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domingo, 8 de agosto de 2010

* Sede *

tela : Frida Kahlo

um rio seco
atravessa a garganta
o não dito
o mal dito
escoam
no suor da testa vincada
na espinha que abre a face
no pisca-pisca dos olhos
mar.ejados
arejados de mar
de uma água
salgada e fria

de uma dor
que não se sabia

Úrsula Avner

sexta-feira, 2 de julho de 2010

* Parto *

o que em solo lunar derramou-se
cravejou em meus olhos deslumbramento
como pode a lua iluminar a própria face ?
Como pode bastar a si mesma ?
Presunçosa lua
acocora-se ao cume dos montes ilesa

um resto de luz desmembrada
deixa a vida respingada
de um laranja indiscreto
agoniza o dia
a noite sai do ventre
rompe-se o que é secreto

Úrsula Avner

* imagem do google -sem informação de autoria,

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

* Inundação*


águas penetram com virilidade

rochedos que em mim habitam

sal em tráfego pela face

corre como sonho, um disfarce


antecipo uma onda gigante

mergulho até que ela cubra a areia

outra onda imensa se forma

mergulho até enxergar uma candeia


Quanto mais ondas traspasso

tanto mais forte me torno

refaço o ritmo do compasso

a cada dia me transformo


Úrsula Avner


* imagem do google- sem informação de autoria

sábado, 31 de outubro de 2009

* Vigilância *

Tela : Maggie Taylor

Cuida

que uma rajada de vento

não te saculeja

abalando tua rasa base

arrancando-te pela raiz

cuida

que o implacável tempo

não te entristeça

e no ofício de vincar tua face

não te esmoreça

dos pés ao nariz

Úrsula Avner

segunda-feira, 20 de julho de 2009

* Pirilampos *




Pirilampos bailam no jardim

ensaiam a valsa da luminosidade

pensamentos alinhavados em mim

adormecidos na face turva da saudade


Úrsula Avner


Trova com registro de autoria

imagem retirada do Google