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domingo, 23 de novembro de 2008

Arrumadeira


Arrumadeira

No armário
de rasgado calendário
retiro, da hora
de antigo relógio
o ódio
de um episódio.

Do cabide,
pendido,
um pensamento
perdido.

Do fundo do sapato,
o calo de um ato.

Da bolsa, o labirinto
do que sinto.

Do bolso do paletó,
o pó
do humano.

Do pano
franzido do ludíbrio,
o estóico equilíbrio.

Esqueço,
na gaveta vazia,
o dia
em que morri.
(de alegria).

Yeda Prates Bernis