livres pra seguir negociação de comprador marrento com vendedor mais marrento ainda.


1/8² – Se vai Wilford Brimley, aos 85. O ator e cantor americano iniciou a carreira quando voltou da Guerra da Coreia trabalhando como extra e dublê em faroestes. Suas participações no seriado Os Waltons lhe rendeu certa fama nos anos 1970, mas Brimley ficou conhecido mesmo como o biólogo Blair, de O Enigma de Outro Mundo, como o simpático avozão Benjamin, de Cocoon, e, claro, com os comerciais da aveia Quaker (acho que chegaram a ser veiculados aqui, se não me falha a memória). Grande veterano.

Reni Santoni passed away yesterday morning. April 21, 1939-August 1, 2020. He had been sick for quite a while. Those of...
Publicado por Tracy Newman em Domingo, 2 de agosto de 2020

1/8³Se vai Reni Santoni, aos 81. A carreira do ator nova-iorquino começou na década de 1960, nos teatros off-Broadway. Entre papéis não-creditados, extras e dublagens, a extensa trajetória de Santoni no cinema e na TV era algo errática, mas certamente ninguém vai se esquecer de personagens como o certinho Inspetor Chico Gonzalez (o 1º parceiro do Dirty Harry – e ele sobrevive!), o Sargento Tony Gonzales (o parceiro do Stallone Cobra – e ele novamente sobrevive!!) e, meu predileto, o impagável chef "Poppie", de Seinfeld.

3/8DComposição é o nome bolado pela Panini para a (boa) série DCeased. Se saíram bem. Achei que viriam com um DCaídos ou um DCrépitos.

O homem branco quer brincar? Kriança Índia é o primeiro quadrinho do selo de independentes da Guará, que será lançado...
Publicado por Guará em Terça-feira, 4 de agosto de 2020

4/8¹Kriança Índia: Morte ao Invasor!, de Rafa Campos e Álvaro Maia é o ebook de estreia do selo indie Guará. Pelas prévias, os perrengues florestais de Amargo Pesadelo e O Confronto Final serão um passeio no parque perto das travessuras dessa kriança pra cima do homem branco lazarento que devasta a Amazônia. Disponível no site da Guará e via Amazon, claro.


4/8²Revelado o design dos personagens de Invincible, a série animada da Amazon Prime baseada na sensacional HQ de Robert Kirkman e Cory Walker. Visualmente parece bem fiel. Mas será realmente fiel?


5/8Se vai Gésio Amadeu, aos 73, em decorrência da COVID-19. O ator mineiro fez muito sucesso na noveleta Chiquititas (1997), do SBT, e no Sítio do Picapau Amarelo (versão 2007), da Globo, mas já era bem conhecido pelos telespectadores mais velhos. Sua lista de trabalhos no teatro, na TV e no cinema é prolífica – da mesma forma que a quantidade de personagens subalternos e/ou escravos em novelas de época. Um retrato literal da nossa realidade.

6/8¹John Wick 5 é confirmado pela Lionsgate, mas não só: ele será filmado simultaneamente com o 4º filme da franquia. A notícia ruim é que o quarto filme só estreia no longínquo 27 de maio de 2022.

6/8² – Não teve Crivella, mas teve choro e vela: Hulkling e Wiccano se casam nos gibis. :´)

6/8³James Hong, o Lo Pan, finalmente vai ganhar uma estrela na Calçada da Fama. Isso graças a um GoFundMe que abriram pra ele. E assim fiquei sabendo que se paga para ter uma estrela na Calçada da Fama.

6/84Ed Brubaker e Sean Phillips, uma das melhores e mais produtivas duplas dos quadrinhos da atualidade (e criminosamente ignorada pelas editoras nacionais), estão com projeto novo na praça gringa: Reckless, uma série de três graphic novels autocontidas. Climão pulp, misterioso e violento da melhor qualidade.

6/85 – Após 18 anos fora de catálogo, o supergrupo Gen¹³ terá suas primeiras histórias republicadas num HC Deluxe. Alguém avise à Fairchild que as coisas mudaram um pouquinho de lá pra cá...


8/8Se vai Chica Xavier, aos 88. A atriz e produtora soteropolitana com extensa carreira no teatro, na TV e no cinema era uma das profissionais mais queridas e respeitadas do meio. Atuando desde 1956, Xavier figurou em um sem número de novelas, muitas delas personificando a realidade histórica sofrida dos afrobrasileiros, em papéis de empregadas domésticas (ou, quando muito, governantas) e de escravas – abrindo assim o caminho para muitos atores e atrizes que vieram depois, em condições infinitamente melhores. Da mesma forma que Gésio Amadeu, um símbolo do racismo estrutural ainda hoje impregnado na sociedade.


9/8¹Se vai Martin Birch, aos 71. O lendário produtor e engenheiro de som começou a carreira em 1969 já trabalhando em álbuns antológicos do Deep Purple, Jeff Beck e Fleetwood Mac. A quantidade de clássicos do rock produzidos pelo britânico é incomparável: Killers, The Number of the Beast, Stormbringer, Rising, Long Live Rock 'n' Roll, Snakebite, Heaven and Hell, Mob Rules... Sem dúvida, um nome que mudou o jogo e foi essencial para definir o hard rock e o heavy metal das décadas de 1970 e 1980.

New - Immortal Hulk cover
Publicado por Alex Ross em Domingo, 9 de agosto de 2020

9/8² – Enquanto isso, em The Immortal Hulk, Alex Ross elimina Boris Karloff do sistema e injeta uma Benzetacil de Sal Buscema.

10/8Reestruturação na WarnerMedia acerta em cheio o staff da DC: divisões como DC Direct (de colecionáveis) e DC Universe (streaming) sendo extintas e mais de 600 demissões em todos os escalões, só pra começar. A notícia causa uma celeuma sem precedentes no mundo nerd e, confesso, dá mesmo um frio na barriga. Ainda bem que na época da falência da Marvel, em 1996, a internet ainda era de várzea. Do contrário, seria trauma na certa.

11/8¹John Stephens, CFO da AT&T, tentou acalmar os nerds acionistas e declarou que as medidas não eram para ajustar algo, mas para "refocar" a companhia e deixá-la "super-hiper-focada" (eitaporra) no streaming direto ao consumidor via HBO Max, da qual babou um ovo colossal. Pelo visto, gibizinhos são a menor das preocupações no topo da pirâmide.


11/8²ESSA COLEÇÃO.




11/8³ – Se vai Trinidad López III, o Trini Lopez, aos 83, por complicações relacionadas à COVID-19. O guitarrista, cantor e ator texano foi ficou eternizado em pop songs dançantes como "If I Had a Hammer", "Lemon Tree" e sua versão da clássica "La Bamba", entre outras. Lopez também criou o design de dois modelos das guitarras Gibson - uma delas, aliás, a favorita do Dave Grohl. Um dos últimos grandes ícones da Era de Ouro da música pop.

11/84 – O Ministro da Economia Paulo Guedes quer taxar livros em 12% na reforma tributária. Segundo ele, livros são produtos de elite e que, para compensar a taxação, o governo pode aumentar o valor do Bolsa Família ou criar um programa para doação de livros. E o link para a petição online contra esta tributação absurda está aqui.

11/85 – Há tempos não leio nada do Savage Dragon (adorava) e sei que nem de longe é o favorito da molecada acima dos 30, mas a edição #252 (!) tem contornos de imperdível, hm?

12/8¹ – E Ken Parker? Continua sendo lançado pelo CLUQ. Vendas via e-mail, ao preço de 95 centavos por página. Ê, Brasil.

An open letter to Avatar: The Last Airbender fans: Many of you have been asking me for updates about the Avatar...
Publicado por Michael Dante DiMartino em Quarta-feira, 12 de agosto de 2020

12/8²Avatar - The Last Airbender retornando via Netflix. Parecia um sonho, até que os criadores Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko sartaram do projeto, já em produção. Sinal claro de que dificilmente algo que preste sairá dali...

13/8¹ – O governo federal assume a gestão da Cinemateca e todos os funcionários são demitidos. As chaves da instituição, conforme ofício, serão entregues ao atual secretário da cultura Mário Frias. É, pois é.

Futuro dos shows? 🎤🎸Assim foi o primeiro de uma série de shows com distanciamento social num parque de Newcastle, Reino...
Publicado por BBC News Brasil em Quinta-feira, 13 de agosto de 2020

13/8²Coronanews: show do cantor Sam Fender (?) em Newcastle (UK) com o público diligentemente distribuído em grupinhos. Ainda não foi divulgado como serão o mosh e o stage dive nessa configuração. Mais notícias em breve.

13/8³ – Quanto mais Torpedo melhor: desta vez é o Catarse de Torpedo 1972, de Enrique Sánchez Abulí e Eduardo Risso, via JBraga Comunicação. O precinho é que ficou meio salgado para 64 páginas, mas é o Old Man Luca Torelli, meu!

14/8¹Twilight of the Superheroes foi uma maxissérie planejada por Alan Moore em 1987 onde ele mostraria como será o fim do Universo DC. Nunca foi publicada, mas o texto na íntegra será resgatado em DC Through the ’80s: The End of Eras, coleção de histórias pré-Crise com lançamento previsto para dezembro. É a lixeira do Alan Moore operando a todo vapor!

14/8² – O tsunami provocado pelo banho de sangue na WarnerMedia chega à DC e alguns títulos já cantaram pra subir: Hawkman, Suicide Squad (!), Teen Titans, Young Justice e John Constantine: Hellblazer.


14/8³Se vai Pete Way, aos 69. Para quem acompanha o hard e o heavy clássico da safra 1970/1980, a carreira do baixista, compositor e cantor britânico é um must hear. Além de ser membro fundador do espetacular UFO, do divertido Fastway (no qual, ironicamente, não gravou nada, devido a amarras contratuais) e do Waysted, também figurou na banda do Ozzy (ao vivo) e em dois discos do Michael Schenker. Uma lenda do rock.

14/84 – O artista, editor e ainda executivo da DC Jim Lee diz que a "companhia ainda está no ramo de publicação de quadrinhos" e que "não há notícias sobre lápis no chão". Daria um belo músico no Titanic.

Novos trabalhos sendo preparados! Quem aí gosta da Marvel? Novos lançamentos em breve! Fiquem ligados :) . ✈ Frete...
Publicado por Editora Heroica em Sexta-feira, 14 de agosto de 2020

14/85 – A Editora Heroica – do excelente O Império dos Gibis – publicou um teaser tesudo em sua página no Facebook. Se é o que estou pensando, um livro vai ser pouco.

14/85 – Então... Wolverine #4 confirma que o Carcaju realmente marcou território no capacete do Magneto. Golden shower por tabela pra cima do Mestre do Magnetismo!

15/8George R. R. Martin avisa que voltou a escrever. Aham, Cersei, senta lá.

18/8¹Festival de Volta para o Cinema é novo projeto do Érico Borgo. Talvez dê uma passadinha por lá, logo depois de pegar um ônibus lotado, encher a lata nos botecos mais pés sujos da cidade, curtir um baile funk clandestino e, no fim, dar uma cavernosa tossida no rosto do ex-omeleteiro.


18/8² – A DarkSide Books empala o festival supracitado com elegância singular. E a hash #nãomecovid é ótima!

18/8³O Exorcista está nos planos da produtora Morgan Creek para um reboot em 2021. Ah, pelo amor de Deus.

Batman: A Queda do Morcego n° 1/2 (Panini) 2020 8) Tamanho diferente dos volumes ERRO PONTUAL. NÃO ESTÁ PRESENTE EM...
Publicado por Todo Dia Um Erro Nos Quadrinhos Diferente em Quinta-feira, 20 de agosto de 2020

20/8¹ – A Paninada come bonita nos volumes de Batman: A Queda do Morcego. A esta altura, já são praticamente Batmimos. Vacilo mesmo foi lá atrás, na reunião de pauta: a editora publicou os TPBs que a DC lançou em 2012, com a saga severamente incompleta, quando poderia ter adaptado os Omnibus 2017-2018 ou as edições de aniversário de 25 anos, ambas com A Queda na íntegra. Sairia mais caro, mas venderia mais que pãozinho quente.

20/8² – Era uma questão de tempo: Michael Keaton vestirá novamente o manto do Morcego em The Flash, com estreia prevista para junho de 2022. Ah, sim... Ben Affleck também voltará como o Bátima-que-Mata no mesmo filme.


20/8³Se vai Frankie Banali, aos 68. O renomado baterista gravou com várias bandas (incluindo oito discos do W.A.S.P.), mas foi com o Quiet Riot que fez fama – e muita grana. Eram notórias sua cortesia e elegância não apenas com o público, mas também no meio profissional. Foi o único integrante do Quiet a não agir como um imbecil durante a turnê do grupo por aqui em 1985. Além disso, também era conhecido por seu ativismo no resgate de animais abandonados. Rest in peace, Banali!

22/8John Carpenter está envolvido no reboot de O Enigma de Outro Mundo via Universal/Blumhouse. A nova produção irá adaptar Frozen Hell, a versão expandida recém descoberta do conto Who Goes There?, de John W. Campbell Jr., no qual foi baseado o clássico de 1982. Soa promissor, mas, parafraseando Regina Duarte, eu tenho medo...

Darkseid carpindo um lote de tomatinhos é dark, adulto e vizyonário! <3 #SnyderCut
Publicado por Cantinho do Caio em Domingo, 23 de agosto de 2020

23/8Caio Oliveira também é vizyonário.


26/8 – Se vai Joe Ruby, aos 87. O veterano animador, editor, roteirista e produtor televisivo começou sua carreira direto na fonte: no departamento de animação da Walt Disney na década de 1950. Trabalhou na Hanna-Barbera, onde conheceu Ken Spears e juntos criaram a famosa Ruby-Spears Productions, umas das maiores fornecedoras de matéria-prima das "manhãs de sábado" na História. Ruby é conhecido como co-criador do Scooby-Doo, mas sua lista de desenhos antológicos vai muito além – de Bicudo o Lobisomem, Tutubarão, Dinamite o Bionicão e Thundarr o Bárbaro às séries adaptando O Homem-Elástico e Super-Homem, entre uma infinidade de outros. Quem está na casa dos 40 cresceu assistindo o trabalho de Ruby. Gênio.


27/8¹ – Se vai Arnaldo Saccomani, aos 71. O produtor, compositor e multi-instrumentista paulista ficou famoso no Brasil inteiro como o "jurado ranzinza" em programas do SBT – dos divertidos Astros e Ídolos a tranqueiras abomináveis como Qual É o seu Talento? e Programa do Ratinho. Mas sua carreira dentro da música é uma extensa turnê pelo pop brasileiro dos últimos 50 anos. Fácil, um dos nomes mais importantes e influentes da cultura nacional.

27/8² – A franquia Resident Evil vai ganhar uma série live action via Netflix. Em teoria, é uma puta ideia. Se a ex-adorada plataforma de streaming colaborar...


27/8³Jim Starlin apresenta um vilão bastante peculiar para a nova HQ Dreadstar Returns – e, sem cerimônia, corta o mal pela raiz. E antes que venham os recalques, foi o alaranjado mandatário quem começou...

28/8¹The X-Files: Albuquerque é uma série animada de humor que está sendo desenvolvida pela Fox. Tô dentro. Até hoje me acabo de rir com o impagável The Springfield Files.


28/8² – O desenhista Bob McLeod ficou pistola com as adaptações visuais do filme dos Novos Mutantes. E tá errado?


It is with immeasurable grief that we confirm the passing of Chadwick Boseman.⁣ ⁣ Chadwick was diagnosed with stage III...
Publicado por Chadwick Boseman em Sexta-feira, 28 de agosto de 2020

28/8³ – Se vai Chadwick Aaron Boseman, aos 43. O ator californiano ficou eternizado no papel de Pantera Negra no ótimo e histórico filme homônimo. Iniciou a carreira na TV há 17 anos no cinema há apenas 12 anos. Logo na estreia, interpretou Ernie Davis, o primeiro jogador afro-americano de football a conquistar o Troféu Heisman, no filme No Limite: A História de Ernie Davis (2008), dando início a uma sequência de papéis de relevância histórica que se tornou uma constante em sua vida – do famoso Jackie Robinson, o 1º jogador afro-americano de baseball a entrar na Major League (42: A História de uma Lenda, 2013) a James Brown (Get on Up - A História de James Brown, 2014), até o advogado e ativista pelos direitos civis Thurgood Marshall, o 1º afro-americano a integrar a Suprema Corte (Marshall: Igualdade e Justiça, 2017). Mesmo num período notavelmente curto, deixa um gigantesco legado de inspiração, superação e esperança. Quis o destino que Boseman partisse exatamente no Jackie Robinson Day e no dia do aniversário de Jack Kirby, co-criador do Rei T'Challa/Pantera Negra.

30/8Rocky IV vai ganhar um director's cut em sua edição de aniversário de 35 anos, em novembro próximo. Sly não adiantou muito, apenas que não veremos mais o robô do Paulie. Boa!

R.I.P. Chadwick Boseman. Not going to lie, this one was hard to do. (11x17 (28x43cm)watercolor ,colored pencil, airbrush on hot press watercolor paper)
Publicado por Bill Sienkiewicz em Domingo, 30 de agosto de 2020

31/8Bill Sienkiewicz presta uma belíssima homenagem a Chadwick Boseman.


* * * * *


Não é novidade que 2020 tem sido um ano pavoroso, mas agosto superou todas as expectativas negativas. Um mês que começa horrivelmente, transcorre de forma desumana e termina melancolicamente com a partida prematura de Boseman. Só que o mesmo Boseman, com seu exemplo de tenacidade, trabalho e coração, ainda teima em nos fazer acreditar em dias melhores. E, quem sabe, a sermos humanos melhores também.

#WakandaForever

sábado, 29 de agosto de 2020

Longa vida a Chadwick


Chadwick Boseman
(1977 - 2020)

Jovem demais. E com um mundo inteiro a ser desbravado, mesmo em tempos tão difíceis.

Mas o legado... esse é eterno.

Thank you for everything, Chadwick Boseman!

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Um


Dizem que a jornada é mais importante que o destino. Só esqueceram de avisar aos cineastas Joe e Anthony Russo. Vingadores: Ultimato entrega tudo que o público médio não-estúpido espera de um blockbuster de qualidade (e mais), além de concluir espetacularmente as três primeiras fases do universo cinematográfico da Marvel Studios. É o auge de um trabalho ousado e faraônico que levou onze anos num projeto inédito até aqui em dimensão, capital humano e conquistas técnicas.

Para um velho leitor de gibis, a recompensa maior é ver na telona vários daqueles conceitos malucos e infilmáveis até há alguns anos funcionando como se tivessem nascidos pra isso. Neste sentido, é o filme mais eficiente já realizado no gênero, com um Taa II de vantagem sobre os demais. Acima de tudo, por entender que não se trata apenas de som e fúria, mas também de coração, altruísmo e sacrifício, a quintessência dos quadrinhos de super-herói desde sempre. Ultimato não cede um milímetro desses fundamentos, em maior parte, veja só, de raiz marvete.

Heróis que são pessoas antes de tudo e com cada um fazendo a diferença no resultado final; uma admirável preocupação pelo estado psicológico geral; tempo e espaço para cada personagem respirar e se redescobrir; narrativa que sabe onde enxugar e o que priorizar; trama imprevisível no ponto de partida, na condução e na conclusão sem reviravoltas mágicas; e tridimensionalidade: cada integrante do núcleo principal, seja herói, vilão ou zona cinza/azul/verde, tem suas motivações pessoais e age de acordo.

É notável como os roteiristas de Christopher Markus e Stephen McFeely, que também assinam Vingadores: Guerra Infinita, conseguem administrar tantos personagens e variáveis. E ainda manter o foco numa premissa complexa para os padrões mainstream e, por isso mesmo, potencialmente desastrosa. De forma sucinta, o roteiro exerce sua lógica interna apoiado em extrapolações simples, cobrindo assim os pontos cegos enquanto leva o espectador para a brincadeira.

No fim, Ultimato não só se apresenta como uma sequência digna para Guerra Infinita, como expande seu conflito e aumenta as apostas.

O filme tem três atos divididos por um exercício de estilo brutal. O 1º terço amarra as pontas deixadas pelo longa anterior em tempo recorde e investe com mão pesada no drama. Num clima funesto, os sobreviventes tentam juntar os estilhaços de um mundo com 50% a menos de seres vivos e todos os estragos decorrentes disso. A 2ª etapa sobe o tom partindo de um princípio bem difundido na ficção pop - mas com uma dinâmica deliciosamente... quadrinhos - e faz uma verdadeira celebração para quem acompanhou os filmes da Marvel todos esses anos. Já o arco final é a experiência Splash Page de George Pérez definitiva. É todo o pay-off e o fanservice que existem no final do arco-íris. Sangue de Kirby tem poder.

Quase todo o elenco principal está integrado ao seu personagem-avatar num nível Christopher Reeve-é-o-Superman de conversação, além de apresentar suas melhores performances até aqui: Jeremy Renner zera o até então subaproveitado Gavião Arqueiro num bem-vindo acerto de contas com o roteiro, Karen Gillan extrai ainda mais camadas da hermética Nebulosa, Paul Rudd precisa fazer muito em muito pouco tempo e o Homem-Formiga dá conta, Scarlett Johansson se atira, literalmente, na evolução de "Nat" Romanoff, o Capitão América de Chris Evans é a melhor personificação do herói clássico que poderíamos ter hoje e Robert Downey Jr. fecha o ciclo com a redenção do personagem de sua vida.

Chris Hemsworth, por sua vez, tirou a sorte grande. Thor foi um dos poucos que mantiveram uma saga própria nos dois filmes. Em Ultimato, confesso, o susto inicial foi grande, porém coerente. Plus: agora sim o loiro está parecendo um Viking.

E a Situação-Hulk. Personagem que a Marvel Studios penou para achar o tom na telona, algo que só aconteceu em Thor: Ragnarok, quando já era tarde demais para qualquer pretensão cinematográfica do Golias Esmeralda & mitologia. A expectativa por uma virada foi lá pro caixa-prego após a ignorada sistemática em Guerra e agora, em Ultimato.

Pensando bem, isso já vinha sendo estabelecido desde Vingadores: Era de Ultron (2015), com a infame derrota do Verdão para o Hulkbuster (Hulkbusters e esquadrões Caça-Hulk existem para serem esmagados pelo Hulk, oras!). Seus poderes nos gibis nunca foram adotados pelo UCM: nada de saltos quilométricos, palmada sônica, fator de cura e o mais importante e muda-vidas, o "quanto mais furioso, mais forte o Hulk fica". O que sobrou é um Hulk limitado e em estado de calma - em Ultimato, em estado de calma baiana. Mark Ruffalo é um sujeito boa-praça, mas nem de longe é um Dr. Bruce Banner. A trama ainda dá alguma continuidade à sua cronologia nas HQs, despejando o personagem direto na fase do Hulk inteligente, o que resulta apenas e tão somente num Ruffalo Verde. Um Hulkffalo.

Paradoxalmente, é dali que sai uma das referências mais bacanas aos quadrinhos - a clássica imagem do Hulk em Guerras Secretas. E outras, que não sei bem se foram referências de fato ou apenas dissonâncias em minha cachola de gibizeiro: o Verdão doando o braço em Planeta Hulk, a aventura espaço-tempo-apoteótica de Vingadores Eternamente, o "1" do Dr. Estranho para Tony Stark paralelo ao timing de Adam Warlock para o Surfista Prateado em Desafio Infinito, Steve Rogers e Gail no final de Supremos 2 e por aí vai. Essas vieram fluídas e precipitadas como lembranças de velhos amigos. E eu agradeço ao filme por isso.

Surpreendente mesmo foi o resgate de dois grandes personagens por dois atores maiores que a vida: Tilda Swinton reprisando a Anciã e Robert Redford novamente como Alexander Pierce. Redford já havia encerrado a carreira em meados de 2018, mas voltou atrás no final do mesmo ano. Esqueça a mera condição de filme-pipoca. Isso já é cinema grande, meu chapa.


Josh Brolin pode não ter percebido ainda (ou é modesto demais para admitir), mas acabou por personificar um dos maiores vilões do cinema. Thanos é fascinante, perspicaz, tem a sua cota de honra distorcida e acredita piamente que está do lado certo da História. Ameaçador e absurdamente poderoso, Thanos protagoniza, fácil, as melhores e mais engenhosas lutas super-heroísticas já feitas até aqui. Mesmo a Capitã Marvel de Brie Larson - um tanto deslocada pelos cameos pontuais - teve seus melhores minutos numa telona, incluindo aí seu filme solo. O ponto alto, claro, é sua frenética e nervosíssima luta com o Titã Louco.

Há pelo menos uns três ganchos antológicos durante a luta de Thanos contra a "Trindade" - também conhecida como Vingadores Primordiais. E fazia tempo que não via uma sala de cinema virando uma arquibancada em final de campeonato. Especialmente no momento "Capitão, o Digno". Memorável.

Quando Jim Starlin criou Thanos no início da década de 1970, a gênese do Titã não indicava uma carreira muito promissora. O autor mesmo comentou: "Você pensaria que Thanos foi inspirado em Darkseid, mas não era o caso quando eu o apresentei. Nos meus primeiros desenhos de Thanos, se ele parecia com alguém, era com Metron. (...) Roy (Thomas) deu uma olhada no cara com a cadeira ao estilo Metron e disse: 'Aumente esses músculos! Se for para roubar um dos Novos Deuses, então roube Darkseid, o único realmente bom!'"

45 anos depois, Thanos está mais vivo do que nunca, coletando Jóias do Infinito em blockbusters bilionários e se tornando uma referência pop no mundo inteiro. E o que é mais incrível: adaptado sem comprometer sua personalidade. Pra mim, que li e reli as sagas de Thanos infinitas vezes, isso é muito além de um presente.

Toda a sequência final reservada ao personagem é sob medida. O momento da transição do Thanos ambientalista para o Thanos niilista é de arrepiar. Era o passo que faltava para o... Dark Side. E ainda corrobora os pensamentos de Jim Starlin sobre uma futura abordagem da Senhora Morte, a convidada que faltava. Promissor como parece.

Já se vão onze anos desde que saí daquela sessão de Homem de Ferro com um enorme sorriso no rosto e a cabeça fervilhando em pensamentos. Alguns viraram texto; outros, atrelados a uma certa melancolia por tempos idos, foram para o mesmo cantinho da memória que já serviu de palco para grandiosas batalhas emprestadas das páginas dos gibis. Eu sabia que ali era o máximo que o cinema real se aproximaria dos quadrinhos e estava mais do que satisfeito com aquilo. Filme após filme, desafio após desafio, a Marvel Studios foi superando aqueles limites - em maior ou menor grau e com resultados variáveis, mas sempre com bom senso, respeito às duas artes e, principalmente, coração.

Vingadores: Ultimato é sangue, suor e lágrimas. O ápice de uma autêntica odisséia cósmica (epa!) e o registro de que um dia duas formas de arte chegaram tão perto que quase convergiram.

Mesmo sendo o mais épico, ambicioso e visualmente deslumbrante, claro, não é um filme perfeito. Capitão América: O Soldado Invernal (2014) segue no topo da minha lista. E ainda tenho um carinho todo especial por Os Vingadores (2012) pelo impacto sobre este leitor ad eternum de Heróis da TV. Junto com Guerra Infinita, Ultimato habita n'algum lugar no éter entre esses dois.

Algo a se avaliar com o tempo. E com sessões infinitas.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

ZOMBIE WARS


Não há nada tão divertido nos quadrinhos atuais quanto Marvel Zombies. Ponto! Certo... o fator "diversão descerebrada" bate forte ali, mas é o que faz esta experiência adquirir contornos quase vanguardistas. Sério. Ao colocar ícones da cultura pop cometendo as maiores atrocidades, a série promove uma subversão total de valores num espirituoso e imprevisível exercício de estilo. Além do caos anunciado na lapidar "Quis custodiet ipsos custodes?" (peguei pesado), também é o oposto imediato aos estereótipos maniqueístas, tão comuns nesta indústria. A redenção definitivamente não está atrás daqueles portões. E isto é maravilhoso! Porque o mundo é assim, filho. Acostume-se ou morra. hahah

Ajuda o fato de que a Marvel (leia-se "Joe Quesada") tenha ignorado os freios nessa descida ao inferno. Não há sutilezas de qualquer tipo e nem os heróis mais famosos são poupados. Pelo contrário, são estes que protagonizam os momentos mais horripilantes da maxi-saga e que mergulham de nariz no lado mais negro de uma cabecinha doentia - no caso, do necro-roteirista Robert Kirkman (Invincible, The Walking Dead), Ph.Z em rigor-mortis na 9ª Arte.

Acompanhado da revelação Sean Phillips - um ás do traço-trash - a química fica tão irresistível quanto pútrida. E não escrevo isto à toa. Em que outro lugar você acharia graça numa cena em que uma mãe indefesa e seu filhinho são devorados impiedosamente por um supercanibal em decomposição?

É, eu sei... soa terrível, mas foi muito engraçado. Ah, foi. Por isto, nada de avaliações psicológicas aqui no BZ...


Não é surpresa que o conceito de Marvel Zombies tenha sido criado por Mark Millar, visto que o escocês fanfarrão vive sapecando referências pop em tudo que roteiriza. Então, nada mais natural que uma justa homenagem às simpáticas criaturinhas sem vida, aproveitando que os ventos do comércio sopravam a favor de epidemias e carnificinas pós-apocalípticas.

Também não duvido que o resultado tenha saído muito melhor que a encomenda: de um arco na revista Ultimate Fantastic Four, eles ganharam uma mini própria, um crossover, um especial, duas continuações e um universo inteirinho só pra eles. Sim, os Marvel Zombies pertencem à Terra-2149, já quase totalmente deglutida a esta altura (arrout!).

Pensando melhor, esta é uma honraria meio dúbia, já que a Marvel registra praticamente 1 universo por página impressa. Mas que se dane, é melhor do que ficar sem.

O que mais surpreende (até a mim, incansável paladino da podreira B) é que todo o material lançado até o momento sedimenta uma mitologia interessantíssima. Juro por George A. Romero. É uma odisséia completa, que atravessa gerações e cujo enredo tem comédia, suspense, drama e até romance, além de grandes revelações. Não seria exagero afirmar que estamos diante do Star Wars dos mortos-vivos. Ou seria? Maldita cafeína.

Alright, pussy lovers... retrospectiva-zombie na seqüência.



MARVEL ZOMBIES vs ARMY OF DARKNESS


A ótima primeira impressão do review anterior manteve-se nas quatro edições seguintes. Todo quadrinheiro veterano sabe que crossover entre editoras vale menos que um copo de cachaça, mas esta é uma das raras exceções à regra. As saídas inusitadas e os diálogos corrosivos do roteiro de John Layman (ex-editor da Wildstorm) seguram a diversão do início ao fim. O cara realmente manja dos elementos envolvidos. Conhece os três Evil Dead de cabo a rabo e, mais importante, sabe como despachar as referências pra cima dos psicopáticos Marvel Zombies.

Praticamente tudo o que poderia ser feito com Ash ali no meio da bagunça foi feito. Ash até morre lá pelas tantas (o que foi até irônico, já que ele também precisou morrer em sua revista solo para estar aqui)... e acredite, isto não é spoiler. Segundo o próprio Layman, na época: “Posso te dizer que Ash morre (...) Sem sacanagem. E não, ele não volta como um Deadite. Ou como um zumbi. Que tal isto como cliffhanger?”

E ele não estava brincando. A solução foi tão esperta quanto malandramente simples. Quem curte os filmes de Sam Raimi da boa safra vai decepar a mão com uma motosserra, de tanta alegria.


Ash, impressionado
com a situação
A narrativa é fluída e ágil, desenvolvendo a trama num arco fechado (o quanto pode ser) e inserindo novas infos ao contexto dos zumbis marvetes. Conhecemos um pouco mais sobre a origem da pandemia e temos a confirmação de quem foi o hospedeiro original, já que Ultimate Fantastic Four #22 foi pouco claro nisso.

Uma ótima sacada: a infecção de Pietro (alguém ainda o chama de Mercúrio?) foi o momento-chave do caos, neutralizando o tempo de resposta e imprimindo uma velocidade exorbitante ao processo de contaminação mundial. Imagina se ele fosse o Flash.

As escorregadas até que foram tímidas aqui. As mais evidentes ficaram por conta da aparição do supergrupo Nova Onda, bem ao seu estilo nada discreto, detonando um Quarteto Futuro zumbificado (hooray!). O que seria meio difícil, já que no arco inicial de Millar, a líder da equipe, Monica Rambeau (Capitã Marvel), já estava infectada e ainda usava seu velho uniforme de vingadora. O mesmo vale para a voluptuosa mutante Cristal, aqui servindo de sidekick para Ash.

São relativamente poucos furos, considerando a zona estrutural que sempre foi Marvel Zombies. Além do quê, os diálogos ferinos do "herói" com o famigerado Necronomicon compensam qualquer pisada no tomate - e o que Ash apronta com o arcano livro dos mortos no final da saga é de baixíssimo nível até pra ele. Aquilo foi muita, mas muita sacanagem.


O traço do brazuca Fabiano Neves foi uma grata surpresa, especialmente nas curvas generosas das heroínas. Todas turbinadas e supercachorras. Naqueles trajes sumários então, viraram praticamente musas do funk ("As Gostosas do Cosplay"... devem ter até flog). Na reta final, Neves divide a Faber-Castell com o espanhol Fernando Blanco (Thunderbolts) e Sean Phillips. Uma festa só.

A mini começa a ser publicada aqui neste mês, na revista Marvel MAX. Anota aí - Zumbis Marvel: Uma Noite Alucinante é imperdível.



MARVEL ZOMBIES: DEAD DAYS


Ah, Dead Days... este aqui é O Encouraçado Potemkin dos Marvel Zombies. Nem Atomika invocou conceitos tão marxistas quanto o sectarismo dente-a-dente aqui presente. É uma classe literalmente devorando a outra em busca do status-quo. Dead Days é one-shot e funciona com um semi-prequel: a intenção é documentar, direto das trincheiras, os últimos esforços dos heróis remanescentes, comandados por Nick Fury num porta-aviões aéreo com um plano pra lá de suicida. E também mostra como os principais personagens da Marvel se saem no "Dia D(ead)". É curioso como cada um assimila a inevitabilidade do evento, tão acostumados que estão a sempre encontrar uma saída pela esquerda.

Ao contrário do Cap,
o Cel não morre tão fácil
Alguns reagem de maneira surpreendente ao ver a casa caindo - o que pode até ser creditado, em parte, às particularidades daquela realidade alternativa - mas sem jamais corromper o perfil psicológico de suas versões do universo tradicional. O Coronel América é, rigorosamente, o Capitão com divisas a mais. Os X-Men, Tony Stark, Nick Fury e o Aranha também continuam os mesmos - este último rendeu a já antológica seqüência de abertura, com participações especialíssimas e mal-passadas de Mary Jane e Tia May.

Thor está mais impulsivo e guerreiro; Hank Pym se transformou naquele líder canalha e cruel que surpreendeu todo mundo em Marvel Zombies (o pobre T'Challa soube disso em 1ª mão); Já o Quarteto está praticamente intacto. Praticamente.

Depois de Pym, Reed Richards foi quem sofreu a maior mudança de caráter. É ele quem dá o golpe final nos esforços dos heróis e nas esperanças da humanidade (e, por conseqüência, do Cosmo). E sem estar infectado! O que aconteceu com Reed também pode ser encarado como uma forma de loucura pós-traumática, Hal Jordan's style, embora isto não esteja exatamente inserido nas entrelinhas. É só uma opinião minha... :)


Especial do dia: sushi de Jarvis

O roteiro reserva um momento-surpresa logo nas primeiras páginas: o verdadeiro responsável pela disseminação da epidemia naquele mundo (e com qual torpe objetivo). Nesse ponto, um detalhe me chamou atenção. O portador inicial da praga zumbi é de origem interdimensional, o que sugere a existência de outro universo alternativo com super-heróis zumbificados - e provavelmente já devastado, desmembrado, mastigado e digerido.

Robert Kirkman & Sean Phillips mais uma vez comandam a diversão com requintes de crueldade encharcada de humor negro - ainda que desta vez tenha sido mais pra um daqueles lanchinhos no meio da noite no modo stealth. Acaba muito rápido. Quando menos percebi, já estava lambendo os dedos e procurando por mais. Tal qual um Zombie.

O entrevero é concluído de forma mais intigante ainda. Tá lá o "The beginning" no finalzinho que não me deixa mentir.



BLACK PANTHER #27-30


Este arco da revista solo do Pantera Negra é uma espécie de prólogo para a seqüência de Marvel Zombies. No final da mini, vimos nossos putrefactos heróis rangarem ninguém menos que o devorador de mundos Galactus e, detendo o Poder Cósmico, partindo para os confins da galáxia em busca de mais paramédic... eh, suprimentos. Pela primeira vez é revelado o que aconteceu com os infames Marvel Zombies Galacti. Até que enfim! Antes mesmo de uma continuação, a Marvel explorou ao máximo as possibilidades da "franquia"... mortos-muito-vivos com uma insaciável fome de US$, e até R$! Felizmente, para uma entressafra, o saldo foi positivo e aqui não foi diferente, reservadas as características de uma típica participação especial, claro.

O Pantera, sua esposa Tempestade, o Coisa e o Tocha Humana formam o Quarteto Fantástico provisório e estão às voltas com um artefato místico (um "Sapo Dourado do Rei Salomão"!). Ao tentar repelir um insetão da Zona Negativa que invadiu o Edifício Baxter, eles acidentalmente vão parar no universo dos Zombies. Mais especificamente, num planeta Skrull que está na iminência de ser abocanhado pelas esfomeadas criaturas.

De um lado, estão o Quarteto e os militares Skrull, petrificados com o que vêem. Do outro, os Marvel Zombies, agora super-hiper-poderosos e contando com... Luke Cage!


Por incrível que pareça, é do ex-herói de aluguel os maiores rompantes de raciocínio lógico aqui, o que rapidamente lhe confere o status de líder temporário da matilha. Ao ver os integrantes do novo Quarteto ainda vivos (literalmente), sem pestanejar, Cage usa a coerência e deduz que eles vieram de outra realidade e que têm acesso a algum dispositivo de transporte interdimensional. Exatamente do que os Zombies precisam, já fartos de contra-filé alienígena.

Essa linha de diálogos do Cage smart-ass é impagável. E uma clara auto-crítica do roteiro de Reginald Hudlin, visto que a "saga" envolvendo o tal Sapão Dourado tem a regularidade de um Bill & Ted - e furos confessos idem.

Mas é a matança que importa! E os Zombies promovem uma skrullficina generalizada, com montanhas de restos mortais verdes decorando a metrópole alien, Super-Skrulls infectados, juntamente com o besourão da Zona Negativa, já sem uma das placas toráxicas e com as tripas dependuradas... bluoouurg, é de embrulhar o estômago. E as cenas com os zumbis se refestelando na população civil Skrull são tão doentias (pero hilárias) que até fiquei com pena dos coitados.

Mas uma coisa eu tenho de admitir... não sei se foi a arte eficiente de Francis Portela, mas a carne Skrull parecia mesmo saborosa. Uma iguaria! E segundo Stark@Zombie, fica ainda mais gostosa grelhadinha no raio cósmico.


O cross do Pantera com os Zombies está sendo publicado aqui na revista Marvel Action. Um breve petisco antes do banquete principal...



MARVEL ZOMBIES 2


Complicado comentar Marvel Zombies 2 sem revelar algum spoiler classe 100 (e até alguns de classe "desconhecida"!). Tão arriscado quanto atravessar um cemitério em meio a um levante zumbi. Isto porque nesta mini começa um novo estágio da saga e a partir daqui as coisas mudam bastante - até mesmo a insana fome dos Zombies. Robert Kirkman retorna ao front renovando os objetivos de cada casta ("casta" mesmo... já que ninguém aqui toma partido individualista, me convencendo mais ainda que Marvel Zombies é panfleto marxista deslavado, ainda que involuntário - se é que isto é possível) e a maneira como estas interagem/batem de frente.

Em outros termos, Marvel Zombies 2 traz mais roteiro numa só página do que em tudo o que foi lançado até agora. Literalmente, cada naco de carne arrancado aqui tem um fundo de causa.

A história começa 40 anos após os Marvel Zombies deixarem o planeta. Durante sua jornada até onde o Universo faz a curva, eles acrescentaram novos integrantes à horda desmorta: Thanos, o titã, a mutante Fênix, o Gladiador da Guarda Imperial de Shi'ar, e o Senhor do Fogo, ex-arauto de Galactus, agora sem mandíbula. Aparentemente, eles consumiram toda a fauna extra-terrestre. Enlouquecidos pela Fome, os Zombies resolvem retornar à Terra para reconstruir o portal interdimensional que Magneto destruiu e assim continuar a farra em outro universo.

Na longa estrada de volta pra casa, uma paradinha pro lanche... Big X-Planet triplo com fritas - cá pra nós, nunca fui com os córneos deste aí e sempre achei que merecia um fim apropriado com esse!


Na Terra, os sobreviventes do holocausto canibal ainda tentam modestamente reestabelecer o modelo de civilização em Nova Wakanda, cidade construída ao redor do Asteróide M, agora em terra firme. Numa estrutura semi-tribal, humanos e mutantes estão entrando na 2ª geração pós-apocalipse. O velho Pantera Negra é o governante. Ao lado dos ex-Alcólitos originais (sua esposa Lisa Hendricks, Forge e Reynolds) e da Vespa (ou da cabeça dela), ele tem de lidar com a oposição radical do filho de Fabian Cortez, Malcolm. Suas idéias de supremacia genética arrebanham cada vez mais seguidores e culminam numa desastrosa tentativa de assassinato. Desastrosa mesmo, com um clímax de arrepiar.

Enquanto isso, os Marvel Zombies, violentamente famintos, estão a caminho. E o Aranha é o primeiro a perceber uma nuance da Fome até então despercebida pelo bando.

Desta vez, Kirkman não teve tanta moleza. Marvel Zombies e Dead Days eram deliciosamente desregrados. Ele tinha um mundo um Universo inteiro à disposição pra ser chacinado à revelia, com carta branca para atropelar sem dó o apelo PG-13 das preciosas marcas em jogo. Garth Ennis, que trucida super-heróis no café da manhã, deve ter se mordido de inveja. Achei a mini consideravelmente melhor que a primeira, mas imagino que o tom adotado aqui, bem menos gratuito, irá desagradar muitos - como desagradou em fóruns estrangeiros.

A narrativa está mais complexa, com subtramas que, num primeiro momento, se desenvolvem à parte da praga zumbi - mas se utilizando sabiamente do espectro de sua existência. Guerra Fria por definição. Também há várias cenas envolvendo "objetos de estudo Zombie", cheias de laboratórios e análises (fãs de Day of the Dead vão delirar), principalmente após a descoberta da cabeça balbuciante do Gavião Arqueiro em meio às ruínas, 40 anos depois (!).

Sean Phillips, com seu traço inconfundível (o bom inconfundível), chega a surpreender nas paisagens urbanas tomadas pela vegetação, lembrando os belos cenários do recente Eu Sou A Lenda. Nota-se também um carinho especial do artista em relação à carismática Vespa, conferindo-lhe uma postura sempre cool e um corpinho cibernético de inusitado sex-appeal...

Que foi...? Vai dizer que não acha essa cabeça feminina incrivelmente sexy? E essas curvas metalizadas instigantes e sensuais?


Adorável.

Bom, não sou necrófilo (assim creio), mas não é a primeira vez que acho uma morta-viva atraente. E também não estou sozinho na questão das andróides e fembots como profissionais da cama. Tudo bem que, no caso, são as duas coisas juntas, o que aumenta a bizarrice, mas garanto que isso também pode render momentos autênticos de puro e inocente romantismo.

Fora que é sempre bom ter uma dessas ao seu lado durante um apocalipse zumbi!


Anunciada para outubro, Marvel Zombies 3 será uma mini em quatro partes, fechando assim uma trilogia, até aqui, bastante rentável para a Casa das Idéias. Lado ruim: sai a dupla Kirkman/Phillips. O roteiro agora é por conta de Fred Van Lente (Incredible Hercules) e os desenhos serão de Kev Walker (Annihilation: Nova). Será o primeiro encontro dos anárquicos Marvel Zombies com os super-heróis do Universo 616, o "oficial".

Há certas peculiaridades quanto à cronologia: a história começa antes de Secret Invasion. No Zombieverso, onde será a maior parte da trama, os eventos ocorrerão cinco anos após os monstros deixarem o planeta, pouco antes do Pantera Negra e os Alcólitos arriscarem seu primeiro reconhecimento terrestre. Os heróis 616 envolvidos serão do 2º escalão, possivelmente integrantes de alguma das dezenas de equipes da Iniciativa. O Homem-Coisa e os elementos místicos que o cercam terão um papel importante no enredo.

Recentemente, foi divulgada a arte-final da capa de estréia, ilustrada por Greg Land.


Homem-Máquina e Jocasta? Essa não. Clique pra aumentar

Em entrevista ao CBR, Van Lente se mostrou bastante empolgado com o resultado, mas a tônica das perguntas foi um tanto condescendente. O que não aconteceu na conversa com o Newsarama, bastante franca e com uma entrevistadora cheia do veneno (Vaneta Rogers). O papo é bem divertido e spoilerento, com o roteirista soltando algumas revelações promissoras e outras meio decepcionantes. É a vida. Ou a morte, sei lá.

Em janeiro último, um boato interessante foi abordado pelo Shock Till You Drop: uma animação direct-to-DVD dos Marvel Zombies chegou a ser discutida na Casa das Idéias. Como pouco se comentou sobre isso desde então, é provável que o projeto tenha sido engavetado. De fato, seria uma incursão com novos parâmetros mercadológicos a serem estudados, especialmente num terreno ainda mal-explorado pela Marvel.

Mas é sempre bom lembrar não foram previsões de retorno modesto que fizeram Mike Mignola desistir de pequenos e ótimos projetos - ao contrário das (des)animações dos Supremos, que seguiram a cartilha do PG-13 e mesmo assim tiveram um desempenho medíocre. Seria um bom momento para repensar a estratégia.

Pra finalizar, uma oportuna reprise de um hit que ilustra bem o quanto isso poderia render.


Marvel Zombies Assembled!


Na trilha: o primeirão do Danzig. Rock and roll de boa safra!