Metereologia 24 h

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

20 euros em Junk food e porquê

 Gastei 20 euros na compra de comidas de plástico. Aqui está o que comprei:


Primeiro trouxe uma caixa inteira de noodles. Depois, noutra loja, trouxe o resto: 



Chocolate, batatas fritas, bolos cremosos, pepsi e uvas. Falta mostrar duas embalagens de pizza ultracongelada. Num restaurante de fast-food trouxe frango com batatas fritas (pacote castanho). 

Tudo isto comprei a preços o mais reduzidos que pude encontrar. Só fiz opções económicas. Por exemplo, os noodles na totalidade custaram 4 euros. A maioria das marcas de noodles tem um valor acima de um euro por unidade. Já que vou consumir isto, mais vale não dispensar tanto dinheiro só porque parece que a qualidade melhora um bocado. Junk por Junk, vou para o barato. Mesmo assim, 20 euros voaram da carteira num piscar de olhos. E não trouxe nada!

Fiquei a pensar se esse valor - os 20 euros, teria sido melhor empregue numa refeição realmente nutritiva.

Existem duas excepções às minhas compras habituais: a pepsi - que nunca bebo e as uvas, que voltei a comprar por ter gostado muito da variante Candy Cotton, vindas da Nabimbia. Infelizmente já não tinham essa variante então trouxe outra para experimentar. Não é algo que habitualmente compre. Geralmente falando, todas as minhas escolhas pretendem ficar pela casa do 1€ por unidade. O que significa junk food de marca branca, quase do mais reles (e por vezes perigoso) que há. 

Acima desse valor só trouxe as uvas (1.45€), a cocha de frango com batatas fritas (2.50€), dois pacotes de batata frita por 1.50€ cada.  De resto tento ficar pelo limiar de 1€ a unidade. O que, hoje em dia, é difícil. Por exemplo: o tablerone tenho de o ir comprar na loja dos "300" por 1€, já que por todos os outros lados subiu 15 centimos.

Se não fizesse isso, os noodles, o tablerone, as pizzas que me custaram 1€ ou menos, teriam custado mais e em vez de gastar 20€ teria gasto 30€ ou mais. 

É a realidade da vida. Esta nunca foi barata. O preço de tudo subiu em flecha depois que o Covid terminou. Parece até que decidiram fazer-nos pagar pelos lucros que deixaram de fazer durante a pandemia. O que antes comprámos barato porque eles queriam era vender, agora compra-se inflacionado. 

Porquê compro Junk food?
Porque não tenho realmente escolha. A situação em que vivo impõe este estilo de vida. Não é aquele que gostaria para mim, não é aquele que procuro. É aquele que me é permitido. 


Fui fazer torradas à cozinha. Tinha acabado de acordar. Quase meia-noite. Entrei na cozinha, estava vazia. Mal lá coloco os pés, sai a M. da casa de banho. Com uma toalha na cabeça e de robe (a sua vestimenta habitual). Tinha reparado que o hub da internet estava fora do sítio e ia para ajeitar mas prefiro apressar-me e dirijo-me direta para o frigorifico onde tenho o pão fateado. Tiro-o para a bancada. Ela passa e sobe para o quarto. Abro o pacote e coloco o pão na torradeira. Esta não liga porque alguém sempre desliga o interruptor da tomada. Ligo-o e coloco o pão a torrar.

Volto à bancada para fechar o saco do pão e começo a escutar o ruído da M. a sair do quarto, já a descer as escadas. Foram segundos, que me levaram para colocar o pão na torradeira. E ela já vem aí. Mesmo de toalha na cabeça, acabada de sair do banho. 

Depois de ter atingido o meu limite no dia 26 de Janeiro, agora voltei a não me deixar afectar tanto pelos seus muitos comportamentos sociopatas. Ela é nacisista. E como a percebo assim e tudo se ligou na minha cabeça, a mentalidade dela não mais me vai me atingir ao mesmo nível que chegou a atingir. 

Ela entra na cozinha e sinto de imediato os seus olhos cravados nos meus. A energia dela é má, negativa. Mas a minha não é. Fico na minha paz. Ela anda de um lado para o outro que nem uma barata tonta, sempre o mais colada a mim possível. Só me mexi do frigorífico, onde arrumei o pão, para a mesa onde peguei no prato e direta para a torradeira. Estes passos foram praticamente com ela a fazer o mesmo. Fiquei parada, quieta, tranquila e em paz, à espera que o pão torrasse. Ela, que tinha algo no forno mas estava pouco se importando com isso, estava era incomodada com a minha presença. Não ligou ao forno, como qualquer pessoa normal faria. Em segundos diz-me: "Porque é que tens de estar aqui quando eu cá estou?". Não respondo. "Foi o que me disses-te" - acrescenta ela, provocando.  Não respondo. Nem me mexo. Fico a aguardar o pão torrar e os meus olhos não se desviam do pão.

Fazer torradas é uma tarefa tão corriqueira, não demora tempo algum. Nada em fazer torradas faz adivinhar motivos para situações de conflicto. No entanto, com pessoas como a M. qualquer movimento que outra pessoa faça lhe dá razões para criar um drama. Os restantes devem passar pelo mesmo, pois todos ficamos pelos quartos. Ela já torrou a paciência de TODOS. Mas tem uma coisa: sempre tem um alvo preferencial. Quando está a particularizar, faz por não ostilizar todos. Isso iria contra os seus propósitos. Que são eliminar essa pessoa. Então finge que está tudo bem, que é amiga, para depois introduzir veneno e colocar os restantes contra a pessoa que realmente quer eliminar. Quando consegue afastar a pessoa, passa para outro. 

Foi assim que fez com todos. Agora é a minha vez, tornei-me o seu alvo. Porque não concordo com o que ela faz e, do meu jeito, fiz-lhe frente. Quem ousa não concordar com um narcisista e não faz o que ela quer sobe imediatamente para a topo dos indesejados. Ao invés de se remover de uma atmosfera tóxica, porque ela é que a faz tóxica, insiste em ficar e intoxicar todos. Por mais que a situação se repita em todos os ambientes à sua volta: emprego, passadas casas, todas as pessoas no mesmo ambiente. Nunca que o Narcisista acha que o problema é ele, serão sempre os outros. E ele vai querer PROVAR isso. Para o conseguir, terá de provocar até causar uma ruptura, até obter uma reacção que, descontextualizada dos meses, anos de abuso, dá a parecer que a vítima é o carrasco e o carrasco, a vítima. Diria que é isso que a faz ter gosto pela vida. Atazanar os outros, implicar com pessoas. Dar-lhes ordens e esperar que lhe obedeçam faça o que fizer, é o sonho dela. Sabem aquele senhor feudal das histórias de terror? Que tem escravos e os tortura sem qualquer empatia? Pois ainda bem que esses tempos já passaram e melhor ainda que ela não nasceu numa família feudal. Há pessoas que, se tivessem nascido a provar o poder que o dinheiro proporciona, seriam tão más quanto Hitler. Cruéis monstros! A M., com as suas obsessões, mania das aparências e rituais estranhos envolvendo velas e rezas, faria "time" com aquela senhora feudal que matava as criadas jovens e virgens para lhes beber o sangue e se manter jovem.

Mas esperem: não acabou. Ela voltou a subir ao quarto, voltou a descer - tudo enquanto as torradas torravam. Sem propósito, que nem barata tonta, a lançar-me olhares de raiva, a ajustar a toalha que mal teve tempo de prender na cabeça já que ficou obesecada comigo, ao invés de se dar um tempo para secar o cabelo ou vestir alguma coisa! 

O pão torrado saltou da torradeira. Peguei nas duas fatias ao mesmo tempo, coloquei no pratinho e subi ao quarto. Ela tinha sentado na cadeira onde nunca quer sentar, usando-se para me intimidar e a mostrar descontentamento. Passo por ela com o prato na mão e subo as escadas. Ela não demora muito tempo, e vem atrás de mim. 

Como é que eu sei que ela olha para mim, que faz caretas, que ajusta a toalha se os meus olhos nunca olham na sua direcção? Bom, eu estou a tentar capturar estes comportamentos. Então carrego sempre o meu telemóvel comigo. Tive a boa lembrança de o colocar a gravar video antes de descer à cozinha. Apanhe bem ou mal, espero sempre que apanhe alguma coisa. Depois fui espreitar a captura e comprovei que os olhos dela estavam cravados nas minhas costas o tempo inteiro. Percebe-se o ódio, a raiva, e também a pequenes e insignificância da M. 

aqui está o "retrato" da monstra, no segundo que teve antes de se virar e voltar a cravar seu olhar na minha nuca. Como em todas as más embalagens, parece inofensiva, não é? 

Queria a cozinha só para ela, mesmo não lá estando quando eu lá entrei. Comportou-se como uma criança birrenta e mimada, com comportamentos egoístas e infantis e assim que o consegue, não o quer. Não ficou na cozinha, em paz, sozinha, como deu a entender que pretendia. Não foi sequer capaz de conjecturar AGUARDAR que o pão torrasse. Tornou esses curtos minutos num drama de novela mexicana. Subiu praticamente atrás de mim. Típico. O que realmente queria era causar uma briga. Eu não estando lá, tem de brigar sozinha. 


sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Nas emergências

 

Na terça-feira tive de ir ao hospital. Chegando lá, enviaram-me para a sala de espera dos casos "menos graves", onde só tinha duas pessoas há minha frente. Passadas duas horas e meia, ainda tinha essas duas pessoas à minha frente. 

Disseram-me que só existia um médico. E este estava a atender nos dois lados. 

Como pode uma pessoa se dividir em 20?

Este país, para o qual já tantos enfermeiros portugueses emigraram, está mal. Estas sociedades ditas desenvolvidas e em prol do povo, cada vez o deixa mais na mão. Todo o sistema de saúde está em colapso. É triste. Deprimente. Assustador. 

Pagam-se os impostos, fazem-se seguros... na hora do "vamos a ver" é que se sente o desgosto por viver na ilusão de que existe um sistema de saúde pronto a nos ajudar. 

Estou a pensar em todos que, neste instante, podem estar a sentir o mesmo. 

Tive de abandonar o hospital, porque não era o da minha área. O meu transporte de volta a casa, o último, era dali a nada e tive de correr para o apanhar. Hora e meia depois, chego ao local onde vivo e vou directa às emergências do hospital. Fazem-me a triagem. A enfermeira diz-me que a espera está em "HORA E MEIA" e acrescenta que estou com muita sorte. Porque na noite anterior tinha sido SETE HORAS E MEIA!!!!

São quase 20h. Estava exausta e tinha estado no hospital desde as 15.30. Decidi esperar só um bocadinho e tentei encontrar outros meios, visto que percebi já não estar a sangrar e sentia-me bem. Chego à recepção (para perguntar se a consulta online usada durante o confinamento ainda estava ativa) e o quadro atrás diz que o tempo de espera está para DUAS HORAS E MEIA.

Sabia que o meu corpo precisava era de descanso. Não dava. Desisti das emergências mas não de tentar explicar a condição a um médico. Fui para casa, queria era deitar-me mas forcei-me a ir tomar um duche. Não havia água. Corria apenas umas gotas. Fui ao WC do andar de baixo, testei o chuveiro, tinha um pouco de água e tomei duche. Com água fria. Quando terminei, já havia água com a pressão normalizada. 

Parecia que era de propósito para causar mais chatice a um dia que já tinha a sua dose QB. 

Vou tentar marcar uma consulta com um médico. O que aqui é difícil. Tem de se fazer online. O que, na realidade, é melhor. O problema é que, sempre que se vai online, surge uma mensagem a dizer que já estão cheios. E não se avança. Se for "emergência" para ligar para o 999 (112). 

Mas nem sempre uma pessoa sabe se o que tem é grave. 
Eu parti o braço e não sabia. 

Agora já sei o que se passa. Graças ao GOOGLE. 
Foi este que me indicou a alta probabilidade de diagnóstico. Aposto as minhas fichas nisto: Prolapso Retal. O recto, a parte final do intestino grosso, decidiu vir para fora do corpo. 

Julgo ser uma condição que precisa de ser observada para chegar ao tratamento indicado para o caso. Pode ser necessária uma cirurgia - mas como aqui eles não querem gastar dinheiro, ainda vão fazer-me passar por dolorosas posições e tentar "enfiar" aquilo de volta para dentro manualmente. 

Na quarta-feira de manhã consegui marcar "consulta" online. Para tal tive de descrever o problema. Na altura achei que eram hemorroidas. O nome parece algo feio... confesso que senti embaraço de explicar isto às pessoas. Afinal, a condição é outra. E não é temporária, pois dei uns dias para ver se a coisa ia ao lugar. Recebi resposta em 24h - assim dita a aplicação online. E esta foi que o farmacêutico ia poder me aconselhar sobre tratamentos para o caso. 

Não podiam estar mais enganados! E o farmacêutico? Aquele rapazinho que me conhece por me dar todos os meses a medicação? Nem pensar! Não ia lhe descrever algo que sei que não é indicado... a intuição sabe quando é algo que tem solução com pomadas e quando é algo que requer conhecimento clínico mais aprofundado. 

O que mais me faz reflectir em espanto é o timming disto acontecer. Não faz sentido. Em todo o tempo que tenho a condição de prisão de ventre, em que comi mal para caramba... agora é que isto acontece?? Faz um mês, comecei a cuidar melhor da minha alimentação. Que é uma das causas apontadas para a condição. Cortei com o abuso de doces e procurei comer de forma equilibrada e saudável. Comida feita em casa, com vegetais comprados frescos e carne/peixe frescos. Andei a comer muito bem! A defecar que era uma maravilha. 

Faz-me pensar nos tantos casos de pessoas "saudáveis" que morrem assim que adoptam um estilo de vida saudável com intenção de viver mais anos. E depois temos os outros, que não se cuidam, que fumam sem parar, e chegam aos 80s. 

Comigo foi três dias depois de chegar aqui, já com três semanas a comer saudável. E descobri-o sem ter tido vontade de ir ao WC, fazia dois dias que não ia pelo que não fiz esforços musculares nos dias que antecederam a descoberta devido a um grande sangramento. Vontade só a tive hoje cedo. 

Que raio!

Diz o google que esta condição é mais comum em mulheres depois dos 60 ou em pessoas com prisão de ventre. Lá está o meu corpo a ser precoce no que respeita ao envelhecimento! Aha. Prisão de ventre sempre foi o meu caso mas, falando com os médicos, estes sempre me disseram que, se é do meu organismo desde criança, a dificuldade e a ida espaçada, então não tem problema. 

Da última vez aproveitei e queixei-me de dor e desconforto e muita dificuldade. Receitaram-me laxante. Mas eu não tomei, para ser honesta. Tinha melhorado e não gostei que, o médico, disse-me que o laxante não fazia mal algum, era receitado até a bebés recém-nascidos mas nas instruções diz claramente que não é para recem nascidos ou bebés. E por isso, e por estar sempre a trabalhar, não tomei. Receando que me desse vontades loucas de ir e ter que me segurar. 

E vocês? Como têm sido as mais recentes experiências na área da saúde? 

Conhecem algum país onde tudo corra às maravilhas, o sistema de saúde, o de trabalho, etc? É que a Inglaterra está mal... Depois do brexit ficou pior. Em todo o lado à escassez de profissionais: condutores de camiões, condutores para transportes públicos, funcionários para trabalhar nos aeroportos, etc. Com isto falta de tudo. Impostos sobem - como em todo o lado, salários descem, preços duplicam, renda aumento quase 100%. 

As pessoas estão a "dar à sola" daqui...

Pelo menos é a impressão com que fico. 

E desde a penúltima ida a portugal, em Junho, que fiquei com a sensação de que preciso mudar de estilo de vida. 

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ruas às ESCURAS

Não sei se é só na minha zona mas desconfio que não é e que outras por este país a fora também ficam ÀS ESCURAS durante a noite toda.

Mais alguém tem presenciado que a sua rua tem as luzes DESLIGADAS durante a noite por dias seguidos?
Desconfio que alguém anda a tentar economizar na conta da luz à custa da SEGURANÇA dos cidadãos. É para compensar os gastos nas iluminações natalícias? Não gastassem!

Prefiro ter a rua sempre iluminada durante a noite. É que se acontecer algum acidente eu vou mesmo enviar a conta para a EDP.
Vejo os automobilistas atrapalhadíssimos a tentar entrar dentro de um parque de estacionamento e fazer as necessárias manobras sem dispor de nenhuma luz a não se as dos faróis. E se algum malandro aproveitando a obscuridade decide fazer uma espera a esse motorista e o assaltar? Podendo mesmo matar? Não dá para ver nada! Seria outro homicídio misterioso, facilitado pela ausência de luz electrica nas ruas.

Amanhã já vou querer saber o que se passa. E vocês? Têm notado "apagões estratégicos"?

sábado, 30 de junho de 2012

Crise? Já não é de hoje!

Os noticiários e a Comunicação Social em geral não CESSAM de falar na CRISE.
Eis o que o noticiário da TVI, hoje, explica o que é a crise de acordo com os hábitos de consumo:

CRISE É:
1. Ir de Super-Mercado a Super-Mercado à procura dos produtos mais baratos.
2. Consumir produtos alimentares FRESCOS ao invés da comida embalada.
3. Cozinhar em casa ao invés de fazer alimentação em locais de restauração.
4. Esta "dieta orçamental" -diz a jornalista, fez também "emagrecer" o consumo de outros produtos: refrigerantes, batatas congeladas, sobremesas lácteas -  "são produtos que as pessoas já não consomem tanto"  - diz a entrevistada Madalena Bettencourt, Directora do Lidl. Que ainda acrescenta: "hoje em dia as pessoas vão mais vezes às compras, compram menos e preferem confeccionar as refeições em casa".
5. A jornalista "passeia" pelo supermercado e vai falando de percentagens de consumo nos primeiros 3 meses deste ano em comparação aos do ano passado. O consumo de alimentos até subiu ligeiramente, porque se compra mais, mas o que desce é a procura de BENS NÃO ALIMENTARES, e para o exemplificar, vai fazer entrevistas numa loja de electrodomésticos. E acrescenta:  aqui, como no sector dos têxteis, cultura e lazer, o ciclo de vida dos produtos aumentou. O novo só serve quando o velho realmente  já não serve.
6. Conclui-se a reportagem chegando à conclusão que o consumo está em queda-livre, o que vai ser fatal para algumas empresas e originar o desemprego.


Vamos reflectir...
1. Não consumir sobremesas lácteas... e que tal NENHUMA sobremesa previamente confeccionada? 
2. Não consumir comida enlatada, ou embalada previamente confeccionada... qual a novidade?
3. Ir de super-mercado a super-mercado em busca dos produtos mais baratos e comprar em função do preço... desde quando isso é hábito de agora?
4. O novo só serve quando o velho realmente já não serve... Qual é o mal disso? Pelo menos que esta "crise" sirva para reeducar os hábitos de excesso de consumo para onde nos estávamos a dirigir! Tanto consumo de produtos de plástico e têxteis para quê?
5. E acrescento: deixar o carro à porta de casa (ou nem o ter) e ter de se deslocar de transportes e a pé... que mal tem nisso?


Este contínuo mencionar da CRISE pelos media já enerva. 
Falam da Crise ECONÓMICA como se ela tivesse acabado de chegar, transformam-na em NOTÍCIA, como se fosse uma NOVIDADE recente. Mas agora descobri, graças a estas descrições pormenorizadas do que são os SINAIS da CRISE ECONÓMICA, que já vivo em CRISE faz quase DUAS DÉCADAS, não morri e ninguém alguma vez se lembrou de fazer tanto alarido disso. 

Em suma: descobri que afinal muitos já vivem em crise faz muito tempo e sobrevive-se! O que é esperançoso: não se morre disto. Crise, como alguém já disse, era noutros tempos, na altura dos nossos bisavós ou avós, quando passavam fome e escasseava comida nos lares da maioria da população, assim como vestuário, dinheiro no bolso ou mesmo um tecto para uma família morar. Enquanto a crise for adoptar hábitos mínimos de consumo e aumentar os de poupança, não se vive mal. Vive-se remediado, vive-se no que alguns chamam de pobreza, mas não se está em CRISE.


Todos estão a focar as suas atenções apenas na CRISE ECONÓMICA, quando devia-se era abordar a CRISE DE VALORES, a crise social. ESSA SIM, merece alguma reflexão. Será esta a que mais vai sofrer com as alterações económicas e dos hábitos de consumo, habituados que alguns estavam aos luxos, será esta a sofrer com o crescer do desemprego, com os maus salários... a crise SOCIAL está a cercar Portugal como um abutre a sobrevoar a carniça.

sexta-feira, 9 de março de 2012

o comércio JUSTO e a CHINA

Há 15 anos comprei numa chique loja de decoração um sofá insuflável. Azul, feito de plástico transparente muito resistente, era um objecto de grande utilidade e com a sua graça. Quando me sentei nele descobri um elevado nível de conforto. Estava muito contente com a minha aquisição. Até ter visto uma coisa verdadeiramente chocante.


O que vi foi a impressão empoeirada de uma sola de um ténis, situada no interior do braço de descanso do sofá. Uma impressão perfeita e pequena como a de um pé infantil, que estava claramente a denunciar uma realidade: CRIANÇAS tinham estado em cima daquele material. Fiquei com o olhar fixado naquela perfeita impressão. Como podia agora sentar-me confortavelmente e relaxar naquele sofá, quando suspeitava que a sua origem de fabrico consistia na exploração de crianças, no TRABALHO INFANTIL?


Comecei a pensar na loja onde o comprei. Não era uma loja dos 300, a grande novidade da altura, cheia de variados artigos a preços acessíveis. Não. A loja onde encontrei o sofá era uma loja «pomposa».


Assim que se pisa a entrada os olhares dos lojistas fixam-se em ti e no passo a seguir um deles chega-se de imediato e pergunta se nos pode auxiliar com alguma questão. Era um tipo de loja na qual não nos conseguimos sentir totalmente à vontade, porque cada movimento é seguido por olhares e qualquer paragem mais demorada a olhar um artigo origina da parte dos lojistas o típico comentário que visa justificar o preço cobrado através da qualidade dos seus produtos. É um ambiente desconfortável, entendem? Como pode uma loja assim comercializar artigos de proveniência duvidosa? E ainda por cima cobrar valores elevados e maximizar o lucro em cima do trabalho infantil??


A verdade sobre a sociedade comercial na qual vivemos é tudo menos bonita. Se formos a olhar para a origem de tudo o que está há nossa volta e tivéssemos de prescindir das coisas que exploram terceiros, provavelmente não teríamos NADA para vestir, calçar, andar, usar, brincar ou comer. A simples canela que se encontra a preços baratos por todo o mundo é fruto de exploração. O cacau consumido pela maioria das marcas de chocolate também provém de EXPLORAÇÃO INFANTIL.


Quando os pais aqui em Portugal, na França, na América, em Espanha, na Suíça ou em qualquer outro país civilizado compram aquela barra de chocolate para os seus filhos não têm consciência que foi uma criança tal e qual a sua que colheu o Cacau das árvores…


Os anos passaram desde que aquela impressão empoeirada de um pequeno ténis infantil tornou-me cúmplice de um acto de escravidão.


Os anos passaram mas a exploração infantil ou o trabalho de escravo não parece ter sofrido grandes revezes. Continua tudo muito «mascarado», oculto em burocracias e em políticas. A China é o país mais famoso por EXPLORAR o seu povo e documentários feitos com câmaras ocultas retiram quaisquer dúvidas de que este é um povo escravizado. No entanto, cá está a política, os acordos com a China, a abertura do nosso mercado comercial para os produtos chineses e agora a compra da nossa dívida…


Estas decisões têm um preço e começamos agora a sentir os problemas sociais e económicos que derivaram dessa abertura do mercado português para os produtos de fraca qualidade e preço acessível chineses. Uns apontam as famosas lojas dos 300 como a origem do problema mas, se calhar, as lojas mais finórias também não resistem à tentação das margens de lucro elevadas, acabando por se associarem ao comércio de exploração.


Sempre que puder, vou optar pelo COMERCIO JUSTO. Começar por consumir o produto nacional é a primeira coisa a se fazer, a mais sensata a mais fácil. Mas como nada é transparente e a exploração parece ser um fenómeno global, fica difícil escapar à cumplicidade involuntária.


Há dias entrei numa conhecida loja de roupa e comprei um muito necessitado casaco. No acto de pagamento, pedi para que removessem o preço. A rapariga atrás do balcão pega na tesoura e, além do preço, corta também a etiqueta. Quando cheguei a casa fui inspeccionar o casaco à procura de uma qualquer etiqueta, mas nada encontrei, a não ser uns fios brancos resultantes da tesourada. Será normal cortarem a etiqueta de um casaco? Qual a origem? Que instruções de lavagem são as recomendáveis? Quem fez este casaco??


É importante tomar consciência sobre as empresas que realmente praticam o comércio justo e, como consumidores, não colaborar com as que fecham os olhos à exploração e aos direitos humanos. Hoje, na RTP2 ás 23.30, vai passar um documentário que merece uma espreitadela. Vejam.