não posso calar minha voz minha veia poética meus pássaros livres e meus nós tudo em mim é poesia ou quase rima pulsante óleo fresco sobre a cabeça pensante
preciso da poesia para bradar o que eu aprendi a calar o que o inconsciente insiste em não arejar reivindico a poesia para vociferar o que não me foi permitido falar
para silenciar ou reformular o que foi dito sem pensar e dar outro contorno ao que feriu por dentro tornou o cálido amor um sentimento morno calejou a alma e os ossos mutilou sonhos meus planos nossos
preciso da poesia para não adoecer faço dela meu canto até morrer
Amanhece. O silêncio ferido de morte agoniza. Sons do cotidiano em brado forte irrompem das ruas. A quietude expira. Pássaros entoam seu canto matinal. Portas batem , janelas se abrem. Deita-se o sol sorrateiramente sobre casas e asfaltos. Ouve-se suspiros profundos e altos. O vento tremula entre as folhas das árvores. Varre das ruas as sobras da noite ; agita a cabeleira crespa dos mares. Passos agitados, gente correndo, máquinas em funcionamento. Risos, prantos, lamento... A noite se desfazendo. Amanhece. O dia exala seu cinzento odor. Uma formiga apressada carrega uma folha. Inaugura seu rotineiro e áspero labor. Úrsula Avner arte : Patricia Van Lubeck
Alguém que se descobre a cada dia. Busco refletir sobre mim mesma e o mundo que me circunda, retratando no que escrevo aquilo que sinto, observo, penso e/ou simplesmente invento. Amo a poesia e escrevo para adultos e crianças.