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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Viagem ao Egito – Parte IV: Templos de Luxor e Assuã

Luxor é uma cidade pequena, embora seja uma das principais do Egito. Seu maior patrimônio são os os templos de Luxor e de Karnak, ambos muito bem conservados. Nessa região também encontram-se os templos de Hatschepsut e os Vales dos Reis e das Rainhas.

O Nilo separa Luxor em duas partes: a margem oriental, antes dedicada aos vivos, onde encontramos os vestígios dos mais importantes templos consagrados aos deuses da mitologia egípcia, e a margem ocidental, a Tebas Oeste, dedicada aos mortos, onde se localizam algumas das mais importantes necrópoles do antigo Egito.

Templo de Hatshepsut

A primeira visita que fizemos ao chegar a Luxor foi ao Templo de Hatshepsut. A construção é incrustada nas rochas e parece ficar no meio do nada, tem três andares e terraços repletos de colunas. A arquitetura difere da comumente vista em monumentos faraônicos e aproxima-se mais do estilo neoclássico europeu.

Pela história de sua faraó (a única do Egito) já vale a pena uma visita. A história da Rainha Hatshepsut é bem curiosa. Indo contra tudo e todos ela conseguiu subir ao poder e se consolidar como faraó absoluta. Além disso, seu reinado, de cerca de vinte e dois anos, corresponde a uma era de prosperidade econômica e relativo clima de paz.

Filha de Tutmosis I e da rainha Ahmose, como era comum nas famílias reais do Egito Antigo, Hatshepsut casou-se com seu meio-irmão, Tutmosis II, que tinha um filho de outra mulher. Quando Tutmosis II morreu, em 1479 a.C., seu filho, Tutmosis III, foi nomeado para o trono. Mas Hatshepsut tornou-se regente porque o herdeiro era criança.

Hatshepsut morreu em 1458 a.C., quando Tutmosis III liderou uma revolta para reaver seu trono faraônico. Por esta razão as pinturas da rainha faraó foram danificadas.

O templo é dividido em duas rampas: a primeira leva ao terraço mais alto, que é um pátio decorado com estatuetas de Osíris, que pertenceram a rainha. Muitas dessas estatuetas foram destruídas por Tutmosis III.

Infelizmente foi também neste templo que aconteceu o macabro massacre de Luxor em 1997. Eu não quis colocar essa história aqui porque acho pesada demais. Lembro que, na época, já tinha o sonho de conhecer o Egito algum dia, mas fiquei tão chocada com a brutalidade e crueldade do ataque terrorista, que nunca consegui esquecer esse episódio. Entretanto, antes de viajar, lá fui eu, curiosa como sempre, pesquisar como e porque tudo aconteceu e encontrei essa matéria antiga da revista Veja.

Aqui estou posando em frente ao templo de Hatshepsut, onde notam-se as estátuas de Osíris decorando o pátio do andar superior.

E na foto acima, fazendo uma outra pose nada criativa em frente a uma dessas estátuas.

No andar superior do templo, fotografei essa estátua da deusa Hator, que é uma das mais veneradas do Egito Antigo, sendo a deusa das mulheres, dos céus, do amor, da alegria, do vinho, da dança, da fertilidade e da necrópole de Tebas, pois sai da falésia para acolher os mortos e velar os túmulos. Achei curiosas as formas através das quais a deusa é representada, como por exemplo:

  • como uma mulher com chifres na cabeça portando o disco solar;
  • como uma mulher com orelhas de vaca;
  • como uma mulher com cabeça de vaca portando o disco solar;
  • como uma vaca, com disco solar e duas plumas entre os chifres.

Às vezes é retratada por um rosto de mulher visto de frente e provido de orelhas de vaca, a cabeleira separada em duas abas com as extremidades enroladas.

Muitos templos egípcios impressionam pela conservação das cores das pinturas. O clima seco do deserto é um dos grandes responsáveis por possibilitar essa incrível preservação.

Reparem na pintura que parece representar um céu estrelado no teto da construção!

Templo de Luxor

O templo de Luxor merece ser visitado à noite. A iluminação especial faz com que a visita se torne ainda mais mágica e mística. O templo possuía originalmente dois obeliscos em sua entrada. O segundo deles está na Place de La Concorde, em Paris.

Este complexo tem marcas registradas de vários faraós chegando até a época de Alexandre o grande. Por volta do século II, o templo foi ocupado pelos romanos, mas foi sendo abandonado gradualmente.

Enormes estátuas guardam a entrada do templo.

O templo de Luxor foi coberto pelas areias do deserto, até que em 1881 o arqueólogo Gaston Maspero o redescobriu e percebeu que se encontrava muito bem conservado. Para iniciar a escavação, a vila que tinha crescido perto do templo teve de ser retirada, apenas permanecendo uma mesquita, construída pelos árabes no século XIII.

Esse é o único monumento do mundo que contém em si mesmo referências das épocas faraônica, greco-romana, copta e islâmica, com nichos e frescos coptas e até a Mesquita Abu al-Haggag (Foto acima).

Reparem como as colunas acima estão bem preservadas!

Foto noturna meio tremida onde dá pra ter uma ideia da extensão do templo e da altura das colunas.

Detalhe impressionante de imagem esculpida em alto-relevo.

Na entrada do templo há um caminho margeado por esfinges que ficam iluminadas à noite formando um lindo conjunto.


Este caminho de mais ou menos 3 km de extensão ligava o templo de Luxor ao Templo de karnak, mas hoje só existem alguns trechos.

Templo de Karnak

No dia seguinte, bem cedo pela manhã, conhecemos o Templo de Karnak, maior dos templos do antigo Egito cujos vestígios chegaram até nós. Foi dedicado à tríade divina de Amon, Mut e Khonshu e foi sucessivamente aumentado pelos diversos faraós, tendo levado mais de mil anos para ser construído. Constitui uma mescla de vários templos fundidos num só.

O obelisco da Rainha Hatshespsut tem 32 metros!!! Confesso que os pés ali do lado direito me lembraram a série LOST, da qual sou fã… será que a inspiração veio daqui? Estou pensando nas ruínas que aparecem em uma das ilhas fictícias, mas aquelas tem pés com quatro dedos, o que não é o caso...

O seu grande destaque é a Grande Sala Hipostila, cujo teto era suportado por 134 enormes colunas, ainda atualmente existentes, e consideradas como sendo as maiores do mundo. Observem essas grandes pilastras cheias de relevos super trabalhados. Impressionante, não?

Mas eu acho ainda mais impressionante quando você humaniza a fotografia inserindo uma pessoa (no caso, eu) para ter a real dimensão da imensidão dessas estruturas. Tudo no templo é superlativo: seriam necessárias seis pessoas com os braços esticados para poder abraçar uma dessas colunas.

Ficamos surpresos ao descobrir que esfinges também podem ter corpo de leão, cabeça de carneiro e barba representando a figura de um faraó.

Fui pesquisar a origem dessa forma e descobri o seguinte: Amon era o grande deus de Tebas, de origem incerta. Seu nome significa O Oculto. Originariamente talvez tenha sido uma divindade do ar e do vento, mas posteriormente adquiriu fisionomia própria. Era representado como um homem barbado, usando na cabeça uma touca encimada por duas longas plumas, às vezes com o membro sexual ereto, o que sublinhava suas faculdades generativas, empunhando na mão direita erguida um cetro em forma de látego. Seus animais sagrados eram o carneiro de chifres curvos e o ganso. Seu santuário principal ficava em Tebas, no Alto Egito, e até hoje podemos admirar as esfinges da avenida das procissões do templo de Amon em Karnak, com seus corpos de leão e cabeças de carneiro. Entre as patas as esfinges têm uma estátua da divindade ou do faraó, protegendo-os de influências maléficas.

Entre uma visita e outra, voltávamos ao barco para navegar pelo rio Nilo (de Luxor à Assuã) e admirar suas belas paisagens, além de descansar um pouco na cabine que mais parecia um quarto de hotel, nos refrescarmos com algumas garrafinhas de Stella geladas e admirar a piscina com hidromassagem. Infelizmente, não cogitei a possibilidade de levar roupa de banho e tive que me contentar em ficar de fora dela…

Lembram do primeiro post da saga “Viagem ao Egito”, quando comentei sobre a insistência exaustiva dos vendedores locais? Pois é, nessa foto dá pra entender bem até que ponto os caras são persistentes. Em um determinado lugar, alguns vendedores chegaram bem próximos ao barco onde estávamos e de dentro de seus pequenos barquinhos, jogavam túnicas, pashminas, sandálias, colares e amuletos embalados em sacos plásticos que caíam aos nossos pés! Eles ficavam negociando os preços das peças lá de baixo e, caso o turista optasse pela compra, este deveria usar o saco plástico para colocar o valor acordado em dinheiro e jogá-lo em direção ao vendedor.


Templo de Edfu

Um dos mais belos e mais bem conservados templos do Egito Antigo é o Templo de Hórus, em Edfu, situado a certa distância da parte sul de Luxor e do Vale dos Reis, construído por Ptolomeu III e Ptolomeu IV, por volta de 100 a.C. Acredita-se que um templo da Terceira Dinastia existisse originariamente no local. O templo de Edfu tem um hipostilo e um santuário, além de numerosas figuras, inscrições e hieróglifos gravados em relevo. Nas paredes estão representadas as lutas do deus Hórus com seus inimigos, caracterizados de crocodilos e hipopótamos.

Como o templo de Edfu é dedicado a Hórus, há em ambos os lados da entrada do templo, bem como no pátio, grandes estátuas, magnificamente esculpidas em granito, do falcão usando a dupla coroa. Eu gostaria de ter tirado uma foto mais próxima à estátua, mas o aglomerado de turistas era tão grande, que precisei me contentar em ficar distante.

O falcão foi provavelmente a primeira criatura viva a ser adorada no vale do Nilo. O vôo altaneiro do falcão, que parecia ser companheiro do sol, levou os imaginosos egípcios a crer que o sol seria como que um falcão que descrevesse um luminoso vôo diário pelos céus. Como falcão, Hórus era um deus. Durante toda a sua história, os egípcios antigos acreditaram que os deuses se manifestavam em animais.

A foto acima foi tirada em uma espécie de pátio interno do templo e eu fiquei impressionada com a quantidade de inscrições nas paredes e muros… parece não haver nenhum centímetro livre de informações.

O que também me impressionou bastante foram os altos e baixos-relevos minunciosamente esculpidos na colunas e paredes do templo de Edfu, bem como de vários outros que visitamos. A chave da vida eterna ou Ankh é presença constante em toda parte. Também conhecida como cruz ansata, era na escrita hieroglífica egípcia o símbolo da vida. É também conhecida como símbolo da vida eterna e os egípcios a usavam para indicar a vida após a morte. A forma do ankh assemelha-se a uma cruz, com a haste superior vertical substituída por uma alça ovalada. Em algumas representações primitivas, possui as suas extremidades superiores e inferiores bipartidas.

E o que será que representa essa figura que se assemelha a um vaso de cerâmica perneta derramando um filete de água? Alguns hieróglifos me deixaram particularmente intrigada…


Templo de Kom Ombo

Kom Ombo é uma cidade do Egito, localizada na margem direita (oriental) do rio Nilo, a cerca de 160 km ao sul de Luxor e 40 km ao norte de Assuã. Ela tem aproximadamente 60 mil habitantes, muitos dos quais são núbios provenientes das regiões inundadas pelo lago Nasser, que foi formado após a construção da represa de Assuã.

O Templo de Kom Ombo foi construído há mais de dois mil anos, no Egito, durante a dinastia ptolemaica, na cidade de Kom Ombo. É o único templo duplo egípcio, assim chamado por ser dedicado a duas divindades: um lado do templo é dedicado ao deus crocodilo Sobek, deus da fertilidade e criador do mundo; o outro lado é dedicado ao deus falcão Horus. A construção do templo começou no início do reinado de Ptolomeu IV (180-145 aC) e prolongou-se por vários reinados subseqüentes. Ptolomeu XIII (180-145 BC) construiu as salas hipóstilas interna e externa. Em uma area lateral do templo foi construído um nilômetro. Ao longo dos anos, o templo sofreu a ação das inundações do rio Nilo, de terremotos e da retirada de pedras e objetos arquitetônicos promovida por outros construtores para a execução de novos projetos.

Fomos visitar o templo no final da tarde e eu adorei essa luz amarelada que consegui captar com minha máquina. Foi muito legal poder assistir ao pôr do sol ainda durante a visita ao templo e, posteriormente, ao bonito espetáculo produzido pela iluminação noturna. Na foto acima, tentei dar um “close” em um detalhe do portal de entrada que manteve boa parte das cores intactas.

No Egito, os nilômetros eram poços de grande largura, providos de uma escada que descia até o nível do lençol freático para permitir a mensuração das flutuações do nível da água do rio Nilo. Cada templo tinha um deles, destinado a determinar a intensidade da inundação anual e, em conseqüência, o valor dos impostos devidos naquele ano. Os nilômetros podem ser vistos ainda hoje ao longo do Nilo. Os mais famosos encontram-se em Assuã, na ilha Elefantina, o no Cairo.

Não sei porque algumas ilustrações (ou melhor, hieróglifos) me chamaram mais a atenção do que outros. No caso da foto acima, eu adorei essas minhocas estilizadas com anteninhas, rastejando juntas.

Quando vi o detalhe dessa espécie de vestido estampado com pequenas flores, pensei logo no meu amigo Wagner, o designer de padronagens cujo nome sempre menciono aqui. Em todos os templos em que estive, não lembro de ter visto nada parecido. Os vestidos normalmente eram lisos e as mulheres e deusas usavam somente acessórios.

A iluminação noturna valoriza muito a fachada do templo.

Uma coisa que eu adorava era ouvir o chamado para a oração em forma de cântico, proveniente de alguma mesquita próxima. O som parecia criar uma atmosfera ainda mais mágica ecoando por entre as pilastras do templo.


Templo de Philae

Por sua localização muito próxima à fronteira da Núbia, a ilha de Philae teve importância militar para os egípcios desde a antiguidade. Com o advento da construção da represa de Assuã, a Ilha de Philae foi submersa, mas com ajuda internacional o templo foi desmontado e remontado pedra por pedra na ilha de Agilkia, a poucos metros de sua localização original.

Chegamos ao templo de barco e eu fiquei encantada com as formações rochosas com as quais cruzamos pelo caminho.

O templo, que era dedicado a deusa Ísis, está localizado num belo cenário com características idênticas ao do anterior. Suas várias capelas e santuários, incluem o Vestíbulo de Nectanebos I que é usado como entrada da ilha, o Templo do Imperador Adriano, o Templo de Hathor, o Quiosque de Trajano (Cama do Faraó), e dois pilonos (pórtico de antigo templo egípcio com forma de duas pirâmides truncadas) que celebram todas as deidades envolvidas no mito de Ísis e Osíris.

A antigüidade da ilha data da 26.ª Dinastia ao período do Império Romano, cuja influência deixou a sua marca em muitas das construções. O culto da deusa Ísis era muito popular nessa época, por isso a ilha era dedicada a ela, que atrai anualmente milhares de visitantes. As construções de santuários em Philae continuaram por mais oitocentos anos, e era o último remanescente da antiga religião egípcia que chegou até o século VI. Os templos e santuários foram definitivamente fechados por Justiniano em 550 d. C., pondo fim a 4.000 anos de adoração de deuses pagãos.

O templo de Ísis tem uma composição balanceada de arcos e colunas que evidenciam a influência greco-romana.

Em muitos templos encontramos figuras “picotadas” como essa na foto acima. Esse ato de vandalismo religioso foi obra de povos cristãos que pretendiam destruir, ou pelo menos, desfigurar as imagens de deuses.

Vocês lembram quando os Talibãs explodiram as estátuas milenares de Buda? Na época eu li que arqueólogos e estudiosos de civilizações antigas choraram compulsivamente ao verem aquelas cenas exibidas na televisão. Tenho que confessar que também fiquei com um nó na garganta e nunca vou entender algumas atitudes bárbaras e destrutivas feitas em nome de Deus ao longo dos tempos. Enfim, acho que esses exemplos ficam aí para não serem repetidos e para que aprendamos a ser mais tolerantes em relação a outras culturas e crenças.

Acho que viajar faz com que repensemos nossas verdades, valores e ideias pré-concebidas. Sinto que sempre volto pra casa com uma bagagem cultural maior, trazendo um pouco mais de entendimento sobre como e porquê as pessoas pensam e agem de maneiras diferentes dependendo do local onde nasceram e viveram.

Bom, a saga do Egito termina por aqui! Espero que tenham gostado dos meus relatos e aproveito a oportunidade para desejar uma boa viagem à Lulu do blog Pimenta no teu… é refresco e à Cynthia Kopp, amiga da Carol Peixoto, do blog http://peixotodossantos.blogspot.com/, que estão de viagem marcada ao Egito.

Um beijão e um final de semana maravilhoso pra todos!!!!

Fontes:

http://deiatatu.wordpress.com/2008/09/30/luxor-atracoes-parte-um/
http://deiatatu.wordpress.com/2008/11/16/luxor-atracoes-parte-dois/#respond
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hatchepsut
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hathor
http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_Luxor
http://viagem.hsw.uol.com.br/templo-de-karnak.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nil%C3%B4metro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_Kom_Ombo
http://www.eujafui.com.br/359792-assua/16856-templo-de-philae/
http://www.starnews2001.com.br/egypt/temples.html

Bonfa ass

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Viagem ao Egito – Parte III: Tem um crocodilo na minha cabeça!

É isso mesmo, gente! Vocês acreditam que eu encarei o desafio de ter um filhote de crocodilo em cima da minha cabeça durante quase um minuto? Essa cena aconteceu na aldeia núbia que visitamos perto de Assuã, a cidade mais meridional do Egito.

O povo núbio é muito antigo, eles possuem a pele bem escura e habitavam originalmente o sul do Egito. Historicamente foram a primeira civilização negra da África. Hoje esse povo vive em uma região chamada Kom-Ombo, onde tivemos a oportunidade de conhecer um povoado simpático com casinhas bem coloridas. Segundo nosso guia, os núbios vivem de modo muito simples, usando o dinheiro que ganham vendendo artesanato típico para comprar comida e outras necessidades básicas. Eles não ligam pra riqueza nem luxo e, abdicando de alguns bens materiais, conseguem manter sua cultura e tradições mais ou menos intactas.

Para chegar até a aldeia núbia, cruzamos o Nilo embarcados numa felucca, tradicional barco à vela, passando por um bonito jardim botânico e pela Ilha Elefantina no caminho.

Encontramos várias fellucas que transportavam turistas.

Do barco, avistamos várias ilhas, dunas de areia e ficamos encantados com a vegetação típica do entorno do Nilo. É um passeio bem gostoso e relaxante.

Dunas, vegetação típica e o Rio Nilo.

À medida em que fomos nos aproximando do nosso destino, começamos a avistar outros barcos cheios de visitantes e muitos camelos enfileirados na areia quente esperando para serem guiados por turistas vindos de diversas partes do mundo.

Camelos e mais camelos nos aguardando…

Camelos de todos os tamanhos, idades e alturas aguardavam os turistas sentados na areia de forma tumultuada. O pessoal foi escolhendo seus camelos e estes iam se levantando de uma maneira brusca e desorganizada. Num dado momento achei que seria pisoteada por uns dois ou três, mas tudo correu bem até que…

…começamos o passeio em si e descobri que meu camelo era enooooorme, bem mais alto que o do Marcelo. Como eu meço apenas 1,60 m, desapareci em cima do bichão. Já fiquei tensa na hora do camelo levantar, quando fui instruída a jogar o corpo pra trás para manter o equilíbrio.

Mas na hora em que o guia começou a tirar fotos, endireitei a coluna, encolhi a barriga, respirei fundo e fiz pose de “rainha dos camelos”, tranquila e confiante. Até parece, eu estava super tensa!!!!

Apesar de já ter passeado de camelo na Tunísia por uma parte do Saara em Douz, o terreno era plano e extenso e fiquei tranquila na maior parte do trajeto. Dessa vez, estávamos caminhando no topo de uma duna bem íngreme e lá embaixo dava pra ver na margem do Nilo alguns pedregulhos bem salientes que pareciam me encarar de um jeito ameaçador.

Tirei a foto da minha bota apontando pro penhasco momentos antes de um camelo desgovernado comandado por um menino exibido vir correndo na minha direção a toda velocidade! Eu sinceramente achei que um acidente grave estava prestes a acontecer. O camelo se aproximava muito rápido e achei que o choque era iminente. Meu guia até pulou pra cima da duna do lado direito com medo de ser pisoteado. Felizmente, o instinto dos animais fez com que eles desviassem alguns centímetros para evitar a colisão, mas, mesmo assim, minha perna direita foi atingida e fiquei com um grande hematoma no pé inteiro por uma semana. O pior foi o susto e eu ter virado o assunto do dia. Nosso grupo ficou preocupado e também teve a impressão de que eu despencaria duna abaixo, batendo nas pedras do rio. Foi por pouco… Depois desse episódio, eu só conseguia pensar no medo que eu tenho de avião, considerado um dos transportes mais seguros do mundo. Camelo é muito mais perigoso!!!!

Assim que chegamos à uma casa na aldeia, fomos recepcionados com um chá de hibiscus (Karkady) bem gostoso e docinho, servido pelos próprios moradores.

Mais tarde, fomos convidados a fazer uma tatuagem de henna (incluída no pacote da excursão) e eu fui logo a primeira a escolher o desenho.

Escolhi o Olho de Hórus ou “Udyat”, um símbolo proveniente do Egito Antigo que significa proteção e poder, relacionado à divindade Hórus. Era um dos mais poderosos e mais usados amuletos no Egito em todas as épocas.

Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o direito, o Sol. Durante a luta, o deus Seth arrancou o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por este amuleto, que não lhe dava visão total, colocando então também uma serpente sobre sua cabeça. Depois da sua recuperação, Horus pôde organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Seth. Era a união do olho humano com a vista do falcão, animal associado ao deus Hórus. Era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e, após a morte, contra o infortúnio do Além.

Fonte: Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Olho_de_H%C3%B3rus)

Hoje em dia, o Olho de Hórus adquiriu também outro significado e é usado para evitar o mal e espantar mau-olhado, mas continua com a idéia de trazer proteção, vigor e saúde. Que bom, mas foi uma pena a tatuagem ter durado só uma semana! Esperei meia hora para que a tinta secasse e depois retirei o excesso com água e sabão.

Eis que a parte mais emocionante do dia (tirando o incidente do camelo) surgiu na forma de um bebê crocodilo que passou nas mãos e cabeças de vários turistas. Eu estava tão aliviada de não ter caído no penhasco, que fui a primeira a arriscar segurar o bichinho.

Pelas fotos, parece que o crocodilo está imóvel, né? Ele até ficou assim por alguns segundos, mas eu acho que apertei tanto a garganta do animal que ele deu a impressão de que ia engasgar e começou a sacudir a cabeça. Coitado!!!! Foi aí que o devolvi correndo ao dono!

Voltando do passeio, passamos pelo Old Cataract, hotel onde Agatha Christie se hospedou para escrever seu famoso romance Morte no Nilo. O hotel foi usado como cenário tanto do livro quanto do filme. Sua localização é privilegiada por estar debruçado no Nilo e ficar em frente à Ilha Elefantina com a vista emoldurada pelas dunas da outra margem.

O Marcelo subiu no “teto” da nossa felucca para tirar essa foto do Nilo lotado de outros barcos à vela.

Um pouco depois de passar por esse ponto, a tripulação da felluca começou a tocar uma espécie de pandeiro e a cantarolar músicas típicas, batendo palmas e nos incentivando a fazer o mesmo. Depois da primeira música, todos os passageiros estavam dançando e cantando animadamente junto com o pessoal local e esse foi o final perfeito para um dia bem agitado.

Semana que vem vou escrever sobre os lindos templos faraônicos que conhecemos em Assuã e Luxor e essa será a quarta e última parte da saga “Viagem ao Egito”. Temos um encontro marcado, hein?

Beijos e um ótimo final de semana!!!!

Bonfa ass

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