Metereologia 24 h

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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Falta de noção com falta de moral


Isto aconteceu comigo à pouco e achei que era um bom assunto para trazer até o blogue.
(mesmo existindo uma hipótese de exposição)

Estava a sair da estação do metro (quase meia-noite) rumo à paragem de autocarro. Nisto escuto a música ambiente bastante alta. 

«Há noite o metro vira uma discoteca!» - pensei a ironizar. 
«Podia já fazer-se uma festa aqui» - acrescentei.

E como quase sempre acontece quando me deparo com uma situação caricata, "saco" do telemóvel na intenção de registar o insólito. 


E como quase sempre acontece, quando se tem algo mesmo «giro» que se quer registar, o telemóvel está a perder a bateria e o armazenamento atingiu o limite :)

Pela altura em que consigo chegar à camara, carregar no botão e ver aquilo reagir ao comando, já a música tinha chegado ao fim. Quando regressou, como temi, veio um pouco menos alta. E manteve-se assim, oscilando entre o baixo e o alto, mas não aos berros como estava quando me surpreendi com o inusitado. Fiquei a pensar quem é que estava responsável pela sonoridade da estação e se estavam a pensar se divertir naquela noite, quanto todos tivessem ido embora...


Há medida em que fui avaçando, fui percebendo que outra música ambiente da estação estava a tocar no fundo. Muito ténue, quase imperceptível. Existiam então DUAS fontes de som ambiente? Estranho. Nunca percebi tal situação. Observei ao redor enquanto me dirigia para a saída da estação, a tentar perceber se estavam em reparações ou a fazer testes. Nada percebi nenhum indício. Mas era distinto a presença da música alta com a ténue e discreta. DUAS fontes de música inundavam o mesmo espaço público.

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Saio então da estação e, cá fora, na rua, após sair do elevador que me isolou do subterrâneo musical, os ouvidos foram novamente surpreendidos pelo mesmo volume de decibéis exageradamente elevados. De onde vinha a música? De um aparelho transportado a tiracolo por um rapaz. Deve ser aquilo a que chamam boombox. Em termos sonoros é o equivalente às colunas de som stereo daqueles automóveis mais irritantes, que quando param num semáforo com a música aos altos-berros, só dá é nos nervos de quem está em casa a tentar se concentrar numa qualquer tarefa. Só que, desta feita, fizeram-nas portáteis para humanos. 



O rapaz também se dirigia à paragem. Onde já se encontrava um outro. Este também estava a escutar música, mas usava phones nos ouvidos. Daqueles que não deixam transbordar ruído para fora (esses são um atentado!). Este rapaz, que já se encontrava ali, teve de se afastar. Certamente para não se sentir incomodado. Afinal, se já estava a escutar música - certamente da sua preferência, não tinha porquê ter de ser sujeito a escutar outra, que não podia escolher se queria ouvir ou não.

Eu fiquei curiosa e quis registar o inusitado. Mas com o telemóvel a dar as últimas, fiquei ali a tentar apagar cenas que ocupam espaço para ver se apanhava um pouco daquela curiosidade. Discretamente, ou tentando ser discreta. Gosto de registar, mas não torno público coisas que, mesmo sendo feitas em lugares públicos, possam afetar a identidade de terceiros. Quem me conhece daqui sabe o que penso a respeito dos direitos de cada um.

E por isso mesmo tive o ímpeto de chegar perto do rapaz e lhe perguntar: "O que te faz pensar que não faz mal impores assim a música às outras pessoas?". 


Sério... tive curiosidade. Inclusive dirigi até o rapaz, que por esta altura conseguiu a proeza (imagine-se como) de ter o banco da paragem exclusivo para seu usufruto. Nem eu, que pretendia aguardar a chegada do autocarro ali sentada, nem o outro rapaz, ficámos por perto. Tanto ele como eu nos afastámos um tanto. Os décibeis eram realmente altos. Tenho a certeza que se faziam ouvir nitidamente nas habitações dos prédios à volta. Aquela música podia ser escutada nos arredores e num raio enorme de alcance. Cada uma das pessoas já em suas casas, dentro daqueles apartamentos, nos prédios de 10 andares, três ou quatro fogos cada, mais de duas centenas de áreas de habitação, cada qual com o seu número variável de ocupantes - todos podiam escutar a música.

O que justifica a minha curiosidade. Queria mesmo saber o que fazia o indivíduo achar que fazia bem ouvir música assim. Alta, àquela hora da noite - quase meia-noite. 

O indivíduo até me pareceu que podia ser boa gente - embora com falta de respeito e provocador. Sorriu, percebeu que os restantes se afastavam e até aumento mais ainda o volume da música por causa disso. De alta passou a altíssima. E ficou ali, senhor e rei do espaço, sentado ao centro do banco que dá para três se sentarem, de pernas ligeiramente abertas, mãos nos bolsos, por onde controlava o volume da maquineta. De vez em vez, olhava para nós - que nos afastámos.

Olho no seu rosto, ele olha no meu. Avanço dois passos na sua direcção para lhe perguntar o que o faz pensar que está bem ouvir música assim, e fazer todos ouvi-la também. Mas opto por recuar, abanando a cabeça e esboçando um sorriso intrigado, mas não crítico. Quero é registar o inusitado - sem com isso pretender incomodar o indivíduo - mesmo este estando a incomodar todos. 

Ocorreu-me até pergunta-lhe se o podia filmar um pouco - só para registar a situação. A pesar de ele estar num local público e não ser proibido recolher imagens em sítios que são para usufruto de todos e pertencem aos cidadãos no geral. É uma questão de ética pessoal. Mas ia pensar nisso assim que conseguisse por o telemóvel a funcionar. Tive até de o re-iniciar, porque é tão velho que fica "cansado" e reage com lerdeza a quase todos os comandos, podendo até "apagar-se" se puxarem muito por ele.

Quando finalmente deu sinais de vida, o autocarro tinha acabado de abrir as portas. Apressadamente ainda carreguei no botão, que demorou a reagir. Primeiro, "fugiu" o menu, tive de voltar a este e então carregar novamente, já o indivíduo estava dentro do veículo, onde reduziu consideravelmente o volume da música, embora não a desligasse. 

Assim que pisei dentro do veículo com o meu telemóvel em riste, como o vinha a ter desde que saí do metropolitano (até então estava no bolso), o rapaz de imediato começou a fixar-me. Acho que achou que o estava a filmar e pareceu que talvez não gostasse. Mantive o telemóvel na mão, mexendo nos menus e vendo a imagem do rapaz. Ainda que não conseguisse registar o momento mais alto de toda a situação, quis registar algo. 

O rapaz parece olhar muito para mim mas para ser honesta, eu nem liguei. Estava mais a olhar para fora da janela, a tentar absorver um pouco das parcas decorações natalícias. 

Nisto o autocarro chega a uma paragem, o rapaz sai e quando o pé já vai meio de fora diz-me assim: "Se isso aparecer nas redes sociais processo você".



Aquilo desiludiu-me. Deixou-me chateada.
A lata, o descaramento... e a cobardia.
Se tem algo a dizer, que o diga de modo a poder escutar uma resposta. Se quer fazer uma ameaça, que a faça quando já não está a fugir do local onde deixa a ameaça. 

Mas o que realmente me incomodou foi ele me nivelar ao seu patamar. Eu jamais colocaria nas redes sociais. Tenho noções de ética e respeito que claramente lhe escapavam. Estar a nivelar-me pelo seu exemplo deu-me asco. 

Gosto de registar momentos - todos os que poder, de inócuos a aparentemente relevantes. Gosto de fotografar sombras e paisagens. E geralmente aguardo as pessoas desaparecerem destas ou não ficarem identificáveis. Ainda assim, o que registo é para mim, não exponho ninguém em fotos que possa disponibilizar a mais alguém. A menos que não tenha hipótese, como por exemplo, se achar inusitado uma fila enorme para... comprar pastéis de Belém, por exemplo. Aí, se fotografo ou filmo a fila, esta é composta de seres humanos com rosto... algum terá de ficar mais exposto. Mas também, aí é local público. Até eu, por ter a semana passada circulado na baixa para ver as decorações natalícias, sei que fiquei registada por uma dúzia de câmaras que filmavam e fotografavam. Haviam turistas que, quando eu dava por ela, já me tinham enquadrado na sua mira fazia tempo.

Nessa ocasião, ao me dar conta que uns indivíduos estavam a tentar vender maconha aos que passavam, tentei registar a situação - mais uma vez pelo inusitado. Sempre ouvi falar mas nunca tinha "apanhado", ali, no centro da rua augusta, tal coisa. Mas claro: assim que o telemóvel que já trazia a gravar o ambiente tentou discretamente apanhar os indivíduos a abordar alguém, os mesmos pararam de o fazer. E eu acabei por afastar-me.

No fundo, sou uma colectora de vida. Só gosto é de registar os momentos tal como eles são. Fico triste quando os observo mas os perco, e lamento quando cessam só porque notaram que os tentava registar. Não pretendo com isso mais nada senão apanhar o quotidiano, o dia-a-dia, os costumes. Daqui a uns anos estes mudam tanto que será uma preciosidade existir qualquer registo dos mesmos. Basta pensar na dificuldade que é hoje ter em registo em vídeo ou fotografia de uma qualquer cena quotidiana dos anos 80 - como por exemplo aqueles rádios portáteis gigantes, com um deck para cassetes, usados na rua pelos "rockeiros", que se balouçavam ao som daquilo e que geralmente transportavam em cima dos ombros, bem perto do ouvido (como se fosse possível não escutar, ahaha) enquanto mascavam pastilha elástica para ter «estilo».  Este «puto» no metro não inventou nada que ninguém não tenha vivido antes, apenas era uma versão modernizada de um mesmo costume. 



Mas isso que descrevo é outro tema. Contudo foi essa situação que me enervou. O descaramento! A «ameaça» do rapaz, por temer ir parar a uma qualquer rede social. Ameaça essa que, se me tivesse afectado, seria no sentido de me alertar para ponderar fazê-lo. Nem se deixa rasto... Certamente ele o faria, sem pensar duas vezes. Se calhar já o fez a outros. Só posso deduzir assim, devido às circunstâncias.

Quem estava a cometer uma ilegalidade ali, que eu saiba, era ele. É mesmo proibido pela lei do ruído (e isso inclui o volume de música) produzir sons altos ou ritmados que possam interferir com o sossego e descanso das pessoas. Fazê-lo dá direito a coima. Penso até que nem é preciso esperar pela meia-noite - hora para a qual os ponteiros do relógio estavam quase a chegar. Julgo que é logo a seguir ao final de um típico expediente de trabalho das 9h Às 18h que não se pode mais fazer ruído. E este tipo estava a cuspir música a altos décibeis para toda a região escutar, desrespeitando o espaço dos outros. Quando pressente o seu invadido, aí é que se sente incomodado?
Achei de uma evidente falta de noção e falta de moral.



PS: gravei uns segundos da música, quando esta estava alta, não no volume máximo em que o tipo a pôs mas perto. Mesmo com um mau gravador - um gravador de tanga e com uns metros de distância, surpreendeu-me a clareza e nitidez que ficou registado. Quando souber como colocar aqui um clip de som - ou quando me apetecer saber, incluo porque isso é aquilo que falei acima: gosto de registar os momentos. Ler é bom, mas nada explica melhor do que ver ou ouvir.


sábado, 9 de dezembro de 2017

Lisboa não é amiga dos Lisboetas


Lisboa não é para os Lisboetas.
Não sei para quem é, mas talvez seja para os turistas.

Desde que cheguei que tenho tentado não me aborrecer com aquelas coisas que sempre me aborreceram. Coisas relacionadas com incompetência, falta de respeito, maus serviços, etc, etc.

Estou que não posso...
Tudo o que vou relatar gera um nível de stress brutal.



Seja em que hora for, andar nos autocarros da Carris é difícil, mas a um sábado é impossível! Só para quem gosta de ser torturado. Gostam de tortura? Viagem pela CARRIS

Se gostas de viajar apertado entre muitas pessoas, que ficam a respirar em cima de ti, a cuspir em cima de ti, a gritar nos teus ouvidos, a pisarem-te os pés, a darem-te encontrões, a segurarem-te a ti como se fosses um poste -- então Lisboa É PARA TI.

Os únicos que parecem não se incomodar com esta situação são exatamente os turistas. Estão sempre a gargalhar. Para eles tudo é uma festa. Estão de passagem, o que custa andar num autocarro/elétrico sobrelotado? 


É ouvi-los a rir, a falar uns com os outros sem parar, a dar gargalhadas. Acham piada. Piada ao facto de não se poderem mexer, de estarem num espaço confinado, de verem mais e mais pessoas a entrar e nenhuma a sair. Amanhã apanham um avião rumo a outro destino e a experiência teve graça. Mas para quem vive em Lisboa como é que é?

Divertido?
Dá vontade de rir?
Fica-se bem disposto?
Sente-se descontraído?

Dá vontade é de matar uns tantos...
Dá vontade de meter todos os ministros e políticos a viajar de autocarro!



Desde que cheguei a Portugal, seja a que hora for, não há um Sábado em que consiga viajar num transporte da Carris que não esteja sobrelotado. 

Se este é um dia da semana de muito movimento, então aumentem as carreiras, a frequência de carros e, no metro, ao invés de escolherem carruagens com apenas três elementos na linha verde e afins, continuem a usar os mais longos! 


Porque como está, é um desrespeito pelos utentes. Haviam pessoas a queixarem-se que não viam um autocarro passar fazia uma hora! E o pior, a meu ver, é a inutilidade das carreiras. Não há alternativas. Só se pode apanhar UMA. Podem passar cinco veículos numa paragem mas, para ir ao ponto C, só uma carreira serve. Principalmente a certas horas e aos fins-de-semana. É tudo tão mal feito - feito apenas para contenção de custos. Isso é tão visível que eu até já sei que, aos Sábados, vou encontrar um dos acessos ao metro vedado e metade das escadas rolantes desligadas. 


E depois vejo aquelas pessoas de mais idade, com uma mobilidade mais reduzida, a quererem sair do autocarro... e penso: bolas pá! Nem para estas pessoas são amigos. Não pensam no conforto das pessoas. Obrigam todas a viajar apertadas como sardinhas em lata. E se uma destas cai? E se magoa? Quem é o responsável? É que TODOS os autocarros em que hoje pus a vista em cima circulavam sobrelotados. Não havia alternativa. Para que entendam, hoje passaram pela paragem onde eu aguardava o meu uns três e nenhum parou! Por não terem mais espaço para receber passageiros!! 

É inadmissível.


E tu ficas ali, a vê-los passar sem parar para entrares, enquanto um electrico verde, decorado com azevinhos e conduzido por um pai Natal, passa pela rua a acenar...

O Pai Natal que vá mas é de trenó, que o que os passageiros precisam é de um elétrico livre! 


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Fui um pulha - 2

Como contei, tinha acabado de me sentar no transporte público, grata e aliviada por ter conseguido lugar, quando entrou um senhor idoso, que de início nem vi.

A rapariga à minha frente inicia o movimento para se levantar e lhe ceder o lugar. É aí que dou conta da presença do homem, porque este diz-lhe para se deixar estar. Não precisa que lhe ceda o lugar de propósito, só aceitaria se ela fosse sair na próxima. A rapariga deixa-se, então, estar. E eu estou quase para fazer o mesmo que ela, levantar-me e insistir para que o senhor tome o meu lugar, quando dou conta do meu cansaço mas, também, do jovem rapaz que está sentado à minha frente.

Erámos todas mulheres naqueles quatro bancos. Excepto ele. 

Não é a primeira vez, nem a segunda. Provavelmente nem a vigésima mas é recorrente. O simples conceito disto desilude-me mas é uma realidade que consto facilmente nos transportes públicos: quando alguém vai para se levantar do lugar para ceder o espaço a uma pessoa com mais idade, essa pessoa NUNCA É UM HOMEM. 

Está sempre a acontecer: entram pessoas a quem é suposto ceder o lugar por terem prioridade - grávidas, pessoas com crianças, idosos ou pessoas portadoras de bengalas ou deficiência e NADA de um mancebo que está mesmo ali se levantar. 

São quase sempre as mulheres que cedem lugar, mesmo quando sentadas ao lado de jovens rapazes.

Mas o que é que se passa com o «cavalheirismo», morreu de vez?
Se temos noção de que devemos ceder o lugar, então também sabemos como deve funcionar as prioridades. Também se sabe que fica bem a um homem que viaja sentado ceder o lugar a uma senhora que está em pé. Porquê? Pelo mesmo princípio pelo qual o cedemos a idosos, crianças e pessoas de fraca mobilidade! 

Mas já não se faz isso nem com idosos, como deu para perceber. O rapaz ali sentado nem se mexeu. Estar rodeado de três mulheres, uma prestes a ceder o lugar a um homem idoso, não o sensibilizou para o seu «dever». Aceito, um pouco com maus olhos, que um jovem aparentemente saudável na flor da idade e cheio de vitalidade, acabe por não ceder o seu lugar a uma mulher que, aparentemente, não tem nenhum problema. Pode viajar em pé, simplesmente é mulher e provavelmente está mais cansada ou carrega mais sacos e malas... Mas um jovem rapaz, saudável, capaz de sair dali a correr e subir todos os degraus da escadaria aos pulos, saltando dois em dois...

Fica mal. 

Ainda na véspera, fui eu que cedi lugar a uma senhora que entrou no eletrico (daqueles antigos) com uma criança pela mão. Ainda aguardei uns segundos a ver se o homem ao meu lado ia ter esse gesto de cortesia. Ou qualquer outra pessoa ali, realmente. Mas NINGUÉM reagiu e eu não esperei mais tempo e perguntei à senhora se queria sentar a criança no meu lugar. Ela nem me ouve há primeira, distraída que está a tentar certificar-se que paga a viagem e a criança está junto dela. Pelo que tenho de repetir para que me oiça e para que seja ela a ficar com o lugar, e não outro que vem atrás. 

Nestes preciosos segundos, o homem ao meu lado não tomou a iniciativa, nem nenhum outro naquele eletrico. Não cedem o lugar a mulheres, a idosos nem a crianças. De facto a MULHER tem muita mais sensibilidade. Muitos homens parecem ser uns insensíveis. Até que um dia, sejam eles a precisar de lugar.

E quem é que lhos vai ceder?
As mulheres. 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Terá sido o futuro próximo?

Conhecem a Cat Lady dos Simpsons? A personagem doida que anda sempre rodeada de gatos e não diz coisa com nexo?


À pouco fui abordada, do nada, por uma senhora «assim». Alta, magra, maquilhada e com um casaco preto cheio de pêlos brancos que denunciavam que tinha muitos animais. Começou a falar comigo. Sobre tudo, sobre coisas esotéricas e sobre a sua relação com os seus gatos. Falou 8 minutos comigo até que nos separamos.

Não levei a mal. Não sou pessoa de fugir das outras, se não vêm para me fazer mal algum. Fico um pouco alerta mas não me incomoda falar com estas pessoas. Ainda mais se me parecer que estão sós e não têm grandes oportunidades de trocar conversas com mais ninguém.

Mas ocorreu-me que aquela posso ser eu, daqui a 10 anos.


A mulher-gato dos simpsons...
A que podia ter sido tudo na vida, uma grande cientista com um QI acima da média e acaba... doida, cheia de gatos. A senhora que me abordou falou de estudos que realizou entre diferentes espécies e os que pretendia realizar... Sei lá. Eu me vi doida também, era só uma questão de tempo até ter este tipo de «doideira».

E foi então que percebi que já estou na autoestrada rumo a essa paragem. Só no que diz respeito ao dia de hoje, falei sozinha em voz alta um incontável número de vezes. Isto começou a acontecer-me devido ao stress de andar de transportes públicos ou para os transportes públicos. Comecei a «desabafar» pensamentos em voz alta. Uma palavra, um desabafo. Mas já faço diálogos... E já não são apenas quando estou sozinha e ninguém me escuta, mas quando podem escutar também... ai!

Hoje refilei em voz alta enquanto atravessava a estrada. Porque vinha uma "procissão" de nossa senhora de fátima de tão lentos que os veículos andavam. Assim que passam e eu me lanço para o outro lado, surge um automóvel em excesso de velocidade. Barafustei logo e devo ter feito uma figurinha tal que a condutora reduziu de imediato a velocidade. Stresso muito por causa dos transportes. Cada vez que corro ou apresso o passo para percorrer os 15 minutos que me levam até chegar ao metro, desço aquela escadaria toda a correr, perco sempre a carruagem por segundos. TODOS os dias. Não importa a hora a que saia, a velocidade a que corra. E isso é super enervante!
É de dar em doida, realmente. Como pode uma coisa assim? Todos os dias??

Reparei que ando marreca. Que ando torta. Porque habituei-me a «correr» para todo o lado. E correr para quê? Se me fazem sempre esperar, esperar, esperar... E quando tenho de escolher em que paragem ficar, sempre escolho aquela onde o autocarro vai demorar em detrimento daquela onde ele vai passar dali a minutos.

Habituei-me às dores nos pés, às dores na coluna, ao sacudir dos veículos - alguns oferecem autênticas chicotadas na base da coluna cada vez que passam em velocidade sobre um buraco ou declive no asfalto. Outros quase nos projetam por metros. E nas curvas? Quase nos amontoam a todos a um canto. São anos e anos disto. Ainda por cima hoje, com a greve do metro durante a manhã, não restou alternativa senão os autocarros da carris... E eu, sempre educada, porque nem stressada sou capaz de o deixar de ser, tive logo que entrei e aquilo começou a andar, uma mulher a refilar comigo porque lhe estava a incomodar os meus cabelos e queria que eu me posicionasse de forma aos cabelos não lhe tocarem. Isto há com cada uma! Num autocarro cheio de gente, todos com cabelos, muitos mais compridos e chatos que o meu, e a mal educada vem sempre ter comigo... Foi um stress. Ainda por cima, foi um dia de ir uma hora de transportes, voltar hora e meia de transportes, aguardar 50 minutos e voltar a outra outra hora de transportes e regressar agora, que são quase duas da manhã, após mais 59 minutos de transportes....

E o que acontece ao fim de anos e anos deste tipo de stress? Vira-se uma cat lady...

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ser prático e transportar um bebé

À saída do metro, após ter subido uma escadaria, vi um homem que julgei pai por ter pendurado ao pescoço uma engenhoca que lhe permitia transportar ao peito um bebé minúsculo. Sim, o bebé era tão pequeno que quase não dei por ele. Foi tudo muito rápido e só pude intuir que o homem era estrangeiro, pela postura e pelo à vontade com que, com um pé desmontou a bicicleta dobrável e a seguir montou e seguiu viagem com o bebé ao peito. 

Num primeiro instante não prestei muita atenção, só me desviei mas logo depois achei estraordinário e, querendo perceber melhor, olhei para trás para avistar a cena. Mas pai, bebé e bicicleta já tinham desaparecido. Nem três segundos haviam passado. E fiquei a pensar: Uhau! Que forma espetacular de andar para todo o lado com um bebé! A bicicleta era diferente na forma, só consegui perceber que era branca e que tinha uma base peculiar. Mal lhe percebi os pedais e nem tive como prestar mais atenção à sua composição. Mas já imaginaram se mais pessoas fizessem o mesmo? Andar de metro com um bebé ao colo e de bicicleta desmontável para todo o lado? Haja portabilidade.

No entanto alguns passos adiante também fiquei a pensar: e se acontece alguma coisa como uma travagem brusca e o bebé é empurrado à força contra o volante? 

Bom, desgraças à parte fiquei com curiosidade. Gostava de ver a sociedade portuguesa experimentar um pouco mais estas formas alternativas de passear e ir a locais, sem que a presença de crianças ou a presença de um automóvel seja factores tão importantes.