quarta-feira, outubro 23, 2013

Ndapandula mama Africa


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A Dulce traz aí uma nova cria. Desta vez para crianças. É um livro com um título ternurento como ela, Ndapandula Mama Africa, e conta-se em duas linhas. Uma história de três garotinhos que brincam, conversam e usam um ramalhete de termos oriundos de Angola. A história conta-se rapidamente, mas criá-la levou muito mais tempo. Porque a Dulce não faz nada ao acaso, para além de que em cada linha do texto deixa uma indelével marca de si própria, de resto como no seu anterior Sabor de Maboque.


Para além disso, o livro tem um inegável valor pedagógico e lindas gravuras, ainda que mais dirigido às crianças brasileiras, como é natural. Mas as crianças portuguesas não perdem nada se souberem a origem de palavras como moleque, sanzala, samba, tanga e tantas outras que fazem parte do nosso linguajar. Pelo menos antes de começarem a ser sujeitas ao «eduquês» do nosso descontentamento.

O Ndapandula Mama Africa vai ser um sucesso. E a Dulce lá estará, na Barata, como, de resto, já se vai tornando um hábito.

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terça-feira, fevereiro 15, 2011

Sabor de Maboque - Agora em Portugal


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A Dulce escreveu o Sabor de Maboque que tem sido um assinalável êxito no Brasil, encontrando-se já em 3ª edição, ao fim de dez meses de ter surgido nos escaparates das livrarias brasileiras e atingido um lugar entre os dez primeiros títulos mais vendidos em várias localidades. Além de ter proporcionado à autora várias entrevistas a jornais e televisões, palestras em diversas instituições e a presença num dos programas de maior audiência no Brasil.

Trata-se da narrativa de um desfile de acontecimentos aos olhos de uma adolescente, à altura do processo de descolonização de Angola e imperativa fuga de milhares de portugueses que se seguiram ao 25 de Abril em Angola, que não só penetraram fundo na sensibilidade de uma quase criança como condicionaram o seu futuro e o moldaram à medida de um destino que fez dela a mulher que ela é hoje. É uma narrativa vívida, através de uma prosa com uma simplicidade desarmante, quase em forma de conversa carinhosa com os leitores e com uma visão desapaixonada da envolvente política de todos os acontecimentos. Para muitos leitores será uma sensação de proximidade com acontecimentos semelhantes, e refiro-me àqueles que foram apanhados pelo processo de descolonização. Para outros, os que não conheceram África se não «de ouvir dizer», o Sabor de Maboque é uma história de leitura gratificante e com uma admirável dinâmica e que, certamente, ajudará a entender melhor aquele pedaço da nossa história e das vicissitudes que os «colonos» atravessaram na altura.

A Dulce pede-me que os leitores habituais do Espumadamente se sintam convidados para a apresentação do livro em Portugal no local, data e hora constantes no convite. Eu faço-o com muito gosto. E ela sentir-se-á privilegiada com a vossa presença.

A apresentação será feita pela Drª Alexandra Sobral e a Dulce estará presente e terá o maior prazer em interagir com os presentes sobre o conteúdo do livro.
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sexta-feira, novembro 19, 2010

Ocasiões para o livro


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Vai na segunda edição (terceira edição no prelo) no Brasil o Sabor de Maboque, da Dulce Braga. Sobre ele já me referi aqui, numa pessoalíssima mas sincera opinião sobre o que li. No Brasil, o livro teve um assinalável êxito, no seguimento do que a Dulce foi (e continua a ser) frequentemente solicitada por escolas, universidades, empresas, comunicação social (ver a propósito, aqui, o vídeo do programa «Mais Você» da Ana Braga, dedicado à Dulce) para fazer várias palestras sobre o fenómeno da descolonização portuguesa, o que ela tem feito com a gentileza e simpatia que são a sua imagem de marca.

O livro foi posto à venda em Portugal e, apesar da sua modesta promoção local, está esgotado. Razão suficiente para que recomende a quem me privilegia com a visita a este blogue que se dirija à editora brasileira para o «dois em um». Adquirir uma obra esgotada em Portugal para leitura própria ou para oferecer a amigos e familiares na quadra festiva que se aproxima. Neste post da Dulce poder-se-á encontrar os detalhes, para a forma fácil, rápida e eficiente de obter o livro entregue ao domicílio, em forma de prenda e com autógrafo personalizado pela autora.

Há os chamados «livros de ocasião». Mas também há as «ocasiões para o livro» E é com muito gosto que aqui modestamente contribuo para a divulgação da feliz iniciativa da editora brasileira da Dulce.

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domingo, maio 02, 2010

Ao vivo e a cores *


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Do livro já falei aqui. Da dona do livro falta dizer que ela vem aí e estará na Feira do Livro com um evento no dia 11 de Maio pelas 18:00 no auditório da APEL, no Eduardo VII.

Depois de lermos o livro, teremos agora a oportunidade e o privilégio de desfrutar da esfusiante simpatia da Dulce que fará também uma pequena palestra sobre «O Sabor de Maboque».

Que te sintas bem entre nós e leves para o Brasil uma boa recordação “grudada” num canto da tua memória, são os meus desejos sinceros.

ADENDA: Porque a palestra da Dulce coincidia com a presença do Santo Padre em Lisboa, foi a mesma alterada para o dia 14 de Maio, pelas 18 horas no espaço da EDP. Fica aqui o registo da mudança.

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terça-feira, março 09, 2010

Sabor de Maboque



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A Dulce escreveu um belo livro. É uma narrativa serena, simples, na primeira pessoa e com o mesmo espírito dos dezasseis anos da altura, de um tempo de que a maioria dos portugueses não tem um conhecimento adequado.

A Dulce não recorre nunca a clichés de política, saudosismos ou partidarismo, deixa-se levar com a simplicidade que lhe enforma a alma pelos acontecimentos que a enovelam no pós 25 de Abril em Angola, consegue mesmo romanceá-los numa história de amor de adolescente e culmina num dos episódios mais dramáticos, analisados hoje à distância de trinta e seis anos, qual fosse o de estar num aeroporto à espera de um avião que a levasse… para onde o avião fosse. Brasil, Portugal ou África do Sul.

O livro não encerra ressentimentos, ressabiamentos, nem ressuma ódios, porventura legitimáveis pelo desprezo e desrespeito que um grupo de gente no poder em Portugal atribuiu aos “incómodos retornados”. O livro é tão singelo como a autora, e limita-se à narrativa fluida e fiel de um período muito curto mas muito importante para muitos que, como a Dulce, aguardaram aviões sem conhecer o destino final. Não acusa, não se zanga, não odeia, tão-somente conta a história de uma adolescente nascida e criada em Angola e apanhada no torvelinho dos acontecimentos.

Aconteceu à Dulce ir para o Brasil. Por lá se fixou, por lá se enraizou e lá se estabeleceu, constituindo família, terminando a sua licenciatura, trabalhando, sem precisar de “jobs for the boys” a €2.5 M /ano sustentados por currículos tão improváveis como o lançamento de campanhas com T-shirts do Che e poemas do Manuel Alegre, que foi nisso que os portugueses parecem ter-se especializado. A Dulce, como a grande maioria dos retornados (uma filha de beirões, nascida em Angola e “retornada” no Brasil, só pode ser uma piada de mau gosto…) fez pela vida e é uma mulher feliz e empresária de sucesso.

Resolveu escrever um livro que editou no Brasil e em Portugal. Nalgumas livrarias de Paris, também. Em Portugal o impacto foi modesto. Sem lançamento, sem lóbis, o livro foi depositado em duas livrarias lisboetas e vendeu umas centenas de exemplares. Já no Brasil, a situação tem sido diferente. Lançado há cinco meses, mantém-se na dianteira do pelotão dos livros mais vendidos na semana e prepara-se a segunda edição.

Parabéns à Dulce pela sua lição de vida e pelo livro. Que pena que muita gente não saiba que o livro está á venda em Lisboa


Sabor de Maboque

Book House

Edifício Monumental

Praça Duque de Saldanha - Lisboa

T: 213 193 450


Book House

Galerias Saldanha Residence - Lisboa

T: 213 151 873

Pode ser também encomendado através do site da Bertrand

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sexta-feira, fevereiro 05, 2010

De velas enfunadas, cruz de Cristo e vento de feição


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Antigamente as naus portuguesas levavam a carne salgada, os barris de água, os limões para o escorbuto e um punhado de gente para carregar as riquezas do Brasil. Hoje há mais sofisticação de meios, mas nem por isso quero deixar de, simbolicamente, enviar uma embarcação apropriada, de velas enfunadas também, para levar um beijinho de parabéns à Dulce que, muito justamente, vai hoje conceder uma entrevista à Globo, por força do assinalável êxito do seu livro Sabor de Maboque.

Parabéns!
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segunda-feira, outubro 26, 2009

Being happy


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A Dulce anda num turbilhão de felicidade, com a apresentação do seu livro, os autógrafos e toda uma série de funções sociais que vieram agregadas.

Há uma coisa que ressalta dos vários posts, na qual ela se denuncia como, provavelmente e como uma cerveja que eu cá sei, uma das mais felizes mulheres do mundo. Eu, que ainda não li o livro e ainda não acertei de vez com a livraria onde ele está à venda em Lisboa, apesar de levar trinta segundos a confirmá-lo nas indicações que a Dulce mandou para Lisboa, eu que ainda não li o livro, repito, já ganhei qualquer coisa - que foi perceber que quando uma pessoa está feliz se torna quase como a criança que fomos, há muitos anos atrás. E todos nós, hoje adultos, nos lembramos como era bom ser criança.

A Dulce atravessa um período muito feliz que lhe aconteceu, mas para o qual ela contribuiu decisivamente escrevendo o Sabor de Maboque.

Por mim, daqui de muitos quilómetros de distância só me resta mandar-lhe um beijinho amigo e manifestar-lhe a minha satisfação por vê-la assim tão feliz. E, já agora, que a magia do momento se prolongue indefinidamente.

Falta dizer que ainda não comprei o livro. Esta semana vai acontecer, com certeza.
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sexta-feira, agosto 14, 2009

Post dedicado


Nharea - Rápidos do rio Cunhinga (Foto de 2007)

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A Dulce é uma portuguesa nascida em Nharea, no longínquo planalto do Bié, por entre as bissapas e morros de salalé que enfeitam a anhara. Vive no Brasil e o seu coração, tanto quanto julgo perceber, triparte-se entre Portugal, o Brasil e Angola.

A Dulce tem um blogue. Eu leio pouco dele porque ela escreve pouco. Mas o que escreve é de uma riqueza muito grande. Basicamente ela está fazendo uma pesquisa de vocábulos correntes no Brasil, de raiz angolana. E documenta-se devidamente sobre o assunto. Termos como samba, jingar, xingar, moleque, cochilo, bunda, quitanda e tanga são apenas exemplos de muitos mais que a Dulce tem no arquivo da memória. De tal maneira que acabou de publicar um livro, com lançamento previsto em Portugal para muito breve. Se ela me ouvisse, faria o lançamento em Luanda, também.

Vale a pena uma visita ao Sabor de Maboque. Até porque para além dos vocábulos ela é uma mulher de fino humor e muito bonita também. São precisos mais argumentos?
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quinta-feira, junho 04, 2009

Humor refinado


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Voltando ainda à apresentação do livro do
João Gonçalves, e no capítulo de refinado humor que referi aqui, gostei especialmente:

- Do funeral de Oliveira Salazar, no Vimeiro, que o João Gonçalves transformou em "funeral, o primeiro";

- O estoicismo de Rogério Alves, no dizer de João Gonçalves, por "conseguir aturar aquela mulher da televisão";

- Quando JG diz que Pacheco Pereira é do PSD, embora não pareça;

- Quando PP se referiu à dificuldade de uma escrita isenta porque somos um país pequeno onde todos somos primos. A gente vai escrever qualquer coisa,
mas há sempre um amigo, um chefe e depois tropeçamos nos primos, nos tios…

- A referência à
Drª Mayo;

- Da impossibilidade de Sócrates se inserir nos conceitos filosóficos de pessimista ou optimista por absoluta falta de densidade;

… e há mais, muito mais. A verdade é que a apresentação foi excelente. Uma manifestação clara de elevada qualidade de intervenção.

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Gente interessada e interessante

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Ontem cheguei a casa e, sem querer, quase (re)li o Portugal dos Pequeninos. E disse reli porque acho que eu já tinha lido as crónicas todas. Mas a ordenação cronológica e a selecção de textos confere ao livro um contexto próprio, algo diferente do blogue, que enriquece a leitura e facilita o entendimento de quem lê.

A apresentação do livro decorreu numa atmosfera aprazível, com suculentos episódios de qualidade de verbo, bom gosto e refinado humor. Hoje por hoje, um desiderato ao alcance de poucos. Foi, portanto, um refrigério para a alma já que o corpo, esse, sofreu com o calor sufocante da Bertrand, que tem uma aparelho de ar condicionado na sala onde se fez a apresentação mas que, tal como em muitos lugares portugueses, vai muito bem como bibelô.
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quarta-feira, junho 03, 2009

Becagueine


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Estou de volta e vou tentar acudir ao blogue, coitado, já de si frágil e, assim, sem grandes reservas para interrupções de cinco dias.

Para já, uma coisa boa a registar. O lançamento do livro do João Gonçalves, logo, na Bertrand do Chiado, onde comparecerei com o gosto indisfarçável de se tratar de um dos melhores blogues nacionais e com a satisfação pelo privilégio do convite.

Até mais logo, portanto.

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sábado, setembro 29, 2007

Livros



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O desafio da IO é interessante. Tem a ver com livros, os livros são um dos instrumentos marcantes da nossa formação. Dizer que os livros nos marcam muito, pouco ou não marca coisa alguma é um pouco redutor, eu acho que há uma dinâmica muito própria nesta coisa da leitura, pelo que ler Mark Twain quando temos doze anos ou cinquenta não é exactamente a mesma coisa. Mas vou fazer uma lista de dez livros, sem pesquisa e obedecendo apenas à cronologia temporal, ou seja, os primeiros livros que comecei a ler, ainda criança, e que retenho na memória. E á medida que me vierem à cabeça. Eu acho que só por isso, por me virem à cabeça, poderá significar que me deixaram alguma marca. Boa ou má, mas marca.

"As aventuras de Tom Sawyer e Huckleberry Finn"; "A Cabana do Pai Tomás", "O Velho e o Mar", "A 25ª Hora", "24 Horas da Vida de uma Mulher" e "O Jogador de Xadrez" (estes dois a contarem como um por serem do mesmo autor) e isto já perfaz cinco. Daqui para a frente cresci e tenho alguma dificuldade em referir livros, citarei, portanto, autores que me marcaram, pelo que referirei cinco, para dar o tal número de dez. Assim:

Eça, Joyce, Faulkner, Shaw, Shelley (marido e mulher), Keats, Byron e Russel e a poesia (sempre) de Whitman (afinal deu mais de cinco…).

Isabella, esta lista é muito redutora… então e os policiais? Spillane, Stout, Chandler, Della Street e Mason, Christie, Simenon e tantos outros, entre autores e personagens que devorei, extasiado ? E Sttau Monteiro, que o li de fio a pavio ?

E a banda desenhada da juventude, do Mundo de Aventuras ao Cavaleiro Andante? E a obra com-ple-ta de Hergé que li to-da? E a colecção inteira de S. Zweig que comprei a prestações numa daquelas furgonetas que corriam as universidades a vender livros da Porto Editora, em encadernações muito baratas para possibilitar preços baixos? E, e, e, e e?

É um exercício difícil.

Agora estou a ler pouco, quase nada. Jornais, todos e blogs, muitos. Acho que é a parte negativa da rede. O computador vai paulatinamente substituindo o livro, apesar de todos nós acharmos que nunca a magia de ter o livro na mão desaparecerá.
A ver vamos…

“Five lines” que ainda hoje cito de cor:

"Teach me half the gladness
that thy brain must know,
Such harmonious madness
from my lips would flow
the world should listen then---as I am listening now."


P. Shelley


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