25 março 2010
Do outro lado do espelho há uma porta que diz saída
Já não há histórias de espelhos que nos fazem viajar. As Alices desapareçam para sempre no fundo de outros espelhos. As saídas já não são verdadeiras saídas e as portas não são de confiança. Tentamos, hesitamos. Entramos e saímos, escorregamos e caímos. Saltamos e corremos, choramos e às vezes desesperamos.
Já não princesas em castelos nem cavaleiros para as salvar. Já não tempos encantados nem amores perfeitos. Todos os dias há um castelo de cartas que cai aos meus e que todos os dias tento reconstruir. As forças perdem-se e os suspiros são ventos brutais que me afastam cada vez mais.
Já não há espelhos para nos levar em viagens mágicas... Do outro lado do espelho há uma porta que diz saída, dou outro lado da porta há uma placa que diz o teu nome. Do outro lado do teu nome há letras que dizem amar.
Texto e Foto: Pedro Ferreira
06 janeiro 2010
As minhas páginas rasgadas...
Os livros são meros papéis em que pintamos os nossos sentimentos. Nessa escrita a tinta tende a ser o sangue e as lágrimas que se estendem em palavras inundam linhas ainda por preencher. As folhas que tenho agora à minha frente parecem-me incapazes para receber os segredos que gostava de te murmurar no ouvido. Sinto-me sozinho no meio de tantas páginas perdidas que se levantam da mesa à mais pequena brisa que invade esta sala. Tenho medo de desiludir o deus em que não acredito, que me leve a força das mãos e não consiga suportar o peso da caneta. Odeio tudo isto mas não sei como o mudar. Irrita-me a impossiblidade do não uso das palavras, dos silêncios contidos e das palavras estranguladas entre respirações abruptas. Dói o rasgar do papel como se da minha pelo se tratasse. Não há segredo no amor que não seja segredo para ele mesmo. Não há segredos escondidos em livros nas prateleiras do tempo e nunca haverá quem o impeça. Gosto de passar os dedos pelo papel e sentir nele a tua pele, gosto do sabor das tuas palavras que estremecem nos lábios e dos sorrisos carregados de beijos que ainda não se soltaram. Gosto de ti assim porque é assim que as histórias rasgam as amarras do coração e correm para se deitarem nas frias páginas. No fim escrevo o teu nome e o meu e em seguida risco-o com toda a força e toda a tinta que consigo despejar de forma que não os consiga voltar a ver. Liberto-me da raiva do tentar não gostar e de saber que mesmo riscados os nomes permanecem lá.
Pedro Ferreira - Janeiro 2010
26 agosto 2009
Teatroensaio apresenta - A Última Porta
De 27 de Agosto a 6 de Setembro, 22h00
Blackbox, Cace Cultural do Porto
(antiga central eléctrica do Freixo)
Este texto surge de uma notícia de jornal. Notícia que podia ser de um século qualquer anterior ao XIX. Mas não, aconteceu em 2005.
Um grupo de homens foi escravizado por um agricultor a norte de Espanha, entre esses homens encontravam-se dois portugueses. Quando foram descobertos e soltos pela polícia local, um desses portugueses, António, devido aos maus tratos físicos e psicológicos só conseguia reter na memória o seu nome e nada mais. Nem sequer a sua nacionalidade sabia.
Esta peça trata exactamente sobre o tempo de cativeiro desses dois homens. Mas aqui a dor é mais intensa, eles lembram-se de vários acontecimentos passados nas suas vidas, somente não se lembram dos nomes. Tudo são memórias dentro de um espaço psicológico confuso e que por vezes se perde e os faz perder.
Uma das maiores e mais interessantes frases escritas por Lord Edmund Halley aplica-se perfeitamente a este espectáculo: “ Como as estrelas na noite também os nossos perdidos pensamentos furam a escuridão que envolve o espaço vazio até ao cérebro.”
Pedro Estorninho
Ficha Artística:
Texto e Encenação Pedro Estorninho
Assistência de Encenação Inês Leite
Interpretação André Brito e António Parra
Desenho e operação de luz Romeu Guimarães
Execução Cenografia Hugo Ribeiro
Produção Catarina Mesquita
Design gráfico Pedro Ferreira
informações e bilheteira: 918626345 ou 937017575
teatroensaio@gmail.com
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26 novembro 2008
TEatroensaio apresenta: O dia que ficou sempre de noite
(clique na imagem para aumentar)
TEatroensaio
Teatreia Associação Cultural
Estreia dia 28 de Novembro, às 21h30, Sala Blackbox do CACE cultural do Porto.
"O Dia Que Ficou Sempre De Noite" é uma peça que aborda a temática da Ecologia e Sustentabilidade, onde se aprende a responsabilidade do ser humano para com o ambiente e a força do seu pensamento. Um espectáculo pensado especialmente para as crianças do primeiro ciclo e com conteúdos que podem ser aplicados ao projecto educativo anual das escolas.
Um espaço livre para dar asas à magia do teatro e à imaginação das crianças. Uma história contada por actores e marionetas para aprender a importância da água, da luz,das árvores e da vida em geral.
Ficha Artística/Técnica
Texto: António José Ferreira
Interpretação: António Parra e Inês Leite
Voz Off: Joana Alves dos Santos, Liliana Rocha, Nina Vicente e Tiago Correia
Apoio Pedagógico: Joana Alves dos Santos
Cenografia e Marionetas: Inês Leite, Joana Alves dos Santos e Pedro Ferreira
Desenho de Luz: Francisco Tavares Teles
Operação de Luz e som: Romeu Guimarães
Grafismo: Pedro Ferreira
Produção Executiva: Jorge Baptista
Espectáculos:
De 28 de Novembro a 19 de Dezembro 2008
Para escolas: Segunda a sexta-feira às 10h30 e 15h (marcação obrigatória).
Público em geral: Sábados e domingos às 16h (convem reservar).
[duração aproximada 45 minutos]
Informações e Reservas: 91 862 6345 | teatroensaio@gmail.com
Parcerias e Apoios: IEFP – CACE Cultural do Porto Casais – Engenharia e Construção S.A. ESMAE – IPP ESE – IP MOLA Panmixia Associação Cultural
18 novembro 2008
E SE OBAMA FOSSE AFRICANO?
por Mia Couto
Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.
Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.
Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: " E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.
E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.
2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.
3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).
5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.
6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.
Inconclusivas conclusões
Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.
Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.
A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.
Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.
No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.
Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.
21 agosto 2008
Pós modernos de um amor de verão ....
Viu-a crescer com ele.
Sentiu que ela o acompanhava pela vida.
Ao fim de uns tempos como seria de esperar e fácil de adivinhar:
APAIXONOU-SE
Achou que nunca mais poderia viver sem ela.
Assim foram crescendo e evoluindo.
Juraram silenciosamente amor eterno.
Viveram as aventuras mais loucas.
Assustaram-se e riram-se juntos no conforto do sofá.
Um dia tudo mudou.
Naquele lugar que costumava ser o dela, estava outra.
As suas medidas 87 cm e 37''...
01 dezembro 2007
Sábado também é cultura *
Tropa Macaca + Yellow Land + Nimai @ CC Bombarda 16h
Dia 1 de Dezembro, pelas 23:00 H, no espaço TUATARA (+ infos. em http://projectosinergia.org e em www.tuatara.pt), funde-se o poetizar da realidade, a intervenção deVida e a celebração da Vida!
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26 novembro 2007
E se eu fizesse SILÊNCIO dentro de MiM ?
24 novembro 2007
Porque preferimos Chávez
Miguel Sousa Tavares (MST) não gosta do Presidente da Venezuela Hugo Chávez, no entanto hoje no Expresso teve a franqueza intelectual e a coragem politica de lhe admitir as qualidades que se lhe devem admitir e que normalmente passam por esquecimento oportuno, considera também sobre os defeitos que também não se devem escapar incólumes de análise. A comparação que MST usa é boa. Usa a desculpa de companhia para jantar e diz preferir Chávez a Bush - toda a comparação é muito bem fundamentada e facilmente comprovada.
Eu também não jantaria com Bush. Mas o que importa reter de tudo isto e após uma leitura atenta ao artigo é que apesar de tudo o que possa ser dito e inventado, tudo o que se possa pensar e ver sobre Chávez a atitude da comunicação social continua e continuará a ser a de nomear Chávez como um ditador esquecendo os que o são na verdade como o Presidente da Rússia ou da China e sempre que se fala de Bush trata-lo como uma espécie de arauto da democracia e da liberdade que cometeu... vá lá... uns errozitos! Quem pense ou diga o contrário será de imediato acusado de anti-americanismo primário.
Seria caso para dizer ao MST que tal como os almoços, na politica os jantares também não costumam ser grátis.
23 novembro 2007
Versos Nus
Apresentação de Versos Nus
na Fnac do Algarve Shopping
24 de Novembro (16 horas)
Mergulho (in Versos Nus - Magna Editora - 2007)
"Escreve um poema
Mergulha no branco
Entra no improvável
Sê humilde
Não penses no que sabes
Esquece o que sentes
Sente
Se não sentes tira a roupa
Bebe água
Pinta um quadro
Esquece as cores que conheces
Imagina cores
Troca-lhes a lógica
Segue
Persegue
Respira debaixo da água do quadro
Transpira
Bebe água
Bebe mais água
Grita
Chora
Chora pela tua mãe
No teu sonho
Ela vem buscar-te
Inspira
Expira"
(...)
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15 novembro 2007
26 setembro 2007
Theses eyes of you
do latim oculu
Estes olhos da Rita gostam de ler.
A Rita gosta de escrever.
A Rita ama mas não sabe amar.
A Rita chora porque já não sabe como sorrir.
A Rita lê muito, muito, muito... mas não encontra a solução para o seu sorriso.
A Rita deseja...
Há quem diga que a Rita na verdade não existe e que é só um fruto da imaginação fértil de algumas crianças, outros acham que ela não passa de um mito urbano que os irmãos mais velhos usam para assustar os mais pequenos. Há quem diga que já viu a Rita! Há quem diga que tem coisas escritas pela Rita. Na verdade toda a gente gostava de ser como ela, com menos lágrimas mas a mesma capacidade de amar sem o saber fazer.
Para quem conseguir acreditar nisto, ver, ouvir, ler e conhecer a Rita é tarefa fácil.
(dizem que o espaço vazio não é bom para as ideias!)
PARVOS, não sabem o que dizem...
P.S. - Este olho não é da Rita !
21 setembro 2007
As gaffes do Público (e do special one)
As gaffes das gaffes que também podiam ser noticia ou então: porque é que os jornais cada vez têm mais erros deste género? Displicência ou falta de meios?
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19 fevereiro 2007
Solta... Corre... Grita... Foge....
- Nunca soube o que pensariam sobre nós!
Eram também mudas!
Solta
Corre
Grita
Foge... não foge
Volta [para mim]
Esquece tudo o que disse! Amanhã o dia é diferente e as pessoas serão as mesmas.
Triste
Alegre por te ter aqui...sempre ao meu lado.
Corre mas devagarinho
Foge mas não vás muito longe